domingo, 10 de março de 2019

O desenvolvimento Humano da Teoria de Jean Paiget

Estudo do desenvolvimento humano – área do conhecimento da Psicologia cujas proposições nucleares concentram-se no esforço de compreender o homem em todos os seus aspectos desde o nascimento até a maturidade.

Jean Paiget (1896-1980)

  •           Buscou compreender o desenvolvimento humano.
  •       Se destacou pela tentativa de integrar o materialismo mecanicista e o idealismo, marcados pelo antagonismo, o qual separa o físico e o psíquico.
  •        Seu modelo prima pelo rigor científico de produção, trazendo contribuições práticas importantes sobretudo no campo da educação.
  •        Busca compreender o sujeito cognitivo como elaborador de conhecimentos válidos.
  •       Teorias que antecedem a Visão Interacionista de Piaget:

o   Relação de interdependência entre o homem e o objeto do conhecimento.
o   Visão teórica interacionista se contrapondo a ideia de que duas ideias antagônicas e inconciliáveis como o Objetivismo(mecanicismo) e o Subjetivismo (Idealismo).

§  A Psicologia Objetivista privilegia o externo, no qual todo conhecimento vem da experiência.
§  A Psicologia Subjetivista, calcada no substrato psíquico, entende que todo conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo a importância do sujeito sobre o objeto.

A partir dessas teorias Piaget elabora o conceito de EPIGÊNESE argumentando que o “conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos, nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas.”(Piaget, 1976 apud Freitas 2000:64).

processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente.

Os conceitos acima, demonstram que há uma relação de interdependência entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.

Processo de Equilibração: a marcha do organismo em busca do pensamento lógico.

·       Preocupação da teoria de Piaget: desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem, desde o início de sua vida até a idade adulta.

·       Busca compreender os mecanismos de constituição do pensamento lógico.

·   Sustenta que a gênese do conhecimento está no próprio sujeito e que o pensamento lógico é constituído pela interação homem-objeto, logo, tanto a experiência sensorial quanto o raciocínio são resultantes do processo de constituição da inteligência ou do pensamento lógico do homem.

·    Está implícito no pensamento de Piaget, que o homem tem uma estrutura biológica que assegura desenvolver o mental, mas esse fato por si só, não assegura o desencadeamento de fatores necessários ao desenvolvimento, já que isso só acontece a partir da interação do sujeito com o objeto e o meio. 

      Logo o processamento do pensamento lógico de Piaget demanda um processo interno de reflexão.

·   Parte do pressuposto de que existe uma conjuntura de relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer, que estão relacionados aos seguintes fatores:

o   Processo de maturação do organismo
o   Experiência com os objetos
o   Vivência social
o   Equilibração do organismo ao meio.

EQUILIBRAÇÃO para PIAGET é um fenômeno que tem em sua essência, um caráter universal, já que é de igual ocorrência para todos os indivíduos da espécie humana, mas que pode sofrer variações em função dos conteúdos culturais do meio em que o indivíduo está inserido.

Para isso, Piaget leva em conta dois elementos básicos:

·       Os fatores Invariantes :
o    ao nascer o indivíduo recebe uma série de estruturas biológicas- sensórias e neurológicas,  que permanecem constantes ao longo da vida, e que vão pré-dispor o surgimento de certas estruturas mentais.
o   O indivíduo carrega duas marcas inatas:
§  Tendência a Organização
§  Tendência a Adaptação
·       Os fatores variantes:
o   São representados pelo conceito de ESQUEMA que constitui a unidade básica de pensamento e ação estrutural, sendo um elemento que se transforma no processo de interação com o meio.
o   Essa interação com o meio corresponde a adaptação do indivíduo ao real que o circunda.
o   Essa teoria psicogenética mostra que a inteligência não é herdade, mas sim que ela é construída no processo interativo entre o homem e o meio ambiente (físico e social) em que ele estiver inserido.

O EQUILÍBRIO para Piaget (EQUILIBRAÇÃO)

§  É o norte que o organismo almeja, mas que nunca alcança, em virtude dos desajustes que essa interação do sujeito com o meio pode ocasionar, demandando esforços para restabelecer o estado de equilíbrio do organismo.

§  Essa busca pelo equilíbrio envolve dois mecanismos distintos, mas que se complementam:

·       ASSIMILAÇÃO : (É DESEQUILÍBRIO)
o    Tentativa contínua do indivíduo em solucionar uma determinada situação a partir da estrutura cognitiva que ele possui naquele momento específico de sua existência.
o   Ao entrar em contato com o objeto do conhecimento o indivíduo busca retirar dele as informações que lhe interessam, deixando as que não são tão importantes, sempre visando restabelecer o equilíbrio.

·       ACOMODAÇÃO : (É ADAPTAÇÃO)
o    capacidade de modificação da estrutura mental antiga para dar conta de dominar um novo objeto do conhecimento.
o   Representa o momento da ação do objeto sobre o sujeito, como elemento complementar na interação homem-objeto.

§  Toda experiência é ASSIMILADA a uma estrutura de ideias já existentes (ESQUEMAS) podendo provocar uma transformação nesses esquemas, ou seja, gErando um processo de ACOMODAÇÃO.

§  Os processos de ASSIMILAÇÃO e  ACOMODAÇÃO são complementares, estão presentes em toda a vida e permitem um estado de  adaptação intelectual.

EQUILIBRAÇÃO para PIAGET corresponde a um mecanismo de organização de estruturas cognitivas em um sistema coerente que visa a levar o indivíduo a construção de uma forma de adaptação à realidade, no sentido de resolver os conflitos cognitivos.

O mundo da cognição é um mundo inferencial, ou seja, para avançar no desenvolvimento é preciso que o ambiente promova condições para transformações cognitivas, é necessário que se estabeleça um esforço cognitivo que demande um esforço do indivíduo para superá-lo a fim de que o equilíbrio do organismo seja restabelecido.

Para Piaget, os modos de relacionamento com a realidade são divididos em 4 períodos, chamados de estágios, que se caracterizam por formas diferentes de organização mental que possibilita diferentes maneiras do indivíduo se relacionar com a realidade que o rodeia:

·       1º período – sensório-motor ( 0 a 2 anos)

o   A criança nasce em um universo caótico, habitado por objetos que desapareceriam quando não estão no campo de sua percepção.
o   Suas funções mentais se resumem aos reflexos inatos.
o   Percebe o mundo a partir dos órgãos sensórias, mediante a percepção e os movimentos. (Ex: Sucção, movimento dos olhos, etc)
o   A criança vai aperfeiçoando os movimentos reflexos e adquirindo habilidades chegando a final do período sensório-motor já se concebendo dentro de um cosmo com objetos, tempo espaço, causalidade objetivados e solidários, na qual se situa a mesma, como um objeto específico.
o   A inteligência antecede à linguagem.

·       2º período – pré-operatório (2 a 7 anos)

o   Marca a passagem do período sensório-motor para o pré-operatório
o   Aparecimento da função simbólica ou semiótica – linguagem.
o   A linguagem surge após a inteligência, portanto, não se pode atribuir à linguagem a origem lógica, que constitui o núcleo do pensamento racional.
o   A linguagem é necessária, mas não é suficiente par o desenvolvimento humano.
o   Para desenvolver a linguagem, depende do desenvolvimento da inteligência.
o   A linguagem acarreta importantes modificações nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança.
o   A linguagem oferece a capacidade de trabalhar com representações para atribuir significados à realidade. Quanto mais houver interação maior será o desenvolvimento.
o   Criança se caracteriza pelo EGOCENTRISMO, pois só concebe a realidade da qual faz parte, porém, apresentar a capacidade de atuar de forma lógica e coerente em função dos esquemas sensórios-motores adquiridos na fase anterior.

·       3º período – operatório-concreto ( 7 a 11 ou 12 anos)

 o   O egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista do outro) da fase anterior, dá lugar à necessidade de estabelecer relações e coordenar pontos de vist diferentes dele mesmo ou de outras pessoas, integrando-os de modo lógico e coerente.
o   Aparece a capacidade de interiorização das ações, ou seja, começa a realizar operações mentalmente, e não mais através de ações físicas da inteligência sensório-motor.
o   Seus esquemas conceituais e as ações executadas mentalmente se referem, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta.

·       4º período – Operações formais ( 12 anos em diante)

o   Consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que já é capaz de elaborar esquemas conceituais abstratos e através deles realizar operações mentais, dentro dos princípios da lógica formal.
o   Adquire a capacidade de criticar sistemas socias e propor novos códigos de conduta.
o   Discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios valores-autonomia.
o   O indivíduo atinge sua forma final de equilíbrio, ele alcançará o padrão intelectual que seguirá por toda a vida. Será sua forma predominante de raciocinar. O desenvolvimento posterior será a ampliação de conhecimentos. Não adquire mais, novos modos de funcionamento mental, o que é questionável por atuais pesquisadores.

Para Piaget o desenvolvimento moral também acontece em etapas, de acordo com os estágios do desenvolvimento humano.” A moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o individuo adquire por estas regras.”

Para Piaget o desenvolvimento da moral abrange 3 fases:

·       ANOMIA (crianças até 5 anos) – a moral não se coloca, ou seja, as regras são seguidas, porém, o indivíduo ainda não está mobilizado para a relação bem-mal, mas pelo hábito, de dever.

·       HETERONOMIA (crianças de 9 e 10 anos de idade) – a moral é tida como autoridade, ou seja, regras não correspondem a um acordo mútuo firmado entre as partes, mas algo imposto pela tradição, e portanto, imutável.

·       AUTONOMIA (de 11 anos em diante) – último estágio em que há a legitimidade das regras e a criança pensa a moral pela reciprocidade. Respeita as regras em função de acordos mútuos.
Para Piaget, a moral implica pensar o raciocínio em 3 dimensões:
  •        REGRAS  - formulações verbais concretas, explícitas.
  •       PRINCÍPIOS – representam o espírito das regras
  •       VALORES – dão respostas aos deveres e aos sentidos da vida.
As relações interindividuais, envolvem relações de coação, que corresponde à noção de dever, e noções de cooperação que pressupõe a noção de articulação ocorridas na relação.

      Contribuições da Teoria psicogenética do Desenvolvimento de Piaget para a Educação:
  •    Possibilidade de estabelecer objetivos educacionais, a partir dos parâmetros dos estágios definidos.
  •        Os erros passar a ser vistos como estratégias de aprendizagem.
  •        Lança a luz à questão dos diferentes estilos individuais de aprendizagem.



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