terça-feira, 14 de julho de 2020

Deméter, Perséfone e Hades - Aula 7 - Mitologia Grega e Psicologia Analítica

DEMÉTER- NUTRIDORA E MÃE



  • Deméter em grego Deméter é a deusa e mãe da terra cultivada, arada, dedicada àqueles que ama; deusa pacificadora.
  • Habilidade de ser maternal e nutridora de outros/ generosidade.

Esse padrão arquetípico é bastante marcado e valorizado pela sociedade: a mãe como algo maravilhoso, tudo de bom, a melhor coisa da vida, mãe é uma só... Mãe é tudo isso, mas é muito além disso também. Essa ideia de mãe traz uma visão bem unilateral a respeito de mãe.

A primeira imagem mostra a relação de Deméter com a filha amada, Perséfone. É a filha que ela ama, que é devotada e vive uma relação bastante simbiotizada, de profunda dependência dessa filha. Como se ela sem a filha não tivesse função.

É uma pessoa que acolhe, jeito maternal de ser, chama as pessoas para estarem perto, e isso tudo é muito bom, agrega pessoas, e as vezes acaba sendo a mãezona do ambiente, devido seu jeito maternal de ser.  A mãe aí não é necessariamente aquela que vai trazer a regra e o limite.

Nem todas as mulheres têm esse perfil, jeito Deméter de ser, jeito maternal, facilidade de ser mãe. Portanto, nem toda mulher vai ser uma boa  mãe, assim como, nem todo homem vai ter perfil para ser pai.

A IDENTIFICAÇÃO  inconsciente com esse padrão pode trazer uma série de prejuízos na personalidade da pessoa que está sendo regida por esse padrão arquetípico.

A deusa Demétria aponta para apenas um seio, é o seio que nutre, de mãe; A vida afetiva, da mulher que tem esse jeito de ser pode ser afetada do ponto de vista da sexualidade. O sexo passa a ser secundário, após o nascimento dos filhos, pode haver um esfriamento entre a esposa e marido, o que leva muitos casamentos a acabarem. Os filhos acabam ganhando um papel principal na relação e o conjugue vai ficando pra depois. cria-se aí uma relação de dependência, que acaba aprisionando e não permite que os filhos ganhem independência. São padrões inconscientes que vão limitando a personalidade do indivíduo, relação de dependência entre mãe e filhos. Só se realiza quando está com os filhos. Deméter apresenta dificuldade de lidar com as questões da sexualidade. 

PERSÉFONE

  • Jovem, rainha do mundo inferior.
  • Perséfone/Coré é a deusa das ervas, flores, frutos e perfumes. Transformação, deusa da fecundidade.
  • Filha de Deméter e esposa de Hades.

Coré significa "a jovem", a representação de uma jovem imatura, inexperiente que está começando sua vida. Surge Hades o deus do mundo inferior a rapta possibilita compreender a dinâmica da maturidade emocional.

Hades deus do mundo inferior, figura que pode ter um aspecto mais sombrio, que se deseja ter um distanciamento, ao contrario de Coré, que é a filha querida de Deméter. Deméter fica sabendo que Hades raptou sua filha amada, e pede a Zeus a intervenção no caso. 

Deméter encontra a filha, e comeu a romã, do Hades, passando a pertencer ao mundo dos mortos, embaixo do domínio de Hades. Como Deméter é a deusa da terra e dos frutos, ela disse que nada mais seria fecundado, se a filha ficasse com Hades. Com isso, foi feito um acordo entre ambos, em que parte do ano passaria com a mãe, e a outra parte com Hades, dividindo as estações do ano.

Pode-se pensar que esse padrão de mudanças de estações, as pessoas também apresentam alterações de humor,  dos estados emocionais, da tristeza e da alegria. Há épocas em que queremos estar mais distantes, reflexivos, e em outros momentos, buscar as pessoas, os relacionamento.

Coré para se tornar a mulher Perséfone precisou cair nas profundezas, o que demonstra a mudança de coré (jovem) em Perséfone (mulher) deixando de ser a filhinha da mamãe. ganhou  a possibilidade de ser mulher na sua totalidade. Algumas pessoas precisam passar por algumas dificuldades para se desenvolver na vida.

Esse padrão mitológico arquetípico de ser, traz uma inclinação para ser uma filha que precisa da mãe, ou para ser uma mulher que vai encarar na relação um jeito mais dependente, uma forma de se apoiar para poder ser alguém, o que é complicado em termo de desenvolvimento. Sempre vai precisar de alguém para estar ali ao seu lado, ou porque se sente insegura ou incapaz. Na análise aprende a ganhar recursos para desenvolver essa autonomia, inspirando a pessoa para a jornada de individuação.

HADES
  • Hades do grego Hádes deus cruel, terrível, violento e também interpretado como o invisível, tenebroso.
  • Riqueza das profundezas, justo, deus da morte.
O jeito de ser de Hades nos traz a vontade de se afastar dele, por ter um jeito tenebroso, sombrio. Porém, o deus do mundo inferior traz algo importante a nos ensinar e inspirar: precisamos prestar a tenção em nosso lado mais feio de ser, tornando consciente o lado sombrio que trazemos em nossa vida. O Hades nos inspira a olhar para esse lado mais sombrio que todos nós temos. É um jeito mais introspectivo, mais calado, que desperta desconfiança, distanciamento.

É a partir desse olhar para o lado obscuro, tornamos consciente aquilo que pode ser transformado. O mito oportuniza enxergar a totalidade do que se tem no presente e do que pode se tornar. 

Isolamento social, distanciamento das pessoas, evitar relacionamentos pode ser uma porta de entrada para a depressão, a pessoa fica em desânimo, vai se fechando no próprio mundo, como Hades vive no mundo inferior, passando a ter muitas restrições sociais e desenvolvimentos da personalidade.

Hades vai inspirar o Héracles nos 12 trabalhos. Em um desses trabalhos o Héracles recebe a ordem para trazer para superfície o cão sérbero, do Hades. Ele vai até o mundo inferior,  de forma respeitosa pede para levar o cão para a superfície e o Hades permite, porém sem machucar o cão, lá pra superfície.

Isso mostra como é importante descermos ao inconsciente e compreender que é dele que teremos oportunidade de contatar a matéria prima que seremos no futuro, a partir de conscientização daquilo que ainda é inconsciente.

REFERÊNCIAS
Curso extracurricular de Mitologia e Psicologia Analítica
Instituto Freedom
Aula 7 - Deméter, Perséfone e Hades
Prof. Rangel Fabrete


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