Enquadre Terapêutico

 O enquadre ou contrato...

  •  é uma das primeiras etapas do processo terapêutico, vindo   após  o  psicodiagnóstico.
  •  É considerado o ponto mais concreto da relação terapêutica. 
  • É realizado verbalmente, devendo ser claro, objetivo para ambos, pois é o que orienta a dupla. 
  • O enquadre ou contrato inclui os seguintes pontos:

·   Esclarecimento dos papéis;

·   Lugar;

·   Horários;

·   Honorários.

No que concerne ao esclarecimento dos papéis...

  • é importante delimitar a função de cada um da dupla (terapeuta – paciente). 
  • A tarefa do paciente é a de falar – falar o que quiser. 
  • A do terapeuta é a escuta. 
  • Não se trata de uma escuta qualquer, mas uma escuta do material latente. 

No caso de atendimento à criança...

  •  é importante delimitar algumas situações de organização, como por exemplo, não rabiscar ou sujar as paredes, não sair da sala de atendimento, dentre outras.

Freud [1913(1976)] diz no texto em que faz recomendações aos psicanalistas que...

  •  os aspectos importantes no início do tratamento são os acordos quanto a tempo e dinheiro, ou seja, o contrato. Está incluído ainda o diagnóstico e indicação terapêutica realizados pelo terapeuta.

Quanto ao tempo, Freud [1913(1976)] alerta que...

  •  “a cada paciente é atribuída uma hora específica de meu dia de trabalho disponível, pertence a ele que é responsável por ela, mesmo que não faça uso da mesma” (p. 168).
  • Nesse sentido, a recomendação é a de que, no momento do contrato, a dupla tenha acordado a respeito das faltas. 
  • Cada terapeuta tem seu estilo pessoal, a maneira com a qual consegue trabalhar mais confortavelmente.
  • É comum alertar ao paciente que as faltas previamente avisadas poderão ser compensadas, remanejando a agenda do terapeuta, quando possível, atendendo em outro dia ou horário. 
  • Em contrapartida, as faltas não avisadas costumam ser cobradas. Isso quando se tratar de clínica privada.
  • Em instituição pública, em função da grande demanda, pode-se negociar um máximo de faltas que o paciente pode ter sem perder sua vaga. Por exemplo, duas faltas seguidas ou três intercaladas, sem avisar.

Em relação ao número de sessões, Freud [1913(1976)]...

  •  atendia os seus pacientes seis vezes na semana, que seriam todos os dias, à exceção dos domingos e feriados. Atualmente esta frequência não é apropriada nem para a psicanálise ortodoxa.

Em psicoterapia de base analítica...

  •  indicam-se duas sessões semanais 
  • em algumas situações, uma sessão, no caso de motivos financeiros, residência em outra cidade, desemprego. 
  • Mas não é uma regra, vai depender de cada caso. 
  • Situações mais graves (como por exemplo, depressão severa) requerem um acompanhamento mais próximo. 
  • Pode-se atender três vezes na semana inicialmente, e à medida que a estrutura egoica do paciente vai se fortalecendo, diminui o número de sessões. 
Quanto ao tempo de duração da sessão...
  • As sessões podem durar quarenta e cinco minutos. 
  • De preferência, o tempo precisa ser rígido. 
  • não é aconselhado mudar muitas vezes os dias e horários, tampouco a sala de atendimento. 
  • É importante que o setting terapêutico seja preservado.

Ainda quanto ao tempo, o paciente geralmente tem curiosidade de saber quanto tempo vai durar o tratamento. Freud [1913(1976)] faz uma comparação com o tempo de construção de uma casa: “na verdade, a pergunta relativa à duração provável de um tratamento é quase irrespondível” (...) e acrescenta: “mesmo pessoas inteligentes esquecem que uma proporção necessária tem de ser observada entre tempo, trabalho e sucesso” (p. 170).

Freud [1913(1976)] orienta para...

  • a importância de não dar prazos para o fim do tratamento. 
  • Além disso, pode ser conveniente, em algumas situações, informar ao paciente sobre a interrupção do tratamento. 
  • compara a interrupção de uma análise com a interrupção de uma cirurgia, sendo, portanto, insatisfatório.

Quanto aos honorários do terapeuta...

  •  quando se tratar de clínica privada. Freud [1913(1976)] faz uma associação entre dinheiro e fatores sexuais. Sugere que os honorários sejam tratados de forma espontânea e sincera, sem vergonha.
  • Os honorários correspondem à parte prática da terapia. 
  • O psicólogo tem gastos com aluguel,  água,   luz,  telefone,  impostos,   livros  para  seu   estudo  e  preparação   profissional. 
  • É recomendado que o paciente pague mensalmente, e o valor deve ser reajustado anualmente(FREUD [1913(1976)]).    

 Há que se identificar o simbolismo que o dinheiro tem para cada paciente. Assim, o terapeuta deve ser responsável por receber os honorários, de modo que possa realizar as interpretações quando necessário. Portanto, é ideal que não seja função da secretária.

Os planos de saúde...

  •  que determinam previamente e de forma padrão o número de sessões e o valor a ser cobrado, além de ser pago indiretamente ao terapeuta.
  •  convém informar ao paciente sobre as dificuldades que se tem para trabalhar com prazos predefinidos. 
  • Algumas vezes é possível combinar com o paciente sobre a continuidade do tratamento, quando necessário, de modo que ele fique responsável pelos honorários.

Quanto ao tratamento, Freud [1913(1976)] conclui: 

"Nada na vida é tão caro quanto a doença e a estupidez"  (Sigmund Freud)

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