A Clínica e a Anatomia Patológica como Bases da Medicina Científica Moderna

A Medicina, enquanto ciência,  faz associação das duas vertentes a seguir, desenhando a partir do séc. XVIII a Medicina Moderna:

  1. A da prática médica (experiência clínica) - lugar da relação médico-paciente. 
  • busca o discurso e a experiência do indivíduo como doente.
  1. A da medicina interna ou vertente de anatomia patológica - abertura de corpos para ver o seu interior, e possíveis causas das doenças.
  • É domínio do saber exclusivo do médico, que olha e identifica o que há de errado entre os órgãos e os exames.
Portanto, a base da ciência médica se constitui à partir das origens e da constituição da experiência clínica e anatomia patológica.

CONDIÇÕES PARA SURGIMENTO DA CLÍNICA:
  • A ciência com suas teorias e práticas surge na tentativa de responder questionamentos sobre si e sobre os outros.
  • A medicina tenta reunir o que se apresenta na queixa e na experiencia singular do paciente, com ênfase naquilo que tende a se repetir em outras pessoas.
  • A medicina moderna surge a partir da clínica na relação paciente e médico.
  • É a partir do médico no hospital, como local para observar evoluções de patologias e quadros clínicos, que o hospital se torna o observatório ideal de doenças e doenças.
1ª condição: reorganização  da Instituição Hospitalar, enquanto Instituição Médica.
2ª condição: Redefinição do Estatuto social do doente: homens passam a ser chamados cidadãos; ideal de igualdade para exercer sua liberdade. Porém, o doente era visto como alguém que poderia contaminar alguém, portanto, deveria ser afastado do convívio social para ser tratado.
3ª condição: Uso absolto da linguagem científica aplica à medicina, visando definir causas de doenças. Partia da experiência do indivíduo, seus sintomas, seus sentimentos, para definir os distúrbios.

Essas condições buscava destacar a doença em si, e não o indivíduo em sofrimento. Esse era um método empirista moldado a partir da observação do médico sobre o paciente acometido da doença. Uma nova forma de sistematizar o saber através da experiência do observador.

ASPECTOS MAIS IMPORTANTES DESSAS CONDIÇÕES:

A reorganização da Instituição Hospitalar:
  • Hospital passa a ser Instituição Médica
  • As intervenções passam a ser regulares e constantes, nova forma da medicina se relacionar com as doenças.
  • Ciência moderna organiza o conhecimento e desenvolve métodos que possibilite o acesso a esse conhecimento, daí a necessidade de um lugar específico para observação e sistematização da experiência.
  • Hospital passa a ser local de exame, fonte de construção da ciência empírica, organizando as experiências.
A redefinição do estatuto social do doente:
  • França, fins do século XVIII - advento do conceito de cidadão.
  • As doenças e os corpos dos indivíduos deixam de ser problemas exclusivamente pessoais, de caridade ou filantropia, passando a ser questão política, de Estrado ou de Saúde Pública. Além disso,também de interesse científico para conhecimento das doenças.
  • O corpo do doente passa a ser tratado pela política médica, pela vigilância sanitária, se configurando uma questão política e científica, portanto, questão de cidadania.
  • A internação hospitalar de doentes passou a ser uma questão de política sanitária e social, embora o cidadão tivesse liberdade, a internação hospitalar era um poder de polícia médica.
O método de conhecimento e a clínica
  • Philippe Pinel - Pai da Psiquiatria, buscava nas ciências naturais, uma base verdadeiramente científica para o conhecimento da realidade das doenças.
  • O método de conhecimento original das ciências:
 - As ideias se constituíam a partir da experiência, portanto, todo conhecimento humano teria origem na sensação (senso-percepção).
- As ideias mais simples às mais complexas se formariam a partir da senso-percepção humana.
- A experiência empírica possibilitaria um leitura real.

Esse processo de dá pelas transformações da visão religiosa, caritativa, filantrópica e assistencialista que se tinha das doenças, em cidadãos ficavam doentes, surgindo a noção científica da doença como entidade  ou distúrbio fisiológico, atribuindo um novo caráter a experiência de contato cotidiano.


EXPERIÊNCIA COMO FORMA DE OBTENÇÃO DE CONHECIMENTO:
  • Observar
  • descrever
  • Comparar
  • Classificar
Analisar significa...
  • observar em uma ordem sucessiva as qualidades de um objeto, a fim de lhes dar a ordem simultânea em que elas existem. Essa ordem é aquela na qual a natureza apresenta os objetos.
A NOVA LINGUAGEM DA CLÍNICA

Traduz um saber de senso comum, de uma linguagem individual para uma linguagem cientifica, que:
  •  poderia ser acessada por especialistas
  • fosse facilmente codificável em um conjunto de sinais e sintomas gerais.
  • pudesse ser descritos em manuais.
  • o sintoma que seria a realidade da doença, deveria ser enunciado com uma linguagem rigorosa.
  • Essas linguagens se referem a uma estrutura falada do percebido, ou seja, da articulação das maneiras  de ver e dizer.
Na clínica utilizava-se a relação do ATO PERCEPTIVO com o ELEMENTO DE LINGUAGEM, termos mais adequados a identificação do que se observava.

A ANÁTOMO-CLÍNICA
  • Torna-se possível a abertura de cadáveres.
  • Corpo humano passa a ser visto como objeto de conhecimento científico.
  • Surge a partir da relação entre clinica e anatomia patológica, ou seja, união da escuta e narrativa do paciente com a escuta médica e seu exame sinais e sintomas, identificando causas e disfunções.
  • Corpo do doente passa a ser o espaço de percepção da doença (essência nosológica), onde as doenças se organizavam em classes a partir do tipo de tecido. O espaço da doença deveria ser, ao mesmo tempo e imediatamente, um espaço causal.
          CLÍNICA - Leitura dos sintomas patológicos.
          ANATOMIA PATOLÓGICA - estudo das alterações dos tecidos.

Sugestão de Filme: O outro lado da nobreza. 




REFERÊNCIAS
Saúde Mental  - Políticas e Instituições - Módulo 3










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