A sexualidade também tem história: Comportamentos e atitudes sexuais através dos temspos - Síntese

 Autor: Paulo Rennes Marçal Ribeiro

  • A maneira como as civilizações entendiam e lidavam com comportamentos, valores e normas ligados ao sexo nunca foram iguais e, tampouco, constantes. Cada cultura e momento histórico viam e viviam sua sexualidade diferentemente.
  • Em dez mil anos de história, a relação sexo - humanidade sempre foi extremamente complexa, pois envolveu (e envolve) questões sociais, culturais, religiosas e psicológicas, construídas historicamente, determinadas diferentemente em cada povo e época. 
Distinguindo SEXO  e SEXUALIDADE

SEXUALIDADE
  • conjunto de fatos, sentimentos e percepções vinculados ao sexo ou à vida sexual;
  • envolve a manifestação do impulso sexual e o que dela é decorrente: o desejo, a busca de um objeto sexual, a representação do desejo, a elaboração mental para realizar o desejo, a influência da cultura, da sociedade e da família, a moral, os valores, a religião, a sublimação, a repressão.
  • a sexualidade é biológica, e tem como objetivo primordial, a perpetuação da espécie.
  • o uso das faculdades mentais do homem ampliou seu conceito, como forma de dar e receber prazer, o que ocorre por meio do sistema nervoso central e é  estimulado por sentimentos e fantasias sexuais.
  • O conceito de sexualidade só foi criado no século XIX e está voltado para o saber. A sexualidade refere-se a um saber sexual, decorrente da incitação à manifestação sexual verbal e 2 escrita que foi acentuada no século XIX

SEXO

  • é um conjunto de práticas, atitudes e comportamentos vinculados ao ato sexual, resultante das concepções existentes sobre ele.
  •  o sexo biológico, que determina o macho e a fêmea de uma espécie, a partir de um conjunto de características hereditárias, físicas e biológicas que nasce com cada um
  • está voltado para o fazer, ou seja, as práticas e atitudes sexuais no cotidiano do indivíduo e dos grupos
ATITUDES E COMPORTAMENTOS SEXUAIS NA ANTIGUIDADE
  • Na Babilônia, a mulher tinha posição social inferior ao homem, mas podia receber a herança paterna. Ocupava-se com várias atividades: cozinheiras, tecelãs, babás, sacerdotisas, adivinhas, dentre outras.
  • O divórcio era prerrogativa masculina, O homem podia se divorciar caso a mulher fosse estéril. A mulher infiel podia ser condenada à morte, mas o homem podia ter concubinas.
  •  Segundo Império Babilônico (de 625 a.C. a 536 a.C.) há registros sobre a ida da mulher, ao menos uma vez na vida, ao Templo de Milita. Após ter relações sexuais com um estranho em troca de uma moeda, entregava o dinheiro recebido ao tesouro do templo.
  • Na Assíria, existiam templos com sacerdotisas que se entregavam sexualmente para sacerdotes e devotos. 
  • Na Caldéia havia o costume de oferecer as mulheres da casa para os hóspedes.
  • No Egito foi grande na visão positiva que tinha sobre sexo e no destaque que dava a figura da mulher, que alcançou liberdade sem igual-comparada às outras civilizações, No vocabulário egípcio não existia a palavra virgem, pois virgindade não fazia sentido para eles. A mulher podia ter relações sexuais antes do casamento e isso não seria motivo para sua desonra. Havia também os contratos de casamento temporário, que poderia se tornar definitivo, ou o casal se separaria; a fidelidade ser urna das bases para o casamento. Daí a existência de práticas em que primeiro se testava o compromisso (casamento experimental) ou havia ligações passageiras antes de dar um passo definitivo; O adultério era falta grave: No divórcio, a mulher podia receber uma pensão, que garantia sua subsistência, ou recebia bens, sendo protegida da ganância do marido em separações abusivas; a mulher podia ocupar funções importantes, como médicas, escribas, administradoras de províncias, empresárias, proprietárias, e até ser faraó.
  • Em Atenas as mulheres são submissas aos seus maridos, não podem sair sozinhas e tem um espaço na casa destinado a elas, o gineceu. Tem papel social definido – ser filha e mãe – e tem na casa e na família o seu mundo e a 'razão de sua existência. 
  • No Período Clássico, no entanto, as mulheres deveriam permanecer virgens até o casamento, que era voltado para a procriação. O divórcio era concedido em caso de adultério, se a mulher fosse estéril ou se fosse vítima de violência por parte do marido.
  • Em Esparta as meninas e os meninos espartanos eram educados juntos e os exercícios físicos realizados conjuntamente. As espartanas usavam saias curtas, que deixavam as pernas à mostra, enquanto que as atenienses usavam longas túnicas. A espartana gozava de uma relativa liberdade, havia, inclusive, escolas especiais destinadas à sua educação.
  • Na Grécia, uma classe de mulheres independentes, educadas, possuidoras de boas maneiras, com conhecimento de instrumentos musicais e dança. Algumas delas participavam de debates filosóficos, também eram competentes em discussões e de extrema beleza. as restrições sexuais visavam não à mulher em si, mas àquela que seria a esposa do cidadão, já que muitas delas ocupavam um status diferenciado.
  • Em Roma, a mulher ocupa importante papel social, vai ao teatro, às festas, faz compras, participa de reuniões políticas, embora se submeta à autoridade masculina. A mulher romana se casava jovem, a partir dos doze anos, em geral com um homem bem mais velho. Era dela a prerrogativa do divórcio e podia manter os bens de solteira que trazia para o casamento. Este modelo social também era aplicado nas relações sexuais: o homem deveria ser sempre ativo, enquanto escravos e mulheres deveriam ser passivos.  Devemos entender que ser ativo sexual significava penetrar e ser passivo significava ser penetrado.
O SEXO NA IDADE MÉDIA

  • Com as invasões barbaras, culturas se misturaram
  • Igreja Católica se consolidava e as liberdades sexuais que se contrapunham à moral pregada pela Igreja - celibato não existia no séc. XI.
  • Os bárbaros eram apegados à terra e aos cultos de fertilidade. Portanto, o sexo era prática corrente nos ritos e festas que ocorriam na- época da colheita e do plantio.
  • As pessoas andavam nuas, homens e mulheres tornavam banhos juntos e, nos quadros, até os santos eram representados nus.
  • . Três santos – São Paulo, Santo Aqostinho e São Tomás de Aquino – fundamentavam a doutrina da Igreja:  determinaram que o sexo só deveria acontecer dentro do casamento e com o único objetivo de procriação. Não poderia haver demonstração de paixão entre os cônjuges e ainda, determinaram os pecados contra o corpo: 6 prostituição, adultério, homossexualidade, auto-erotismo. Determinavam-se também os dias que se podiam ter relações sexuais.
Século XVI (com maior força no século XVIII), com o advento do puritanismo
  • não pretendia atingir a sexualidade com suas idéias de autocontrole, constância, apelo à firmeza de sentimento, demonstrar menos emoção.
  •   buscava modificar o homem de comportamento desregrado e de temperamento oscilante, tão comum na Idade Média
  • e desvalorizou o corpo e a sensibilidade para alcançar a plenitude moral
  •  o sexo, para os puritanos, também seria desprovido de prazer.(ascetismo)
  • a ética moral da constância de caráter, da introspecção e da formulação de um rígido padrão de comportamento. 
  • Não havia mais lugar para a sensualidade e o prazer sexual, que não estavam de acordo com a disciplina sugerida.
  • o ter submeteu o ser. O sexo passou a ser controlado, submetido a regras e normas e, para tal, era necessário uma sustentação científica para justificar essas concepções.
  • Foucault (1980, 1984), o saber sexual, vinculado à ciência sexual europeia surgida a partir do século XIX, se opôs a uma arte erótica que, no oriente visava a satisfação e o prazer sexual
 
O mundo ocidental se preparava para receber, sem contestação uma nova moral sexual, diferente de todas as tendências morais já vistas na História: o vitorianismo do século XIX.
  • palco ideal para a repressão sexual, baseada em padrões e normas negativistas. e restritivas, que  sustentavam o controle sexual pregado pela moral médica: Católicos, protestantes, médicos, educadores, todos se aliavam para normatizar as atitudes e comportamentos sexuais através de postulados pseudocientíficos. Como analisa Loyola (1999, p. 32-33).
  • influenciado por uma ciência sexual que instiga o falar sobre o sexo, visando o máximo de conhecimento sobre ele para controlá-lo. Essa é a conclusão dos estudos de Michel Foucault.
No final do século XX e início do século XXI:
  • a herança médico-cultural do vitorianismo, aliada a um modo de vida consumista e individualista de uma sociedade capitalista e globalizada, nos lega uma concepção de sexualidade ainda limitada, normatizada e geradora de culpa, angústia e ansiedade. 
  • Com indivíduos do século XXI, ainda sofremos as consequências desta moral antissexual rígida, austera, contida que influenciou profundamente as atitudes em relação à sexualidade.

REFERÊNCIAS
Disponível em: http://ead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/50/Texto%20sexualidade1.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário