Depressão e Suicídio: uma correlação

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Depressão e Suicídio: uma correlação
  • A influência da depressão no suicídio abrange diversos fatores (social, pessoa e psíquico), como os transtornos mentais.
  • Classificação do suicídio em dois momentos: 
    • primeiro quando o suicídio era considerado ilegal. 
    • O segundo momento a condenação do suicídio passa ser absoluta e sem exceção.
  • Sintomas característicos da Depressão:
    • tristeza, desesperança, falta de motivação e desinteresse pela vida, esses fatores são influenciadores no comportamento suicida.
Conceito de suicídio
  • A palavra suicídio tem origem no latim “sui caedere”; sui = si mesmo e caedes = ação de matar. Por vezes, o termo suicídio pode ser nomeado como morte voluntária, intencional ou auto infligida (FERREIRA, 2008).
  •  Na Língua portuguesa, “suicidar-se é dar a morte a si mesmo, matar-se”. Por vezes, “quando o indivíduo não consegue êxito em tal ação, é considerado como tentativa de suicídio”. Tanto a tentativa como o ato suicida em sim são motivados por ideação suicida, ou seja, “pensamentos que levam o indivíduo a planejar a própria morte” (CARDOSO, 2012, p. 43).
Conceito de Depressão

  • tem origem no latim depressus, ato de deprimir-se. 
  • Segundo Teodoro (2010), a depressão é classificada como transtorno mental, que envolve uma complexa interação entre fatores orgânicos, psicológicos e ambientais.
  •  São comuns na depressão sintomas de angústia, rebaixamento de humor, perda de interesse, apatia, choro persistente, sentimento de impotência, perda de prazer e energia frente à vida. 
  • De acordo com Barbosa, Macedo e Silveira (2011), a ideação suicida também é um sintoma da depressão. 
Estatísticas de Suicídio

  • anualmente um milhão de pessoas se suicidam no mundo;
  •  a cada 45 segundos uma pessoa se suicida em algum lugar do planeta.
  •  Os índices mais altos de suicídio são observados nos países da Europa Oriental, América Central e América do Sul. 
  • Quanto à tentativa de suicídio, segundo a Organização Mundial de saúde - OMS (2011), a tentativa supera o número de suicídio em pelo menos dez vezes, cerca de 15 a 25% das pessoas que tentam suicídio, tentarão se matar novamente. (BARBOSA; MACEDO; SILVEIRA, 2011).
  • A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP (2009) aponta um elo entre o comportamento suicida e os transtornos mentais. Os dados comprovam que de 15.629 pessoas que suicidaram, 90% dos casos enquadrariam em algum transtorno mental. 
  • A depressão maior se destaca com o índice de 35,8% dos casos de suicídio. 
  • Frente essas constatações, e por ser a depressão e o suicídio, problemas de saúde pública, tal estudo pode contribuir com novas pesquisas a cerca dessa temática e para os profissionais de saúde que constantemente lidam com essas situações.

Relatos sobre Depressão...

  • Ao abordar sobre a depressão, é necessário inicialmente compreender que a depressão não é uma doença do século XXI. Apesar de que foi somente no século XIX que formou-se a depressão comum. Anteriormente a depressão era denominada de melancolia, ou seja, “Per-turbações há muito chamadas de melancolia são agora definidas como depressão” (GONÇALES; MACHADO, 2007, p. 298).
  • Hipócrates formulou a primeira classificação nosológica dos transtornos mentais, descrevendo e nomeando a melan-colia, mania e a paranoia (LACERDA; SOUZA, 2013)
  • Robert Burton (1621), estudou sobre as doenças mentais, ainda na modernidade publi-ca a obra “A anatomia da melancolia” defendendo a diferenciação dos quadros de melancolia e de loucura, atualmente popularizada pela nomenclatura de mania. Burton é pioneiro ao des-crever o quadro de síndrome que viria a ser explicado como transtorno bipolar, associando este transtorno à melancolia. Em sua obra, há referência à distinção de entre dois modos me-lancólicos, a positiva e o quadro de doença crônica (LACERDA; SOUZA, 2013).
  • Segundo Lacerda e Souza (2013), a termologia depressão ganha espaço a partir do sé-culo XIX, substituindo a expressão melancolia, juntamente com suas predileções, por uma entidade nosológica independente.
  • Conforme Solomon (2002), a primeira metade do século XIX foi profícuo nos estudos da depressão, em especial no território francês. Philippe Pinel e Jean-Etienne Dominique Esquirol induziram no tratamento, o caráter humanizado. 
  • Pinel define a melancolia ou, na terminologia usada por ele, de “delírio sobre um assunto exclusivo”, como uma caracterização parcial de insanidade composta de delírios que levam a apatia e a solidão, que tinham causas nas experiências de vidas, em configurações nervosas, ou em predisposições físicas e psicológicas do indivíduo.
  • Kraepelin propõe uma subdivisão das doenças em duas entidades, transtornos afetivos e psicoses esquizofrênicas, postulando de forma basilar a compreensão da doença mental por mais de um século. Neste ínterim, a depressão foi considerada como parte da psicose maníaco-depressiva, com atribuições hereditárias, com ênfase nos fatores internos, em detrimento dos externos.
  • Freud em 1917, com a publicação do artigo, “Luto e Melancolia”, destaca a extensa área clínica da melancolia, com as interferências somáticas e psicogênicas. Ele defende que na melancolia ocorre um empobrecimento e esvaziamento do próprio ego, propiciando um delí-rio de inferioridade, principalmente moral, agregando à insônia e a inibição de apetite. Freud também aponta, que na melancolia a tentativa ao suicídio, e que a melancolia se torne mania. (LOPES, 2005).
  • Atualmente, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V (2013, p. 255), o transtorno depressivo tem como características: “presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam signi-ficativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo”. Ainda segundo o DSM-V a depressão classifica em:
    • transtorno disruptivo da desregulação do humor, 
    • transtorno depressivo maior, 
    • transtorno depressivo persistente, 
    • transtorno disfórico pré-menstrual, 
    • transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, 
    • transtorno depressivo devido á outra condição médica, 
    • outro transtorno depressivo especificado 
    • e transtorno depressivo não especificado

Segundo o Manual de DSM-V (2013, p. 162), o transtorno depressivo maior é caracterizado, por:

  • Humor deprimido deve estar presente na maior parte do dia, além de estar presente quase todos os dias.
  •  Insônia ou fadiga frequentemente são a queixa principal apresentada, e a falha em detectar sintomas depressivos associados resultará em sub diagnóstico. 
  • A tristeza pode ser negada inicialmente, mas pode ser revelada por meio de entrevista ou inferida pela expressão facial e por atitudes. 
  • Fadiga e perturbação do sono estão presentes em alta proporção de casos; 
  • perturbações psicomotoras são muito menos comuns, mas são indicativas de maior gravidade geral, assim como a presença de culpa delirante ou quase delirante.

No Transtorno disruptivo da desregulação do humor  (DSM-V, 2013)

  • tem como característica principal a irritabilidade crônica grave, ou seja, o indivíduo manifesta raiva e demonstram comportamentos de explosão ocasionados por frustrações. 
No transtorno depressivo persistente (DSM-V, 2013)

  •  o sujeito apresenta um humor depressivo crônico, pelo período mínimo de dois anos. Em crianças e adolescentes o humor pode ser irritável, com duração mínima de um ano. 
No transtorno disfórico pré-menstrual (DSM-V, 2013)

  •  é caracterizado pela alteração do humor, irritabilidade, disforia e ansiedade, durante a fase pré-menstrual. 
No transtorno depressivo induzido por substância/ medicamento (DSM-V, 2013)

  • está associado à ingestão, injeção ou inalação de uma substância, advinda de drogas, medicamentos, manifesta-se por efeitos fisiológicos, da intoxicação ou abstinência. 

Depressão na perspectiva psicanalítica (SAMPAIO apud SOUSA, 2015, p. 13)....

  • A depressão deve-se a perda real ou imaginária, do objeto amado. 
  • Após a perda desse objeto, sensações mistas de amor e ódio são vivenciadas, mas não há a exteriorização dessas hostilidades, voltando-se contra ao próprio indivíduo. 
  • É por “receio da repetição de uma nova perda semelhante, a pessoa fecha-se em sim mesma” 
Depressão na Teoria Cognitiva (SAMPAIO; BECK apud SOUSA, 2015)...
  • a depressão é considerada como uma perturbação dos processos cognitivos que estão ligados ao comportamento. 
  • Três fatores desencadeiam a depressão: 
    • sendo os esquemas cognitivos disfuncionais; 
    • tríade cognitiva 
    • erros cognitivos. 
  • Os esquemas cognitivos disfuncionais são construídos na infância frente vivencias de eventos traumatizantes, perda ou insucesso. 
  • A tríade cognitiva refere-se visão pessimista que o indivíduo tem de si próprio, do mundo e do futuro. 
  • E os erros cognitivos, consistem numa interpretação errônea da realidade, enquadrando na visão negativa.
Estatísticas da Depressão...
  • a depressão atinge cerca 121 milhões de pessoas em todo globo. Estimam-se que, 5% a 10% da população sofrerá com a doença ao longo da vida. Hoje, a depressão representa a terceira causa de doença mundial e em países desenvolvidos está em primeiro lugar. Além disso, os transtornos mentais representam-se 12% das doenças em todo mundo. Em países desenvolvidos os índices são elevados, 23%, na Europa destaca-se com um índice de 26,6%. Assim, calcula-se que a depressão estará em primeiro lugar como “doença mundial” até em 2030 (LOPES, 2005).
  • Em relação ao gênero, a incidência é de 10% para o sexo feminino e 5% para o sexo masculino de desenvolver a doença. As diferenças apresentadas entre homens e mulheres, justificam-se pelos aspectos fisiológicos, o papel social desempenhado gênero, e pela maior sensibilidade emocional das mulheres. Quando a classificação, a depressão maior apresenta um índice alarmante, pois afeta em todo o mundo, 50 milhões de pessoas (SOUSA, 2015).
Suicídio segundo (DURKHEIM, 2000, p. XXV)...
  • considera que: “a unidade de análise é a sociedade e não o indivíduo”
  • “vulgarmente, o suicídio é, antes de tudo, o ato de desespero de um homem que não faz mais questão de viver.”
  • “chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado."(DURKHEIM, 2000, p. 11-14).
  • no século XIX, o suicídio passa a ser uma manifestação da doença mental, considerando um problema de ordem moral. Também no século XIX, em 1897, que Durkheim na obra “O suicídio: estudo Sociológico”
  • Durkheim (2000) nesse distingue o suicídio em três tipos:
    • o suicídio egoísta, 
    • suicídio altruísta 
    • suicídio anômico, a partir das influências do meio social, religiosidade, família, sociedade, política, grupos profissionais e a própria relação indivíduo/sociedade.
Fatores que levam o sujeito a cometer suicídio segundo a OMS(2011):
  • os transtornos mentais, 
  • relações familiares, 
  • gênero sexual, 
  • faixa etária de vulnerabilidade, 
  • abuso de álcool, 
  • drogas ou fármacos 
  • situações sociais desfavoráveis, como pobreza e desemprego.
Para Krüger e Werlang (2010) a prática suicida ganha força em situação complexa no contexto familiar, que envolvem:
  •  a perda do emprego, 
  • rompimento do namoro,
  • matrimonio, 
  • saída dos filhos de casa, 
  • a falta de ocupação, 
  • agregados pelas expectativas construídas em histórias passadas, 
  • presentes em torno do futuro.
  • condições socioeconômicas 
  • padrão de possibilidades de consumo de roupas, alimentos, lazer, entre outros, interligados aos contextos biopsíquico, podem motivar as pessoas cometerem o suicídio. (ABREU et al 2010).
Influências da depressão no ato suicida
  • Deve-se considerar a existência de vulnerabilidade, fatores de riscos propensos a influenciar os indivíduos a cometerem o suicido.
  • 30% dos casos de suicídio praticados no mundo  tem como destaque os transtornos mentais com destaque os transtornos depressivos.
  • O suicídio associado a depressão vitima cerca de 850 mil pessoas por ano (OMS, 2006, p.24)
O suicídio, nessa ótica, não pode ser diagnosticado como um sintoma da depressão, mas como um recurso que incide sobre as pessoas deprimidas, já que, “só se pode considerar todos os suicidas deprimidos se a tendência ao suicídio for estipulada como uma condição por si só suficiente para o diagnóstico da depressão” (SOLOMON, 2002, p. 226).



Referências:

Depressão e suicídio: uma correlação.Gláucia Lopes Silva Assumpção1, Luciele Aparecida de Oliveira2, Mayra Fernanda Silva de Souza3. disponível em: file:///C:/Users/lecou/Downloads/15973-Texto%20do%20artigo-61061-1-10-20180309.pdf

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