domingo, 30 de agosto de 2020

A sexualidade também tem história - comportamentos e atitudes sexuais através dos tempos - Estudo do Artigo

  • Cada cultura e momento histórico viam e viviam sua sexualidade diferentemente. Pensamento, atitude ou comportamento hoje, reprováveis,  talvez tenha sido normal ou natural em alguns períodos.
  • O pensamento sexual ocidental é fruto, em grande parte, das concepções e valores do século XIX.
  • A relação sexo - humanidade sempre foi extremamente complexa, pois envolveu (e envolve) questões sociais, culturais, religiosas e psicológicas, construídas historicamente, determinadas diferentemente em cada povo e época, por essa razão a sexualidade tem natureza subjetiva.
DISTINÇÃO ENTRE SEXO E SEXUALIDADE

"A sexualidade, no nosso entender, é um conjunto de fatos, sentimentos e percepções vinculados ao sexo ou à vida sexual." (RIBEIRO). Envolve:
  • manifestação do impulso sexual
  • o desejo, 
  • a busca do objeto sexual,
  • a representação do desejo
  • a elaboração mental para realizar o desejo
  • influência da cultura, da sociedade e da família
  • a moral
  • os valores
  • a religião
  • a sublimação
  • a repressão.
Objetivo primordial da sexualidade: a perpetuação da espécie (impulso biológico)
O homem encontrou na sexualidade uma forma de dar e receber prazer, utilizando-a para outros fins, o que ocorre através do sistema nervoso central, cujo estímulos são os sentimentos e as fantasias sexuais.

O Conceito de sexualidade foi criado no século XIX e está voltado para o saber sexual, decorrente da incitação à manifestação sexual verbal e escrita, para o fazer, ou seja, para as práticas e atitudes sexuais no cotidiano do indivíduo e dos grupos. Trata-se de uma construção cultural.

"O sexo é um conjunto de práticas, atitudes e comportamentos vinculados ao ato sexual, resultante das concepções existentes sobre ele." (RIBEIRO). 

sexo biológico determina o macho e a fêmea de uma espécie, a partir de um conjunto de características hereditárias, físicas e biológicas que nasce com cada um.

ATITUDES E COMPORTAMENTOS SEXUAIS NA ANTIGUIDADE 

CULTURAS DA ANTIGUIDADE ( BABILÔNIA, EGITO, CALDEUS, ASSÍRIOS, GRÉCIA, ROMA)

Observa-se que, em matéria de atitudes e comportamentos sexuais, não há uma moralidade homogênea e aplicada, sem diferenças, em todas as culturas. 

A MULHER ...
  • ... era colocada em condição de inferioridade em relação ao homem.
  • ...  só podiam realizar tarefas específicas ditas para mulheres: cozinheiras, tecelãs, babás, sacerdotisas, adivinhas, dentre outras.
  • ... não podiam tomar a iniciativa de se divorciar, mas podiam perder seus maridos caso fossem estéreis.(Babilônia)
  • ... infidelidade levava à pena de morte. 
  • ... costume de oferecer as mulheres da casa para os hóspedes.
O HOMEM
  • ... Tinha prerrogativa do divórcio.
  • .... podiam ter concubinas
  • ... sacerdotes e devotos buscavam as sacerdotisas nos tempos para o sexo.
NO EGITO - MAIOR LIBERDADE PARA AS MULHERES
  • Virgindade não tinha importância, não sendo motivo de desonra se a mulher tivesse relações sexuais antes do casamento. 
  • Haviam contrato temporário de casamento, que poderia acabar ou se tornar permanente.
  • Fidelidade era uma base para o casamento.
  • Adultério era falta grave
  • No divórcio a mulher podia receber uma pensão para sua subsistência;
  • A mulher podia ocupar  ocupar funções importantes, como médicas, escribas, administradoras de províncias, empresárias, proprietárias, e até ser faraó.
ATENAS - GRÉCIA - PERÍODO CLÁSSICO
  • As mulheres eram submissas aos seus maridos, não podiam sair sozinhas e tem um espaço na casa destinado a elas, o gineceu. 
  • Tem papel social definido – ser filha e mãe.
  • Tem na casa e na família o seu mundo e a 'razão de sua existência.
  • As mulheres precisavam casar virgem.
  • Sexo era para procriar.
  • Não era comum atração sexual entre marido e mulher.
  • Homens em torno de 30 e mulheres em torno dos 16 já casavam.
  • Divórcio era concedido em caso de adultério, desvirilidade ou vítima de violência por aprte do marido.
  • Mulheres usavam túnicas  longas
ESPARTA  - GRÉCIA - PERÍODO CLÁSSICO
  • A autonomia da mulher era maior
  • As meninas e os meninos espartanos eram educados juntos e os exercícios físicos realizados conjuntamente.
  • maior liberdade
  • Escolas especiais destinadas à sua educação.
  • Haviam mulheres mais independentes, educadas, possuidoras de boas maneiras, com conhecimento de instrumentos musicais e dança.
  • participavam de debates filosóficos, também eram competentes em discussões e de extrema beleza. 
  • usavam saias curtas, que deixavam as pernas à mostra.
  • as restrições sexuais visavam não à mulher em si, mas àquela que seria a esposa do cidadão, já que muitas delas ocupavam um status diferenciado.

ROMA - ITÁLIA
  •  a mulher ocupa importante papel social, vai ao teatro, às festas, faz compras, participa de reuniões políticas, embora se submeta à autoridade masculina
  • se casava jovem - a partir dos 12 anos de idade com homens bem mais velho.
  • tinha a prerrogativa do divórcio.
  •  o homem deveria ter livre iniciativa, liderança, voz de comando e que fosse sempre dominador e ativo. 
  • Sexualmente o homem deveria ser sempre ativo(penetrar) e escravos e mulheres passivos.(ser penetrado). 
  • Socialmente o homem não poderia ser passivo (ser penetrado) por uma questão hierárquica. Não se condenava a Hemofilia, mas sim, a quebra da hierarquia social.
  • O sexo oral era atividade indigna para um homem
O SEXO NA IDADE MÉDIA
  •  misturavam os costumes romanos, bárbaros e cristãos
  •  apegados aos valores pagãos dos antepassados (Igreja Católica)
  • o sexo era prática corrente nos ritos e festas que ocorriam na- época da colheita e do plantio (Bárbaros)
As pessoas andavam nuas, homens e mulheres tornavam banhos juntos e, nos quadros, até os santos eram representados nus. Era comum que amas masturbassem as crianças para que ficassem calmas. Até a obrigatoriedade do celibato para os religiosos não existia. No século XI, padres tinham vida sexual ativa. (USSEL, 1980).

AÇÃO DA IGREJA EM RELAÇÃO A SEXUALIDADE

Três santos – São Paulo, Santo Aqostinho e São Tomás de Aquino – fundamentavam a doutrina da Igreja. Dentre outras imposições, determinava que:
  •  o sexo só deveria acontecer dentro do casamento e com o único objetivo de procriação. 
  • Não poderia haver demonstração de paixão entre os cônjuges.
  •  os pecados contra o corpo: 6 prostituição, adultério, homossexualidade, auto-erotismo.
  • Determinavam os dias que se podiam ter relações sexuais
  •  A culpa é instalada no imaginário popular, assim como o medo do Inferno.
SÉCULO XVI / XVIII  - AVENTO DO PURITANISMO
  • houve mudanças no caráter, na moral e nos valores do homem europeu.
  • o homem tornou-se mais contido, regrado e controlado.
  • desvalorizou o corpo e a sensibilidade para alcançar a plenitude moral.
  • surge a ideologia médico-social de controle, normatização e classificação de atos, atitudes e comportamentos sexuais.
  •  a ética moral da constância de caráter, da introspecção e da formulação de um rígido padrão de comportamento. 
  • O capitalismo transformou a vida e a sociedade, introduziu um modo de vida fundamentado na produção, exploração do homem, venda da força do trabalho, acúmulo de bens. Enfim... o ter submeteu o ser.
  •  O sexo passou a ser controlado, submetido a regras e normas e, para tal, era necessário uma sustentação científica para justificar essas concepções. 
O MUNDO OCIDENTAL - SÉC XIX
  • preparados para receber, sem contestação uma nova moral sexual, diferente de todas as tendências morais já vistas na História.
  • Era uma ideologia sexual repressora, que nortearia o comportamento e as atitudes sexuais dos indivíduos a partir do século XIX, com reflexos importantes até os dias de hoje.
  • O século XIX tornou-se o palco ideal para a repressão sexual, baseada em padrões e normas negativistas. e restritivas, que sustentavam o controle sexual pregado pela moral médica: Católicos, protestantes, médicos, educadores, todos se aliavam para normatizar as atitudes e comportamentos sexuais através de postulados pseudocientíficos. Como analisa Loyola (1999, p. 32-33).
SÉCULO XX e início do século XXI:
  • o modo de vida consumista e individualista de uma sociedade capitalista e globalizada, nos lega uma concepção de sexualidade ainda limitada, normatizada e geradora de culpa, angústia e ansiedade. 
  • Há ainda, uma moral anti-sexual rígida, austera, contida que influenciou profundamente as atitudes em relação à sexualidade, no qual se incluir a questão da orientação sexual.

REFERÊNCIAS

A SEXUALIDADE TAMBÉM TEM HISTÓRIA: COMPORTAMENTOS E ATITUDES SEXUAIS ATRAVÉS DOS TEMPOS 
Paulo Rennes Marçal Ribeiro

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