A entrevista psicanalítica

 A  entrevista...

  •    é  um  dos   instrumentos  do  psicodiagnóstico,  sendo   o  principal   na psicoterapia de orientação psicanalítica, e tem como objetivo principal conhecer a personalidade do paciente.

De acordo com Cunha (1993), na entrevista psicanalítica é importante avaliar:

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1.     A motivação inconsciente, isto é, o desejo do paciente em se tratar, sua disponibilidade interna e expectativas.

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2.     O funcionamento psíquico: medos inconscientes, modo de perceber a realidade externa, os vínculos afetivos, etc.

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3.     A organização da personalidade, identificando os quadros neuróticos, psicóticos ou borderlines.

 

Recomenda-se...

  •  realizar duas ou três entrevistas. 
  • Na primeira é interessante agendar um horário mais flexível, pois pode durar entre uma e uma hora e meia, sem que comprometa o horário do próximo paciente.

Para Freud [1913(1976)]...

  •  o assunto para iniciar a entrevista geralmente é de escolha do paciente. 
  • Mas a história de vida, história da doença e as recordações da infância são informações indispensáveis para o terapeuta nortear a hipótese diagnóstica e o plano terapêutico.

Sobre isso Keidann; Dal Zot (2005, p. 194)...

  • apontam que é importante favorecer a expressão dos conteúdos inconscientes, e, portanto, “devemos deixá-lo tanto quanto possível à vontade para mostrar seu modo de ser e de interagir conosco”.

Para que isso aconteça, a escuta atenta é condição imprescindível. Entretanto, Keidann; Dal Zot (2005, p. 194) alerta para o fato que a escuta não implica no silêncio absoluto do terapeuta. Ao contrário, ele “deve agir com cordialidade, discrição e sensibilidade”. Pode iniciar a entrevista identificando-se e solicitando ao paciente que fale sobre sua queixa.

Outros pontos que são fontes ricas para compreender o psiquismo do paciente:

  • Análise de como o paciente relaciona-se com os objetos significamente afetivos, como os pais, irmãos, cônjuges, filhos.
  • Observação das contraindicações, fantasias e mecanismos de defesa.
  • Análise do ego e superego. Trata-se de um ego estruturado ou desestruturado. Um superego rígido ou frouxo.
  • Exame das funções mentais, como humor, vontade, atenção, percepção, sono, etc. 
  • É importante ainda avaliar nas entrevistas:  
    • Tendências suicidas;
    • Uso de dependências químicas;
    • Compulsões (alimento, jogo, sexo, etc); 
    • Sintomas somáticos;
    • Fobias;
    • Uso de medicação, especialmente as de uso psiquiátrico, como os ansiolíticos, antidepressivos e anticonvulsivantes.

Considerando que o processo terapêutico, de alívio do sintoma, diz respeito à dupla (terapeuta – paciente)...

  • na entrevista está em jogo o inconsciente de ambos. 
  • É preciso levar em conta os pontos favoráveis e desfavoráveis do par. 
  • Pode ser que um terapeuta não consiga atender determinado tipo de patologia, ou determinada faixa etária, em função de seus pontos cegos, isto é, de seus próprios conteúdos internos que não estão trabalhados. 
  • para atender criança, por exemplo, é necessário que os conteúdos infantis do terapeuta estejam trabalhados. 
  • Para atender quadros de dependência química é importante trabalhar os sentimentos relacionados à impotência.

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