Terapia racional-emotivo-comportamental

  •  A terapia racional-emotivo-comportamental (TREC)2, fundada por Albert Ellis em 1955, é ao mesmo tempo uma teoria da personalidade e de um método de psicoterapia.
  •  Em sua forma mais geral, emprega, por razões práticas e teóricas, uma grande variedade de métodos cognitivos, afetivos e comportamentais de mudança da personalidade.
  •  é proximamente identificada com as bases de um humanismo ético, como o de Bertrand Russel (1930), especialmente em relação à idéia de que os humanos deveriam aceitar- se como tais e livrar-se de idéias de serem super- homens ou sub-homens.
  • sofreu influências dospioneiros da terapia comportamental (Jones, 1924; Watson e Rayner, 1920) demonstrada em sua defesa do uso dos métodos comportamentais ativos de mudança de comportamentos e do uso de deveres de casa.
TEORIA BÁSICA DA TREC
  • Epstemologia implicita, autoritária, narcisista - observar evidências.
  • Dialética - pensamento lógico, em busca de evidência que constate a crença.
  • Valores - sobrevivência e felicidade para minimizar o desconforto emocional e os comportamentos autoderrotistas, em busca de vida plena.
  • Metas importantes segundo  Ellis e Bernard (1986, p. 34) consonantes com os valores da TREC:

Auto-interesse. 
  • Pessoas emocionalmente responsáveis tendem a colocar seus interesses ao menos um pouco acima dos interesses dos outros. Sacrificam-se em um certo grau por aqueles que amam, mas não em demasia ou completamente. (RANGÉ, pg..36)
     Interesse social.
    • A maioria das pessoas escolhe viver em grupos sociais e, para fazer isso de modo mais confortável e feliz, gostariam de agir mais moralmente, de proteger mais o direito dos outros e de ajudar na sobrevivência da sociedade na qual vivem.
       Autodireção.
      •  Seria bom cooperar com os outros, mas é melhor para nós assumirmos a responsabilidade primária das nossas próprias vidas mais do que exigir ou necessitar de apoio excessivo dos outros.
         Tolerância.
        •  Ajuda a permitir que as pessoas têm direito de estar erradas. Não é apropriado apreciar comportamentos abjetos, mas também não é necessário maldizer a pessoa que os apresentou.
           Flexibilidade.
          •  Pessoas saudáveis tendem a ser pensadores flexíveis. Regras rígidas, tendenciosas e invariantes tendem a minimizar a felicidade.
             Aceitação da incerteza. 
            • Pessoas emocionalmente maduras reconhecem e aceitam o fato de que vivemos em um mundo de probabilidades e de acaso, no qual não existem certezas absolutas, nem provavelmente existirão. Dão-se conta de que não é terrível — na verdade, é fascinante e excitante — viver nesse tipo de mundo probabilístico e incerto. Apreciam um bom grau de ordem, mas não a exigem ou a impõem.
               Comprometimento. 
              • A maior parte das pessoas sente-se mais saudável e feliz quando está absorvida com algo seu, podendo ser pessoas, coisas ou idéias. Elas têm preferivelmente pelo menos um grande interesse criativo tanto quanto algum envolvimento humano principal que consideram tão importante que estruturam uma boa parte da sua existência diária nisso.
                 Pensamento científico. 
                • Pessoas não-perturbadas tendem a ser mais objetivas, racionais e científicas do que as perturbadas. Sentem profundamente e agem de acordo com esse sentimento,  mas também regulam suas emoções e ações por reflexões sobre elas e suas conseqüências e por aplicação das regras da lógica e do método científico para avaliar e determinar essas conseqüências.
                   Auto-aceitação. 
                  • Pessoas saudáveis estão normalmente contentes de estarem vivas. Aceitam-se apenas porque estão vivas e, como criaturas vivas, têm alguma capacidade de se alegrar e de se afastar da dor e do sofrimento. Não medem seu valor intrínseco por suas realizações extrínsecas ou pelo que os outros pensam delas. Sesão verdadeiramente sábias, tentarão evitar avaliar- se na sua totalidade e no seu ser. De fato, tentarão mais apreciar do que se provar.
                     Aceitação de correr riscos. 
                    • Pessoas emocionalmente não-perturbadas percebem que a vida envolve um certo grau de riscos. Perguntam-se o que realmente gostariam de fazer e então tentam fazê-lo, mesmo que haja uma boa probabilidade de falharem. Tendem a ser aventureiras, sem serem bobas ou ingênuas, e a querer experimentar qualquer coisa pelo menos uma vez, para verem se gostam ou não. Com freqüência, buscam uma quebra em sua rotina diária.
                       Expectativas realistas. 
                      • Pessoas não-perturbadas aceitam o fato de que utopias são impossíveis de alcançar e que nunca terão tudo o que querem nem conseguirão evitar tudo o que não querem. Não se dirigem irrealisticamente a uma satisfação ou felicidade totais nem a uma falta total de ansiedade, depressão, autopiedade ou hostilidade.

                      HEDONISMO RESPONSÁVEL.
                      • Todos os humanos são basicamente hedonistas, já que têm uma forte tendência biológica a ficarem vivos e a alcançarem um grau razoável de felicidade, incluindo aí alguma liberação relativa de dor.
                      •  O hedonismo é uma escolha mais do que uma necessidade absoluta e, assim, pareceprovável que seja a nossa predisposição inata como humanos de fazer essa escolha fundamentaL.
                      TEORIA-RACIONAL-EMOTIVA
                      • concebe a pessoa como um organismo biopsicossocial complexo com uma forte tendência a estabelecer e a perseguir uma grande variedade de metas e propósitos.
                      • Apesar de as pessoas diferirem no que pensamem que lhes possa trazer a felicidade, elasconstroem e perseguem metas valorizadas pessoalmente, o que demonstra um esforço para dar sentido às suas vidas. 
                      • Os serem humanos são hedonistas no sentido de se manterem vivos e de perseguirem a felicidade.
                      •  Estão interessados em satisfazer seus próprios interesses e os interesses sociais.
                      • O conceito de racionalidade é central para a compreensão da visão racionalemotiva da pessoa. Assim, apesar de se interessarem em satisfazer seus desejos imediatos, é por essa adesão aos interesses sociais e a objetivos de longo prazo que podem deixar de satisfazer os de curto prazo. É
                      A NATUREZA DA SAÚDE PSICOLÓGICA
                      • A TREC postula três derivativos dessa filosofia:
                        (1) avaliar a ruindade de uma situação;
                        (2) avaliar a tolerância à frustração
                        (3) estabelecer uma alternativa racional para a danação.

                        • A TREC também argumenta que as pessoas podem ter crenças racionais e irracionais ao mesmo tempo.

                        Ellis (1979) delineou outros nove critérios de uma saúde mental positiva:

                        (1) auto-interesse iluminado; 
                        (2) interesse social; 
                        (3) autodireção; 
                        (4)aceitação da ambigüidade e da incerteza; 
                        (5) pensamento científico; 
                        (6) comprometimento e envolvimento em projetos importantes; 
                        (7) flexibilidade;
                        (8) correr riscos calculados 
                         (9) aceitação da realidade.

                        A NATUREZA DA PERTURBAÇÃO PSICOLÓGICA

                        • A teoria racional-emotiva afirma que no âmago da perturbação psicológica está a tendência dos seres humanos de fazerem avaliações absolutistas dos acontecimentos percebidos em suas vidas e que uma perturbação é grandemente, masnão completamente, função das nossas percepções,das nossas avaliações e do nosso sistema de valores. 
                        • Tais avaliações, que apresentam a forma de “tenho que”, “deveria”, “devo” e “tenho a obrigação de” dogmáticos, são os aspectos centrais de uma filosofia de religiosidade dogmática que Ellis afirma ser o aspecto central da perturbação emocional e comportamental humanas. 
                        • Há inclusive um termo, (intraduzível) que aparece como central na sua proposta: musturbation
                        AS ONZE CRENÇAS IRRACIONAIS (Ellis apud Rangé, pg.39)

                        1. A idéia de que existe uma extrema necessidade para qualquer ser humano adulto ser amado ou aprovado por qualquer outra pessoa significativa em sua comunidade.
                        2. A idéia de que se deva ser inteiramente competente, adequado e realizador em todos os aspectos possíveis para se considerar como tendo valor.
                        3. A idéia de que é terrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito que gostaríamos muito que fossem.
                        4. A idéia de que certas pessoas são más, perversas e velhacas e de que elas deveriam ser severamente responsáveis e punidas por sua maldade.
                        5. A idéia de que a infelicidade humana é externamente causada e de que as pessoas têm pouca ou nenhuma habilidade para controlar seus infortúnios e distúrbios.
                        6. A idéia de que, se alguma coisa é ou pode ser perigosa ou assustadora, deve-se ficar terrivelmente
                        preocupado e ficar ruminando sobre sua possível ocorrência.
                        7. A idéia de que é mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades ou responsabilidades
                        da vida.
                        8. A idéia de que se deva ser dependente dos outros e de que se necessite de alguém mais
                        forte em quem se apoiar.
                        9. A idéia de que a história passada de alguém é um determinante definitivo do seu comportamento
                        presente e, se algo afetou uma vez fortemente a sua vida, isso continuará tendo indefinidamente um efeito similar. 
                        10. A idéia de que se deva ficar muito transtornado com os problemas e as preocupações de outras pessoas.
                        11. A idéia de que há invariavelmente uma solução certa, precisa e perfeita para os problemas humanos e de que é catastrófico se essa solução perfeita não é encontrada.

                        A MUDANÇA TERAPÊUTICA

                        • A TREC sustenta que a mudança mais elegante e duradoura envolve a reestruturação filosófica das crenças irracionais.
                        •  Essa mudança pode ser específica ou geral. 
                          • A específica significa que os indivíduos mudam as suas exigências absolutistas irracionais (“devo”, “tenho-que”, “deveria”) por preferências racionais. 
                          • A geral implica que as pessoas desenvolvam uma atitude não-absolutista quanto aos acontecimentos.

                        Referências: 
                        RANGÉ, Bernard. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais, um diálogo com a psiquiatria. Artmed, Porto Alegre, 2008, Capítulo 2.

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