domingo, 30 de agosto de 2020

Recortes de um artigo sobre Histeria: José Antonio Pereira da Silva – 2021.

O Artigo: BELINTANI, Giovani. Histeria. PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora, Vol. 4, nº.2, 2003, pp. 56-69. Em: Acesso: 30/08/2021

Introdução 

A histeria vem sendo objeto de estudo desde os primórdios da medicina, na Grécia Antiga com Hipócrates. O diagnóstico para a pessoa histérica era conhecido como neurose histérica ou histeria de conversão. Hoje o diagnóstico é nomeado como transtorno dissociativo ou conversivo
As pessoas que manifestavam tais sintomas e comportamentos, expostos no decorrer do presente artigo, foram alvo de estudo não somente de médicos, mas de neurologistas, psiquiatras e até de padres e bispos da época.

 Foi por meio dos atendimentos às histéricas, que Sigmund Freud, no final do século XIX, descobriu o inconsciente, elaborando um método de tratamento, a Psicanálise. E desde a época de Freud que esse tratamento vem sendo utilizado em pacientes com o referido diagnóstico. 

Objetivo 

CONCEPÇÕES HISTÓRICAS DA HISTERIA 

O termo histeria é derivado da palavra grega hystera e significa matriz. De acordo com Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, matriz é o "lugar onde algo se gera ou cria; órgão das fêmeas dos mamíferos onde se gera o feto; útero" (1988, p. 422). 

Hipócrates, médico renomado da Grécia Antiga (460-377 a.C) entendia a histeria como sendo uma doença orgânica de origem uterina e, portanto, especificamente feminina que afetava todo o corpo por sufocações da matriz. Ele supunha que a histeria se desenvolvia pela privação de relações sexuais, dessecando o útero, que perderia peso e se deslocaria pelo corpo em busca da umidade necessária. A paciente teria sua respiração afetada, desenvolvendo convulsões se o útero subisse até o hipocôndrio e estacionasse nesse órgão. Caso o útero prosseguisse sua subida e atingisse o coração, a paciente emitiria sinais de ansiedade, opressão e vômitos. 

Na Idade Média, "período histórico compreendido entre o começo do séc. V e meados do séc. XV" (Ferreira, 1988, p. 348-349), a histeria deixou de ser abordada pela medicina e, sob a influência das idéias religiosas mais especificamente as concepções agostinianas, passou a ser objeto da Teologia. De acordo com as concepções religiosas da época: "O homem, dotado de uma alma imortal, seria sujeito a tentação pelo não cumprimento de seus deveres religiosos ou por não conduzir a sua vida dentro do espírito cristão" (Ramadam, 1985, p. 55). Elisabeth Roudinesco e Michel Plon afirmam que "as convulsões e as famosas sufocações da matriz eram consideradas a expressão de um prazer sexual e, por conseguinte, de um pecado" (1998, p. 338). A mulher era vista como sendo possuída por um demônio, que a fazia agir involuntariamente, simulando doenças

A Igreja Católica Romana, por meio da Inquisição, investigava e reconhecia os casos de bruxaria e mandava para a fogueira todos aqueles que se comportavam histericamente. Durante mais de dois séculos, a caça às bruxas fez muitas vítimas, mesmo a opinião médica se opondo contra essa concepção demoníaca da possessão. 

Ramadam considera que no período clássico (século XVII até parte do século XVIII), a histeria era entendida como desenvolvida pelo efeito de "um calor interno que propagaria através de todo o corpo uma efervescência, uma ebulição, manifestando-se sem cessar em convulsões e espasmos" (1985, p. 56). Esse calor seria representante da paixão, entusiasmo ou ardor amoroso. Sob essa perspectiva, a histeria é associada a moças que procuram namorados, jovens viúvas ou separadas. 

Em meados do século XVIII com as colaborações de Franz Anton Mesmer, as concepções demoníacas da histeria cederam às concepções científicas da mesma. A histeria deixa de ser objeto de investigação da Igreja para ser uma doença dos nervos, cabendo à medicina estudá-la e tratá-la. 

Mesmer sustentou que as doenças nervosas tinham como origem um desequilíbrio na destribuição de um fluído universal. Assim, bastava que o médico, transformado em magnetizador, provocasse crises nos pacientes, em geral mulheres, para curá-los mediante o restabelecimento do equilíbrio do fluído. (Roudinesco & Plon, 1998, p. 338) Em 1843, na Inglaterra, o médico escocês James Braid substituiu a teoria do fluído da histeria pela ideia de estimulação físico-químico-psicológica da histeria, mostrando a inutilidade das intervenções do tipo magnética. Braid evidencia a palavra hipnotismo nos seus estudos científicos. 

Ainda na segunda metade do século XVIII, com os estudos e pesquisas do neurologista francês Jean-Martin Charcot, a histeria é tratada como uma neurose. A moderna noção de uma neurose histérica subentendia uma causa traumática de ordem genital tornando-se uma doença funcional, de origem hereditária, afetando tanto os homens quanto as mulheres. Charcot utilizava a hipnose para demonstrar o fundamento de suas hipóteses. Ele hipnotizava as loucas do hospital parisiense Salpêtrière, fabricando sintomas histéricos para suprimi-los de imediato, comprovando o caráter neurótico da doença. 

Sigmund Freud, médico austríaco, entre 1888 a 1893, usufruindo dos achados de Charcot sobre os aspectos traumáticos da histeria, afirma com sua Teoria da Sedução que o trauma vivido pelo paciente histérico era de origem sexual, sublinhando que a histeria era fruto de um abuso sexual realmente vivido pelo sujeito na infância (sedução real). 

Num segundo momento, apresentando a noção de fantasia, renuncia à teoria da sedução, introduzindo as idéias de um trauma, não de ordem física, mas sim de ordem psíquica. Na Comunicação Preliminar dos Estudos sobre a histeria, Freud nos alerta para o fato de que a conexão entre o acontecimento precipitante e o desenvolvimento da histeria freqüentemente é bem clara. E completa que "em outros casos, a conexão causal não é tão simples. Consiste somente no que poderia ser denominado uma relação simbólica entre a causa precipitante e o fenômeno patológico - uma relação tal como as pessoas saudáveis forma os sonhos" (Freud, 1895/1974, p. 45). 

Roudinesco e Plon (1998, p. 340) escrevem que foi nos Estudos sobre a histeria, que Freud propôs "os grandes conceitos de uma nova apreensão do inconsciente: o recalcamento, a ab-reação, a defesa, a resistência e, por fim, a conversão". Citam também que com a publicação, em 1900, de A Interpretação dos Sonhos, "o conflito psíquico inconsciente é que foi reconhecido por Freud como a principal causa da histeria" (Roudinesco & Plon, 1998, p. 340). E continuam enfatizando os achados de Freud, que "ao lado da realidade material, existia uma realidade psíquica do sujeito", que era de igual importância na história do seu desenvolvimento. E afirmam que "em seguida, a teorização da sexualidade infantil permitiu a Freud identificar o conflito nuclear da neurose histérica, desenvolvendo os conceitos de Complexo de Édipo e Angústia de Castração" (Roudinesco & Plon, 1998, p. 340). 

As epidemias histéricas do fim do século XIX contribuíram de tal maneira para o nascimento e difusão do freudismo que a própria noção de histeria desapareceu do campo da clínica. A partir de 1914, ninguém mais ousou falar em histeria, a tal ponto que a palavra foi identificada com a própria psicanálise.

 O debate sobre histeria ressurge com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando as discussões geravam em torno de uma nova forma de etiologia traumática e da neurose de guerra. Por fim, depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com o desenvolvimento dos trabalhos da medicina psicossomática de inspiração psicanalítica, o termo histeria de conversão teve uma atenção especial. 

A partir da década de 1960, com os debates norte-americanos e ingleses sobre a Self Psychology e os borderlines, a ideia de personalidade múltipla, termo utilizado para caracterizar a personalidade do indivíduo histérico, é alvo de estudos de médicos, psiquiatras e psicanalistas.” 

Segue o que BELINTANI (2003) constrói em outro momento do texto: ESTUDOS SOBRE A HISTERIA (Freud, 1895) “Freud, em 1895, publica seus Estudos sobre a histeria em que apresenta seus achados e conclusões a respeito da histeria. Essa obra é composta pelo relato de cinco casos clínicos, sendo que quatro deles foram atendidos pelo próprio Freud. 

As pacientes de Freud foram Frau Emmy von N., Miss Lucy R., Katharina e Fraülein Elisabeth von R. O caso Anna O. é o primeiro caso clínico citado na obra. Ela foi atendida por Josef Breuer, médico austríaco, que teve com Freud uma relação bastante significativa, tanto afetiva quanto profissional. 

Freud (1895/1974), nessa obra enfatiza a importância que suas pacientes tiveram para a construção da teoria e técnica psicanalítica. As histéricas ensinaram a Freud alguns dos principais rudimentos da Psicanálise. 

Emmy von N., por exemplo, se aborrecia quando Freud a questionava de onde veio isto ou aquilo e pedia para ele que a deixasse falar o que ela tinha a dizer. Assim, ouvir para Freud, "tornou-se mais do que uma arte, tornou-se um método, uma via privilegiada para o conhecimento, à qual os pacientes lhe davam acesso" (Gay, 1989, p. 80). 

A escuta do terapeuta e a fala do paciente foram ganhando reconhecimento de tal forma que a hipnose, como técnica terapêutica, foi perdendo seu valor, sua importância. Com a ajuda de Emmy von N., reconhece a hipnose como sendo um procedimento inútil e sem sentido. Ao abandonar gradualmente a hipnose, Freud adota um novo modelo de tratamento: a técnica da associação livre. 

Elisabeth von R. mostrou-lhe a resistência, quando se negava a responder o que estava se passando pela sua mente nos momentos em que ele a interrogava. Ela foi a paciente responsável pela descoberta da necessidade de se elaborar os traumas recalcados com a ajuda da interpretação de Freud. Os sintomas de Elisabeth von R. começaram entrar na conversa, também: desencadeavam-se no momento em que ela falava da erupção deles, e amainavam quando terminava de contar toda a sua história. Mas Freud também precisava aprender a lição mais difícil de que a cura não era uma explosão melodramática de percepções. Apenas o relato raramente bastava; os traumas tinham de ser elaborados. O ingrediente final na recuperação de Elisabeth von R. foi a interpretação dos indícios que Freud lhe apresentou e à qual ela resistiu veementemente por algum tempo: ela amava seu cunhado, e havia reprimido desejos perversos pela morte de sua irmã. O fato de aceitar esse desejo imoral pôs termo a seus sofrimentos. 

"Na primavera de 1894", contou Freud, "soube que ela ia a um baile exclusivo, ao qual tratei de conseguir acesso, e não deixei escapar a oportunidade de ver minha ex-paciente a voar numa dança ligeira" (Gay, 1989, p. 81-82). Enfim, Freud deve muito, não somente a Elisabeth von R. e a Emmy von N., mas também a Miss Lucy R. e a Katharina por elas terem contribuído tão ativamente na elaboração da técnica e teoria psicanalítica: observação atenta, passividade alerta o que Freud chamaria de atenção flutuante interpretação hábil, associação livre sem o recurso da hipnose e elaboração. 

Rothged, em referência aos Estudos sobre a histeria, afirma que "Freud originou os desenvolvimentos técnicos, juntamente com os conceitos teóricos primordiais de resistência, defesa e recalcamento provenientes daqueles" (2001, p. 119). Em seu artigo E o verbo se fez carne, Maria José Ceranto Garcia enfatiza que "o esclarecimento da etiologia da histeria se dá paralelo ao desenvolvimento da psicanálise" (2000, p. 30). 

O CASO ANNA O. 
Josef Breuer atendeu por um ano e meio, com início em dezembro de 1880, Anna O. (pseudônimo de Bertha Pappenheim). Caso este que seria reconhecido como o "caso fundador da psicanálise" (Gay, 1989, p. 74). Anna O., durante o seu tratamento, foi dando importantes contribuições para a formação da teoria psicanalítica. Ela realizou sozinha grande parte do trabalho de imaginação, ensinando Freud sobre a importância da escuta do analista. Anna O. adoeceu quando tinha 21 anos. Apresentava uma tendência para ficar em um devaneio sistemático, seu teatro particular como ela mesma definia. Tinha uma vida bastante monótona, totalmente restrita à família e, como relembrou Freud sobre o julgamento de Breuer a ela, "assombrosamente pouco desenvolvida em termos sexuais" (Gay, 1989, p. 75). A doença fatal do pai é entendida como sendo o acontecimento que precipitou sua histeria. Ela desenvolveu sintomas crescentes de incapacidade, durante os meses que cuidou do pai: fraqueza por não ter apetite, uma série de tosse nervosa e, após seis meses, foi atingida por um estrabismo convergente. Também apresentava dores de cabeça, acessos de agitação, perturbações da vista, paralisias parciais e perda de sensibilidade. Sua sintomatologia foi se modificando com o tempo, chegando a representar lapsos mentais, longos intervalos de sonolência, rápidas alterações de ânimo, alucinações com cobras cegas, caveiras e esqueletos, crescentes dificuldades de fala. Desenvolveu duas personalidades contrastantes, uma delas bastante rebelde. Ela era visitada por Breuer todos os dias. Durante suas consultas ela contava muitas histórias a ele, descobrindo juntos que seus sintomas se amenizavam devido essa liberdade para falar. Procedimento este que ficou conhecido como a cura pela fala, como função o processo de catarse. Anna O. teve seu momento de cura pela fala quando, passando por um período de hidrofobia, ela se recorda que havia visto sua dama de companhia inglesa de quem não gostava, deixar que um cãozinho bebesse de um copo. Quando o nojo reprimido veio a tona, a hidrofobia desapareceu. Dessa forma, todos os sintomas, as contrações paralisantes, as várias alucinações, etc., foram expulsos pela fala. Seus sintomas revelaram ser resíduos de sentimentos e impulsos que ela se sentira obrigada a reprimir. Anna O. se tornou uma pioneira ativista social, líder de causas feministas e de organizações de mulheres judias. Mas Breuer omitiu a verdadeira causa que o fez interromper o tratamento com Anna O. Ele terminou a exposição do caso, apresentando a paciente como liberta de seus sintomas e afirmando que o término do tratamento ocorreu devido ao desejo de Anna O. de encerrá-lo por motivos de mudança. Não é o que afirma Luiz Alfredo Garcia-Rosa quando escreve que "o que motivou o término do tratamento foi um fenômeno que, apesar de ser hoje em dia bastante conhecido, impossibilitou Breuer de continuar a relação terapêutica com Anna O.: o fenômeno da transferência e da contratransferência (1999, p. 39).

Para Breuer, o fato de ele falar de sua paciente com uma freqüência acima do comum, não lhe parecia indício de nenhum envolvimento emocional. A mulher do médico se tornou triste e ciumenta por escutá-lo e percebê-lo empolgado com sua paciente. Breuer, porém, percebendo o que estava se passando, perturbou-se e resolveu encerrar o tratamento. Anna O., sabendo de sua decisão, desenvolve uma de suas piores crises. A paciente apresentava contrações abdominais de uma crise de parto histérica. Breuer foi chamado para consultá-la e quando ela o viu disse que seu filho estava chegando. Breuer atendeu Anna O. e a hipnotizou livrando-a da crise. No outro dia, Breuer viaja com sua esposa de férias para Veneza. Dessa forma, Freud conclui que a excitação emocional que se encontrava por trás dos sintomas neuróticos era de natureza sexual e conflitiva. No decorrer de suas pesquisas, Freud vai dando uma importância cada vez maior a sexualidade, tanto para a compreensão da neurose como para a compreensão do indivíduo normal. Ele escreve, em seu trabalho Um caso de histeria: “Se é verdade que as causas das perturbações histéricas devem ser encontradas nas intimidades da vida psicossexual dos pacientes, e que os sintomas histéricos são a expressão de seus desejos mais secretos e reprimidos, então a elucidação completa de um caso de histeria implica certamente a revelação dessas intimidades e a divulgação desses segredos. (Freud, 1972, pp. 5-6)” 

Referências (utilizadas por Belintani, 2003) Araújo, M. I. (2000, Junho). Do amor e outros demônios. paroxismo, exorcismo e desamparo no romance de Gabriel García Márquez. Pulsional: Revista de Psicanálise, 13 (134), 5-15. [ Links ] CID-10. (1993). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre, RS: Artes Médicas. [ Links ] Estevam, C. (1995). Freud. (2a ed.). Rio de Janeiro: Paz e Terra. [ Links ] Ferreira, A. B. H. (1988) Novo dicionário básico da Língua Portuguesa Folha/Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. [ Links ] Freud, S. (1974). Estudos sobre a histeria (Edição Standard Brasileira da Obras Completas e de Sigmund Freud, Vol. 2). Rio de Janeiro: Imago. [ Links ] Freud, S. (1972). Um caso de histeria. (Edição Standard Brasileira da Obras Completas e de Sigmund Freud, Vol. 7). Rio de Janeiro: Imago. [ Links ] Garcia, M. J. C. (Junho, 2000). E o verbo se fez carne (pp. 29-33). Trabalho apresentado à XI Jornada do Centro de Trabalho em Psicanálise. Curitiba, PR. [ Links ] Garcia-Rosa, L. A. (1999). Freud e o inconsciente (16a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar. [ Links ] Gay, P. (1989). Freud: uma vida para o nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras. [ Links ] Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa. (1994). São Paulo: Nova Cultural. [ Links ] Kaplan, H. I., Sadock, B. J., & Grebb, J. A. (1997). Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. (7a ed.). Porto Alegre, RS: Artes Médicas. [ Links ] Laplanche, J., & Pontalis, J. B. (1992). Vocabulário de psicanálise. São Paulo: Martins Fontes. [ Links ] Mansur, A., & Vicária, L. (2003, 28 Abril). O exorcismo é a atração da noite. Época, São Paulo, (258), 68-74. [ Links ] Márquez, G. G. (1994). Do amor e outros demônios. (2a ed.) Rio de Janeiro: Record. [ Links ] Moore, B. E., & Fine, B. D. (1992). Termos e conceitos psicanalíticos. Porto Alegre, RS: Artes Médicas. [ Links ] Ramadam, Z. B. A. (1985). A histeria. São Paulo: Ática. [ Links ] Roudinesco, E., & Plon, M. (1998). Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. [ Links ] Rothgeb, C. L. (2001). Sigmund Freud: chaves-resumo das obras completas (Guia de Consulta Rápida dos 23 Volumes da Edição Standard). São Paulo: Atheneu, 2001. [ Links ]


A sexualidade também tem história - comportamentos e atitudes sexuais através dos tempos - Estudo do Artigo

  • Cada cultura e momento histórico viam e viviam sua sexualidade diferentemente. Pensamento, atitude ou comportamento hoje, reprováveis,  talvez tenha sido normal ou natural em alguns períodos.
  • O pensamento sexual ocidental é fruto, em grande parte, das concepções e valores do século XIX.
  • A relação sexo - humanidade sempre foi extremamente complexa, pois envolveu (e envolve) questões sociais, culturais, religiosas e psicológicas, construídas historicamente, determinadas diferentemente em cada povo e época, por essa razão a sexualidade tem natureza subjetiva.
DISTINÇÃO ENTRE SEXO E SEXUALIDADE

"A sexualidade, no nosso entender, é um conjunto de fatos, sentimentos e percepções vinculados ao sexo ou à vida sexual." (RIBEIRO). Envolve:
  • manifestação do impulso sexual
  • o desejo, 
  • a busca do objeto sexual,
  • a representação do desejo
  • a elaboração mental para realizar o desejo
  • influência da cultura, da sociedade e da família
  • a moral
  • os valores
  • a religião
  • a sublimação
  • a repressão.
Objetivo primordial da sexualidade: a perpetuação da espécie (impulso biológico)
O homem encontrou na sexualidade uma forma de dar e receber prazer, utilizando-a para outros fins, o que ocorre através do sistema nervoso central, cujo estímulos são os sentimentos e as fantasias sexuais.

O Conceito de sexualidade foi criado no século XIX e está voltado para o saber sexual, decorrente da incitação à manifestação sexual verbal e escrita, para o fazer, ou seja, para as práticas e atitudes sexuais no cotidiano do indivíduo e dos grupos. Trata-se de uma construção cultural.

"O sexo é um conjunto de práticas, atitudes e comportamentos vinculados ao ato sexual, resultante das concepções existentes sobre ele." (RIBEIRO). 

sexo biológico determina o macho e a fêmea de uma espécie, a partir de um conjunto de características hereditárias, físicas e biológicas que nasce com cada um.

ATITUDES E COMPORTAMENTOS SEXUAIS NA ANTIGUIDADE 

CULTURAS DA ANTIGUIDADE ( BABILÔNIA, EGITO, CALDEUS, ASSÍRIOS, GRÉCIA, ROMA)

Observa-se que, em matéria de atitudes e comportamentos sexuais, não há uma moralidade homogênea e aplicada, sem diferenças, em todas as culturas. 

A MULHER ...
  • ... era colocada em condição de inferioridade em relação ao homem.
  • ...  só podiam realizar tarefas específicas ditas para mulheres: cozinheiras, tecelãs, babás, sacerdotisas, adivinhas, dentre outras.
  • ... não podiam tomar a iniciativa de se divorciar, mas podiam perder seus maridos caso fossem estéreis.(Babilônia)
  • ... infidelidade levava à pena de morte. 
  • ... costume de oferecer as mulheres da casa para os hóspedes.
O HOMEM
  • ... Tinha prerrogativa do divórcio.
  • .... podiam ter concubinas
  • ... sacerdotes e devotos buscavam as sacerdotisas nos tempos para o sexo.
NO EGITO - MAIOR LIBERDADE PARA AS MULHERES
  • Virgindade não tinha importância, não sendo motivo de desonra se a mulher tivesse relações sexuais antes do casamento. 
  • Haviam contrato temporário de casamento, que poderia acabar ou se tornar permanente.
  • Fidelidade era uma base para o casamento.
  • Adultério era falta grave
  • No divórcio a mulher podia receber uma pensão para sua subsistência;
  • A mulher podia ocupar  ocupar funções importantes, como médicas, escribas, administradoras de províncias, empresárias, proprietárias, e até ser faraó.
ATENAS - GRÉCIA - PERÍODO CLÁSSICO
  • As mulheres eram submissas aos seus maridos, não podiam sair sozinhas e tem um espaço na casa destinado a elas, o gineceu. 
  • Tem papel social definido – ser filha e mãe.
  • Tem na casa e na família o seu mundo e a 'razão de sua existência.
  • As mulheres precisavam casar virgem.
  • Sexo era para procriar.
  • Não era comum atração sexual entre marido e mulher.
  • Homens em torno de 30 e mulheres em torno dos 16 já casavam.
  • Divórcio era concedido em caso de adultério, desvirilidade ou vítima de violência por aprte do marido.
  • Mulheres usavam túnicas  longas
ESPARTA  - GRÉCIA - PERÍODO CLÁSSICO
  • A autonomia da mulher era maior
  • As meninas e os meninos espartanos eram educados juntos e os exercícios físicos realizados conjuntamente.
  • maior liberdade
  • Escolas especiais destinadas à sua educação.
  • Haviam mulheres mais independentes, educadas, possuidoras de boas maneiras, com conhecimento de instrumentos musicais e dança.
  • participavam de debates filosóficos, também eram competentes em discussões e de extrema beleza. 
  • usavam saias curtas, que deixavam as pernas à mostra.
  • as restrições sexuais visavam não à mulher em si, mas àquela que seria a esposa do cidadão, já que muitas delas ocupavam um status diferenciado.

ROMA - ITÁLIA
  •  a mulher ocupa importante papel social, vai ao teatro, às festas, faz compras, participa de reuniões políticas, embora se submeta à autoridade masculina
  • se casava jovem - a partir dos 12 anos de idade com homens bem mais velho.
  • tinha a prerrogativa do divórcio.
  •  o homem deveria ter livre iniciativa, liderança, voz de comando e que fosse sempre dominador e ativo. 
  • Sexualmente o homem deveria ser sempre ativo(penetrar) e escravos e mulheres passivos.(ser penetrado). 
  • Socialmente o homem não poderia ser passivo (ser penetrado) por uma questão hierárquica. Não se condenava a Hemofilia, mas sim, a quebra da hierarquia social.
  • O sexo oral era atividade indigna para um homem
O SEXO NA IDADE MÉDIA
  •  misturavam os costumes romanos, bárbaros e cristãos
  •  apegados aos valores pagãos dos antepassados (Igreja Católica)
  • o sexo era prática corrente nos ritos e festas que ocorriam na- época da colheita e do plantio (Bárbaros)
As pessoas andavam nuas, homens e mulheres tornavam banhos juntos e, nos quadros, até os santos eram representados nus. Era comum que amas masturbassem as crianças para que ficassem calmas. Até a obrigatoriedade do celibato para os religiosos não existia. No século XI, padres tinham vida sexual ativa. (USSEL, 1980).

AÇÃO DA IGREJA EM RELAÇÃO A SEXUALIDADE

Três santos – São Paulo, Santo Aqostinho e São Tomás de Aquino – fundamentavam a doutrina da Igreja. Dentre outras imposições, determinava que:
  •  o sexo só deveria acontecer dentro do casamento e com o único objetivo de procriação. 
  • Não poderia haver demonstração de paixão entre os cônjuges.
  •  os pecados contra o corpo: 6 prostituição, adultério, homossexualidade, auto-erotismo.
  • Determinavam os dias que se podiam ter relações sexuais
  •  A culpa é instalada no imaginário popular, assim como o medo do Inferno.
SÉCULO XVI / XVIII  - AVENTO DO PURITANISMO
  • houve mudanças no caráter, na moral e nos valores do homem europeu.
  • o homem tornou-se mais contido, regrado e controlado.
  • desvalorizou o corpo e a sensibilidade para alcançar a plenitude moral.
  • surge a ideologia médico-social de controle, normatização e classificação de atos, atitudes e comportamentos sexuais.
  •  a ética moral da constância de caráter, da introspecção e da formulação de um rígido padrão de comportamento. 
  • O capitalismo transformou a vida e a sociedade, introduziu um modo de vida fundamentado na produção, exploração do homem, venda da força do trabalho, acúmulo de bens. Enfim... o ter submeteu o ser.
  •  O sexo passou a ser controlado, submetido a regras e normas e, para tal, era necessário uma sustentação científica para justificar essas concepções. 
O MUNDO OCIDENTAL - SÉC XIX
  • preparados para receber, sem contestação uma nova moral sexual, diferente de todas as tendências morais já vistas na História.
  • Era uma ideologia sexual repressora, que nortearia o comportamento e as atitudes sexuais dos indivíduos a partir do século XIX, com reflexos importantes até os dias de hoje.
  • O século XIX tornou-se o palco ideal para a repressão sexual, baseada em padrões e normas negativistas. e restritivas, que sustentavam o controle sexual pregado pela moral médica: Católicos, protestantes, médicos, educadores, todos se aliavam para normatizar as atitudes e comportamentos sexuais através de postulados pseudocientíficos. Como analisa Loyola (1999, p. 32-33).
SÉCULO XX e início do século XXI:
  • o modo de vida consumista e individualista de uma sociedade capitalista e globalizada, nos lega uma concepção de sexualidade ainda limitada, normatizada e geradora de culpa, angústia e ansiedade. 
  • Há ainda, uma moral anti-sexual rígida, austera, contida que influenciou profundamente as atitudes em relação à sexualidade, no qual se incluir a questão da orientação sexual.

REFERÊNCIAS

A SEXUALIDADE TAMBÉM TEM HISTÓRIA: COMPORTAMENTOS E ATITUDES SEXUAIS ATRAVÉS DOS TEMPOS 
Paulo Rennes Marçal Ribeiro

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A Psicologia Social Comunitária - Estudo da Introdução


Trata da comunidade, bairro ou local onde se vive como um lugar PSICOSSOCIAL.
  • Década de 60 - Começam a realizar no Brasil, trabalhos em comunidades de baixa renda, afim de deselitizar a profissão e buscar melhorias das condições de vida da população trabalhadora.
  • A comunidade se constitui o espaço teórico e prático da Psicologia Comunitária.
  • Bairros populares, favelas, associações de bairro deram início a experiências da Psicologia Comunitária.
  • Com a ampliação dos sistemas de saúde e educação pública no país, aumentou também psicólogos trabalhando em postos de saúde, creches, instituições de bem-estar social, no sistema judiciário voltados para o cuidado de famílias e menores.
Papel da Psicologia Social Comunitária
  • Desenvolver os instrumentais de análise e intervenção relevantes, para as novas problemáticas que se apresentam aos psicólogos.
  • Fazer um levantamento das necessidades e carências vividas pelo grupo-cliente, sobretudo, no que se refere às condições de saúde, educação e saneamento básico.
  • Utilizar métodos e processos de conscientização para trabalhar com os grupos populares, com a finalidade de que eles assumam seu papel de sujeitos de sua própria história..
  • Buscar desenvolver a consciência crítica, da ética, da solidariedade e de práticas cooperativas, a partir da análise dos problemas cotidianos da comunidade.

A perspectiva da Psicologia Social Comunitária enfatiza:
  • Em termos teóricos: a problematização da relação entre produção teórica e aplicação prática do conhecimento, sendo este produto da interação entre o profissional e o sujeito de investigação. Os psicólogos sociais comunitários desempenham o papel de Intelectuais Tradicionais, quando organizam o saber já constituído e o transmite à comunidade, tonando-os sujeitos capazes de sintetizar o ponto de vista da comunidade e de coordenar processos de transformação instituído.
  • Em termos de metodologia: utilizam a metodologia da pesquisa participante, onde pesquisador e sujeito trabalham juntos  na busca de explicações e para os problemas colocados, bem como, em sua execução.
  • Em termos de valores: enfatizam a ética da solidariedade, os direitos humanos fundamentais e a busca da melhoria da qualidade de vida da população. Questiona-se a visão da ciência como atividade não-valorativa, e assume-se ativamente o compromisso ético-político.
  • Em termos éticos: trabalha para estabelecer as condições apropriadas para o exercício da cidadania, da democracia e da igualdade.
  • Em termos políticos: Questiona-se todas as formas de opressão e de dominação.

A Psicologia Comunitária é "uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comunidade; estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunidade e aos grupos comunitários." (GÓIS,1993)

As principais estratégias de ação detectadas na Psicologia Comunitária foram:
  • reuniões com moradores para análise das necessidade e possíveis soluções;
  • Incentivo a formação de grupos de autogestão
  • formação de recursos humanos da própria comunidade
  • Proposta de atividades específicas.
Nesse sentido, o psicologo atua mais como analista-facilitador que como um profissional que toma as iniciativas de solucionar os problemas.

A Psicologia comunitária surge entre nós, na década de 70, em reação à opressão política e dominação econômica e ideológica do período militar, incorporando o sentido da resistências à opressão e da luta pela cidadania plena.

Década de 80 início dos anos 90 a "psicologia na comunidade" passa à "psicologia da comunidade" tomando como base a análise do grupo comunitário e a psicologia comunitária como objeto de análise o sujeito construído sócio-historicamente.

REFERÊNCIAS:
CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Psicologia Social Comunitária da solidariedade à autonomia. editora Vozes Ltda; Rio de Janeiro, 1996. pg. 9-15.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Estudo do Artigo: Meu tio me abusava na frente dos meus pais': mulheres revelam estupros na infância

Metade dos estupros contra menores de 14 anos acontece em casa, na Bahia, mostra levantamento do CORREIO; leia relatos de vítimas e saiba como denunciar.

  • Na Bahia, desde 2009, foram, em média, três abusos contra menores de 14 anos por dia; 9.832 casos até 2018. Deles, (4.844) aconteceram em casa. 
  • De 2009 a 2018, dos 489,1 mil registros de estupro contra vulneráveis no Brasil, 303,7 mil aconteceram em ambientes domésticos. 
  • Desde 1940, há permissão legal para interromper gravidezes provocadas por violência sexual.
  • Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia, 11 menores de 14 anos vítimas de abuso sexual solicitaram interrupção da gravidez Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), no ano passado. Neste ano, foram 4. O Instituto é um dos responsáveis pela realização de abortos legais no estado. O outro é o serviço Ame, dentro do Hospital da Mulher.
  • Qualquer contato “libidinoso” (não é preciso haver penetração) com menores de 14 anos é considerado estupro pelo Código Penal Brasileira. Isso não impediu que, desde 2009, 261.263 meninas nessa faixa etária dessem à luz no Brasil. A Bahia aparece no segundo lugar da lista de estados, com 23.779 filhos de menores - atrás apenas de São Paulo, com 31.519 registros. São crianças com outras no colo.
    Desde maio de 2012, a contagem de tempo para a prescrição do crime só começa a valer quando a vítima completa 18 anos. A partir daí, há um prazo de 20 anos para a denúncia. Caso contrário, o crime prescreve. 
  • Em 2019, foram 2.131 denúncias de estupro de vulnerável na Bahia, informou a Secretaria de Segurança Pública estadual.
  • Em 2020, até junho, foram 771 queixas. 
  • Os processos correm em segredo de justiça, para preservar a imagem da criança.

Considerações sobre os relatos:
  • Famílias em estado de vulnerabilidade.
  • Ausência de diálogo e escuta por parte dos pais.
  • Relegar a outra pessoa os cuidados de suas filhas.
  • A dificuldade das crianças em compreender a dimensão dos fatos.
  • O medo de verbalizar aos pais.
  • Os transtornos desenvolvidos a partir dos abusos.
  • As dificuldades de se relacionar na vida adulta.
  • A necessidade de terapia contínua e permanente.

"ONDE TER AJUDA E COMO DENUNCIAR: "

Acopamec: Abriga crianças e adolescentes vítimas de violência.
Telefone: 3306-1817.
Endereço: Rua São Mateus, Mata Escura,  41220-200.
Cedeca: Centro de Defesa da Criança e do Adolescente.
Telefone: 3321-1543.
Endereço:  Rua Gregório de Matos, nº 51 - 2º andar, Pelourinho.
Viver (IML): Acolhimento de vítimas de violência sexual e atendimento psicológico.
Telefone: 3117-6700.
Endereço: Instituto Médico Legal (IML), Av. Centenário, Garcia.
Derca: Delegacia Especial de Crime Contra a Criança e o Adolescente.
Telefone: 3116-2151.
Endereço: Rua Agripino Dórea, 26, Matatu de Brotas.
IPERBA: Realiza aborto legal em vítimas de estupro.
Telefone: 3103-9300.
Endereço: Rua Teixeira Barros, 72, Brotas.
Serviço AME (Hospital da Mulher): Realiza aborto legal em vítimas de estupro.
Telefone:  4141-6520 ou 3034-5005.
Endereço: Rua Barão de Cotegipe, 1153, Largo de Roma.
Disque 100: Número para realizar denúncias anônimas. 

REFERÊNCIAS: Disponível em: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/meu-tio-me-abusava-na-frente-dos-meus-pais-mulheres-revelam-estupros-na-infancia/

Estudo do Artigo: Intervenção em Crise

  • O artigo trata: do contexto de situações de emergência e catástrofes que causam crises e traumas, e proposta de intervenção apropriada.
  • Origem dos processos de crises podem ser:  de eventos catastróficos ou desastres produzidos por causas naturais; por acidentes ou, ainda, por situações diretamente provocadas pelo homem como nos casos de violência interpessoal.
  • Motivo para intervenção:  situações em que a integridade física e/ou emocional das pessoas está ameaçada.
  • Intervenção em crise: método de ajuda indicado para auxiliar uma pessoa, uma família ou um grupo, no enfrentamento de um evento traumático, amenizando os efeitos negativos, tais como danos físicos e psíquicos, incrementando a possibilidade do crescimento de novas habilidades de enfrentamento reforçando a busca de opções e perspectivas de vida.
INTRODUÇÃO

A tecnologia, a capacidade humana de construir e destruir, pode provocar sérias alterações na vida das pessoas que se vêem afetadas por uma situação de crise ou de emergência, podendo deixar no seu lastro perdas humanas, materiais e mudanças situacionais extremamente traumáticas.

Situações de Emergência:  situações catastróficas ou desastres produzidos por causas naturais como terremotos, erupções vulcânicas, secas, enchentes, tornados, furacões; por acidentes (incêndios); ou provocadas pelo homem como conflitos armados, ataques terroristas, sequestros relâmpagos, violência urbana, tráfico de drogas, entre outros.

Em situações catastróficas, os programas de saúde em Instituições Públicas e Privadas recorrem à Atenção básica Imediata, não estando preparada para uma assistência  mais abrangente, chegam a situação de calamidade pública.

Intervenção Psicossocial em casos de desastres de grande porte e eventos diários da violência urbana, começaram a ser feitos nos últimos anos devido aos impactos sobre a saúde mental das pessoas.

Propõe-se a abordagem precoce de qualquer problema de saúde mental é a maneira mais efetiva de prevenção de transtornos mais sérios que costumam aparecer, a médio e a longo prazo, após o evento traumático.

Em situações de emergência, em caráter de urgência, é preciso uma intervenção externa de ajuda, visando a auxiliar, aliviar ou resolver os efeitos produzidos por tais anomalias, restabelecendo-se, assim, a normalidade. 

Preocupação em situação de emergência:  saúde física, às perdas materiais, entender a aflição e as conseqüências psicológicas decorrentes dessas situações.

ENTENDENDO O QUE É UMA CRISE
  • Um estado de desequilíbrio emocional do qual uma pessoa que se vê incapaz de sair com os recursos de afrontamento que habitualmente costuma empregar em situações que a afetam emocionalmente (Parada, 2004). 
  • Todas as pessoas vivenciam crises.
  • Vivenciar uma crise é uma experiência normal de vida, que reflete oscilações do indivíduo na tentativa de buscar um equilíbrio entre si mesmo e o seu entorno
  • Crise é uma manifestação violenta e repentina de ruptura de equilíbrio, que pode causar sentimentos de desorganização, desesperança, tristeza, confusão e pânico, uma desordem emocional.
  • O estado de crise é limitado no tempo, quase sempre se manifestando por um evento desencadeador, e a solução depende da gravidade do evento e dos recursos pessoais e sociais que a pessoa tem para lidar com a crise.
  • O processo de crise pode ser negativo ou positivo, podendo ser um "perigo" ou uma "oportunidade", ou servir para "adoecer" ou "sanar"
  • Quando a crise é resolvida satisfatoriamente, ela pode auxiliar o desenvolvimento do indivíduo; crise sem solução satisfatória,  poderá constituir-se em um risco, aumentando a vulnerabilidade da pessoa para transtornos mentais. 
  • Quando o indivíduo presenta sinais e sintomas clínicos em resposta ao estado provocado pela crise, necessita, de alguma intervenção para a sua resolução. 
  • Modelo de etapas da crise: primeiro, desordem decorrente das reações iniciais diante do impacto. Segundo,  etapa da negação, tentativa de amortecer o impacto. Terceiro, intrusão  que consiste no surgimento de idéias involuntárias de dor pelo evento verificado, podendo ter  pesadelos recorrentes, imagens e outras preocupações são características desta etapa. Quarto,  o indivíduo evolui para a elaboração, fase em que a pessoa começa a expressar, identificar e comunicar os seus pensamentos, imagens e sentimentos experimentados pela situação de crise, alguns conseguem elaborar sentimentos e pensamentos identificados, por fim, a reorganização.
  • Levar em conta a percepção do indivíduo: significado que o indivíduo possa vir a dar aos fatos pode ser determinante na crise. Um evento causador de desordem para uma pessoa, pode não o ser para outra. 
  • Sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático:  revivência persistente do evento traumático, esquiva sistemática de estímulos associados com o trauma e sintomas de excitação aumentada.
  • Crises evolutivas: dizem respeito à realização não satisfatória das passagens do desenvolvimento do indivíduo. Podem ser previsíveis e ocorre com a maioria das pessoas. 
  • Crises circunstanciais: decorrentes de situações encontradas principalmente no ambiente. Surgem a partir de eventos raros e extraordinários, que o indivíduo não pode prever ou controlar, como a perda de uma fonte de satisfação básica, o desemprego, a morte abrupta, a perda da integridade corporal, as enfermidades, os desastres naturais, as violações e os acidentes.
  • Caracterização de um trauma: Não é um fenômeno Universal. Um evento traumático é algo especialmente destrutivo na vida do indivíduo, família e comunidade afetada. Como um forte abalo emocional ou moral, uma desorganização mental, choque ou transtorno de onde se desenvolveu ou se pode desenvolver um quadro psicopatológico; ou seja, trauma é uma ferida.
  • Trauma Natural:  pode se constituir em uma ocorrência isolada ou múltiplas ocorrências em um breve período, como por exemplo, no caso de terremotos.
  • Trauma Acidental: induzido pelo ser humano, pode atingir uma ou várias pessoas (Ex: incêndios, acidentes,tiroteio,etc)
  • Trauma Intencional: induzido pelo ser humano (violência deliberada) (homicídios,violência comunitária, etc,
INTERVENÇÃO EM CRISE
  • A intervenção em crise é um procedimento para exercer influência no funcionamento psicológico do indivíduo durante o período de desequilíbrio, aliviando o impacto direto do evento traumático. 
  • O objetivo é ajudar a acionar a parte saudável preservada da pessoa, assim como seus recursos sociais, enfrentando de maneira adaptativa os efeitos do estresse, devendo aí,  facilitar as condições necessárias para que se estabeleça na pessoa, por sua própria ação, um novo modo de funcionamento psicológico, interpessoal e social, diante da nova situação.
  • A meta principal da intervenção é ajudar a pessoa a recuperar o nível de funcionamento que possuía antes do evento desencadeante da crise. 
  • As fases de Intervenção:
Fonte: Moreno et al., (2003); Raffo (2005)

Slaikeu (1996) postula três princípios clínicos para a prática da intervenção em crise
  1.  “oportunidade” em que o objetivo é calcular e reduzir o perigo, avaliando também a motivação do paciente para encontrar uma nova estratégia de enfrentamento com as circunstâncias atuais de vida. 
  2. “meta”, que consiste em ajudar o indivíduo a recuperar o nível de equilíbrio que tinha antes ou a atingir um nível que permita superar o momento crítico. 
  3. “aspectos fortes”, como as “debilidades” de cada um dos sistemas implicados na crise, bem como informações do que está funcional e disfuncional na vida do indivíduo. 
Esse autor ainda propõe um modelo amplo de intervenção, ddividido em instâncias:
  • A intervenção de primeira instância refere-se aos primeiros auxílios psicológicos, ou seja, a assistência imediata, que em geral leva uma sessão que pode durar de minutos a horas. Os principais objetivos destes primeiros auxílios são proporcionar apoio, reduzir o perigo de morte e aliar a pessoa em crise com os recursos de ajuda disponíveis. Pode ser realizada no momento e lugar em que surge a necessidade: em ambientes comunitários, hospitais, igrejas, escolas, ambientes de trabalho, linhas telefônicas de urgência. Policiais, assistentes sociais, padres, enfermeiras, médicos, advogados, são alguns dos profissionais habilitados a realizar esta primeira parte, além de psicólogos e psiquiatras. 
  • A intervenção de segunda instância diz respeito à terapia para a crise. Também é um processo terapêutico breve, mas vai além da restauração do enfrentamento imediato, encaminhando-se, assim, para a resolução da crise, que pode durar de semanas a meses e tem como meta assistir a pessoa de maneira que o evento que suscitou a crise se integre à trama da vida, com melhores recursos e disposição para encarar o futuro. Esta intervenção requer maior preparo de quem irá aplicá-la, por isso, os mais indicados são os psicoterapeutas em geral, psicólogos e psiquiatras (Slaikeu, 1996).
A intervenção em crise é uma estratégia de ajuda indicada para auxiliar uma pessoa e/ou família ou grupo, no enfrentamento de um evento traumático, amenizando os efeitos negativos, tais como danos físicos e psíquicos e incrementando a possibilidade de crescimento de novas habilidades de enfretamento e opções e perspectivas de vida.

As metas durante a superação da crise devem ser focadas em ajudar as pessoas a lidar com o evento traumático, a ajustar-se à nova situação, a devolver-lhe seu nível anterior de funcionamento, diferente do tratamento na psicologia clínica que enfoca uma mudança profunda do paciente ou uma revisão da origem dos seus conflitos infantis. 

Atuação do Psi na intervenção para realização das metas:  Estas metas são desenvolvidas através de um convite ao indivíduo para que fale de sua experiência, fazendo com que observe o evento à distância ou perspectiva, ajudando-o a ordenar e reconhecer seus sentimentos associados; e, também, ajudar na resolução de problemas, começando pelas metas mais práticas e imediatas. Ajude a organizar melhor pensamentos e sentimentos.

Atuar na crise pode prevenir problemas de Saúde Mental futuro, afinal é preciso encontrar resoluções para as reações das pessoas envolvidas na crise, isto é, considerar os aspectos afetivo, cognitivo e comportamental.

"Intervir em uma crise significa introduzir-se de maneira ativa em uma situação vital para um indivíduo e auxiliá-lo a mobilizar seus próprios recursos para superar o problema, recuperando dessa forma, seu equilíbrio emocional (Raffo, 2005)."

REFERÊNCIAS:
Intervenção em crise - Samantha Dubugras Sá; Blanca Susana Guevara Werlang; Mariana Esteves Paranhos.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Estudo sobre o Artigo: Reabilitação neurológica em paciente adulto com quadro de Anóxia Cerebral

Entendimento necessários:


REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA
  • É um processo que oferece atividades terapêuticas planejadas para a necessidade de cada paciente, afim de auxiliar no tratamento de alterações cognitivas (atenção, memória, raciocínio, etc.) e de comportamento decorrentes de disfunções cerebrais.

  • Tem por objetivo auxiliar a integração e o restabelecimento da qualidade de vida do paciente e de seus familiares e adaptar o indivíduo ao seu melhor nível de funcionamento psicossocial, visando ampliar a sua autonomia para as atividades diárias.
  • O suporte emocional para o paciente e para seus familiares é oferecido em sessões individuais ou em grupo, com o neuropsicólogo, para auxiliar - o paciente e seus familiares - nos aspectos emocionais envolvidos em sua reabilitação, bem como para informar acerca da patologia e do nível de funcionamento cognitivo e comportamental do paciente. 


AMNÉSIA ANTERÓGRADA
  • Uma ligeira perda de memória que faz parte do envelhecimento. Mas uma perda significativa de memórias existentes ou a incapacidade para formar novas memórias se constitui em AMNÉSIA.
  • Pode ter causas variadas como doenças neurodegenerativas, traumas físicos, uso de medicamentos,AVC, Encefalite(inflamação do cérebro), privação de oxigênio, tumor cerebral, uso de álcool e drogas, distúrbios convulsivos.
  • Afeta a memória de curto prazo-  conteúdos armazenados nela, desaparecem. Não lembram de novas informações, nem coisas recentes. Geralmente é causado por trauma cerebral que pode ser: de efeito temporário, como em um blecaute causado por excesso de álcool; de efeito permanente, quando uma pessoa sofre danos na área do cérebro conhecida como o hipocampo (que desempenha um papel importante na formação de memórias).
  • As funções executivas estão intimamente ligadas às atividades dos lobos frontais fazendo parte, portanto, desse conjunto de funções a seleção de estratégias, a elaboração e execução de planos (resolução de problemas), a tomada de decisão, a avaliação de resultados dos comportamentos adotados (Evans, 2008).



DISFUNÇÃO EXECUTIVA

Funções Executivas (F.E.) são as atividades mentais dedicadas à orquestração do comportamento em atividades orientadas para metas. O comportamento pode ser dividido em partes, que podem a priori estar organizados em hábitos desencadeados por estímulos ambientais.São aquelas responsáveis pela identificação de metas, elaboração e gestão das ações dirigidas a um fim.



A DISFUNÇÃO EXECUTIVA ocorre quando há distúrbios frontais e subcorticais e os diversos hábitos ou subdivisões comportamentais passam a responder a estímulos sem ser inibidos quando se deve ou organizados quando necessário. A pessoa não tem controle sobre o comportamento.

As técnicas de reabilitação neuropsicológica para funções executivas são também agrupadas como restauração, reorganização e compensação comportamental (Evans, 2008). Segundo Evans (2005), existem evidências de que o treino de funções executivas é capaz de produzir recuperação.


RETARDO PSICOMOTOR

Define uma condição em que as habilidades psicomotoras, geralmente da criança,  não são adequadas à sua faixa-etária. Ou seja, há um atraso para o desenvolvimento de capacidades cognitivas, de socialização, motricidade ou comunicação, por exemplo.

SONOLÊNCIA


A sonolência excessiva diurna (SED), ou hipersonia, é a incapacidade da pessoa se manter acordada ou alerta durante os principais períodos de vigília do dia, resultando em sonolência e lapsos de sono não intencionais. Deve ser diferenciada da fadiga, condição em que a manutenção dos níveis motor e de energia mental se torna mais difícil com o aumento da duração da tarefa. A SED precisa do sono e a FADIGA do repouso.



ESTUPOR
  • É o estado de suspensão da atividade física e psicológica em que o doente, embora consciente, se mantém imóvel e não responde a estímulos externos
ACINESIA 
  •  ausência total ou parcial de movimentoimobilidadeparalisia
ALTERAÇÕES DE HUMOR


De um modo geral, todos têm alguma mudança de humor. Ninguém consegue ter um humor completamente estável o tempo todo. Essas variações ocorrem, normalmente, ao longo do dia e ao longo da vida. Elas podem ser momentâneas ou circunstanciais, desde que não se tornem ameaça para si ou para os outros. Quando a situação ocorre de forma intensa, causa prejuízo funcional, começa a incomodar ou impactar a vida de alguém, é necessário intervir para recuperar o equilíbrio e proteger a saúde, procurando ajuda profissional para avaliar a existência de algum transtorno mais grave.

O ARTIGO


Objetivo do Artigo: relatar os efeitos da reabilitação neuropsicológica em paciente adulto jovem com amnésia anterógrada, disfunção executiva, retardo psicomotor, sonolência, estupor, acinesia e alterações de humor consequentes de anóxia cerebral. 

O atendimento ocorreu em duas sessões por semana com duração de 3 horas cada sessão. Uma das sessões era realizada em grupo com outros pacientes amnésicos para incentivar a interação, participação social e compartilhamento de experiências. Informações e orientações sobre o manejo do paciente eram periodicamente transmitidas aos familiares e cuidadores.

As técnicas utilizadas no tratamento incluem a Terapia de Orientação para a Realidade, a Terapia de Reminiscências, Aprendizagem sem Erro, Treino Habilidades Sociais e a utilização de auxílios externos de memória. 

A avaliação dos resultados ocorreu na forma qualitativa que considera os aspectos comportamentais e funcionais, e na forma quantitativa que pondera o desempenho na avaliação neuropsicológica.

Os resultados qualitativos apontam para uma ampliação da comunicação verbal espontânea, do vocabulário utilizado e o aumento da freqüência de comportamentos socialmente convencionados. 


A avaliação quantitativa apontou para estabilidade clínica sem alterações significativas entre avaliações iniciais e posteriores. A implementação de auxílios externos de memória ocorreu parcialmente devido às dificuldades de iniciativa do paciente. Os avanços observados de forma geral foram capazes de diminuir as demandas de cuidados pelo paciente tornando-o mais independente, o que representa ganho significativo termos de qualidade de vida.


A PLASTICIDADE NEURAL E GENERALIZAÇÃO


"A Plasticidade neural é um processo que permeia o desenvolvimento neural permitindo que novas aprendizagens sejam realizadas, embasando um processo igualmente importante para a reabilitação neuropsicológica: a generalização.

 "A generalização consiste na transposição de atividades físicas, motoras ou cognitivas específicas para outras que o paciente necessita realizar em seu cotidiano (Otero & Scheitler, 2001). Segundo Otero e Scheitler (2001), um paciente generaliza estratégias treinadas quando passa a utilizá-las em atividades da vida diária, e quando seu progresso correlaciona-se com os avanços em tarefas similares.

A reabilitação neuropsicológica deve sempre ter como objetivo a melhoria da independência e qualidade de vida dos pacientes (Ávila, 2003). 

O processo da reabilitação neuropsicológica possui três momentos complementares entre si:
  1.  a avaliação;
  2.  a terapia ou procedimentos de reabilitação;
  3. a alta. 
Na avaliação neuropsicológica, são examinadas as funções cognitivas que apresentam déficits e as que estão trabalhando normalmente. Os resultados desta análise permitirão decidir a direção para o tratamento. As técnicas de reabilitação de funções cognitivas têm sido separadas em três grupos (Ostrosky-Solís & Gutiérrez, 2006; Sohlberg & Mateer, 2009):



  1. "Restauração: parte da concepção de que a cognição poderia ser fortalecida como um músculo. Por exemplo: a recuperação da função mnemônica se dá através do treino de exercícios de memória, ou seja, pelo fortalecimento pelo uso direcionado."
  2. "Reorganização: pressupõe a redução dos déficits pela substituição do uso de funções comprometidas por outras que se encontram mais funcionais. Por exemplo, a formulação de uma imagem mental com objetivo de associar com o conteúdo a ser lembrado é uma estratégia de reorganização muito investigada. Tais técnicas geralmente são limitadas pela raridade de situações cotidianas que se prestam para a prática, bem como pela alta demanda de recursos cognitivos para sua plena implementação."
  3. "Compensação Comportamental: a implementação de apoios externos para auxiliar com as dificuldades (agenda, alarme ou adaptação ambiental nos lugares onde o paciente transita)."


ANÓXIA CEREBRAL
  • É causada por uma falta do oxigênio no ar.
  • Causas prováveis: afogamentos, sufocamentos, enforcamentos, traumatismo crânio-encefálico causado por acidentes,doenças nerodegenerativas, AVC.
  • Consequências: perda de memória, perda mnemônica, que afetam diretamente o planejamento, organização e implementação de ações cotidianas com consequências sensíveis à qualidade de vida dos pacientes e familiares (Evans, 2008).
A REABILITAÇÃO
  • Tem por objetivo propiciar a aprendizagem de tarefas estimulando memória e funções executivas com foco na autonomia para o cotidiano, levando-se em consideração o funcionamento cognitivo, demandas e necessidades do paciente, familiares e cuidadores.



REFERÊNCIAS: 


Disponível em: https://www.einstein.br/especialidades/medicina-do-sono/doencas-sintomas/sonolencia-excessiva-diurna



segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Podcast 1: História do movimento psicanalítico escrito por Sigmund Freud em 1914.


  • Todos enfrentamos crises individuais ou coletivas ao longo da vida.
  • Qualquer evento que afeta o equilíbrio, seja causado por alguém ou naturalmente, pode levar a crise.
  • A crise afeta a nossa segurança, nos colocam em situações de violência, etc., retirando o sujeito da sua homeostase, condição de equilíbrio.
  • Intervenção em situações de crise pode mitigar a situação emocional das pessoas que estãoi envolvidas na situação, já que muito problemas mentais podem ser causados em virtude dessas crises.
  • Isso pode acontecer n~]ao só com pessoas que vivenciaram a crise enquanto vítimas, mas também aquelas pessoas que estão trabalhando com essas pessoas diretamente.
  • Falar de crise é falar de algo que nos afeta na esfera da emoção, afetando também o cognivo na forma de processar , bem como, o comportamento que é como eu ajo.
  • A crise está relacionada com a percepção do evento, de modo que tem tanta dificuldade que se torna insuportável. Vai além dos recursos disponíveis na pessoa, é a forma como ela percebe e reconhece a crise. Nem todo problema se torna uma crise, depende da forma como a pessoa percebe a dificuldade para que ela se torne uma crise,
  • Há dois tipos de crises: crises situacionais (são crises imprevistas que o homem não tem nem como prever nem como controlar, tendo que lidar com a crise e seus impactos, ex. impactos ambientais, desastres causados por erro humano, não se tem controle, atua-se nas consequências) e as crises evolutivas (são as crises da evolução do desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo, ao longo da vida.)
  • Ambas as crises demandam do sujeito uma adaptação para lidar com a crise, a partir da forma como ele percebe a crise.
Professora Renata (Tita)

Conceitos de Crise


  • Todos enfrentamos crises individuais ou coletivas ao longo da vida.
  • Qualquer evento que afeta o equilíbrio, seja causado por alguém ou naturalmente, pode levar a crise.
  • A crise afeta a nossa segurança, nos colocam em situações de violência, etc., retirando o sujeito da sua homeostase, condição de equilíbrio.
  • Intervenção em situações de crise pode mitigar a situação emocional das pessoas que estãoi envolvidas na situação, já que muito problemas mentais podem ser causados em virtude dessas crises.
  • Isso pode acontecer n~]ao só com pessoas que vivenciaram a crise enquanto vítimas, mas também aquelas pessoas que estão trabalhando com essas pessoas diretamente.
  • Falar de crise é falar de algo que nos afeta na esfera da emoção, afetando também o cognivo na forma de processar , bem como, o comportamento que é como eu ajo.
  • A crise está relacionada com a percepção do evento, de modo que tem tanta dificuldade que se torna insuportável. Vai além dos recursos disponíveis na pessoa, é a forma como ela percebe e reconhece a crise. Nem todo problema se torna uma crise, depende da forma como a pessoa percebe a dificuldade para que ela se torne uma crise,
  • Há dois tipos de crises: crises situacionais (são crises imprevistas que o homem não tem nem como prever nem como controlar, tendo que lidar com a crise e seus impactos, ex. impactos ambientais, desastres causados por erro humano, não se tem controle, atua-se nas consequências) e as crises evolutivas (são as crises da evolução do desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo, ao longo da vida.)
  • Ambas as crises demandam do sujeito uma adaptação para lidar com a crise, a partir da forma como ele percebe a crise.
A CRISE pode ser de URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA.

Urgência - a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata. Uma urgência pode se tornar uma emergência.

Emergência - Constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, o tratamento médico imediato. Nessas circunstâncias pode se esperar reações emocionais muito intensas e a grande maioria dessas manifestações podem ser consideradas como compatíveis  com o momento traumático.

CRISES EVOLUTIVAS
  • Previsíveis - etapas do crescimento e os momentos decisivos em cada uma delas  são conhecidos e ocorrem com a maioria das pessoas.
CRISES CIRCUNSTANCIAIS 
  • Imprevistas, comovedoras, intensas e catastróficas.
  • O indivíduo não pode prever ou controlar: ambiente, desastres da natureza, perda do emprego, perda da integridade física...

CONCEITO

Mudança abrupta, que pode ser evolutiva ou circunstancial, e que vai promover um desequilíbrio emocional, fisiológico, econômico, financeiro, a partir de determinado evento.

SABER SE A CRISE é positiva ou negativa depende da natureza, se ela é circunstancial ou evolutiva. A crise é um fenômeno em si mesmo, de duração limitada, com resultados não predeterminado em seu início. (FERREIRA, SANTOS,2013).

Ansiedade -o resultado da situação de conflito instalada.

Luto - se manifesta no indivíduo, mas quando se trata de desastres, temos o luto coletivo.

Apesar de desafiante esta fase, de enfrentamento da Pandemia, que se constitui uma crise, ela pode gerar também a oportunidade do estudo em rede e abrir novas possibilidades de aprendizado. Reconhecer que há uma crise pode contribuir para prevenir problemas de saúde mental. A crise sempre traz reações que variam de pessoa para pessoa.

Distorção cognitiva diz respeito a forma como as pessoas as vezes distorcem a realidade dos fatos no momento da crise, o que muitas vezes se sentem incapazes de resolvê-las.

Professora Renata (Tita)


sábado, 22 de agosto de 2020

Documentário: A invenção da Psicanálise (Resumo)


Documentário longa-metragem que conta a história da Invenção da Psicanálise.

  • Sigmund Freud começou a sua carreira com a Neurologia.  Na tentativa de aliviar os pacientes neuróticos, Freud descobriu alguns fatos novos e importantes sobre o INCONSCIENTE. E, a partir dessas descobertas nasceu uma nova ciência: a Psicanálise.
  • Ele relata que encontrou uma forte e implacável resistência ao inventar a Psicanálise, mas que a luta dele não teria terminado ali.
  • Viveu em  Viena, numa rua tranquila, onde aplicou a Psicanálise e redigiu suas obras. Explorador das profundezas do inconsciente e iniciador, queria iluminar o lado obscuro da alma. Transformou seu divã em local de investigação, em laboratório.
  • Quebrou tabus ligado a sexualidade e permitiu as mulheres que se emancipassem.
  • Após construir as suas primeiras teorias reuniu médicos, historiados, escritores.para formar a primeira associação freudiana: A Sociedade Psicológica da Quarte-Feira, cuja primeira sessão foi em outubro/1902.
  • Freud tinha uma postura autoritária, buscava despertar as consciências daqueles que participavam da associação, com a intenção de mudar o mundo através da Psicanálise.
  • Falavam sobre Filosofia, Literatura, Mitologia, doenças psíquicas e mentais,etc. Laboratório de Novas Ideias.

O COMEÇO
  • Freud chega a Paris em 1885 para descobrir sua verdadeira vocação. 
  • Médico jovem, judeu, 29 anos apaixonado por sua noiva Martha, que passa a se corresponder por cartas.
  • Passou a assistir aulas clínicas de Jean-Martin Charcot (1825) maior neurologista da época, do Hospício da Salpétríere, considerado o "Napoleão das Histéricas". O hospital era um enorme hospício para mulheres. haviam 5 a 6 mil mulheres trancadas, que seriam material de experimentação, Pretendia criar um método, uma classificação, uma tipologia, uma sintomatologia, de todas as afecções misteriosas que atingem o ser humano, quando a razão vacila.
  • Histeria surge como doença do útero que toma o corpo das mulheres, na Antiguidade (1860-1880), e deixavam as pacientes hipnotizados, em estado de sonambulismo, com a finalidade de conhecer a origem das convulsões. Seus métodos hipnóticos eram realizados em frente a sociedade liberal e republicana de Paris. Com o Hipnotismo fazia desaparecer temporariamente paralisias e contrações. Desejava mostrar que a histeria era uma neurose funcional sem ligação com o útero, se recusando a falar em público sobre causas genitais.
  • Freud foi muito influenciado por Charcot, criou uma nova ligação entre histeria e sexualidade. Deseja alertar os homens sobre as feridas originais da histeria. A Psicanálise era um modo de se falar das angustias, esquecimentos, sentimentos, do tempo, da tortura,etc. A partir daí os movimentos da carne podiam ser ouvidos, verbalizados. Com isso Freud destrói todas as suas anotações, artigos, firmando o compromisso de repensá-los.
  • Freud era tido como um homem sombrio,complicado, ambicioso, de uma inteligência extraordinária, que desejava tornar-se um grande homem da ciência, tornar-se um cientista e mudar o mundo.
  • Conheceu Joseph Breuer, médico judeu. especialista em doenças nervosas, que assumiu para ele uma figura paternal. Breuer conta a Freud sobre um caso de histeria aguda que teria acontecido antes de 1882 (A histeria teria esquecido sua língua materna, se recusava a beber água, paralisia corporal histérica, chamava-se Anna O. ou Bertha Papenheim, jovem da burguesia vienense que, ficou histérica aos 20 anos de idade. Essas jovens aspiravam a outra vida mas não havia quem as escutassem, acabavam adoecendo. Breuer a partir dessa paciente, desenvolveu a Terapia pela fala. Ele a hipnotizou e pediu que ela se lembrasse de determinadas coisas o que contribuiu para reduzir os sintomas. foi a primeira paciente analisada no mundo. 
  • Com isso Freud vai além, desenvolvendo suas teorias sobre sexualidade, e resolveram publicar seu primeiro livro: "Estudos sobre a Histeria", com vários casos. O livro não fala da cura da histeria, pois não há cura, mas mostrava como tratá-las, o método catártico que ainda não era a psicanálise. Era uma terapia traves da fala.
  • 1885 se instalou como médico em Vienna, casou-se com Martha, abriu seu consultório particular, trata essencialmente de mulheres da burguesia vienense sofrendo de neuroses: doenças dos nervos, neurastenia, histeria.
  • Criou o Divã, onde ficava a paciente e sentava-se atrás de modo que pudesse vê-las mas que não fosse visto, para que a palavra se tornasse o ato terapêutico em si, não havendo mais nada de magnetismo, nem hipnose, nem olhares, somente a palavra, ocupando-se  de procurar  no inconsciente adormecido. As pacientes falavam de sua infância, sonhos, sexualidade, deixava o sujeito falar livremente. 
  • Ao conhecer o médico berlinense Wilhelm Fliesse, que tinha teorias estranhas, tornando-se seu amigo, Freud atribuiu à sexualidade um lugar fundamental, de ser determinante da condição psique, que a neurose seria consequência de conflitos-infantis não resolvidos. 
  • Nessa época, elaborou suas Teorias da bissexualidade, Teoria da sedução e a primeira Teoria do Aparelho Psíquico. Definiu a Neurastenia como uma neurose sexual. Acreditava que resolveria o problema da histeria e neurose obsessiva encontrando a fórmula do choque sexual, e da volúpia sexual infantil. 
  • Fazia dele mesmo a sua própria análise, para saber se havia acontecido com ele, possíveis hipóteses a respeito de traumas sexuais da infância, como estupros, carícias, hoje chamado abusos e violências que, muito existiam e existem nas famílias.
  • Para compreender tudo que se passa no inconsciente das histéricas(os) precisa compreender que carregam reminiscências e fantasias, inventam seduções que não aconteceram. Com isso, criou também a Teria das Fantasias.
  • A Psicanálise não considera o doente e o paciente  como um objeto de estudo externo, ele passa por uma análise dele mesmo, do psicanalista. para saber se teria vivido aquilo também. O sujeito passa a questionar-se a si mesmo, e não mais adormecer nem descobrir outro ser dentro dele, pois ele está habitado por esse outro ser. Essa era  a revolução freudiana.
Freud criou novos conceitos como: 
  • LIBIDO que é a energia sexual.
  • RECALQUE processo através do qual se rejeita no inconsciente um fato que se quer esquecer.Aquilo que não deseja lembrar.
Para o INCONSCIENTE nada termina, nada passa, nada é esquecido. 
Analisava sonhos de suas pacientes, em frente a sua coleção de estatuetas romanas, chinesas, gregas, egípcias. Abre o século 20 com o livro "A interpretação dos Sonhos", que é uma realização de um sonho ou desejo reprimido, no qual as personagens se misturam a um bestiário fantástico e familiar.
O ponto mais importante é quando Freud diz estar seguindo um caminho para uma Psicologia Geral que não se aplicava somente aos neuróticos. Os sonhos tornam-se o caminho real que o leva ao inconsciente, para descobertas de um além da consciência. Meio de atingir os segredos da mente.
  • 1903 Freud publica seus três ensaios sobre a Teoria Sexual, gerando um escândalo quando atribui a crianças e adultos "normas" fantasias sexuais e comportamentos considerados patológicos, como masturbação, sodomia, fetichismo, desejo de incesto.
  • Baseado no mito de Édipo que mata seu pai e casa-se com sua própria mãe sem saber, criou o Complexo de Édipo, uma representação inconsciente onde surge o desejo da criança pelo genitor do sexo oposto e hostilidade pelo mesmo sexo.
  • A Psicanálise parte do princípio de que o sujeito é levado por uma coisa insuportável, que foge ao controle.
Cinco anos após a Associação Freudiana, 1907 marca o encontro com Carl Gustave Jung. Jung tinha um trabalho experimental com "Associação de Ideias", etc, estava a frente do tratamento da loucura, na clinica de psiquiatria em Zurich, na Suíça. Freud acreditava que a Psiquiatria era para o mundo, e não apenas para os Judeus, quando marca o primeiro encontro com Jung, quando se entenderam bem por 3 ou 4 anos, vindo a romper essa relação.
  • Jung tria optado por um caminho diferente, que a ciência da época considerava misticismo oriental e religião e que, Freud sempre desprezava.
  • Vivia em um mundo interior feito de introspecção, de busca interior, interesse pelo ocultismo, por religiões orientais, passou 7 anos de entusiasmo pelo mundo espiritual da aventura psicanalítica. Jung não aderiu a psicanálise de Freud. Se interessou pelos Arquétipos, representações simbólicas do subconsciente, que para ele, formam um inconsciente coletivo.
  • Jung relata que Freud era um homem complicado, pois quando ele pensava em algo, já era definitivo, e ao contrário, Jung duvidava, tornando-se impossível conversar profundamente sobre alguma coisa com ele, pois ele não tinha nenhuma formação filosófica, enquanto Jung estaria estudando Kunt. Jung se afasta de Freud pois queria voar com as próprias asas.
A Psicanálise ver infinitas possibilidades para o que pode ser curado e o que não pode ser curado, seja na medicina, seja na análise.Sempre que se descobre a cura para um determinado mal, surge outro em seu lugar, a exemplo: curou a sífilis, surgiu a Aids, curou a Histeria, surgiu a depressão na contemporaneidade.

Em 1910, Freud funda a "Associação Psicanalítica Internacional" e pede a Jung que assuma a direção. Em 1912,  apesar das divergências ele fica na direção por 2 anos e rompe com Freud. 

Entra em cena, Ernest Jones, médico Inglês que daria continuidade ao movimento psicanalista. Impressionado com o fato de Freud ouvir os pacientes, coisa nunca vista antes, se interessava pela Psicanálise desde 1906, difundindo a Psicanalise pela Inglaterra. A Associação Britânica de Psicanálise estava repleta de pessoas não-médicas. depois vindo a se expandir pelos Estados Unidos.
Lou foi a primeira mulher a integrar a Associação de Psicanálise Freudiana, a qual Freud tinha profunda admiração.

A CONQUISTA
Primeira Guerra Mundial. Freud viveu a guerra como uma prova interminável, violenta e  de irremediável conflito. Se preocupava com os filhos na linha de frente. Tinha poucos paciente, porém, a guerra trouxe de volta doenças nervosas  e os Psiquiatras são chamados para identificar os impostores que queriam fugir da luta. Usam tratamentos elétricos e hipnóticos para curar paralisias e pânicos causados por granadas e canhões. Soldados traumatizados se restabeleciam em uma semana, e voltavam a guerra.
Após a Primeira guerra mundial a Psicanalise se transforma. Os psicanalistas vienenses pareciam ter perdido sua identidade. Condições de vida terríveis, Freud se dedicou a sobreviver, passou fome, muitas dificuldades.
Sander Ferenczi foi nomeado para assumir a Cadeira de Ensino da Psicanálise. Os psicanalistas sofreram repressão politica, foram exilados em Berlim, que se torna um laboratório propulsor para a Psicanálise,
1920 foi fundado o Instituto Psicanalítico de Berlin por Marx Eitingon, ligado a uma policlínica que transformou-se em  Centro de Formação em Psicanálise, tornando-se modelo pelo mundo todo. Inicialmente dedicaram-se a uma camada mais desfavorecida da população, que pagavam seus tratamentos de acordo com sua renda e o terapeuta era obrigado a fazer o tratamento gratuito.
Karl Abraham era muito importante no movimento psicanalíticos de Berlin, foi o primeiro trazê-la para Berlin. Freud o chamava de Rocha de Bronze, tinha grande capacidade de reunir grupos de estudantes que não se submetiam, que eram críticos.
Teve como aluna formada, Melanie Klein, vienense, judia. Interessou-se pela análise infantil. Foi para Berlin encontrou Karl Abraham que escreveu par Freud falando sobre seus trabalhos com crianças. Sua maior rival era Ana Freud, filha de Sigmund Freud. Sempre estava ao lado pai, e Freud ao perceber não haver nenhum outro homem além do próprio pai na vida dela, ela se torna seu alter ego. Tornou-se, a mais fiel discípula, confidente, enfermeira dedicada ao pai.
1920 Freud perde sua filha Sofie, por uma Epidemia de Gripe.  Concluiu que tudo na vida leva a morte. O Dualismo dessas duas forças elementares, vida e morte, se confrontam eternamente.
3 anos depois continua a desenvolver a ideia de que a mente não é só dividida por pulsões como vida e morte, sexualidade e agressão.  descreveu que pode ser dividia em:
  • Id (inacessível diretamente, e que a única maneira de se chegar ao Id é indiretamente, por lapsos, sonhos, sintomas, etc. É completamente inconsciente); 
  • o EGO é consciente e inconsciente ao mesmo tempo, parte da mente relativa ao domínio do mundo, relacionado as forças externas, não é apenas o pensamento da razão, traz elementos inconscientes que acentuam o conflito mental; 
  • o SUPEREGO também consciente e inconsciente, geralmente ele ataca, é punitivo, negativo, e em si, uma fonte de culpa.
1910-1925- Os americanos se interessam pela Psicanálise, como uma terapia da felicidade.
Freud tem um tumor no queixo e convive  com esse sofrimento por 16 anos. 

Melainie Klein vai a Londres fazer conferências  sobre seus trabalhos com crianças. Tentava entender a origem das psicoses. Para ela, havia uma relação muito primitiva entre o bebe e o meio ambiente.

Freud teve seus livros antigermânicos queimados com o Nazismo alemão. A psicanálise é modificada na Alemanha em função disso, das novas leis raciais. Um pequeno grupo de 14 psicanalistas não judeus permaneceram na Alemanha e esperavam poder se manter com a psicanalise, formalmente no país, em detrimento daqueles que tiveram que deixar o país. Foram exilados para a América do Norte. A nomenclatura da psicanálise na Alemanha foi modificada, era muito rígida, era proibido falar em sexualidade e libido. Questiona-se aí, será que ainda se podia falar em Psicanálise?

O FIM 

Em 1938 Freud escreve para Jones na Alemanha falando sobre a situação política sombria de retaliação aos judeus e a interferência nazista, de Hittler na psicanálise. Freud retorna a Paris. Depois a Londres onde é acolhido calorosamente com a família, onde escreve sua ultima obra. Sem poder se locomover por causa do câncer, ele pede a sua filha para ler livros no Congresso de Paris em 1938, em que se reuniram pela última vez, antes do exílio, todos os psicanalistas europeus. em 21/09 pede ajuda a seu médico para ajudá-lo a morrer e pede que "Fale com Anna. Se ela achar justo acabe logo com isso." Em 23/09 seu médico aplica-lhe sua última dose de morfina.

Com a chegada dos Vienenses a Londres cria-se uma situação complexa: Acirra-se a competição em Anna Freud e Melanie Klein sobre a análise das crianças. Haviam muitas controversas, e com isso, haviam discussões sobre o modo como Freud deveria ou poderia ter interpretado.

Após a guerra, saem diferentes grupos de psicanalistas: Kleinianos, Annafreudianos, grupo freudiano contemporâneo.
  • 1945-Marie  Bonaparte da Sociedade Psicanalítica de Paris, não assume mais a posição de nova geração de psicanalistas.
  • A França começa a se fortalecer a partir de 1945 diante da Escola Inglesa, onde a França se torna o único país do continente a ter uma força psicanalítica diante das escolas inglesa e americana, conquistando o mundo latino-americano com 2 grandes personagens: Françoise Dolto que emerge a partir de 1938, e  Lacan a partir de 1932. Eles formaram a terceira geração de psicanalistas,que não conheceram Freud em vida.
Jacques Lacan foi psiquiatra de formação alemã, foi o último dos grandes intérpretes do pensamento Freudiano. Empírico, devolve na psicanálise seu ideal subversivo. Tornou o inconsciente um local de linguagem.

Fraçoise Dolto, brilhante clínica será uma pioneira original da analise infantil.

Atualmente, a Psicanálise perdeu seus mestres e discípulos dos tempos heroicos, mas se implantou em todos os países democráticos, embora ainda seja muito contestada. Foi adotada por mais de 25 mil analistas no mundo e milhares de pacientes.

REFERÊNCIAS: