Estudo do Artigo: Intervenção em crise


  • O artigo trata: do contexto de situações de emergência e catástrofes que causam crises e traumas, e proposta de intervenção apropriada.
  • Origem dos processos de crises podem ser:  de eventos catastróficos ou desastres produzidos por causas naturais; por acidentes ou, ainda, por situações diretamente provocadas pelo homem como nos casos de violência interpessoal.
  • Motivo para intervenção:  situações em que a integridade física e/ou emocional das pessoas está ameaçada.
  • Intervenção em crise: método de ajuda indicado para auxiliar uma pessoa, uma família ou um grupo, no enfrentamento de um evento traumático, amenizando os efeitos negativos, tais como danos físicos e psíquicos, incrementando a possibilidade do crescimento de novas habilidades de enfrentamento reforçando a busca de opções e perspectivas de vida.
INTRODUÇÃO

A tecnologia, a capacidade humana de construir e destruir, pode provocar sérias alterações na vida das pessoas que se vêem afetadas por uma situação de crise ou de emergência, podendo deixar no seu lastro perdas humanas, materiais e mudanças situacionais extremamente traumáticas.

Situações de Emergência:  situações catastróficas ou desastres produzidos por causas naturais como terremotos, erupções vulcânicas, secas, enchentes, tornados, furacões; por acidentes (incêndios); ou provocadas pelo homem como conflitos armados, ataques terroristas, sequestros relâmpagos, violência urbana, tráfico de drogas, entre outros.

Em situações catastróficas, os programas de saúde em Instituições Públicas e Privadas recorrem à Atenção básica Imediata, não estando preparada para uma assistência  mais abrangente, chegam a situação de calamidade pública.

Intervenção Psicossocial em casos de desastres de grande porte e eventos diários da violência urbana, começaram a ser feitos nos últimos anos devido aos impactos sobre a saúde mental das pessoas.

Propõe-se a abordagem precoce de qualquer problema de saúde mental é a maneira mais efetiva de prevenção de transtornos mais sérios que costumam aparecer, a médio e a longo prazo, após o evento traumático.

Em situações de emergência, em caráter de urgência, é preciso uma intervenção externa de ajuda, visando a auxiliar, aliviar ou resolver os efeitos produzidos por tais anomalias, restabelecendo-se, assim, a normalidade. 

Preocupação em situação de emergência:  saúde física, às perdas materiais, entender a aflição e as conseqüências psicológicas decorrentes dessas situações.

ENTENDENDO O QUE É UMA CRISE
  • Um estado de desequilíbrio emocional do qual uma pessoa que se vê incapaz de sair com os recursos de afrontamento que habitualmente costuma empregar em situações que a afetam emocionalmente (Parada, 2004). 
  • Todas as pessoas vivenciam crises.
  • Vivenciar uma crise é uma experiência normal de vida, que reflete oscilações do indivíduo na tentativa de buscar um equilíbrio entre si mesmo e o seu entorno
  • Crise é uma manifestação violenta e repentina de ruptura de equilíbrio, que pode causar sentimentos de desorganização, desesperança, tristeza, confusão e pânico, uma desordem emocional.
  • O estado de crise é limitado no tempo, quase sempre se manifestando por um evento desencadeador, e a solução depende da gravidade do evento e dos recursos pessoais e sociais que a pessoa tem para lidar com a crise.
  • O processo de crise pode ser negativo ou positivo, podendo ser um "perigo" ou uma "oportunidade", ou servir para "adoecer" ou "sanar"
  • Quando a crise é resolvida satisfatoriamente, ela pode auxiliar o desenvolvimento do indivíduo; crise sem solução satisfatória,  poderá constituir-se em um risco, aumentando a vulnerabilidade da pessoa para transtornos mentais. 
  • Quando o indivíduo presenta sinais e sintomas clínicos em resposta ao estado provocado pela crise, necessita, de alguma intervenção para a sua resolução. 
  • Modelo de etapas da crise: primeiro, desordem decorrente das reações iniciais diante do impacto. Segundo,  etapa da negação, tentativa de amortecer o impacto. Terceiro, intrusão  que consiste no surgimento de idéias involuntárias de dor pelo evento verificado, podendo ter  pesadelos recorrentes, imagens e outras preocupações são características desta etapa. Quarto,  o indivíduo evolui para a elaboração, fase em que a pessoa começa a expressar, identificar e comunicar os seus pensamentos, imagens e sentimentos experimentados pela situação de crise, alguns conseguem elaborar sentimentos e pensamentos identificados, por fim, a reorganização.
  • Levar em conta a percepção do indivíduo: significado que o indivíduo possa vir a dar aos fatos pode ser determinante na crise. Um evento causador de desordem para uma pessoa, pode não o ser para outra. 
  • Sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático:  revivência persistente do evento traumático, esquiva sistemática de estímulos associados com o trauma e sintomas de excitação aumentada.
  • Crises evolutivas: dizem respeito à realização não satisfatória das passagens do desenvolvimento do indivíduo. Podem ser previsíveis e ocorre com a maioria das pessoas. 
  • Crises circunstanciais: decorrentes de situações encontradas principalmente no ambiente. Surgem a partir de eventos raros e extraordinários, que o indivíduo não pode prever ou controlar, como a perda de uma fonte de satisfação básica, o desemprego, a morte abrupta, a perda da integridade corporal, as enfermidades, os desastres naturais, as violações e os acidentes.
  • Caracterização de um trauma: Não é um fenômeno Universal. Um evento traumático é algo especialmente destrutivo na vida do indivíduo, família e comunidade afetada. Como um forte abalo emocional ou moral, uma desorganização mental, choque ou transtorno de onde se desenvolveu ou se pode desenvolver um quadro psicopatológico; ou seja, trauma é uma ferida.
  • Trauma Natural:  pode se constituir em uma ocorrência isolada ou múltiplas ocorrências em um breve período, como por exemplo, no caso de terremotos.
  • Trauma Acidental: induzido pelo ser humano, pode atingir uma ou várias pessoas (Ex: incêndios, acidentes,tiroteio,etc)
  • Trauma Intencional: induzido pelo ser humano (violência deliberada) (homicídios,violência comunitária, etc,
INTERVENÇÃO EM CRISE
  • A intervenção em crise é um procedimento para exercer influência no funcionamento psicológico do indivíduo durante o período de desequilíbrio, aliviando o impacto direto do evento traumático. 
  • O objetivo é ajudar a acionar a parte saudável preservada da pessoa, assim como seus recursos sociais, enfrentando de maneira adaptativa os efeitos do estresse, devendo aí,  facilitar as condições necessárias para que se estabeleça na pessoa, por sua própria ação, um novo modo de funcionamento psicológico, interpessoal e social, diante da nova situação.
  • A meta principal da intervenção é ajudar a pessoa a recuperar o nível de funcionamento que possuía antes do evento desencadeante da crise. 
  • As fases de Intervenção:
Fonte: Moreno et al., (2003); Raffo (2005)

Slaikeu (1996) postula três princípios clínicos para a prática da intervenção em crise
  1.  “oportunidade” em que o objetivo é calcular e reduzir o perigo, avaliando também a motivação do paciente para encontrar uma nova estratégia de enfrentamento com as circunstâncias atuais de vida. 
  2. “meta”, que consiste em ajudar o indivíduo a recuperar o nível de equilíbrio que tinha antes ou a atingir um nível que permita superar o momento crítico. 
  3. “aspectos fortes”, como as “debilidades” de cada um dos sistemas implicados na crise, bem como informações do que está funcional e disfuncional na vida do indivíduo. 
Esse autor ainda propõe um modelo amplo de intervenção, ddividido em instâncias:
  • A intervenção de primeira instância refere-se aos primeiros auxílios psicológicos, ou seja, a assistência imediata, que em geral leva uma sessão que pode durar de minutos a horas. Os principais objetivos destes primeiros auxílios são proporcionar apoio, reduzir o perigo de morte e aliar a pessoa em crise com os recursos de ajuda disponíveis. Pode ser realizada no momento e lugar em que surge a necessidade: em ambientes comunitários, hospitais, igrejas, escolas, ambientes de trabalho, linhas telefônicas de urgência. Policiais, assistentes sociais, padres, enfermeiras, médicos, advogados, são alguns dos profissionais habilitados a realizar esta primeira parte, além de psicólogos e psiquiatras. 
  • A intervenção de segunda instância diz respeito à terapia para a crise. Também é um processo terapêutico breve, mas vai além da restauração do enfrentamento imediato, encaminhando-se, assim, para a resolução da crise, que pode durar de semanas a meses e tem como meta assistir a pessoa de maneira que o evento que suscitou a crise se integre à trama da vida, com melhores recursos e disposição para encarar o futuro. Esta intervenção requer maior preparo de quem irá aplicá-la, por isso, os mais indicados são os psicoterapeutas em geral, psicólogos e psiquiatras (Slaikeu, 1996).
A intervenção em crise é uma estratégia de ajuda indicada para auxiliar uma pessoa e/ou família ou grupo, no enfrentamento de um evento traumático, amenizando os efeitos negativos, tais como danos físicos e psíquicos e incrementando a possibilidade de crescimento de novas habilidades de enfretamento e opções e perspectivas de vida.

As metas durante a superação da crise devem ser focadas em ajudar as pessoas a lidar com o evento traumático, a ajustar-se à nova situação, a devolver-lhe seu nível anterior de funcionamento, diferente do tratamento na psicologia clínica que enfoca uma mudança profunda do paciente ou uma revisão da origem dos seus conflitos infantis. 

Atuação do Psi na intervenção para realização das metas:  Estas metas são desenvolvidas através de um convite ao indivíduo para que fale de sua experiência, fazendo com que observe o evento à distância ou perspectiva, ajudando-o a ordenar e reconhecer seus sentimentos associados; e, também, ajudar na resolução de problemas, começando pelas metas mais práticas e imediatas. Ajude a organizar melhor pensamentos e sentimentos.

Atuar na crise pode prevenir problemas de Saúde Mental futuro, afinal é preciso encontrar resoluções para as reações das pessoas envolvidas na crise, isto é, considerar os aspectos afetivo, cognitivo e comportamental.

"Intervir em uma crise significa introduzir-se de maneira ativa em uma situação vital para um indivíduo e auxiliá-lo a mobilizar seus próprios recursos para superar o problema, recuperando dessa forma, seu equilíbrio emocional (Raffo, 2005)."

REFERÊNCIAS:
Intervenção em crise - Samantha Dubugras Sá; Blanca Susana Guevara Werlang; Mariana Esteves Paranhos.

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