sábado, 30 de novembro de 2019

Segunda Conferência, Londres -1935 - Fundamentos da Psicologia Analítica- Carl G. Jung

Considerações feitas por Jung na Primeira Conferência de Tavistock, Londres, 1935: estrutura da mente.


Jung explicou a existência dos processos inconscientes, que é parte da estrutura da mente, chamando atenção para o inconsciente, como esfera obscura, de natureza inatingível, porém, inferindo que existe uma fonte que o produz.

Falou sobre as três fontes dos conteúdos da consciência:
  • Conteúdos ectopsíquicos da consciência, que deriva do ambiente e são recebidos através dos sentidos. 
  • Conteúdos Endopsíquicos.  constituído da memória e dos processos de julgamento dos quais derivam também, os conteúdos ectopsíquicos. 
  • Conteúdos conscientes que seria o lado obscuro da mente, ou seja, o mundo inconsciente. O inconsciente se comunica com os conteúdos edopsíquicos, pois não se encontram sob o domínio da vontade.
Jung classificou os elementos do inconsciente em duas espécies:
  • MENTE SUBCONSCIENTE OU INCONSCIENTE PESSOAL : a primeira com material reconhecível,de origem definidamente pessoal, e diz respeito as aquisições do indivíduo ou produtos de processos instintivos da personalidade do sujeito. Há ainda os conteúdos esquecidos ou reprimidos,mais os dados criativos.  Ele chama atenção para o fato de que algumas pessoas  tem consciência das coisas, e outras não.
  • INCONSCIENTE COLETIVO OU IMPESSOAL: A parte que é totalmente desconhecida, e que "não pode" ser atribuída às aquisições individuais. Tem caráter mítico, e parece pertencer a humanidade em geral, e não à psique individual. Por serem fatores não adquiridos pelo indivíduo, tem natureza coletiva.

Os padrões de ARQUÉTIPOS, oriundos do inconsciente coletivo ou impessoal, são agrupamento de caracteres arcaicos que, em forma e significado, encerra motivos mitológicos, e surgem através dos contos de fadas, mitos, lendas e folclore.

Jung afirma que há padrões mitológicos nas camadas do inconsciente, que produz elementos impossíveis de serem considerados individuais, sobretudo, quando fica claro que se trata de natureza psíquica totalmente oposta do indivíduo.

Os sonhos trazem símbolos tremendamente profundos, onde se pode notar por exemplo, que uma pessoa sem cultura produz um sonho sofisticado, uma criança que possui sonhos mais complexos. Para explicar isso, Jung afirmou que nossa mente tem uma história, que a mente inconsciente , bem como, o corpo humano, é um depositário de relíquias e memórias do passado. Não tem a ver com misticismo, embora não se possa demonstrar claramente, sobre o inconsciente. Porém, é certo que, embora a criança não nasça consciente, sua MENTE não é uma tabula rasa, já se nasce com uma interioridade definida, e cada mente de criança tem a sua singularidade. O CÉREBRO, nasce com uma estrutura acabada com a função de fazer o indivíduo funcionar ou se inserir no mundo de hoje.

Jung relata que a camada mais profunda do inconsciente que conseguiu atingir, é aquele em que o sujeito perde a sua individualidade particular, e sua mente mergulha na mente da humanidade - não na consciência - mas o inconsciente onde ele afirma que "todos somos iguais." A esse nível, não somos singulares, mas somos um. A Psicologia primitiva explica isso quando afirma que a mentalidade primitiva é a falta de diferenciação entre os indivíduos.

Jung apresentou o seguinte diagrama:




Partindo a suposição de que a nossa esfera mental se parecesse com um globo, de onde ele conclui que são as funções ectopsíquicas:

PRIMEIRA ESFERA

  • A forma como as pessoas se manifesta, depende de seu tipo. Por exemplo, pessoas racionais manifestam-se pelo pesamento.
  • A sensação em região periférica possibilita receber impressões do mundo externo.
  • Surge em seguida o sentimento, e por fim, tem-se uma certa consciência do destino das coisas percebidas.
  • Através da intuição, pode-se ver o que está escondido nos cantos
SEGUNDA ESFERA
  • Representa o complexo consciente do ego.
  • Na endopsique surge a memória, que pode ser controlada pela vontade.
  • Componentes subjetivos das funções, nem sempre é controlado pela memória, pode ser suprimida, excluída ou intensificada pela força de vontade.
  • Afetos e invasões, controláveis pela força sobre humana, fatores mais fortes que o complexo do ego.
Jung explica que o diagrama é um sistema psíquico precário, mas que demonstra uma escala de valores, que vai decrescendo na medida em que vai se aproximando da escuridão.

O inconsciente coletivo nos diz que embora sejamos diferentes, negros, chinês ou qualquer outro homem no mundo, somos seres humanos da mesma raça que todos os homens, Temos os mesmos arquétipo, assim como, possuímos todos os órgãos do corpo físico.


Para abordar a face obscura da mente humana, Jung se utiliza de três métodos:

  • Teste de associação de palavras - uma lista de 100 palavras, pede-se para que a pessoa reaja com a primeira palavra que lhe venha a mente, e o mais rápido possível, após ter ouvido e entendido a palavra estímulo.Marca-se o tempo de cada resposta em cronômetro.  Terminadas as 100 palavras, repete-se as palavras estímulo, e pede-se para a pessoa repetir as suas respostas anteriores. As palavras erradas ou incertas são de grande importância, onde a memória falha.  O erro pode indicar que a palavra atingiu um complexo,sentimentos dolorosos ou estranhos, normalmente inacessíveis exteriormente. O que Jung afirma ser o caminho para a camada obscura.Ocorrerá aí um distúrbio na reação, que Jung afirma existirem 12 ou mais desses distúrbios. dentre alguns dos distúrbios estão: reagir com mais de uma palavra, contrariando as instruções; engano na reprodução das palavras; reação traduzida por expressão facial; riso, movimento das mãos, dos pés ou do corpo; tosse, gaguejar; reações insuficientemente expressas por respostas do tipo "sim" e "não"; não reação ao verdadeiro estímulo da palavra; repetição das mesmas palavras; uso de língua estrangeira, etc.  Respostas que para Jung estão fora do domínio da vontade. 
  • Análise de sonhos 
  • Imaginação ativa
Ainda sobre o inconsciente Jung afirmar que as coisas inconscientes são muito relativas, pois, quando se está inconsciente, esse estado é por si só, relativo. Para determinar o que se é consciente ou inconsciente é preciso perguntará pessoa, pois não há outro critério.


Ao contrário de Freud, que vê os processos mentais como fatores estáticos,  Jung pensa em dinâmica e relacionamento, e considera tudo relativo. Não há nada definitivamente inconsciente. Podem-se ter as mais diferentes idéias quanto ao fato de uma coisa ser desconhecida num aspecto e conhecida noutro, exceto sobre a base mitológica, que é profundamente inconsciente.

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