Conceitos de Trabalho- aula 25/09

 

"E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás. " Gênesis 3:17-19

-A narrativa bíblica traz o sentido de tortura e dentro do aspecto ético e moral tem o sentido de punição. Desde a origem o trabalho já era colocado na perspectiva do sacrifício, da tortura.


"Um homem que gasta toda a vida preenchendo um pequeno número de operações simples, cujos efeitos também são talvez sempre o mesmo ou muito parecido, não precisa desenvolver sua inteligência ou exercer sua imaginação buscar expedientes para remover dificuldades que nunca se apresentam "; e assim se torna "tão estúpido e tão ignorante quanto possível para uma criatura humana se tornar assim.” (pg.406)

Adam Smith (2017) identifica a divisão do trabalho como a causa principal da riqueza das nações e essa divisão aumenta a habilidade do trabalhador de forma individual reduzindo a tarefa de forma simples colocando como a única opção e capacidade de sua vida e faz com que ele necessariamente adquira uma grande destreza o que consideramos de forma negativa para o entendimento do trabalhador.


"A fábrica naquele contexto fazia do homem um ser monstruoso sacrificando algo que talvez pudéssemos chamar de subjetividade, e que a chegada das máquinas como um marco que coloca o trabalho como um princípio regulatório no âmbito social, onde o trabalhador perde sua centralidade e o trabalho e trabalhador passam a ser definição, deixando de ser conceito, e como pensa Marx (1976)."

- A revolução industrial apresenta a entrada nas máquinas nos processos de produção mas o homem continua sendo o motor onde o trabalho simples e o adestramento do trabalhador eram esse motor, e se transforma em questão.

 Para o autor  o conceito de trabalho teria dificuldade de identificar seu objeto e ressalta o impasse para a data de nascimento do conceito de trabalho.  Coloca como o início a fabricação das primeiras ferramentas de trabalho. Não há dúvidas de que há uma questão de interpretação onde essa leitura de que a fabricação de ferramentas seriam a gênese do trabalho seria produzir efeito para a causa. 

Nesta análise, Marx combina a determinação abstrata do trabalho como uma capacidade para expressar a natureza humana através do processo de trabalho com as formas sociais existentes a produção de sua subsistência. Marx entende o trabalho como algo universal, com sentido de totalidade, tem uma característica de universalidade da raça humana.

Na década de 1840 na Europa Ocidental – existiam camponeses ou artesãos, ele entendeu que uma nova maneira de produzir estava se aproximando rapidamente. a base dessa nova forma de produção foi a relação entre a propriedade privada, o proprietário dos meios de produção, por um lado, e os trabalhadores "livres" que eram obrigados a vender sua capacidade de trabalhar com o proprietário dos meios de produção no outra mão. Por isso, esta é a base do que Marx chama de trabalho alienado, aquele que é feito de forma mecânica.

 Trabalhar é  como uma determinação básica dos seres humanos, pois ao produzir seus meios de subsistência, os homens estão indiretamente produzindo seus atuais vida material.

Através da sua capacidade de trabalho, os seres humanos não só produzem individualmente, mas também produzem a sua própria história. (Marx, 1987, pg.18)


Para Émile Durkheim , na obra a Divisão do Trabalho na sociedade, a questão central  não é trabalho, mas coesão social. Em vista da frase "divisão de trabalho ", Durkheim estava principalmente interessado no conceito de divisão - que as tarefas são divididas - em vez do conceito de trabalho.

Apesar do título do livro, ele não discute trabalho mas Durkheim vê a divisão do trabalho como um processo biológico geral, começando com a introdução da própria vida na Terra. A divisão social do trabalho é apenas um caso especial deste processo, que "governa o mundo inteiro" (1964: 41). 

Devido à sua capacidade abstrata de trabalhar, os seres humanos se transformam  de acordo com o desenvolvimento de seus métodos de trabalho e seus aspectos físicos, psicológicos, e necessidades sociais. A capacidade dos seres humanos para trabalhar é, portanto, a força básica através que eles mudam tanto o mundo à sua volta quanto a própria natureza.

No entanto, este conceito abstrato pressupõe uma realidade social onde os seres humanos desenvolvem livremente a sua capacidade de produzir tanto a sua subsistência como a si próprios. Trabalhar em um nível mais concreto é o que Marx elabora com a noção de trabalho alienado.

A razão pela qual ele analisa o A divisão do trabalho é que, segundo ele a sociedade, tem a função moral de criar a solidariedade social. Ele menciona várias formas de trabalho diferentes, como domésticos, econômicos, científicos e trabalho artístico, mas sem qualquer relação interna entre eles.

As distinções importantes são feitas entre tipos de solidariedade em tipos de sociedades e  para entender a posição da divisão do trabalho na teoria de Durkheim nós precisamos olhar para essas distinções. A distinção mais importante é a de dois tipos de Solidariedade: mecânica e orgânica.


Max Weber, apresentou mais de um conceito de trabalho. O primeiro aparece na Ética Protestante e no Espírito do Capitalismo, o segundo e o terceiro em Economia e Sociedade e não são compatíveis para começar com o primeiro conceito de trabalho, Weber constrói um tipo ideal de espírito do capitalismo como um ethos deste sistema econômico ,Weber (...,,,,). O conceito de trabalho é essencial à sociedade.

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Paul Singer (1986) Aponta para o fato de que é de fundamental importância ressaltar que nos processos de industrialização o trabalho não é mais artesanal é passa a ser executado por máquinas, causando uma mudança do papel do operário no processo produtivo, não sendo mais ativo, e sim passivo, já que com as máquinas  elas trabalham a despeito da presença ou não do trabalhador, simplificando muito as habilidades requeridas anteriormente pelo trabalhador da manufatura.

Para SCHWARTZ (2011),  O "trabalho" é ao mesmo tempo um termo onde o entendimento de conceito e de definição de aplica totalmente, pois não se dá por uma simples definição, pois a definição de trabalho  não tem como pano de fundo uma perspectiva sócio-histórica, e dentro desse olhar, onde o trabalho deve ser conceito que traz sua aproximação com o Homem, e obviamente surge a categoria trabalhador, transformando o trabalhador no conceito e o trabalho como questão.

Quando apresentamos o trabalho como conceito, desejamos apresentar o ponto de vista ou a forma em que o objeto, no nosso caso o trabalho é reconhecido buscando contextualizar, já que entendemos conceito como algo pensando a partir de um contexto, de um meio social, ou teórico, de acordo com as singularidades e especificidades do objeto pesquisado. 


O conceito de condição humana, segundo Hanna Arendt

Através do entendimento das atividades de labor, trabalho e ação que compõe a vita activa que a autora considera atividades fundamentais da humanidade.

O labor está relacionado aos processos biológicos, o trabalho é aquele que produz a artificialidade da existência do homem, produzindo um mundo artificial que modifica o ambiente natural. Para a autora, as ações são atividades exercidas diretamente entre os homens sem interferência de coisas, sendo a condição humana da pluralidade, e o requisito maior da vida social, a liberdade do homem na sociedade.

Arendt (1958) corrobora com Marx (2011) no que diz respeito a produção e da modificação da sociedade através da idealização do trabalho, diferente nos animais. Mas, no que tange ao processo social do trabalho, se afasta de Marx afirmando que os processos de ação que compõe a Vita activa colocam o trabalhador longe do mundo artificial construído pelo trabalho.

De acordo com a autora, somente o discurso produzido pela ação é o fator de diferenciação humana. Os homens como seres plurais que vivem e se movimentam na sociedade é que dão significado ao trabalho, através da linguagem de narradores capazes de captar, interpretar e entender os sentidos sociais através do discurso.

Para a autora, na modernidade, a chegada da tecnologia no mundo do trabalho não se relaciona apenas ao trabalho que traz a capacidade de ideação do trabalho e de sua objetivação.  Sabe-se que a tecnologia é produzida pelo trabalhador, mas as máquinas e a tecnologia produzidas também idealizam o trabalho. Assim, o trabalhador perde a exclusividade no processo de produção, desprendendo-se da essência que Marx e Hegel preconizaram.

O trabalhador, segundo Arendt, é o construtor de um grande trabalho individual definido pela sua perenidade no mundo do trabalho. Para a autora, labor cria o mundo comum e o trabalhador através do trabalho e mantém os elementos criados pelo labor, que correspondem aos processos biológicos do corpo do trabalhador, onde o crescimento, metabolismo e decadência estarão relacionados às necessidades biológicas vitais. A condição humana do labor é a mesma da vida. O trabalho, para a autora, é a atividade que corresponde a processos que não são naturais para o trabalhador e que não estão contidos na repetição do ciclo da vida e da preservação da espécie.

O trabalho cria um mundo de coisas artificiais diferentes de qualquer coisa de natureza biológica e natural, sendo a sua condição humana ligada a mundanidade que só se entende o sentido quando o trabalhador produz algo importante que leva o mesmo a uma condição de obtenção de reconhecimento social. A autora coloca os processos de produção longe de ser essência mas sim de condição: O Animal Laborans, que vive como um coletivo, mas não é observado pelo meio social e o Homo Faber que está pronto para sua participação no meio social, embora possa não ter participação política, onde a troca do seu trabalho possa trazer reconhecimento e posição social.

Pierre Bourdieu , consagrado cientista e pesquisador na segunda metade do Século XX

O autor nos apresenta o conceito de Habitus que é um sistema subjetivo “de estruturas interiorizadas, esquemas de percepção, de concepção e de ação que são comuns a todos os membros do mesmo grupo ou da mesma classe” (Bourdieu, 1994), ou seja, é a interiorização das normas e valores que existem para além das próprias representações sócias.

Estas são introjetados de forma inconsciente e esse conceito pode ser entendido de forma paralela a outra categoria introduzida pelo autor, o conceito de Campo, que de certa forma faz uma conexão com a ideia de esfera de Max Weber, sendo análogos aos conceitos de classe de Karl Mark. Para Bourdieu, as classes formam o campo que para o autor é uma categoria que busca caracterizar a autonomia de certos espaços de dominação e disputa interna.

O campo é o locus de análise das formas de dominação de um determinado espaço social ou classe e é o espaço onde ocorre a introjeção do habitus, que é construído dentro de um espaço ou campo específico: cultural, econômico, educacional, científico, etc, onde as agentes que dominam esse campo são os que possuem maior capital: cultural, econômico, educacional, científico, etc. Todas as formas de capital são objetivadas e incorporadas na medida em que o indivíduo vai atuando dentro da sua classe.

Para Figueiredo (2020) toda ação de produção de bens de consumo executadas de acordo com a natureza de quem a executa, os trabalhadores. A natureza de quem executa é de ser naturalmente invisível, estático e mudo, onde o papel do estado será de defender, conceder voz, imagem e movimento e educação.  O trabalhador Varguista é aquele que o Estado diz que é, autenticando com benesses para sua manutenção política.

REFERÊNCIA

Tema da Tese de Mestrado do Prof. José


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