quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Terapia Estrutural de Minuchin

ESTRUTURA FAMILIAR
  • Conjunto invisível de exigências funcionais que organiza as maneiras pelas quais os membros da família interagem.
  • Quando essas transações se repetem estabelecem padrões de como, quando e com quem se relacionar, e esses padrões reforçam o sistema.
  • O sistema familiar diferencia e leva a cabo suas funções através dos subsistemas, sendo cada indivíduo um subsistema  dentro da família. 
  • Subsistemas são formados por geração, sexo, interesse ou por função.
  • Fronteiras de um subsistemas são as regras que definem quem participa e como.

OBJETO DE ESTUDO 


Minuchin foca na família nuclear e na estrutura do sistema familiar em análise, observando os seguintes aspectos:
  • as regras da família
  • como as regras são comunicadas entre os membros da família
  •  como os papéis estão definidos no sistema
  • relaciona as normas e os papéis no sistema.
As intervenções são centradas no problema do sistema. Quando o sistema está homeostático, ou seja, não há disposição dos membros para buscar elementos externos de mudança do sistema,  Minuchin intervém com maior ênfase no sistema.

ALIANÇA TERAPÊUTICA

Criada por Minuchin, ocorre quando o terapeuta se alia ao PI, problema identificado do sistema,  fazendo com que o PI se sinta a vontade, com apoio para falar.

CONCEITOS IMPORTANTES
  • Diagnóstico estrutural - leva em conta como essa pessoa se organiza.
  • Estrutura do sistema familiar: FRONTEIRAS;SUBSISTEMAS;SISTEMA DE REPRESSÃO E ESTRESSES.
1. FRONTEIRAS

São as regras que definem  QUEM PARTICIPA de cada subsistema e COMO PARTICIPA.

Determinam quem são os participantes de cada subsistema da família e garantem sua particularidade, possibilitando o funcionamento eficaz do sistema familiar.

Essas fronteiras estão entre um subsistema e outro, como uma linha tênue e invisível entre um subsistema e outro. 

Há três tipos de fronteiras:
  • Fronteiras nítidas - responsável pela construção das relações esclarecidas, onde as pessoas dizem sim ou não objetivamente. Nítida é uma família funcional, tem fronteira mas é acessível, flexível.
  • Fronteiras difusas - quando as relações são complexas e os papéis confusos. Não está clara a função de cada membro da família, havendo um excesso de preocupação e comunicação entre eles. Nesse caso, um subsistema invade outro subsistema. São famílias emaranhadas, sem limites, onde todos fazem tudo.
  • Fronteiras rígidas - as relações são distantes e as pessoas  não se conhecem bem. Excesso de limites. família desligada uns dos outros. Foco na regra e não no afeto.

2. SUBSISTEMAS

É a partir da identificação desses subsistemas que o psicólogo consegue identificar se o sistema está funcional ou não.

Exemplos: 
  • Relação entre pais e filhos, o papel de parentalidade é um subsistema.
  • Relação entre irmãos, o papel fraternal é um subsistema.
  • Relação entre marido e mulher, o papel conjugal é um subsistema.
Cada membro tem o seu subsistema. Analisa-se as conexões entre os membros da família para identificar os subsistemas, ou seja, analisa os papéis de cada um para identificá-lo no sistema.
Há famílias que não têm todos os 4 subsistemas: 
  • CONJUGAL - prevê uma reciprocidade, uma conexão, sempre juntos, apoio mútuo.Ocorre entre marido e mulher. Está disfuncional quando deixam de compactuar desses mesmos objetivos.
  • PARENTAL - proteção, limite,  intuição, nutrição (alimentação e abrigo) e socialização (relação com outras pessoas). Sempre ocorre do pai para o filho ou da mãe para o filhoEstá disfuncional quando os pais não conseguem prover esses objetivos.
  • FRATERNAL - Primeiro laboratório social, ter um irmão, com o qual aprende a competir e dividir. Ocorre entre irmãos. Está disfuncional quando os irmãos não conseguem resolver entre si, nada.
  • EXECUTIVO - pode ser composto por qualquer membro da família. Para identificá-lo é preciso observar: quem paga as contas; quem são os provedores da famíliaEsse subsistema interfere em todos os outros subsistemas da família.

3. SISTEMA DE REPRESSÃO

Refere-se ao que reprime a família; o que organiza a família num determinado formato; as orientações são a forma de repressão.  

Há duas formas de SISTEMA DE REPRESSÃO:
  • GENÉRICO - estabelecido pela sociedade, porém cada contexto tem sua própria regra, levando-se em consideração as questões culturais. É generalista, universal, traz expectativas que não são  expectativas daquela família.  Exemplo: é genérico que o pai queira que o filho seja protegido pelos pais.
  • IDIOSSINCRÁTICO - os papéis são eleitos pelos próprios membros do sistema, envolvendo expectativas mútuas dos indivíduos da família, onde os padrões permanecem automaticamente, como uma acomodação mútua dada a eficácia funcional, ou seja, o conjunto das expectativas são compartilhadas com o sistema familiar. Exemplo:  Quando uma mãe espera que um filho resolva um problema emocional dela, é idiossincrático.
4. ESTRESSE

O estresse acontece quando se atribui ao problema uma origem, quando se sabe que, na CIRCULARIDADE o problema está em todas as partes do sistema, não apresentando uma causa específica. Contudo, a família identifica o problema (PI)  entre os membros da família.

Há 4 tipos de estresses: 

1º Contato com uma força externa

Pode ocorrer um EVENTO EXTERNO  com algum dos membros do sistema, e este acaba levando essa força externa para dentro do sistema. Exemplo: um dos membros perde o emprego. Ao levar para casa a notícia da perda do emprego, estará levando aos demais o problema do desemprego.

2º  Força externa em contato com toda a família

Um deslizamento de terra(força externa) impactando sobre toda a família.

3º Estresse de ponto de transição

Estressores relacionados ao ciclo vital. A família está transitando  no contexto de vida: mortes, nascimento, casamento, faixa-etária, fase adulto, divórcio, etc.

4º Estresse por questões idiossincráticas

Questões idiossincráticas: exemplo um filho autista. O estressor é criado pelo próprio sistema, pois tem família que não tem problemas em ter um filho autista, e outras tem, como a não aceitação.


ACOMODAÇÃO NO PROCESSO TERAPÊUTICO

É o início de qualquer terapia na sistêmica, onde o cliente entra, senta e o psicólogo se sente convidado a entrar no sistema. A família entende que o psi é parte do sistema, ou seja, uma forma de aliança que o psi faz com a família. O psi só faz parte do sistema, como membro, quando a família fala uns com os outros como se estivesse em casa. Nem sempre esse entrosamento acontece na primeira sessão, e se por ventura, não acontecer, o psi fica impossibilitada de atendê-los, devendo encaminhar para outro profissional. O espaço terapêutico é um campo de diagnóstico. Nunca sente primeiro que a família. Deixe-os sentar antes e observe os locais onde sentam, se sentam junto a alguém, se sentam separados de alguém, podendo verificar onde estão as alianças e os conflitos.

Após a acomodação, o psi inicia as alianças. O psi se alia ao PI para que ele se sinta apoiado, e livre para falar, devolvendo o que o psi diz para o sistema, a fim de atiçar o conflito, ou seja, causando estresse. A aliança com o PI traz estressores a forra e tira todos os membros da acomodação.

Minuchin sugere iniciar a aliança pelo PI, e depois tira o estresse do PI e joga no sistema, já que pertence a todos os membros, passando a compartilhar do estresse.  Ele chamou isso de escalonamento do estresse, que é necessário porque a maioria das pessoas chegam no consultório com o PI definido.

As TROCAS DE PAPÉIS possibilitam que um veja o outro como ele é, e se perceber através do outro.
As METÁFORAS ajudam quando fazem sentido pra a família.


Aula do dia 25/10/2019

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Síntese dos conteúdos de Psicopatologia

A TRANSFORMAÇÃO DO HOSPITAL EM INSTITUIÇÃO MÉDICA (Mód.2)
  • ·        Final do Império Romano, Hospitais eram administrados pelas instituições religiosas e filantrópicas, com a finalidade de dar assistência aos pobres, desamparados e excluídos socialmente.
  • ·        1656, na França, hospital deixa de ser filantrópico e passa a ser uma Instituição de internação geral, de caráter público e estatal. Os internamentos se davam não pela necessidade de cuidar da saúde, mas pela necessidade de retirar da sociedade possíveis ameaças à saúde pública(exclusão).
  • ·         Fins do Séc XVIII, hospital passa a ser visto como instrumento terapêutico. Hospital geral de Paris é reestruturado, partindo da observação de seus pacientes, onde o hospital passa a ser ima instituição médica e a medicina um saber hospitalar.
  • ·        Com a Institucionalização médica, as doenças passam a ser agrupadas, os pacientes isolados como objeto de estudo, passa a ser um lugar de exame e saber científico, os pacientes passam a ser separados por alas de doenças compatíveis.
  • ·        Surge o princípio do Isolamento: isolar para observar; observar para conhecer e conhecer para administrar.


A CLÍNICA E A ANATOMIA PATOLÓGICA COMO BASES DA MEDICINA CIENTÍFICA MODERNA (Mód.3)

  • ·        Relação medico paciente se estabelece com o surgimento da clínica.
  • ·        Hospital se torna observatório de doenças, realizados por médicos, passando a ser Instituição Médica, com a reorganização da instituição hospitalar. Organização do conhecimento de métodos que possibilite o acesso ao conhecimento.
  • ·        Redefinição do Estatuto social do doente, considerados cidadãos, frente ao ideal de igualdade. As doenças e corpos dos pacientes deixam de ser problemas exclusivamente pessoa, passando a ser uma questão política de Estado e Saúde Pública.
  • ·        Método de Pinel para obtenção do conhecimento por meio da análise: Observar; descrever; comparar e classificar. Traduz o saber do senso comum para o científico a partir desses conhecimentos. Para tanto, torna-se possível a abertura de cadáveres, onde o corpo passa a ser o espaço de percepção da doença.

A CONSTITUIÇÃO DO PARADIGMA PSIQUIÁTRICO (Mód.4)

  • ·        “O gesto de Pinel”: desacorrentou os alienados.
  • ·        Hospital passa a ser espaço para a loucura.
  • ·        O saber produzido no hospital permitiu que as doenças fossem agrupadas a partir da observação.
  • ·        Lugar de exames e laboratório, permitindo a classificação das doenças.
  • ·        Passa a ser local onde se obtém a cura, e deixa de ser lugar de exclusão e morte.
  • ·        Estratégias de Pinel: Isolamento do mundo exterior/ Constituição da ordem asilar/Relação terapêutica de autoridade.
  • ·        ISOLAMENTO, pois isolado se OBSERVA melhor o que se quer conhecer cientificamente, para se DESCREVER, COMPARAR e CLASSIFICAR. Era visto como princípio terapêutico.
  • ·        Doenças passam a ser agrupadas por semelhanças e diferenças. ARRANJO Nosográfica da loucura: doenças passam a ser agrupadas por classe, ordem e espécie.
  • ·        Pinel percebeu que os doentes comuns eram diferentes dos loucos.
  • ·        Os diferentes tipos de loucura foram chamados de ALIENAÇÃO MENTAL.
  • ·        Alienista eram aqueles que contribuem para a cura da alienação mental, aquele que traz o alienado para a realidade.
  • ·        Tratamento Moral de Pinel incluía estratégias voltadas para a reeducação da mente alienada, impondo um regime disciplinar no hospital, que quando não eram seguidos, eram castigados com a função de reduzir os desvios cometidos pelos alienados. Tinha como objetivo trazer o alienado para a realidade objetiva, pois entendiam a alienação mental como um distúrbio mora, das paixões.
  • ·        Dom Pedro II foi o primeiro Hospital de Alienados do Brasil, no Rio de Janeiro. Os loucos eram isolados mediante a justificativa de que era seguro para eles e a família, de que precisavam vencer suas resistências pessoais, Submetê-los ao regime médico, impor-lhes novos hábitos intelectuais e morais.
  • ·        Os loucos só poderiam se tornar cidadãos quando sua razão fosse plenamente restabelecida.


HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DAS POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL (mód.9)

  • ·        Surge a partir do aumento demográfico no Rio de Janeiro, onde doenças se proliferaram surgindo a preocupação com os loucos que circulavam livremente pela cidade.
  • ·        Cria-se uma Comissão de Salubridade para elaborar um amplo diagnóstico sanitário nas Instituições.
  • ·        Inicialmente o Hospício Pedro II, era mantido sob a tutela da igreja, pela Santa casa de Misericórdia. E, após duras críticas, no final do séc. XIX a Instituição Hospitalar passa por grandes transformações, onde o médico passa a ter poder no tratamento dos alienados e assumem controle da Instituição.
  • ·        Com os médicos no poder, aplicou-se as ideias de Pinel: Isolamento, Tratamento Moral e Disciplinar.
  • ·        Segunda metade do séc XIX até a República intensificam-se as críticas, reconhecendo que o Dom Pedro II não conseguira cumprir a sua missão de cura dos alienados, abrindo espaço para surgimento das Colônias de Alienados.
  • ·        Com a primeira Reforma psiquiátrica no Brasil assumiu Juliano Moreira, aumentando a influência das ideias alemãs na psiquiatria.
  • ·        Surge a era dos choques e a Psiquiatria comunitária descobre-se em 1930 com os choques insulínicos e cardiazólicos, da eletroconvulsoterapia e as lobotomias como perspectiva de cura.
  • ·        1960 -Nascimento da Indústria da Loucura com as privatizações da psiquiatria, onde o estado passa a comprar tratamentos psiquiátricos fornecidos por instituições privadas e não mais a fornecer os serviços, o que levou a crise da Previdência Social entre 1970 e 1980, quando 97% dos recursos se destinavam ao pagamento desses serviços.
  • ·        1973 com a Reforma Psiquiátrica, traz o conceito atual de sociedade sem manicômios.
  • ·        Surge uma nova concepção de saúde, como direito de todo cidadão e dever do Estado, e a saúde passa a ser vista com qualidade de vida.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Genograma - Técnica de Bowen, de maior relevância para a Terapia Sistêmica

Para aplicação da técnica na terapia, é preciso criar uma estrutura mínima para elaboração do genograma junto ao cliente ou à família.

Material adequado para constituição do genograma:
  • Cavalete de papel metro.












  • Pilotos coloridos. 

Usar as cores diferentes para cada emento do genograma, possibilita maior clareza e entendimento ao visualizar o genograma: Sugestão:

  • configuração do sistema: usar uma cor.
  • Relações entre os membros do sistema: usar uma cor mais intensa.
  • Legenda: outra cor qualquer.





O genograma de Bowen possui cerca de 250 símbolos que podem ser:
  1. símbolos das configurações familiares

Algumas regras devem ser observadas:
  • O genograma deve ser começado no meio da folha.
  • Os nomes das pessoas devem ser colocados ao redor do símbolo.
  • As idades dentro do símbolo.
  • O homem sempre vem primeiro, à esquerda da mulher.
  • Informações adicionais devem ser escritas nos símbolos das relações. 
  • N(Namoro) C(casamento) S(separação) R (Reconciliou) D(Divorciou)
  • Os filhos sempre aparecem por ordem de nascimento, do mais velho para o mais novo.
2. Símbolos das relações entre os membros do sistema.


Identificação do PI e múltiplos casamentos:


Obs.: Toda informação adicional que não tem símbolo, deve ser escrita nas linhas das relações, tais como, data, ano, motivo do conflito, causa de morte, de briga, etc.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Síntese dos conteúdos de Psicopatologia


A TRANSFORMAÇÃO DO HOSPITAL EM INSTITUIÇÃO MÉDICA (Mód.2)
  • ·        Final do Império Romano, Hospitais eram administrados pelas instituições religiosas e filantrópicas, com a finalidade de dar assistência aos pobres, desamparados e excluídos socialmente.
  • ·        1656, na França, hospital deixa de ser filantrópico e passa a ser uma Instituição de internação geral, de caráter público e estatal. Os internamentos se davam não pela necessidade de cuidar da saúde, mas pela necessidade de retirar da sociedade possíveis ameaças à saúde pública(exclusão).
  • ·         Fins do Séc XVIII, hospital passa a ser visto como instrumento terapêutico. Hospital geral de Paris é reestruturado, partindo da observação de seus pacientes, onde o hospital passa a ser ima instituição médica e a medicina um saber hospitalar.
  • ·        Com a Institucionalização médica, as doenças passam a ser agrupadas, os pacientes isolados como objeto de estudo, passa a ser um lugar de exame e saber científico, os pacientes passam a ser separados por alas de doenças compatíveis.
  • ·        Surge o princípio do Isolamento: isolar para observar; observar para conhecer e conhecer para administrar.


A CLÍNICA E A ANATOMIA PATOLÓGICA COMO BASES DA MEDICINA CIENTÍFICA MODERNA (Mód.3)

  • ·        Relação medico paciente se estabelece com o surgimento da clínica.
  • ·        Hospital se torna observatório de doenças, realizados por médicos, passando a ser Instituição Médica, com a reorganização da instituição hospitalar. Organização do conhecimento de métodos que possibilite o acesso ao conhecimento.
  • ·        Redefinição do Estatuto social do doente, considerados cidadãos, frente ao ideal de igualdade. As doenças e corpos dos pacientes deixam de ser problemas exclusivamente pessoa, passando a ser uma questão política de Estado e Saúde Pública.
  • ·        Método de Pinel para obtenção do conhecimento por meio da análise: Observar; descrever; comparar e classificar. Traduz o saber do senso comum para o científico a partir desses conhecimentos. Para tanto, torna-se possível a abertura de cadáveres, onde o corpo passa a ser o espaço de percepção da doença.

A CONSTITUIÇÃO DO PARADIGMA PSIQUIÁTRICO (Mód.4)

  • ·        “O gesto de Pinel”: desacorrentou os alienados.
  • ·        Hospital passa a ser espaço para a loucura.
  • ·        O saber produzido no hospital permitiu que as doenças fossem agrupadas a partir da observação.
  • ·        Lugar de exames e laboratório, permitindo a classificação das doenças.
  • ·        Passa a ser local onde se obtém a cura, e deixa de ser lugar de exclusão e morte.
  • ·        Estratégias de Pinel: Isolamento do mundo exterior/ Constituição da ordem asilar/Relação terapêutica de autoridade.
  • ·        ISOLAMENTO, pois isolado se OBSERVA melhor o que se quer conhecer cientificamente, para se DESCREVER, COMPARAR e CLASSIFICAR. Era visto como princípio terapêutico.
  • ·        Doenças passam a ser agrupadas por semelhanças e diferenças. ARRANJO Nosográfica da loucura: doenças passam a ser agrupadas por classe, ordem e espécie.
  • ·        Pinel percebeu que os doentes comuns eram diferentes dos loucos.
  • ·        Os diferentes tipos de loucura foram chamados de ALIENAÇÃO MENTAL.
  • ·        Alienista eram aqueles que contribuem para a cura da alienação mental, aquele que traz o alienado para a realidade.
  • ·        Tratamento Moral de Pinel incluía estratégias voltadas para a reeducação da mente alienada, impondo um regime disciplinar no hospital, que quando não eram seguidos, eram castigados com a função de reduzir os desvios cometidos pelos alienados. Tinha como objetivo trazer o alienado para a realidade objetiva, pois entendiam a alienação mental como um distúrbio mora, das paixões.
  • ·        Dom Pedro II foi o primeiro Hospital de Alienados do Brasil, no Rio de Janeiro. Os loucos eram isolados mediante a justificativa de que era seguro para eles e a família, de que precisavam vencer suas resistências pessoais, Submetê0los ao regime médico, impor-lhes novos hábitos intelectuais e morais.
  • ·        Os loucos só poderiam se tornar cidadãos quando sua razão fosse plenamente restabelecida.


HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DAS POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL (mód.9)

  • ·        Surge a partir do aumento demográfico no Rio de Janeiro, onde doenças se proliferaram surgindo a preocupação com os loucos que circulavam livremente pela cidade.
  • ·        Cria-se uma Comissão de Salubridade para elaborar um amplo diagnóstico sanitário nas Instituições.
  • ·        Inicialmente o Hospício Pedro II, era mantido sob a tutela da igreja, pela Santa casa de Misericórdia. E, após duras críticas, no final do séc. XIX a Instituição Hospitalar passa por grandes transformações, onde o médico passa a ter poder no tratamento dos alienados e assumem controle da Instituição.
  • ·        Com os médicos no poder, aplicou-se as ideias de Pinel: Isolamento, Tratamento Moral e Disciplinar.
  • ·        Segunda metade do séc XIX até a República intensificam-se as críticas, reconhecendo que o Dom Pedro II não conseguira cumprir a sua missão de cura dos alienados, abrindo espaço para surgimento das Colônias de Alienados.
  • ·        Com a primeira Reforma psiquiátrica no Brasil assumiu Juliano Moreira, aumentando a influência das ideias alemãs na psiquiatria.
  • ·        Surge a era dos choques e a Psiquiatria comunitária descobre-se em 1930 com os choques insulínicos e cardiazólicos, da eletroconvulsoterapia e as lobotomias como perspectiva de cura.
  • ·        1960 -Nascimento da Indústria da Loucura com as privatizações da psiquiatria, onde o estado passa a comprar tratamentos psiquiátricos fornecidos por instituições privadas e não mais a fornecer os serviços, o que levou a crise da Previdência Social entre 1970 e 1980, quando 97% dos recursos se destinavam ao pagamento desses serviços.
  • ·        1973 com a Reforma Psiquiátrica, traz o conceito atual de sociedade sem manicômios.
  • ·        Surge uma nova concepção de saúde, como direito de todo cidadão e dever do Estado, e a saúde passa a ser vista com qualidade de vida.


terça-feira, 8 de outubro de 2019

Síntese de Psicologia Social - um pouco de cada assunto!




OS PERIGOS  DA OBEDIÊNCIA - EXPERIMENTO DE  MILGRAM

 

Conhecido como "Experiência de Milgram", por ter sido conduzido pelo psicólogo Yale Stanley Milgram, ele tinha como objetivo analisar o nível de obediência das pessoas à autoridade. O cientista dividiu 40 voluntários em dois grupos aleatórios: a um disse que seriam professores, e aos outros, que seriam estudantes. Em seguida, levou os "estudantes" para outra sala e pediu aos "professores" que colocassem à prova a memória de seus "alunos". O pesquisador os instruiu a castigar aqueles que errassem com choques elétricos. A máquina que utilizariam emitia descargas que íam de 50 a 450 volts. A potência máxima vinha acompanhada de uma inscrição que dizia "Perigo: choque severo".
A submissão à autoridade é um dilema bastante antigo, existindo desde que a história de Abraão a quem Deus ordenou sacrificar seu filho como prova de fé. Platão discutiu a questão de saber se deve alguém obedecer ou não às ordens quando elas conflitam com a consciência, Sócrates dramatizou e submeteu à análise filosófica, porém, os filósofos conservadores argumentam que a própria estrutura da sociedade é ameaçada pela desobediência. ao passo que  os humanistas acentuam a primazia da consciência individual. Do ponto de vista da psicologia social cognitiva, pode-se afirmar sobre a obediência, influência e persuasão, relatadas acima, que retratam a ideia de Milgram, autor que fundou a Psicologia Social nos estudos sobre conformismo.
CONFLITOS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO - EXPERIMENTO DE ZIMBARDO

"Uma década mais tarde, um professor de Psicologia Social da Universidade de Stanford chamado Philip Zimbardo quis levar o experimento de Milgram um passo adiante e analisar o quão tênue é a linha que separa o bem do malEle se perguntava se uma pessoa "boa" poderia mudar sua forma de ser a depender do seu entorno. Afixou então um comunicado nas paredes da universidade oferecendo US$ 15 por dia a voluntários que estivessem dispostas a passar duas semanas em uma prisão falsa. O estudo foi financiado pelo governo, que queria entender as origens dos conflitos no sistema penitenciário americano. Zimbardo selecionou 24 estudantes, a maioria branca e de classe média, os separou em dois grupos, dando-lhes aleatoriamente o papel de guardas e de prisioneiros, e pediu que voltassem para casa. O experimento de fato começou de forma brutal: policiais de verdade, que haviam aceitado participar do projeto, foram à residência dos "prisioneiros" e os detiveram, acusando-lhes de roubo. Eles foram algemados e levados à delegacia, onde foram fichados e transportados, com os olhos vendados, a um suposto presídio local - mas que na verdade era o sótão do Departamento de Psicologia de Stanford, que havia sido transformado, de forma bastante realista, em uma prisão.


O pesquisador estadunidense e professor da Universidade de Stanford, na Califórnia, Philip Zimbardo, realizou um polêmico estudo experimental. em 1971, no qual simulou as condições de uma prisão. Os estudantes selecionados para o experimento cumpriram o papel de carcereiros e prisioneiros. O experimento revelou um componente agressivo entre os carcereiros, e os prisioneiros apresentaram distúrbios emocionais. Por esta razão, o experimento precisou ser cancelado. até hoje o experimento vem repercutindo e, Zimbardo se tornou um especialista em estudos das condições carcerárias, pesquisando sobre a prisão de AbuGhraib. 



A partir desse experimento, fundante na Psicologia Social, pode-se afirmar que se refere ao que a psicologia social chama de influência social e persuasão, além de demonstrar a função estruturante do desempenho de papeis sociais.



VIGIAR E PUNIR - MICHAEL FOUCAULT


O primeiro capítulo do livro Vigiar e Punir, retrata com requintes de detalhes, como se davam os suplícios na época: 

"...desapareceu o corpo supliciado, esquartejado, amputado, marcado simbolicamente no rosto ou no ombro, exporto vivo ou morto, dado como espetáculo. Desapareceu o corpo como alvo principal da repressão penal..." 

É certo  afirmar que o suplício era uma forma perigosa de punição, pois incitava a vingança e a ira da população. Além disso, Foucault realiza uma genealogia das técnicas punitivas ressaltando o papel da psicologia e da criminalidade como saberes que a princípio tinha função retificadora e ortopédica da subjetividade humana. E com a penitenciária, novas formas de punir são engendradas e construídas novas técnicas de adestramento que agirão sobre os corpos e as almas. Os estudos sobre as prisões de Foucault não tem o objetivo de saber se as prisões são corretas ou não, mas sim, entender esses dispositivos de normalização e todas as consequências desse tipo de poder.

PSICOLOGIA SOCIAL: 

ESQUEMA  é visto como subproduto do processo de categorizaçãoÉ definido como uma "estrutura abstrata de conhecimento que especifica os fatores determinantes e os atributos de um dado conceito."(Pereira,2002, p110) quando aplicado em grupos sociais, são esquemas de grupo. Facilitam e orientam o processamento da informação sobre coletividades interferindo nos processos de atenção, interpretação e memória, bem como sobre os julgamentos dos membros dos grupos percebidos.

CATEGORIZAÇÃO é um processo de subsunção em uma categoria, presente na formação dos estereótipo. Categorizar implica em pensar a pessoa como membro de um grupo e não admitir sua individualidade, como uma auto-definição pertencente a uma categoria social.

PAPÉIS SOCIAIS E ATITUDES  se relacionam na medida em que, embora a ATITUDE seja uma predisposição de cada sujeito, é formada através das interações deste sujeito nos seus diversos papéis sociais.

COGNIÇÃO MENTAL segundo Monteio e Neto, consiste em uma operação mental, que está na base do funcionamento social, envolvendo a capacidade humana de perceber a intenção e a disposição do outro em um determinado contexto. Isso inclui as habilidades nas áreas da percepção social, atribuição e empatia e reflete a influência do contexto social. Portanto, pode-se afirmar que ESTEREÓTIPO é uma matriz de pensamentos e sentenças com características de homogeneidade, fixidez e super generalização.


MODELO COMUNITÁRIO DE SAÚDE

Leva em conta a atividade dos usuários dos sistemas de assistência e a constituição de uma cultura própria a um grupo... Designa um contexto e maneira em função dos quais se materializam as transformações no campo da saúde... busca superar limitações de um modelo biomédico,unis- setorialidade, individualismo, privação de responsabilidade dos usuários no sistema de assistência... partindo dessas ideias sobre o modelo comunitário de saúde, pode-se afirmar que  esse modelo se aproxima com a concepção que a psicologia social traz de valorizar as representações, cognições e atitudes dos sujeitos envolvidos na interação social e no processo de saúde.

A Psicologia Social traz a perspectiva de que as populações socialmente vulneráveis, como quilombolas, negros, indígenas, ribeirinhas, refugiados ou outras, são constantemente atravessadas por exclusões sociais que formam maioria psicológica,sustentadas por ideologias de poder e desigualdades históricas e sociais.

A diferença da atuação do psicólogo social enquanto profissional e agente de um sistema de Estado (CREAS,CRAS,CRAM,ETC) e a psicologia social enquanto campo epistemológico, pode se dar a partir do entendimento de ambas, onde sendo a Psicologia Social  uma área da Psicologia que estuda a interação entre as subjetividades do indivíduo e concepções inerentes ao meio social. Nessa perspectiva, pode-se questionar como pode essa subjetividade se manifestar plenamente, se as regras e normas da sociedade, são impostas desde o nascimento até a morte, por meio de uma determinada disciplina, imposta a todos?  Outra questão, está no fato de que as especificidades éticas do indivíduo, por vezes, não encontram eco nas regras morais impostas por determinadas sociedades. Ambas as questões,na perspectiva do psicólogo social, pode ser pensada em como este pode atuar de forma plena no tratamento dos pacientes inseridos no sistema de saúde com regras tão massificantes e rígidas que tentam enquadrar a todos aqueles considerados fora dos padrões? Da mesma, forma, como pode a subjetividade do indivíduo, ser respeitada ou defendida estando o mesmo inserido no contexto onde as convicções sociais determinam o certo e o errado, o legal e o ilegal? Partindo desses questionamentos, a diferença entre a teoria e prática é uma realidade bastante clara, mas que não deve levar à estagnação.


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

O que é Comportamento verbal?

Definição:
  • O Comportamento Verbal de Skinner, apresenta uma descrição dos operantes verbais básicos de mando, tato, intraverbal, ecóico, textual, cópia e ditado. O comportamento verbal é, então, definido como comportamento mediado pelo outro. 
Contingências Verbais:
  • São responsáveis pelo comportamento verbal, ou seja, as interrelações entre as variáveis antecedentes do comportamento verbal.
Variáveis Antecedentes:
  • São especificadas como estímulos verbais, não-verbais e motivacionais.
  • ESTÍMULOS VERBAIS: respostas escritas, respostas gestuais,etc.
  • ESTÍMULOS NÃO-VERBAIS: objetos e suas propriedades, coisas ou eventos do mundo do qual se fala.
  • MOTIVACIONAIS: são privações, estimulações aversivas. ex: sede aumenta o valor reforçador da água. precisar anotar um endereço aumenta o valor reforçador de um lápis e papel.
Tipos de Controle:
  • tipos de controle exercidos pelas variáveis antecedentes sobre o comportamento verbal são especificados como controle formal e controle temático.
Respostas Verbais:
  • Faladas, escritas, gestuais.
Variáveis Consequentes:
  • São identificadas por dois tipos de comportamentos: o reforçamento específico(sequenciado por uma consequência: Pedir água, recebe-se um copo de água) e o reforçamento genérico(reforçamentos sociais)
Relações Verbais Básicas:
Skinner descreve sete relações verbais básicas, funções de diferentes contingências vigentes na comunidade verbal, como os operantes verbais de mando, tato, intraverbal, ecóico, textual, cópia e ditado
Comportamento de Mando: É um operante verbal cuja resposta é reforçada, ficando sob o controle da motivação.  Ex: Pegue um copo de água pra mim, por favor!
Comportamento do TatoNas relações de tato os estímulos antecedentes são usualmente não verbais: objetos e suas propriedades, coisas e eventos do mundo sobre os quais se fala a respeito ao entrar em contato com eles. É um operante verbal em que uma resposta de determinada forma é evocada por um objeto ou evento específico. Ex: Boneca em frente a uma criança. 
Comportamento Intraverbal: Nas relações intraverbais o comportamento verbal é evocado tematicamente por estímulos verbais antecedentes e reforçados genericamente. Os estímulos e respostas verbais podem ser falados ou escritos. Vários tipos de contingências diferentes estabelecem relações intraverbais, como quando aprendemos recitar o alfabeto, a contar, a responder sobre a tabuada. estímulos verbais evocam respostas verbais.
Comportamento Ecóico: O comportamento ecóico ocorre quando se repete o que alguém acabou de dizer. O produto da resposta duplica, em certa medida, o estímulo antecedente. Ex: Eu falo: pegue a bola na casa. A pessoa responde: na casa?
Comportamento Textual: estímulos escritos controlam formalmente ou pontoa-ponto respostas vocais. O estímulo é visual e o produto da resposta auditivo. Ex: na presença do texto PATO se a criança responder pato será reforçada.

REFERÊNCIAS: O que é comportamento verbal?


Considerações gerais sobre Comportamento verbal


Comportamento verbal primário



Comportamento Verbal Secundário


O papel dos sentimentos para a analise do comportamento.


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Capítulo VI- O Behaviorismo não consegue explicar as realizações criativas?Taynan Marques Bandeira

É comum a criatividade ser reconhecida pelo senso comum e conceituada por diversos autores como produto de algo interno, como se fosse intrínseca ao indivíduo. Entretanto, o recorte externalista de Skinner rejeita a causalidade interna e enfatiza que todos os comportamentos são determinados a partir das variáveis ambientais externas, como já foi argumentado em capítulos anteriores. Devido a este posicionamento, muitos autores o criticam dizendo que sua teoria não explica as realizações criativas. 

Mas é utilizando esse recorte que Skinner, não só considera a existência de comportamentos criativos, como os explica em algumas obras: A Tecnologia do Ensino, Ciência e Comportamento Humano e Sobre o Behaviorismo. De acordo com Skinner (2003), a criatividade sempre foi considerada como algo difícil de ser explicado até o surgimento do conceito de comportamento operante, porque as justificativas para explicá-la, até então, eram mentalistas. 

Para mostrar que a criatividade consiste em um comportamento, e que, dessa forma, é selecionado por suas conseqüências, Skinner contrapõe o processo de condicionamento operante e o processo de evolução descrito por Darwin

Skinner (2003) afirma que, na história das espécies (proposta por Darwin), os traços acidentais originados de mutações foram selecionados em virtude de uma maior sobrevivência da espécie; então, do mesmo modo. acontece com as variações comportamentais que são selecionadas em virtude de suas conseqüências reforçadoras.

O conceito de seleção é mais uma vez a chave. As mutações na teoria genética e evolutiva, são casuais e as topografias das respostas selecionadas pelo reforço são, se não aleatórias, pelo menos não necessariamente relacionadas com as contingências em que serão selecionadas. E o pensamento criador preocupa-se grandemente com a produção de 'mutações'. Escritores,artistas, compositores, matemáticos, cientistas e inventores estão familiarizados com as formas explícitas de tomar mais provável a ocorrência de comportamento original (Skinner. 2003, p. 101). Assim, toma-se claro que a originalidade não está ligada a processos internos, como enfatizam os mentalistas. Os comportamentos criativos são, como qualquer outro comportamento, selecionados pelas suas conseqüências.

A seleção por conseqüências invariavelmente implica história. Ao longo do tempo, resultados bem-sucedidos (reforço) tomam algumas ações mais prováveis, os resultados malsucedidos (não reforço ou punição) tornam outras ações menos prováveis (Baum. 1999, p. 101).

Skinner (1998) faz a distinção entre o que se pode chamar de ideias originais e não-originais. As respostas não-originais são aquelas provenientes da imitação ou governadas por regras. Já as respostas originais são aquelas que resultam da manipulação das variáveis, ou seja, modeladas pelas contingências. 

“Artistas, compositores e poetas às vezes seguem regras (imitar o trabalho dos outros, por exemplo, é uma forma de seguir regras), mas atribui-se mérito maior ao comportamento devido a exposição pessoal a um ambiente- (Skinner, 2003, p. 110-U1). 

Baum (1999), um behaviorista radical contemporâneo, argumenta que o objetivo da atividade de qualquer artista seja ele pintor, escritor, compositor, ou cientista, é buscar a novidade, algo que nunca tenha sido visto ou criado antes. Nesse sentido, cada trabalho criado se constitui como único e novo, não só para a comunidade, mas também para seu próprio acervo. 

Entretanto, ninguém cria um trabalho a partir do nada, pois mesmo cada trabalho tendo seu aspecto singular, está relacionado com realizações anteriores e origina-se de uma história de vida particular. É perfeitamente passível de verificação que, embora a compositora Marisa Monte não faça duas músicas exatamente iguais, suas composições parecem umas cora as outras, mais do que se fosse realizada uma comparação entre uma música dela com as de Gal Costa, por exemplo. 

Então, cada trabalho novo é feito com base nos anteriores e depende das conseqüências, pois mesmo não sendo possível sustentar empiricamente, pode-se levantar a hipótese de que se Marisa Monte não tivesse tido conseqüências reforçadoras para suas composições, provavelmente não teria continuado a compor. “Os trabalhos anteriores estabelecem um contexto no qual o trabalho novo pode se parecer com eles. mas não tanto que pareça ‘aquela coisa velha"’ (Baum. 1999, p. 102). 

E quanto mais o indivíduo tem a oportunidade de comportar-se. nesse caso. compor cada vez mais, maior será a probabilidade de reforçamento e conseqüentemente serão instalados comportamentos criativos, pois '‘as grandes sinfonias de Mozart são uma seleção de um número maior, os grandes Picassos são só uma parte do produto de uma vida de pintura” (Skinner, 1972. p. 172). 

Assim, Skinner (1972) afirma que o importante é evocar comportamentos porque só assim serão emitidas respostas, que se fossem de outro modo, não apareceriam. Para Skinner, a cultura desempenha um papel fundamental na instalação de comportamentos criativos

Isto fica evidente quando sustenta que “em igualdade de Regras são estímulos que especificam condições, a cultura terá maior probabilidade de descobrir um artista original, se induz muita gente a pintar quadros ou de produzir um grande compositor, se induz muita gente a compor " (Skinner, 1972. p. 171 -172). 

Diante disso, torna-se claro que Skinner consegue explicar as realizações criativas sem recorrer a argumentos mentalistas. E ainda enfatiza que as pessoas podem ser instruídas para aprenderem a ser criativas, ou seja, podem ter um ambiente favorável para o aprendizado de comportamentos criam-os.

 “Por definição, não se pode ensinar comportamento original, pois não seria original ser ensinado, mas podemos ensinar ao estudante a arranjar ambientes que maximizem a probabilidade de que ocorram respostas originais" (Skinner, 1972, p. 169). Isso por sua vez desestrutura a concepção mentalista, que é determinista ao afirmar que a criatividade é um dom e, conseqüentemente, quem faz trabalhos originais e apresenta respostas criativas os faz porque nasceu com esse traço interno. 

De acordo com Skinner, quando se atribui a “criatividade” a um dom interno, retira-se a responsabilidade de realmente criar contingências ambientais favoráveis ao desenvolvimento de tais comportamentos criativos.

O professor que acredita que o estudante cria uma obra de arte através do exercício de alguma faculdade interior e caprichosa não investigará as condições sob as quais o estudante de fato faz um trabalho criativo. Será também menos capaz de explicar este trabalho quando ocorrer e não tenderá a induzir os estudantes a se comportarem criativamente (Skinner, 1972. p. 160-161).

Nesse sentido, os comportamentos inovadores são aprendidos pelo indivíduo, como qualquer outro comportamento. De acordo com Skinner (2002), mesmo algumas variações comportamentais ocorrendo de maneira acidental, os indivíduos podem aprender a ser criativos porque o seu comportamento (criativo) é selecionado pelas conseqüências reforçadoras que o sucedem. 

Isso significa que a “criatividade" é determinada pelas contingências ambientais, de modo que o comportamento criativo está relacionado à história de reforçamento de cada indivíduo. Assim, quanto mais alguém é exposto a situações problemas que lhe suscitem variações comportamentais. as quais são selecionadas a partir das conseqüências reforçadoras. provavelmente maiores serão os comportamentos criativos.