sábado, 16 de março de 2019

Teoria do desenvolvimento de Piaget e Vygotsky

JEAN PIAGET ( 1896-1980)
Seus influenciadores foram Roussou e Jung.

 Pensou em desenvolvimento sob a perspectiva de investigar como surge e evolui o conhecimento. Estudou o desenvolvimento cognitivo, ou seja, todas as atividades  mentais associadas a PENSAR, CONHECER, LEMBRAR e COMUNICAR.

Começou a pesquisar em 1920, a partir da observação de que todas as crianças na mesma idade, davam respostas igualmente erradas. É a partir daí que Piaget constata a existência da inteligência.

Descobriu que a mente das crianças não era igual a de um adulto em miniatura, compreendendo que as crianças raciocinam de forma diferente, sem lógica, diferentemente dos adultos.

Devido à sua formação em Biologia, considerou impossível separar o desenvolvimento orgânico do processo de desenvolvimento psicológico. Daí o seu interesse pela EPISTEMOLOGIA GENÉTICA, em que Piaget desenvolveu uma definição em ESTÁGIOS DEFINITIVOS, em que todos os seres humanos passam e evoluem numa mesma sequência.

A mente das crianças se desenvolve em ESTÁGIOS, em marcha ascendente, que vai desde o reflexo-simples do recém-nascido ao raciocínio abstrato do adulto.

Os estágios servem de parâmetro para compreender as fases de desenvolvimento do ser humano, porém, entende-se que cada crianças tem seu próprio tempo para se desenvolver, não sendo exatos os estágios.

Não se pode exigir que uma pessoa resolva problemas sem que ela tenha desenvolvido as estruturas   cognitivas necessárias para isso.

Além da maturação neurofisiológica, e do crescimento orgânico do corpo, também influenciam nesse processo, a carga genética hereditária que determina o potencial do individual e o meio, com as diferentes influências e estímulos que age sobre a criança.

Os Estágios do Desenvolvimento de Piaget são:

1)ESTÁGIO PERCEPTO OU SENSÓRIO-MOTOR (0 À 2 ANOS)

É o trabalho mental no qual se estabelece relações entre as ações e as modificações que elas provocam no ambiente físico; exercício de reflexo; manipulação do mundo por meio da ação. Ao final, constância e permanência do objeto.

Os bebês entendem o mundo a partir dos SENTIDOS e  AÇÕES ( Olhando, ouvindo, tocando, agarrando e pondo objetos na boca)

Suas funções mentais se resumem a reflexos-inatos.

Vivem no mundo presente, o que está longe dos olhos está longe da mente. Só tem consciência sobre aquilo que pode ser.

As crianças são EGOCÊNCTRICAS, só percebe as coisas do ponto de vista de seu próprio mundo. Não percebe as coisas do ponto de vista das outras pessoas.

Utiliza o raciocínio intuitivo em vez de raciocínio lógico.

No final desse estágio, as crianças começam a desenvolver o pensamento representativo, que é a representação dos objetos em relação a ela.  Seus movimentos reflexos vão se aperfeiçoando, adquirindo novas habilidades e se concebendo num cosmo, com objetos, tempo, espaço.
Piaget conclui que a INTELIGÊNCIA antecede a LINGUAGEM.

PERMANÊNCIA DO OBJETO é a experiência cognitiva que indica a ausência ou inexistência de um objeto, que sai do alcance da visão de uma criança, no estágio sensório-motor. Nesse caso a criança ainda não conquistou essa habilidade para saber que o objeto que não está ao alcance de sua visão, existe.

2) ESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL (2 A 6 ou 7 ANOS)

Desenvolvimento da capacidade simbólica (símbolos mentais; imagens e palavras que representam objetos ausentes; explosão linguística; característica do pensamento ( egocentrismo, intuição e variância) pensamento.

A criança ainda é egocêntrica, passando a interagir com o meio e as pessoas.

Desenvolve a capacidade de representar coisas com palavras e  imagens, porém, ainda não realizam   operações mentais. Surge a linguagem após a inteligência.

A linguagem é necessária, mas não é suficiente para o desenvolvimento humano, porém, para desenvolver a linguagem depende do desenvolvimento da inteligência. A linguagem acarreta importantes modificações nos aspectos cognitivos afetivos e sociais da criança. É através da linguagem que é possível trabalhar com representações para atribuir significado à realidade, já que ainda brincam de faz de conta.

Não possui o conceito de CONSERVAÇÃO, princípio de que a quantidade permanece a mesma, apesar de mudar a forma.

3) ESTÁGIO  DAS OPERAÇÕES CONCRETAS ( 7 A 11 ANOS)

Capacidade de ação interna: operação. Características da operação; reversibilidade e invariância-conservação (quantidade, constância, peso, volume); descentração, capacidade de seriação e classificação.

Ao receber materiais concretos (físicos) elas começam a compreender a CONSERVAÇÃO, princípio de que a quantidade permanece a mesma apesar de mudar de forma.

Adquirem total capacidade para entender as transformações matemáticas e a conservação. A partir dos 8 anos de idade já consegue reverter operações aritméticas simples responder rapidamente que 2 +4 =6 e que 6-2=4.  Adquire o pensamento lógico, conseguindo fazer analogias. Começa a fazer operações mentalmente, e não mais operações físicas da inteligência sensório motor e pré-operacional.

Permanece o egocentrismo intelectual e socia, ou seja, a criança ainda é incapaz de se colocar no lugar do outro.  Adquire a capacidade de interiorização das ações.

4) ESTÁGIO DAS OPERAÇÕES FORMAIS (12 anos em diante.)

A operação se realiza através da linguagem (conceitos). O raciocínio pe hipotético-dedutivo ( levantamento de hipóteses; realização de deduções). Essa capacidade de sair-se bem, com as palavras e essa independência em realizações.

Adquirem a capacidade de resolver proposições hipotéticas e deduzir consequências. (Se isso, então aquilo).

O raciocínio se expande do puramente concreto (experiência real) para o raciocínio abstrato, envolvendo realidades e símbolos imaginados.

Adquire o raciocínio sistemático, pensamento operacional formal, a lógica abstrata, e com isso, a capacidade dee criticar sistemas sociais e propor novos códigos de conduta.

Discute valores morais com os pais e constroem seus próprios valores.

Atinge sua forma final de equilíbrio, alcançando um padrão intelectual que seguirá por toda a vida, sua forma predominante de raciocinar. Potencial para o raciocínio moral maduro. O desenvolvimento posterior será a ampliação de conhecimentos.

Piaget descobriu que a APRENDIZAGEM ou COGNIÇÃO começa no desequilíbrio entre o sujeito e o novo objeto. Para compreender isso, entendeu que o desenvolvimento cognitivo acontece por meio de três princípios ou conceitos inter-relacionados, que operam em todos os estágios de desenvolvimento e afetam as interações com o ambiente, que são: ASSIMILAÇÃO + ACOMODAÇÃO = EQUILIBRAÇÃO.

1.       ASSIMILANÇAO – incorporação do novo às ideias já existentes. Assimilamos novas experiências   a partir dos termos e das compreensões que já possuímos.  Esses termos são os esquemas ou estruturas cognitivas, que são considerados simples com as novas aprendizagens, e mais complexos quando se vai incorporando novas informações sobre os esquemas ou estruturas cognitivas já existentes.

2.       ACOMODAÇÃO – modificações dos esquemas anteriormente estabelecidos na assimilação, formando esquemas ou estruturas cognitivas mais complexas, para lidar com essas novas informações. A partir da interação com o mundo em que vivemos, vamos incorporando, assimilando novas experiências e, elaborando melhor, os esquemas já existentes, ou seja, acomodando esquemas mais complexos. São mudanças numa estrutura cognitiva já existente, para incluir novas informações.


3.       EQUILIBRAÇÃO - é promovida a partir da relação entre assimilação e acomodação numa constante adaptação às imposições do ambiente, porque a aprendizagem é provocada pela necessidade. Esse fenômeno tem um caráter universal, já que é de igual ocorrência para todos os indivíduos da especie humana, mas que pode sofrer variações em função do meio em que vive. É ainda, uma tendência em procurar um equilíbrio estável, entre os elementos cognitivos obtidos por meio do equilíbrio entre assimilação e acomodação.

Piaget leva em conta, dois elementos básicos:

1.       FATORES INVARIANTES – ao nascer o indivíduo recebe uma série de estruturas biológicas, sensórias e neurológicas, que permanecem constantes ao longo da vida, que vão predispor o surgimento de novas estruturas. Para Piaget, o indivíduo carrega duas marcas inatas: a tendência a organização e a tendência a adaptação.
2.       FATORES VARIANTES – são representados pelos conceitos de ESQUEMAS, que constitui a unidade básica do pensamento e ação estruturada, onde o elemento se transforma no processo de interação com o meio.
·       ESQUEMAS são os padrões organizados de comportamentos e pensamentos utilizados em diferentes situações. É o conceito ou estrutura que organiza e interpreta informações.

Piaget defendeu a ESCOLA ATIVA, na qual cada pessoa constrói o próprio conhecimento. O aluno deixa de ser o sujeito passivo que apenas recebe a informação, e passa a ser o SUJEITO ATIVO, o qual através de suas próprias tentativas, elaboram o pensamento próprio, tendo a educação orientada para a AUTONOMIA. As crianças são vistas como individuais, já que constroem o conhecimento através de suas ações no mundo. (Construtivismo).

Sobre as relações entre APRENDIZAGEM e DESENVOLVIMENTO, Piaget diz que o processo de   aprendizagem estimula e “empurra” o processo de aturação, ou seja, facilita o desenvolvimento geral do indivíduo. Para ele, o desenvolvimento se adianta ao aprendizado, sendo, portanto, uma pré-condição para que este se realize (Ou seja, só se aprende quando se desenvolve). O aprendizado adequado, desperta processos internos de desenvolvimento, pondo em movimento vários processos já existentes, que de outra forma, não teriam ocorrido.

O desenvolvimento cognitivo envolve mudança de qualidade e de quantidade dos pensamentos. A força motriz para o progresso intelectual é a luta incansável do sujeito para dar sentido às próprias experiências.
  
LEV VYGOTSKY ( 1896-1934) Bielorrússia

Escreveu sua teoria no contexto da Revolução Russa.
Sofreu grande influência do Marxismo
Ganhou destaque para além do leste europeu, a partir da década de 60, bem depois da morte do autor. Morreu aos 38 anos mas deixou importantes contribuições para se pensar a educação.
Procurou entender como a mente da criança se alimenta da linguagem e da interação social, como pensam e aprendem. Observou portanto, que q amente da criança se desenvolve na interação com o ambiente social e a cultura (Interacionismo). Estudou os processos socioculturais que orientam o desenvolvimento da criança. A criança é vista como um jovem aprendiz.
Dedicou anos de estudos para compreende as relações entre o pensamento e a linguagem. De acordo com ele, mesmo antes de dominar a linguagem, a criança demonstra capacidade de resolver problemas práticos, de utilizar instrumentos e meios para atingir objetivos. Essa fase é chamada de pré-verbal.
Ideias de Vygotsky que fundamentam uma concepção sobre a prática pedagógica e sobre a atuação do docente tem os seguintes postulados:
·       O grupo social tem uma atuação significativa na mediação entre a cultura e o individuo.
·       As funções psicológicas se originam nas relações do indivíduo  com o contexto cultural e social.
·       Os processos de desenvolvimento despertam os processos de aprendizagem.
Psicologia Sócio Histórica ver o mundo psíquico como uma construção histórica e social.
Para Vygotsky o ser humano não nasce com uma essência universal, ou seja, algo que já viria pronto só esperando para se desenvolver. Ele concebe o indivíduo como um ser ativo e social, construído ao longo da vida, por meio das relações com outros indivíduos e com o meio que o cerca.
Assim, não é possível separar o mundo psicológico do mundo material e social, pois o pensamento vai ter a forma que a cultura o faz ter. E é através do contato com a cultura já constituída, que vai se dar o desenvolvimento. Primeiro a existência exterior, social, para depois ser internalizada como pensamento.
Os objetos que conhecemos já trazem consigo as aptidões já desenvolvidas pelas gerações anteriores para os usos e significados daqueles objetos. É, portanto, no PROCESSO DE APROPRIAÇÃO do mundo externo, por meio das relações sociais, que se desenvolve o mundo interno da individualidade. Esse processo é bilateral, conforme a pessoa atua no mundo e se relaciona com os outros, esse mundo social também vai se construindo, numa relação de troca e transformação mútua. Por isso, Vygotsky é considerado um autor INTERACIONISTA.
Via o DESENVOLVIMENTO baseado em DOIS PROCESSOS DIFERENTES e COMPLEMENTARES:
1.       MATURAÇÃO é processo que cria certas capacidades que vão tornar possível a aprendizagem. Para isso a LINGUAGEM tem um papel de destaque e se desenvolve numa sequência:
·       Primeiro a função INDICATIVA que é o PENSAMENTO SINCRÉTICO,
·       Depois a função SIGNIFICATIVA, que é o PENSAMENTO POR COMPLEXOS,
·       Por fim, a função FORMAL, que envolve a criação de CONCEITOS SIMBÓLICOS.

2.       APRENDIZADO
O papel da escola é ajudar a desenvolver o pensamento formal, porém, para educar uma criança deve-se levar em conta que nem todos aprendem da mesma forma.
Ele atribui a aprendizagem a dois diferentes níveis de desenvolvimento da criança:
1.       NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO REAL de uma pessoa se refere a capacidade que a pessoa tem de resolver problemas de forma independente por meio de funções já amadurecidas.
2.       Na comparação do NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL que é a capacidade de solução de problemas sob orientação ou em conjunto com alguém com maior capacidade. Identificamos a ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, das funções que ainda não estão amadurecidas, e que, portanto, devem ser estimuladas pelo educador.
É nessa zona de desenvolvimento proximal que os professores devem focar seus esforços. A intervenção pedagógica para Vygotsky é muito importante para direcionar o desenvolvimento, sendo a escola o lugar principal onde se dá essa orientação do sujeito.
A Zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o que ela já faz sozinha e o que ela pode fazer com assistência de pessoas mais capacitadas. Para passar desse zona é preciso que adultos ou pessoas mais capacitadas ajudem a organizar a aprendizagem da criança, À medida em que as habilidades da criança vão sendo aperfeiçoadas, passando à própria criança a responsabilidade de direcionar e aperfeiçoar sua aprendizagem.
Daí o que ele chama de MEDIAÇÃO COGNITIVA, através dos mais velhos, ensinando aos mais novos, até que estes consigam se organizar sozinhos.
As FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES, envolve processos mentias não inatos tais como:
·       Planejar, comparar, imaginar e lembrar.
O PROCESSO DE INTERNALIZAÇÃO ocorre do nível social para o individual. O conhecimento pe adquirido pelas trocas mediadas pela linguagem e facilitadas pela interação social.
Sobre as relações entre APRENDIZAGEM e DESENVOLVIMENTO, Vygotsky diz que o aprendizado é um processo externo ao indivíduo; entretanto, para adquiri-lo faz uso de seu próprio desenvolvimento, sem contudo, alterar seu curso.
Teoria Sociocultural de Vygotsky:
·       Enfatiza o desenvolvimento da criança com o meio ambiente – interacionista.
·       Vê o crescimento cognitivo como um processo colaborativo, onde as pessoas aprendem por meio da interação social.
·       Atividades compartilhadas ajudam a criança a internalizar o modo de pensar da sociedade, cujos hábitos passam a ser seus.
·       Quando a criança repete em voz alta, um comando dado pelos pais (Ex: não, não!) adquirem uma ferramenta de autocontrole, pois ajuda a criança a controlar seu comportamento e suas emo~ções, além de dominar novas habilidades.
·       Ao aconselhar as crianças os pais desenvolvem, uma plataforma temporária, que permite a criança chegar a níveis mais altos de pensamentos.
·       Ver a linguagem como ingrediente importante no aconselhamento social, já que a mesma proporciona elementos fundamentais para o pensamento.
·       A linguagem é essencial para aprender a pensar sobre o mundo.
·       Relaciona-se com atividades mentais superiores e tem importantes implicações na educação.
·       Seu foco é a criança ativa, criadora de objetivos, num contexto sócio histórico cultural.
·       Sua ênfase é como a interação social com os adultos pode realizar o potencial de aprendizagem da criança. Sendo assim, o conceito mais conhecido da teoria de Vygotsky para o desenvolvimento deste potencial ... (ver o livro Papalia, 2012)

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