segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Ideações e tentativas de Suicídio em Adolescentes com Práticas Sexuais Hetero e Homoeróticas.

  O Artigo...

  • buscou conhecer as associações entre orientação sexual e ideações e tentativas de suicídio.
  • evidenciou-se que os não heterossexuais têm mais chances de pensarem e tentarem suicídio, comparativamente aos heterossexuais. 
  •  dentre o grupo de adolescentes que se assumiram não heterossexuais, os que estão mais vulneráveis são aqueles que se autodefiniram bissexuais e “outros”, os quais constituem o grupo de pessoas menos assumidas, dentre os não heterossexuais.
  • constatou-se que os respondentes apresentam diversas opiniões e valores homofóbicos, sexistas e heterocentrados, o que revela ser o espaço escolar, onde se encontram esses jovens não heterossexuais, bastante carregado de posicionamentos discursivos discriminatórios.
  •  a questão do suicídio é uma problemática de saúde pública
  •  jovens não heterossexuais necessita de abordagens específicas para a prevenção e de atenção relativas a essa conduta.
  •  estudos sobre as homossexualidades não desconsideram as implicações das normas sexuais na construção das identidades lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTs)
Segundo Katz (1996) e Spencer (2004) a Heterossexualidade...

  •   passou a ser sinônimo de normalidade apenas em fins do século XIX, quando se construiu o discurso de que ela seria a forma ideal de felicidade amorosa e erótica, em oposição à homossexualidade. 
  •  tornou-se referência legítima dos desejos, ideais, princípios e valores (heteronormatividade)um sentimento de superioridade em relação a todas as outras manifestações plurais das sexualidades (heterossexismo)
Cardoso (2003) - Heterossexismo...

  • assume que o heterossexismo é um mito e, como tal, uma inverdade que “explica o mundo do desejo e do amor e, principalmente, [ele] garante a estabilidade das coisas
  • – o heterossexismo justifica uma ordem moral intocável; intocável porque não é questionada, não é avaliada; é aceita como um mito, uma verdade óbvia, natural e universal.
Moreno (1999) e Welzer-Lang (2001) - Sexismo...
  • e a suposta superioridade dos homens (biologicamente falando) em relação às mulheres, o qual pode se desdobrar, por exemplo, no machismo. 
Homofobia...
  •  é entendida como o medo ou o descrédito quanto às pessoas homossexuais ou àqueles que são presumidos o serem, bem como a tudo que faça referência aos atributos, esperados para um sexo, encontrados em outro sexo (Welzer-Lang, 2001). Segundo Tin (2003)
  • pode igualmente se voltar à própria pessoa homossexual, já que imprime sobre o sujeito uma negatividade em relação à homossexualidade e às pessoas homossexuais (Eribon, 2008)
  •  é um dispositivo de controle, no sentido foucaultiano (Foucault, 1988)
  • busca afastar todo e qualquer questionamento ou desestabilização da naturalização da norma(lidade) da conduta heterossexual, fundando, dessa forma, bases para o reforço do binarismo dos gêneros, o qual se aprende (Clauzard, 2002)
  • promove uma percepção negativa e homogeneizada da homossexualidade, no campo social, que resulta, no campo individual, em uma homofobia interiorizada.
Estigma....
  •  pode ser considerado como dispositivo de controle 
  • tem por objetivo  a manutenção, em alguns grupos que exibem uma diferença indesejável, do sentimento de menosvalia social imputado a eles
  •  determina inexoravelmente a sua desqualificação como Sujeitos de Direito que ao mesmo tempo que vêem negada a sua cidadania, negam-se a conquistá-la.
  • O registro negativo imputado pelo estigma provoca o que Erving Goffman descreveu como identidade deteriorada. (1988).
Borrillo (2000) aponta que as pessoas homossexuais são vitimizadas do seguinte modo: 

1) Os homens homossexuais são vitimizados, pois, em sendo homo, se “igualam” às mulheres na posição de eventual receptor do pênis. Logo, são vistos como “efeminados”, deixando de fazer parte do universo viril. Por isso, o estereótipo de que todos os homossexuais masculinos são “mulherzinhas”, “desmunhecados” e/ou “maricas”. 

2) De outro lado, as mulheres homossexuais são vitimizadas, já que, em sendo homo, supostamente deixam de cumprir sua função de “fêmea” reprodutora dos filhos “de um macho”, e não são aceitas no universo viril, ainda que emasculadas, pois não possuem o pênis. Em acréscimo, ao se identificarem enquanto lésbicas, assumem uma postura ativa em relação ao seu desejo sexual. Como tal atividade é exclusiva do universo masculino, elas são rechaçadas pelos homens e pelas outras mulheres, pois quebraram a barreira do silêncio em relação à suposta passividade feminina.

Blumenfeld (1992), Isay (1998) e Hardin (2000) assinalam que tais efeitos englobam: 

1) Negação da sua orientação sexual (do reconhecimento das suas atrações emocionais) para si mesmo e para os outros; 
2) Tentativas de mudar a sua orientação sexual; 
3) Sentimento de que nunca se é “suficientemente bom”, o qual conduz à instauração de mecanismos compensatórios, como, por exemplo, ser excessivamente bom na escola ou no trabalho (para ser aceito); 
4) Baixa autoestima e imagem negativa do próprio corpo, depressão, vergonha, defensibilidade, raiva e/ou ressentimento – o que pode levar ao suicídio já em tenra juventude;
 5) Desprezo pelos membros mais “assumidos” e “óbvios” da comunidade LGBT; 
6) Negação de que a homofobia é um problema social sério; 
7) Projeção de preconceitos em outro grupoalvo (reforçados pelos preconceitos já existentes na sociedade);
8) Tendência de tornar-se psicológica ou fisicamente abusivo, ou permanecer em um relacionamento abusivo; 
9) Tentativas de se passar por heterossexual, casando-se, por vezes, com alguém do sexo oposto, para ganhar aprovação social ou na esperança de “se curar”; 
10) Práticas sexuais não seguras e outros comportamentos autodestrutivos e de risco (incluindo a gravidez e o de ser infectado pelo vírus HIV); 
11) Separação de sexo e amor e/ou medo de intimidade, capaz de gerar até mesmo um desejo de ser celibatário(a); 
12) Abuso de substâncias (incluindo comida, álcool, drogas e outras).

Epidemiologia de Suicídio em Adolescentes independentemente de  orientação e ou identidade sexual
  • No Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Brasil, 1995), Art. 2º, considera-se “criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade”.
  • Para a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1986) entende como adolescente o indivíduo que possui entre 10 (dez) e 20 (vinte) anos de idade.
  •  o período da adolescência tem como característica biológica a puberdade, a qual traz consigo a maturação sexual ocorrente da mesma forma, universalmente, em meninos e meninas.
  • nesse período, o(a) adolescente irá construir sua identidade tendo como medida os referentes coletivos e não apenas os de seu núcleo familiar de origem
  • há uma busca do(a) adolescente em adotar valores e comportamentos visando à aceitação pelo grupo ao qual pertence.
  • esse período de maior desenvolvimento e amadurecimento biológico e psicológico, o(a) adolescente se torna mais susceptível a conflitos emocionais.
  •  primeiras pressões sociais, que, articuladas à realidade emocional dos envolvidos, podem contribuir para alterações de comportamento e surgimento de quadros depressivos, os quais, se não forem superados, correm risco de desembocar em ideações e tentativas de suicídio.
O Suicídio...
  •  Marcus (1995) e Cassorla (1998a; 1998b), o suicídio – ato voluntário de pôr fim à própria vida –, para muitas pessoas, pode ser a última alternativa para lidar com a tensão resultante da não aceitação de desejos (sexuais ou não), no campo social. 
  • Trata-se, portanto, de um ato intimamente ligado ao contexto onde ele se produz (Barros, 1998). 
  • Segundo Zwahr-Castro (2005), apesar de as taxas de suicídio permanecerem relativamente estáticas, nos últimos sessenta anos, nos Estados Unidos, entre os adolescentes ocorre uma maior preocupação com essas taxas por dois motivos: 

a) a taxa de suicídio, nessa faixa etária, quadriplicou nos últimos cinquenta anos; e

 b) o suicídio contagioso ou os grupos de suicídio parecem ser mais comuns entre os jovens que entre outros segmentos da população.

  • Entre os adolescentes, o suicídio é a terceira causa de morte, sendo que 4.000 jovens tiraram a própria vida, em 2001

Suicídio de Adolescentes e Orientação Sexual Homossexual: epidemiologia e casuística...

  • O ato de atentar contra a própria vida já foi entendido como pecado, crime, liberdade individual, efeitos das condições sociais (Durkheim, 1897[1969];
  •  Ariès, 1977), chegando hoje à visão contemporânea de psicopatologia ou condicionamento genético.
  • entendem-se as ideações e tentativas de suicídio de adolescentes “não heterossexuais” como efeitos dos processos homofóbicos e não uma decorrência de processos patológicos individuais. 
  • procura-se compreender o quanto o estigma de se descobrir “não heterossexual”, para si mesmo e/ou para os outros, contribui para levar um(a) adolescente ao ato de pensar e/ou de atentar contra a sua própria vida.
  • EUA -  os jovens gays são de duas a três vezes mais propensos a tentar o suicídio comparativamente aos jovens heterossexuais, compreendendo o total de 30% anual de suicídios juvenis.
 Foram investigados quatro fatores de risco ao suicídio:
  •  pensamentos sobre a própria morte, 
  • desejo de morrer, 
  • pensamentos sobre cometer suicídio 
  • tentativa de suicídio.

 Pesquisas realizadas no Brasil...

  • Entre 2.256 (98,8%) respondentes, 484 estudantes declararam já terem pensando em suicidar-se, o que representa uma prevalência de 21,5%
  • Independentemente da orientação sexual dos respondentes, as meninas (359) apresentaram uma prevalência maior, com 74,2%, de pensamentos suicidas, que os meninos 25,8% (125)
  •  Para ambos sexos, independentemente da orientação sexual, esse fato se deu, na maioria das vezes, entre os 14 e os 16 anos, 312 (67,5%)
  • A prevalência de pensamentos suicidas entre os heterossexuais foi de 20,7%. 
  • A prevalência de pensamentos suicidas entre os não heterossexuais, essa prevalência foi de 38,6%

Os adolescentes tomados por desejos eróticos em relação a pessoas de mesmo sexo biológico – neste estudo, denominados “não heterossexuais” 
  • sentem medo da exclusão e da injúria (Verdier e Firdion, 2003; Eribon, 2008);
  • se afastam da sociedade, tornando-se vulneráveis à depressão e, em alguns casos, a pensamentos e tentativas de suicídio (SavinWilliams, 1990, 1998; Taquette e col., 2005)
Como enfatiza Castañeda (2007, p. 91)...
  •  todas as crianças são criadas por seus pais a partir de um modelo heterossexista, que as faz crer que um dia irão se casar e formar uma família: “[...] é o que lhes repetem incansavelmente seus pais, a escola, a cultura e a sociedade em geral”
  •  Dar-se conta que isso, provavelmente, não acontecerá e que será necessário renunciar a um projeto de vida longamente preparado, é um processo extremamente lento e doloroso. Trata-se de uma perda importante.
Como isso vai afetar psicologicamente o indivíduo? Elizabeth Kübler-Ross (1969), o(a)s psicólogo(a)s envolvido(a)s nos Estudos de Gênero e LGBT (Castañeda, 2007), dirão que...
  • na pessoa que toma consciência de sua homossexualidade, encontrar-se-á a negação (“Talvez não seja verdade.”), 
  • a raiva (“Por que eu?”), 
  • a barganha (“Farei de tudo para evitar isso. Vou compensar esse ‘defeito’, sendo o melhor...”), 
  • a depressão (“Nunca serei feliz.”), 
  • a aceitação (“Sou o que sou e não preciso nem me esconder, nem tentar agradar ninguém para ser aceito.”). Quando dá certo.
O suicídio em adolescentes não heterossexuais...
  • está acompanhado de certa desesperança e negação interna da sexualidade, que costumam ser reforçadas pela sociedade heteronormativa em que vivemos (Oliveira, 1998).
  •  a pressão social vai acentuar um estado de melancolia no sujeito, que dificultará que ele faça o luto da heterossexualidade
  •  a construção de uma identidade sexual na qual a pessoa se reconheça e se sinta autorizada a expressar seus desejos, ainda que o contexto em que viva não seja propício. 
O(a)s jovens bissexuais e/ou os que ainda não se definiram estão em maior risco. 
  • Isso faz supor que, em uma sociedade onde a organização das relações entre os gêneros se dá a partir de uma lógica binária de formatação da sexualidade, de fato, aquele(a)s que se sentem atraído(a)s por ambos os sexos podem mesmo encontrar maior dificuldade de compreensão e estabelecimento de parcerias amorosas, já que tal sujeito é visto ou como “indeciso”, “oportunista” ou “imaturo” (Castañeda, 2007)
  • a negociação do “sair do armário”, isto é, revelar-se LGBT para si, familiares, amigos/as e escola, passa por situações diversas e implica respostas distintas, uma vez que, em cada lugar, a homossexualidade terá um valor, uma representação, uma consequência. 
  •  A saúde sexual é concomitante à saúde mental.
  • e, a bissexualidade é bem mais incompreendida do que as identidades: gay e lésbica, que há tempos são publicitadas pelos movimentos sociais LGBT.
  •  o(a)s jovens não heterossexuais estão mais vulneráveis
Referências
FILHO, Fernando Silva Teixeira; Rondini, Carina Alexandra. Ideações e tentativas de Suicídio em Adolescentes com Práticas Sexuais Hetero e Homoeróticas.

sábado, 21 de novembro de 2020

Transtorno Depressivo e Antidepressivo

 

  • Transtornos disruptivo da desregulação do humor
    • crianças até 12 anos, irritabilidade persistente e descontrole comportamental extremo. Padrão de sintomas: transtornos depressivos unipolares ou transtornos de ansiedade, em vez de transtornos bipolares, adolescência e na idade adulta.
  • Transtorno depressivo maior (TDM)( incluindo episódio depressivo maior)
    • episódios distintos de pelo menos 2 semanas, envolvendo alterações no afeto, cognição e em funções neurovegetativas, e remissões interepisódicas.
    • O diagnóstico : único episódico/ recorrente.
    • Diferenciação da tristeza e do luto
  • Transtorno depressivo persistente ( distimia)
    • dois anos em adultos e um ano em crianças
  • Transtorno disfórico pré-menstrual.
    • específico e responsivo a tratamento. Após a ovulação e remite poucos dias após a menstruação - impacto significativo no funcionamento.
    • Um grande número de substancias e abuso, alguns medicamentos e diversas condições medicas podem estar associadas a fenômenos semelhantes a depressão.
    • esse fato é reconhecido nos diagnósticos de transtornos depressivo induzido por substancia / medicamento e de transtorno depressivo devido a outra condição médica.

  • Transtorno depressivo induzido por substâncias / medicamentos.
  • Transtorno depressivo devido a outra condição médica.
  • Outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado.
A característica comum desses transtornos é a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo.
O que difere entre eles são os aspectos de duração, momento ou etiologia presumida.

Incidência e prevalência
  • O transtorno depressivo maior tem a prevalência mais alta ao longo da vida (17%) de todos os transtornos psiquiátricos.
Sexo
  • Prevalência 2 vezes maior de TDM em mulheres que em homens.
  • Hipóteses: diferenças hormonais, efeitos departo, estressores psicossociais diferentes para mulheres e para homens e modelos comportamentais de impotência aprendida.
  • O Transtorno Bipolar I tem prevalência igual entre homens e mulheres.
  • Episódios maníacos são mais comuns em homens, e episódios depressivos são mais comuns em mulheres.
  • Quando episódios maníacos ocorrem em mulheres, elas tem mais probabilidade que os homens de apresentar um quadro misto.
  • As mulheres também têm uma taxa mais rápida de ciclagem rápida.
Idade
  • Transtorno Bipolar I - Infância ( a partir de 5 a 6 anos de idade) aos 50 anos ou mais, média de 30 anos.
  • TDM - 40 anos (50% entre 20 e 50 anos - infância e velhice.
  • Incidência do TDM pode estar aumentando entre pessoas com menos de 20 anos - uso de álcool e abuso de drogas. 
Estado civil

TDM - sem relacionamentos interpessoais íntimos - divorciados ou separados.
O transtorno Bipolar I - ocorre mais em divorciados e solteiras do que entre as casadas. Além de início precoce e discórdia conjugal resultante característica do transtorno.

Fatores socioeconômicos e culturais
  • Não correlação com TDM
  • Transtorno bipolar I - grupos socioeconômicos mais altos, mais comum em pessoas que não tem curso superior do que naqueles com diploma universitário-início precoce par ao transtorno.
Comorbidade
  • Abuso ou dependência de álcool
  • Transtornos de pânico]Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) 
  • Transtorno de ansiedade social.
  • Algumas substâncias piora o prognóstico da doença, aumentando de maneira acentuada o risco de suicídio entre indivíduos com depressão maior unipolar e bipolar.
Fatores biológicos e Aminas biogênicas

Os neurotransmissores monoaminérgicos  norepinefrina, dopamina, serotonina e histamina.

NOREPINEFRINA - age no sistema noradrenérgico da depressão.
SEROTONINA -     possui forte efeito inibidor seletivo da recaptação de serotonina, reduzindo alguns sintomas da depressão.
DOPAMINA - Sua atividade pode estar reduzida a depressão e aumentada na mania. Medicamentos como bupropriona reduzem os sintomas da depressão.

Referências:
SAdock, Benjamim. Compêndio de Psiquiatria: cincia do comportamento e psiquiatria clínica.
Aula da Professora Me.Elisangela Cata Preta

Depressão e Suicídio: uma correlação

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Depressão e Suicídio: uma correlação
  • A influência da depressão no suicídio abrange diversos fatores (social, pessoa e psíquico), como os transtornos mentais.
  • Classificação do suicídio em dois momentos: 
    • primeiro quando o suicídio era considerado ilegal. 
    • O segundo momento a condenação do suicídio passa ser absoluta e sem exceção.
  • Sintomas característicos da Depressão:
    • tristeza, desesperança, falta de motivação e desinteresse pela vida, esses fatores são influenciadores no comportamento suicida.
Conceito de suicídio
  • A palavra suicídio tem origem no latim “sui caedere”; sui = si mesmo e caedes = ação de matar. Por vezes, o termo suicídio pode ser nomeado como morte voluntária, intencional ou auto infligida (FERREIRA, 2008).
  •  Na Língua portuguesa, “suicidar-se é dar a morte a si mesmo, matar-se”. Por vezes, “quando o indivíduo não consegue êxito em tal ação, é considerado como tentativa de suicídio”. Tanto a tentativa como o ato suicida em sim são motivados por ideação suicida, ou seja, “pensamentos que levam o indivíduo a planejar a própria morte” (CARDOSO, 2012, p. 43).
Conceito de Depressão

  • tem origem no latim depressus, ato de deprimir-se. 
  • Segundo Teodoro (2010), a depressão é classificada como transtorno mental, que envolve uma complexa interação entre fatores orgânicos, psicológicos e ambientais.
  •  São comuns na depressão sintomas de angústia, rebaixamento de humor, perda de interesse, apatia, choro persistente, sentimento de impotência, perda de prazer e energia frente à vida. 
  • De acordo com Barbosa, Macedo e Silveira (2011), a ideação suicida também é um sintoma da depressão. 
Estatísticas de Suicídio

  • anualmente um milhão de pessoas se suicidam no mundo;
  •  a cada 45 segundos uma pessoa se suicida em algum lugar do planeta.
  •  Os índices mais altos de suicídio são observados nos países da Europa Oriental, América Central e América do Sul. 
  • Quanto à tentativa de suicídio, segundo a Organização Mundial de saúde - OMS (2011), a tentativa supera o número de suicídio em pelo menos dez vezes, cerca de 15 a 25% das pessoas que tentam suicídio, tentarão se matar novamente. (BARBOSA; MACEDO; SILVEIRA, 2011).
  • A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP (2009) aponta um elo entre o comportamento suicida e os transtornos mentais. Os dados comprovam que de 15.629 pessoas que suicidaram, 90% dos casos enquadrariam em algum transtorno mental. 
  • A depressão maior se destaca com o índice de 35,8% dos casos de suicídio. 
  • Frente essas constatações, e por ser a depressão e o suicídio, problemas de saúde pública, tal estudo pode contribuir com novas pesquisas a cerca dessa temática e para os profissionais de saúde que constantemente lidam com essas situações.

Relatos sobre Depressão...

  • Ao abordar sobre a depressão, é necessário inicialmente compreender que a depressão não é uma doença do século XXI. Apesar de que foi somente no século XIX que formou-se a depressão comum. Anteriormente a depressão era denominada de melancolia, ou seja, “Per-turbações há muito chamadas de melancolia são agora definidas como depressão” (GONÇALES; MACHADO, 2007, p. 298).
  • Hipócrates formulou a primeira classificação nosológica dos transtornos mentais, descrevendo e nomeando a melan-colia, mania e a paranoia (LACERDA; SOUZA, 2013)
  • Robert Burton (1621), estudou sobre as doenças mentais, ainda na modernidade publi-ca a obra “A anatomia da melancolia” defendendo a diferenciação dos quadros de melancolia e de loucura, atualmente popularizada pela nomenclatura de mania. Burton é pioneiro ao des-crever o quadro de síndrome que viria a ser explicado como transtorno bipolar, associando este transtorno à melancolia. Em sua obra, há referência à distinção de entre dois modos me-lancólicos, a positiva e o quadro de doença crônica (LACERDA; SOUZA, 2013).
  • Segundo Lacerda e Souza (2013), a termologia depressão ganha espaço a partir do sé-culo XIX, substituindo a expressão melancolia, juntamente com suas predileções, por uma entidade nosológica independente.
  • Conforme Solomon (2002), a primeira metade do século XIX foi profícuo nos estudos da depressão, em especial no território francês. Philippe Pinel e Jean-Etienne Dominique Esquirol induziram no tratamento, o caráter humanizado. 
  • Pinel define a melancolia ou, na terminologia usada por ele, de “delírio sobre um assunto exclusivo”, como uma caracterização parcial de insanidade composta de delírios que levam a apatia e a solidão, que tinham causas nas experiências de vidas, em configurações nervosas, ou em predisposições físicas e psicológicas do indivíduo.
  • Kraepelin propõe uma subdivisão das doenças em duas entidades, transtornos afetivos e psicoses esquizofrênicas, postulando de forma basilar a compreensão da doença mental por mais de um século. Neste ínterim, a depressão foi considerada como parte da psicose maníaco-depressiva, com atribuições hereditárias, com ênfase nos fatores internos, em detrimento dos externos.
  • Freud em 1917, com a publicação do artigo, “Luto e Melancolia”, destaca a extensa área clínica da melancolia, com as interferências somáticas e psicogênicas. Ele defende que na melancolia ocorre um empobrecimento e esvaziamento do próprio ego, propiciando um delí-rio de inferioridade, principalmente moral, agregando à insônia e a inibição de apetite. Freud também aponta, que na melancolia a tentativa ao suicídio, e que a melancolia se torne mania. (LOPES, 2005).
  • Atualmente, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V (2013, p. 255), o transtorno depressivo tem como características: “presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam signi-ficativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo”. Ainda segundo o DSM-V a depressão classifica em:
    • transtorno disruptivo da desregulação do humor, 
    • transtorno depressivo maior, 
    • transtorno depressivo persistente, 
    • transtorno disfórico pré-menstrual, 
    • transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, 
    • transtorno depressivo devido á outra condição médica, 
    • outro transtorno depressivo especificado 
    • e transtorno depressivo não especificado

Segundo o Manual de DSM-V (2013, p. 162), o transtorno depressivo maior é caracterizado, por:

  • Humor deprimido deve estar presente na maior parte do dia, além de estar presente quase todos os dias.
  •  Insônia ou fadiga frequentemente são a queixa principal apresentada, e a falha em detectar sintomas depressivos associados resultará em sub diagnóstico. 
  • A tristeza pode ser negada inicialmente, mas pode ser revelada por meio de entrevista ou inferida pela expressão facial e por atitudes. 
  • Fadiga e perturbação do sono estão presentes em alta proporção de casos; 
  • perturbações psicomotoras são muito menos comuns, mas são indicativas de maior gravidade geral, assim como a presença de culpa delirante ou quase delirante.

No Transtorno disruptivo da desregulação do humor  (DSM-V, 2013)

  • tem como característica principal a irritabilidade crônica grave, ou seja, o indivíduo manifesta raiva e demonstram comportamentos de explosão ocasionados por frustrações. 
No transtorno depressivo persistente (DSM-V, 2013)

  •  o sujeito apresenta um humor depressivo crônico, pelo período mínimo de dois anos. Em crianças e adolescentes o humor pode ser irritável, com duração mínima de um ano. 
No transtorno disfórico pré-menstrual (DSM-V, 2013)

  •  é caracterizado pela alteração do humor, irritabilidade, disforia e ansiedade, durante a fase pré-menstrual. 
No transtorno depressivo induzido por substância/ medicamento (DSM-V, 2013)

  • está associado à ingestão, injeção ou inalação de uma substância, advinda de drogas, medicamentos, manifesta-se por efeitos fisiológicos, da intoxicação ou abstinência. 

Depressão na perspectiva psicanalítica (SAMPAIO apud SOUSA, 2015, p. 13)....

  • A depressão deve-se a perda real ou imaginária, do objeto amado. 
  • Após a perda desse objeto, sensações mistas de amor e ódio são vivenciadas, mas não há a exteriorização dessas hostilidades, voltando-se contra ao próprio indivíduo. 
  • É por “receio da repetição de uma nova perda semelhante, a pessoa fecha-se em sim mesma” 
Depressão na Teoria Cognitiva (SAMPAIO; BECK apud SOUSA, 2015)...
  • a depressão é considerada como uma perturbação dos processos cognitivos que estão ligados ao comportamento. 
  • Três fatores desencadeiam a depressão: 
    • sendo os esquemas cognitivos disfuncionais; 
    • tríade cognitiva 
    • erros cognitivos. 
  • Os esquemas cognitivos disfuncionais são construídos na infância frente vivencias de eventos traumatizantes, perda ou insucesso. 
  • A tríade cognitiva refere-se visão pessimista que o indivíduo tem de si próprio, do mundo e do futuro. 
  • E os erros cognitivos, consistem numa interpretação errônea da realidade, enquadrando na visão negativa.
Estatísticas da Depressão...
  • a depressão atinge cerca 121 milhões de pessoas em todo globo. Estimam-se que, 5% a 10% da população sofrerá com a doença ao longo da vida. Hoje, a depressão representa a terceira causa de doença mundial e em países desenvolvidos está em primeiro lugar. Além disso, os transtornos mentais representam-se 12% das doenças em todo mundo. Em países desenvolvidos os índices são elevados, 23%, na Europa destaca-se com um índice de 26,6%. Assim, calcula-se que a depressão estará em primeiro lugar como “doença mundial” até em 2030 (LOPES, 2005).
  • Em relação ao gênero, a incidência é de 10% para o sexo feminino e 5% para o sexo masculino de desenvolver a doença. As diferenças apresentadas entre homens e mulheres, justificam-se pelos aspectos fisiológicos, o papel social desempenhado gênero, e pela maior sensibilidade emocional das mulheres. Quando a classificação, a depressão maior apresenta um índice alarmante, pois afeta em todo o mundo, 50 milhões de pessoas (SOUSA, 2015).
Suicídio segundo (DURKHEIM, 2000, p. XXV)...
  • considera que: “a unidade de análise é a sociedade e não o indivíduo”
  • “vulgarmente, o suicídio é, antes de tudo, o ato de desespero de um homem que não faz mais questão de viver.”
  • “chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado."(DURKHEIM, 2000, p. 11-14).
  • no século XIX, o suicídio passa a ser uma manifestação da doença mental, considerando um problema de ordem moral. Também no século XIX, em 1897, que Durkheim na obra “O suicídio: estudo Sociológico”
  • Durkheim (2000) nesse distingue o suicídio em três tipos:
    • o suicídio egoísta, 
    • suicídio altruísta 
    • suicídio anômico, a partir das influências do meio social, religiosidade, família, sociedade, política, grupos profissionais e a própria relação indivíduo/sociedade.
Fatores que levam o sujeito a cometer suicídio segundo a OMS(2011):
  • os transtornos mentais, 
  • relações familiares, 
  • gênero sexual, 
  • faixa etária de vulnerabilidade, 
  • abuso de álcool, 
  • drogas ou fármacos 
  • situações sociais desfavoráveis, como pobreza e desemprego.
Para Krüger e Werlang (2010) a prática suicida ganha força em situação complexa no contexto familiar, que envolvem:
  •  a perda do emprego, 
  • rompimento do namoro,
  • matrimonio, 
  • saída dos filhos de casa, 
  • a falta de ocupação, 
  • agregados pelas expectativas construídas em histórias passadas, 
  • presentes em torno do futuro.
  • condições socioeconômicas 
  • padrão de possibilidades de consumo de roupas, alimentos, lazer, entre outros, interligados aos contextos biopsíquico, podem motivar as pessoas cometerem o suicídio. (ABREU et al 2010).
Influências da depressão no ato suicida
  • Deve-se considerar a existência de vulnerabilidade, fatores de riscos propensos a influenciar os indivíduos a cometerem o suicido.
  • 30% dos casos de suicídio praticados no mundo  tem como destaque os transtornos mentais com destaque os transtornos depressivos.
  • O suicídio associado a depressão vitima cerca de 850 mil pessoas por ano (OMS, 2006, p.24)
O suicídio, nessa ótica, não pode ser diagnosticado como um sintoma da depressão, mas como um recurso que incide sobre as pessoas deprimidas, já que, “só se pode considerar todos os suicidas deprimidos se a tendência ao suicídio for estipulada como uma condição por si só suficiente para o diagnóstico da depressão” (SOLOMON, 2002, p. 226).



Referências:

Depressão e suicídio: uma correlação.Gláucia Lopes Silva Assumpção1, Luciele Aparecida de Oliveira2, Mayra Fernanda Silva de Souza3. disponível em: file:///C:/Users/lecou/Downloads/15973-Texto%20do%20artigo-61061-1-10-20180309.pdf

Google Imagens

Saúde Mental no trabalho: principais tendências


A psique segundo Sigmund Freud

  • Mundo interno (Superego) e Mundo externo (Id) e Ego fica na linha que divide o Mundo interno do Mundo externo Procura equilibrar o Id e o Superego com uma força chamada pulsão. 
  • O que não se resolve o ego recalca e o que se resolve o ego sublima.  
  • A energia gasta para recalcar ou sublimar se chama catexia. 
  • Quando recalca pode ser um sofrimento patogênico e quando sublima se resolve. O inconsciente é psicodinâmico porque os conteúdos circulam, retornam ainda que seja recalcado, e se manifesta através de sintomas

Christophe Dejours

A psicodinâmica do trabalho

   A psicodinâmica do trabalho é uma abordagem científica, desenvolvida em França na década de 1980, por Christophe Dejours.

       Dejours tem pesquisado a vida psíquica no trabalho há mais de 30 anos, tendo como foco o sofrimento psíquico e as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos trabalhadores para a superação e transformação do trabalho em fonte de prazer.

        Para Dejours o início da história da psicodinâmica do trabalho se dá nos anos 1970 do século XX, na França, muito próxima na época da psicopatologia do trabalho. Em meados dos anos 1990 seus estudos começam a investigar o tema do sofrimento no trabalho aliviando a relação causal precedente utilizada pelos psicopatologistas do trabalho da época. O foco de preocupação agora é problematizar o sofrimento gerado na relação homem-­trabalho, quando o trabalho é fonte .

Dejours então se torna um pioneiro que vai formular a nova ciência tratada “análise do sofrimento psíquico resultante do confronto dos homens com a organização do trabalho”. Dejours, em definição posterior, entende que se trata da “análise psicodinâmica dos processos intra e intersubjetivos mobilizados pela situação de trabalho”. O sofrimento passa a ser o centro da análise que, articulada às exigências da organização do trabalho, revela os modos de subjetivação, principalmente, da classe trabalhadora

O trabalho muitas vezes cura... transformação em trabalho criativo. Demanda do sujeito uma readaptação constante por parte do trabalhador.

O eu real não existe. O real é na ordem do insuportável. Tudo é simbólico, a mente percebe as imagens e as representações são imaginárias.  O esquizofrênico tenta operar no mundo real e não consegue. Quem é seu pai real? Aquele que vc pensa é imaginário, se teve sentimento está no simbólico. As verdades do imaginário são verdades pessoais, fantasia...

Psicodinâmica - Alguns conceitos

Organização do trabalho

  • a organização do trabalho aparece como o resultado de um processo complexo de negociação.
  • Trabalho
  • “é a atividade desenvolvida por homens e mulheres para fazer face ao que não é já dado pela organização prescrita do trabalho”
  • o sentido do trabalho é entendido de forma dinâmica como algo que é construído nas relações intersubjetivas que têm lugar em situações concretas de trabalho e tem como centro a questão do reconhecimento

Dinâmica do Reconhecimento

        => eixo central da análise psicodinâmica do trabalho.

        Cooperação

  • regras de trabalho
  • mobilização subjetiva dos sujeitos.
  • Contribuição - retribuição
  • Os julgamentos,  --  trabalho e seus resultados não ao sujeito.
  • Julgamento de utilidade - racionalidade instrumental - eficácia
  • Julgamento de beleza -  racionalidade prática racionalidade                      
  • subjetiva

                                      TRABALHO 

                    SOFRIMENTO   -    RECONHECIMENTO


        Julgamento (ter) => retribuição simbólica (ser) => realização de si

·       dinâmica da construção fortalecimento da identidade

·       mobilização subjetiva  => real  -  trabalho=> realização de si


Estrutura da psique - Psicanálise

                  



        Dejours, estudou o papel da organização do trabalho em relação aos efeitos positivos e negativos que este pode exercer sobre o funcionamento psíquico do trabalhador.

Conceitos Básicos

1 - Divisão de tarefas;

2 - Divisão de  homens.


DIVISÃO DE TAREFAS

  • Trabalho que se deve executar dentro de um prazo fixo.
  • Qualquer trabalho que se faz por dever ou necessidade.
  • Trabalho remunerado por unidade de serviço ou empreitada.

1 - O conteúdo das tarefas; 

2 - Modo operatório (fluxo do trabalho)  

Organização formal 

  • Divisão das tarefas  

Organização Real

3. O descompasso entre a organização formal e a real favorece o sofrimento mental.   

Divisão de homens                                                    

1 – Compreende a forma pela qual as pessoas dão divididas em uma organização e as relações interpessoais que se estabelecem;

2 – Podem gerar conflitos interpessoais evocados de sofrimento humano.






CARGA PSÍQUICA

  •         Tudo o que envolve o trabalho
  •         Vivência subjetiva
  •         Aumenta quando a liberdade de organização do trabalho diminui
  •         Positiva =Trabalho Equilibrante
  •         Negativa= Trabalho Fatigante



SINTOMAS E DEFESAS

  •         Sofrimento (patogênico, criativo e ético)                          
  •         Desprazer e tensão
  •         Fadiga
  •         Descompensação de acordo com as estruturas psíquicas


O Sentido do trabalho

  • Mobilização subjetiva: Processo pelo uso de recursos psicológicos, permite a transformação do sofrimento a partir do resgate do sentido do trabalho.
  • Trabalho vivo: O que o trabalho deve acrescentar, inventado pelos trabalhadores; envolve a criatividade, que dá sentido ao sofrimento.
  • Flexibilização da organização de trabalho
  • Clínica do Trabalho






Referências: Aula do Prof. Dr. Antonio Figueiredo

 






 








segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Intervenção em crise

  •  Protocolo - OMS
  • Ajuda prática (resposta) às pessoas afetadas por evento traumático: não invasiva, aaliar as necessidades e principais preocupações; aliviar as tensões e mitigar o impacto psicológico.
Objetivos...
  • suprir necessidades básicas de sobrevivência: alimento, abrigo, vestimentas, remédio, suporte médico...
  • oferecer escuta, segurança e proteção
  • Informar o que se sabe e o que não se sabe.
Primeiros cuidados psicológicos
Também é importante entender o que os PCP não são:
  • Não é algo que apenas profissionais podem fazer.
  • Não é um atendimento psicológico profissional
  • Não é um "debriefing psicológico"1, já que nãoe nvolve necessariamente uma discussão detalhada sobre o evento que causou o sofrimento.
  • Nos PCP não é solicitado que as pessoas analisem o que aconteceu ou que relatem os eventos ocorridos em ordem cronológica.
  • Os PCP pressupõem capacidade de ouvir as histórias das pessoas, mas isso não significa pressioná-las a falar sobre sentimetnos e reações que tiveram em relação a um evento (OMS,2011)

Psicologia nos desastres e emergências

Desafio profissão-Psicologia das emergências e desastres



Referências:
Aula de 16/11/2020
Youtube

Lesbofobia e Trabalho

  •   analisa  as violências simbólicas nas vivências de lésbicas com destaque para o trabalho.
  • discute  sobre a lesbofobia na sociedade e trabalho, bem como os estereótipos e a invisibilidade que envolvem essa identidade.
  • as violências simbólicas são extremamente sutis e ocorrem como no caso da internalização da heteronormatividade e do silêncio acerca da sexualidade, avisos com normas de comportamento, comentários e indiretas que remetem aos estigmas associados às lésbicas em seu cotidiano. 
Sexualidade...
  • A sexualidade é parte de um debate político que influencia a estruturação das hierarquias sociais. Ao longo da história, as sexualidades foram e ainda são objetos de disputa, meios de controle, de violência e de libertação (Prado & Machado, 2008).
  •  Considera-se a sexualidade no âmbito da cultura, não existindo uma sexualidade natural nem um meio de se praticar a sexualidade mais natural do que outro, existindo construções sociais e históricas dela que implicam em formas de poder e dominação (Adelman, 2000; Butler, 2003).
  •  Destarte, a experiência de mulheres lésbicas seria diferente pelas especificidades associadas ao machismo e ao heterossexismo, bem como devido aos estereótipos que são construídos em  torno delas (Leonel, 2011; Toledo & Teixeira, 2011; Heintz, 2012).
Homossexualismo...
  •   É evidente nas pesquisas as variadas dificuldades que homossexuais experimentam no trabalho relacionadas com a discriminação. 
  •   discussão acerca de mulheres lésbicas na sociedade, no trabalho e nas organizações, pela ótica da violência simbólica. 
Violência Simbólica e Lesbofobia...
  • Embora a violência sempre tenha estado presente, não se deve aceitá-la como um aspecto inevitável da humanidade (Dahlberg & Krug, 2006; Oliveira & Martins, 2007)
  •   esse tema se mostra complexo e amplo, alguns estudos voltados para as organizações e trabalho tratam da violência conforme o assédio moral (Hyrigoyen, 2005; Freitas, 2007), o assédio sexual (Freitas, 2001), a neurose narcisista (Paes de Paula, 2003) e até mesmo em suas variadas manifestações como a física, psíquica, social, estrutural e simbólica (Faria & Meneghetti, 2002).
  • A violência simbólica considerando que essa perpassa o cotidiano social e laboral de mulheres lésbicas (Bourdieu, 2003; Rosa & Brito, 2009; Carrieri, Aguiar & Diniz, 2013).
  • Essa violência é caracterizada por Bourdieu (2003:7) como uma violência “suave, insensível, invisível a suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento, ou, em última estância, do sentimento”.
Relação entre violência simbóliuca e poder simbólico, segundo Bourdieu (2002:14)
  •  poder de construir o dado pela enunciação, de fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a visão do mundo e, desse modo, a ação sobre o mundo, portanto o mundo, poder quase mágico que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica) graças ao efeito específico de mobilização, só se exerce se for reconhecido, quer dizer, ignorado como arbitrário.
Relação entre a violência simbólica e as estruturas de dominação
  • são historicamente construídas, assim agentes como as instituições, as famílias, a Igreja, a Escola, o Estado e os homens - por meio da violência física e simbólica - contribuem para a reprodução das estruturas de dominação, de tal modo que o dominado internaliza o ponto de vista do dominante, sendo essa relação de dominação naturalizada.
  • essa relação de dominação naturalizada como "quando os esquemas que ele põe em ação para se ver e se avaliar, ou para ver e avaliar os dominantes (elevado/baixo, masculino/feminino, branco/negro etc.) resultam da incorporação de classificações assim naturalizadas, de que seu ser social é produto" (Bourdieu, 2003:47).
Relação entre violência simbólica e minorias, segundo Rosa & Brito (2009:641)
  •  ressaltam que ela atua conservando os padrões dominantes e preservando a estabilidade do campo organizacional, posto que intenta garantir a dominação daqueles possuidores de posições de destaque nesse espaço e, assim, subjugar as minorias que se inserem no mesmo espaço.
  • a doxa, como cultura dominante, busca inculcar nas minorias como homossexuais a cultura oficial violentando seus habitus primários como um processo pedagógico e subjetivo legítimo "em prol de uma nova disposição durável, de um novo espírito, um novo modo de pensar (ethos) e agir (héxis), significa estar submetido à violência simbólica, subjacente à construção de um novo habitus" 
Relação à dominação simbólica e os homossexuais...
  • nota-se a discriminação sofrida pelos mesmos, além da estigmatização e a invisibilidade a que estão submetidos
  • Segundo Bicalho, Diniz, Carrieri e Souza (2011) em estudo com homossexuais masculinos, a violência simbólica atua no sentido de que a sexualidade seja um elemento desvalorizador de profissionais homossexuais que buscam inclusive esconder suas sexualidades para lidar e evitar a discriminação por se distanciarem de um modelo hegemônico.
  • quando o trabalhador homossexual busca sua expressão no trabalho, tem que lidar com a competitividade e produtividade, mas também com políticas que reafirmam padrões heteronormativos e desvalorizam a diferença, um contexto que pode gerar adoecimento e sofrimento psíquico (Carrieri, Aguiar & Diniz, 2013).
A Lesbofobia...
  • envolve considerar a dominação masculina na sociedade (Bourdieu, 2003)
  • pode assumir várias formas sutis ou não diretas, sendo seu extremo identificado nas agressões físicas ou como no crescimento do estupro corretivo, prática que ocorre para que "aprendam" a gostar de homens e se tornem "mulheres de verdade" (Leonel, 2011), adequadas ao contexto heteronormativo que presume que todos são ou deveriam ser heterossexuais (Miskolci, 2012).
  • Toledo e Teixeira (2011) notam que estigmas e estereótipos associados à lesbianidade a demonstram ora com o caráter de aberração ora com o de ilegitimidade, evidenciando uma perspectiva na qual são encaradas como espetáculos pornográficos ou as demonstrando como "machonas", ou ainda heterossexuais frustradas, que não desejadas por homens terminam se relacionando com mulheres como uma segunda alternativa.
  • A condição lesbiana pode ser considerada mais desfavorável ao ser comparada com outras formas de homossexualidade, pois "[...] mesmo dentro de um movimento que comporta 90% de gays e 10% de lésbicas e é ainda marcado por uma forte tradição masculinista" (Bourdieu, 2003:148). 
  •  Mello (2005) assinala que o surgimento de uma identidade lésbica, além de visar proporcionar às mulheres homossexuais melhor visibilidade, busca afirmar suas especificidades em relação aos homens homossexuais.
  • há lésbicas que buscam um movimento identitário próprio em decorrência do machismo de alguns gays, apesar de reconhecerem alianças com os mesmos.
lésbicas brasileiras começam um movimento independente de outras categorias LGBT's...
  • buscam discutir suas especificidades e também pelas desigualdades que estão dentro do próprio movimento como quanto ao machismo e racismo (Prado & Machado, 2008). 
Realidade das Lésbicas no Trabalho e nas Organizações...
  • não seria semelhante a de homossexuais masculinos pela questão do sexismo que tem beneficiado os homens em detrimentos das mulheres nas organizações.
  •  seriam diferentes daquelas das mulheres heterossexuais, haja vista o heterossexismo que assume a heterossexualidade como norma hegemônica (Butler, 2003; Irigaray & Freitas, 2011; Heintz, 2012)
  • e pode ir em direção à invisibilização e estigmatização dessas trabalhadoras como manifestação de violência simbólica.
  • No trabalho, elas se deparam com a lesbofobia e com a falta de apoio social e compreensão a respeito de suas sexualidades. 
  • muitas permanecem no armário e em uma situação de invisibilidade, tendo como conseqüência o isolamento social de muitas delas.
  •  mulheres lésbicas podem ser vítimas de violência simbólica pela relação desta com o gênero e a sexualidade na sociedade e no trabalho, e que esse tipo de violência pode se ocorrer em relação aos estereótipos e a invisibilidade que estão associadas à experiência dessas mulheres por se distanciarem de um modelo heteronormativo que pressupõe a coerência entre desejos, identidade de gênero, genitália e prática sexual (Butler, 2003, 2004)
Considerações finais...
  • Em um contexto amplo, as manifestações de violência simbólica estão associadas à uma ilusória aceitação da homossexualidade feminina ao mesmo tempo vista como objeto de fetiche masculino, pelo preconceito diante dos relacionamentos lésbicos, pela invisibilidade atribuída à vivência dessas mulheres e pela não aceitação daqueles que fogem ao padrão heterossexual valorizado.
  • as violências simbólicas experimentadas pelas trabalhadoras lésbicas são extremamente sutis, inclusive tendo em vista que a maioria delas diz não ter vivenciado nenhuma situação de discriminação direta ou cruel no trabalho. 
  • Esses estigmas demonstram a homossexualidade feminina associada ao que foge ao padrão heteronormativo socialmente estabelecido, também evidenciam as lésbicas como objetos do desejo masculino ou até mesmo como mulheres que não tiveram um contato profundo com algum homem.
  •  A invisibilidade e o silenciamento a que estão submetidas ou aos quais se submetem revelam uma realidade paradoxal, pois mesmo sendo concomitantemente uma estratégia para se lidar com a discriminação também é um meio de perpetuação do tabu e da negação das lesbianidades.
Referências:
BICALHO; NETO, Caproni, 2017. Holos. Violência Simbólica, Lesbofobia e Trabalho: um estudo em Juiz de Fora.17/04/2017.


 

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Transformações contemporâneas no campo do trabalho e seus efeitos subjetivos

As características das Gerações: Tradicionalistas, Baby Boomers, X, Y e Z

 As gerações

        Veteranos/tradicionalistas, os nascidos entre 1922 e 1943;

        Baby boomers, entre 1943 e 1960;

        geração X, entre 1960 e 1980;

        Geração Y, nascidos entre 1980 e 2000.

        Já a geração Z são as pessoas nascidas neste século.

        Como chegam as atualizações contemporâneas no brasil

Características dos veteranos tradicionalistas

        Eventos Formadores: Grande Depressão e Guerra Mundial

        Socialização: Escassez/Dificuldade e Pais em casa

        Marca Registrada Maior geração e Dupla jornada

        Modelo Ficar na empresa

        Qualidades: Leais e Abnegados

        Carência:  Habilidades Tecnológicas

Baby Boomers

        Evento Formadores: Prosperidade, Pós-Guerra. Já foi a maior

        Geração

        Socialização Prosperidade/segurança. Tudo é possível.

        Marca Registrada Geração livre, redefiniu as normas e direitos civis

        Modelo Lealdade, Workaholic. Lema: Nadar ou afundar

        Qualidades: Pró-crescimento/mudar, competitivos,

        Otimistas/confiantes, Honram suas dívidas. Querem tudo

        Carência: Habilidades Tecnológicas

 Geração X

        Eventos Formadores Globalização e Boom Tecnológico

        Socialização Competitividade forte - crianças

        Marca Registrada Eu sou a geração! Sites (.com)

        Modelo: Aceitam mudanças. Desvalorizam horas extras. Mudanças de emprego. Buscam um caminho

        Qualidades: Independentes, individualistas, desconfiam das empresas. Necessitam de lealdade e são empreendedores

        Carência Habilidades Sociais

Geração Z

        Os membros da Geração Z nunca conheceram a vida sem computadores pessoais, telefones celulares, sistemas de jogos, leitores de MP3 e Internet.

        São os Nativos Digitais. confortável, com aplicações de e-mail, mensagens de texto e de computador.

        Eles também são capazes de entender e praticar tecnologia de forma mais rápida em relação às demais gerações.

E no Brasil?

        O Pais que tem como ação formadora de subjetividade do trabalhador  a escravidão, como chegam as transformações contemporâneas no Brasil?

        Vamos refletir, e discutir em nosso encontro.

 

Referências: Prof. Dr. Antonio Figueiredo -aula 13/11/2020