terça-feira, 8 de junho de 2021

A fenomenologia como influência filosófica da Gestalt-terapia

  •  Após da gestalt-terapia os acontecimentos considerados surtos psicóticos passaram a ser conhecidos como fenômenos de estados alterados de consciência possível ao homem, quando este homem se abre para outras dimensões de vida.

 Fenomenologia
  • Provém do grego, indica o estudo do fenômeno, compreendida como aquilo que se mostra por si mesmo.
  • Fenômenos é tudo aquilo material ou imaterial que podemos ter consciência como por exemplo, o conhecimento.
Edmundo Husserls criou a fenomenologia
  •  tinha como objetivo fundamentar os estudos do conhecimento, da perspectiva dos fenômenos da consciência. 
  • Assim, todo e qualquer conhecimento se dá a partir de como essa consciência esclarece os fenômenos.
  •  Para Husserls os fenômenos são manifestações que spo ganha sentido quando interpretados pela consciência, e para isso é preciso captar a essência das coisas, descrevendo o mais puro dos fenômenos. 
  • Para que isso aconteça ele sugere que o terapeuta suspenda todos os apriores, todo o conhecimento a respeito da coisa. 
  • Com isso, o sujeito e objeto se tornam a mesma coisa. 
  • Pretendia fazer uma reformulção da filosofia tradicional e desvincular as suas raizes do positivismo, pois acreditava que a filosfia e a psicologia não deveria se vincular à ciencia. Para atingir esse objetivo, surge o conceito de Redução fenomenológica, ou seja, para se obter a compreensão de um fenômeno era preciso investigar esse fenômeno em si, ir a fundo, se eximindo de ações, crenças, torias, permitindo que seu eu pensante seja neutralizado.
  • Quando se consegue suspender os apriores, estado de redução fenomenológica, o terapeuta consegue entrar em estado de appoché, termo grego usado pelos céticos para determinar a suspensão de juízo. 
  • Husserls definiu appoché, como colocar o mundo entre parêntese quando se vive uma relação com o fenômeno em si, mantendo o foco na observação.
  • A fenomenologia nos ajuda a sair do estado habitual de pensar, do estado já programado de conhecimento que já temos, tornando possível identificar a diferença entre o que de fato esta sendo percebido e sentido na situação rpesente, e o que é uma possível lembrança do passado.
  • Descrever o fenômeno é mais importante que intrepretá-lo.
Conceito de Awareness
Para a fenomenologia traduz a ideia de entendimento, luz, conscientização sobre o fenômeno. O que clareia, traz luz ao fenômeno. Isso possibilita compreender o fenômeno através do contato com o aqui e agora.

Fundamentação:

Ari Rehfeld (2020, pg.24) conta que Edmund Husserl, filósofo nascido na Morávia(Atual República Tcheca), judeu, estudou matematica em Berlim e Viene e astronomia em Leipzig. Em 1884 conheceu Frans Brentano e dedicando-se a pensar a teoria do conhecimento e filosofia da ciência. Ele pretendia criar um novo método que acabou revolucionando todo o pensamento das ciêcias humanas do século XX, e da própria filosofia até o momento atual. Ao se encantar com as ideias de Brentano, Husserl partiu para a construção de uma tentativa de fundamentação das ciências, colocando em questão seus pressupostos, objeto de estudo e metodologias. 

"Husserl procura, a princípio, pela epoqué (redução eidética e fenomenológica) chegar a um Eu e a um Objeto puros em suas propriedades essenciais, retirando todas as qualidades circunstanciais, ou acidentais, com o fim de, estando de posse de um Eu e de um Objeto puros, fundar uma nova teoria do conhecimento de modo sólido e inquestionável" (REHFELD, 2020, pg. 27)

"A redução fenomenológica ou epoché vai consistir em “pôr entre parênteses” a realidade do senso comum. Não se deve permanecer ao nível das impressões sensíveis, mas sim captar a “essência” ou o sentido das coisas". Procurou "fundar um modo de chegar “às coisas mesmas” buscando prescindir das especulações, hipóteses e leis gerais para entrar em contato com a especificidade, a originalidade e a singularidade de cada fenômeno que se mostra" (REHFELD, 2020, pg. 27)

Rehfeld (2020, pg.28) explica que a Fenomenologia, no seu termo literal, significa “estudo dos fenômenos”, isto é, daquilo que é dado à consciência. Porém, Husserl vê a consciência como um lugar onde, de alguma maneira, se prende o conhecido. Husserl vê a consciência como uma síntese em fluxo que não tem nenhuma substancialidade, sendo mais uma dinâmica entre Sujeito e Objeto, onde todo ser recebe seu sentido e valor, ou seja, tudo só terá valor se apresentar sentido na relação conhecedor e Objeto através das diferentes formas de apreensão de mundo, tais como: razão, pensamento, intuição, sensibilidades e como pré-reflexivo. "Por epistemologia fenomenológica ressalta-se que Edmund Husserl considerou a fenomenologia como a reflexão sobre o fenômeno, ou seja, a reflexão sobre aquilo que se mostra como se mostra" (FUKUMITSU, 2020, pg.34)

"A perspectiva fenomenológica constata o caráter intencional da consciência — esta é sempre consciência de alguma coisa. Existe a dicotomia sujeito-objeto, no qual Noesis (ato da consciência visando ao objeto) e Noema (objeto visado pela consciência) são somente polos dessa correlação. (REHFELD, 2020, pg. 28-29). O autor ressalta que a a consciência se dirige aos objetos, não só pela intuição e percepção, mas também, pela imaginação, memória, sentimetnos, sonho. Logo, a fenomenologia concebe o homem essencialmente como ser no mundo, sendo a consciência , a consciência no mundo e vincula-se a ele por meio do corpo atravpes do qual é possível se relacionar com as coisas e outros seres humanos.

Rehfeld (2020, pg.29) afirma que a  fenomenologia pretende explorar esses dados intuitivos — relação pré-reflexiva —diretamente, evitando estabelecer quaisquer hipóteses a seu respeito. "Portanto, a fenomenologia enquanto método de aproximação e compreensão dos fenômenos,  visa elucidar não o mundo e a realidade tomados em si mesmos, mas as relações vividas e efetivas que se estabelecem, aos mesmo tempo necesária e livremente, entre homem e mundo.  "Para Husserl não se pode conhecer jamais aquilo que se dá por si mesmo, a coisa em si. E para que se faça realmente fenomenologia, é preciso suspender todo e qualquer posicionamento ontológico, e toda realidade empirica" (REHFELD, 2020, pg. 29).

Fenomenologia e Gestalt-terapia

Rehfeld (2020, pg. 30-31) explica que para apreender o homem com toda a sua singularidade, unicidade e originalidade, é preciso olhá-lo sem pré-conceito, nem pré-reflexão, nem pré-definição ou diagnóstico prévio, caso contrário, não será possível enxergá-lo em sua particularidade e complexidade, mas aenas no que pré-vimos. Portanto, segundo Husserls é preciso não aceitar o pré-dado, sair de uma posição prévia de visão para buscar uma compreensão maior do sujeito, o que possibilita a posse de um novo olhar, muito mais próximo da "coisa em si", com novas significações ou possibilidades, num esforço de apreender a significação de sua experiência.

"A Gestalt-terapia contemporânea tende, a partir de então, a valorizar o “experimento” em detrimento da técnica. Se esta última conduzia o paciente a um ponto em que o terapeuta já se  encontrava, o experimento, por sua vez, não tem tal ponto, de modo que paciente e terapeuta caminham juntos em direção ao novo, novo para os dois" (REHFELD, 2020, pg. 32-33).  O autor afirma que um de seus principais pilares do trabalho clínico fenomenológico e gestáltico é a awareness, consciência em fluxo que propicia a expressão do fenômeno "que se mostra no que aparece" contribuindo para a descrição desse modo de ser.

Fukumitsu (2020, pg.35) explica que para se fazer um estudo fenomenológico é preciso saber que o conhecimento obtido nas entrevistas e no processo de análise dos depoimentos tem duração contextualziada e depende da situação que o colaborador experineciou naquele exato momento, e que é preciso considerar que, o que é percebido naquele momento sobre determinada vivência, pode ser diferente em outro momento da vida da pessoa.

Moustakas apud Fukumitsu (2020, pg. 36;48), cujas ideias derivam das concepções de Edmund Husserl,  foi um ícone do movimento humanista nos Estados Unidos que utilizou o metodo fenomenológico que abrange as sete condições preconizadas pelo existencialismo, cujo objetivo é a apreensão das análises que representam o processo daquilo que aconteceu (noesis) o ato, a forma como se deu a experiência, o significado da experiência, a informação estrutural, o que nçao foi falado, o velado, o implicido, conforme pode ser visto a seguir:

1. "Temporalização: apresentação das experiências ligadas ao tempo" (FUKUMITSU, 2020, pg.46).
Exemplo: quando a pessoa relata sentir-se atrasado em suas atividades, ou revela sensação de ter perdido tempo com algo.

2. "Especialização: apresentação da vivência do espaço"  (FUKUMITSU, 2020, pg.47).
Exemplo: mencioar que se sente um peixe fora d'água em grupos.

3. "Aspectos relacionados ao corpo: quando a entrevistada diz sentir que a dificuldades de cuidar do copro provoca a necessidade de escondê-lo por "não se sentir mulher""  (FUKUMITSU, 2020, pg.47).

4. "Motivação: apresentação da compreensão do fenômeno, justificando: a) por casualidade - a pessoa cometeu suicídio porque sofris de transtorno bipolar; b) assumindo a responsabilidade, culpando o outro ou fazendo autoacusações - o marido cometeu suicídio porque não aguentou a traição da mulher; c) por crença no destino - o depoente afirma que é seu destino passar pela experiência"  (FUKUMITSU, 2020, pg.47).

5. "Materialidade: uso de figuras de linguagem que emetem à compreensão do que o depoente sente por meio de exemplos concretos"  (FUKUMITSU, 2020, pg.47)
Exemplo: filho de alguém que cometeu suidio relata sentir-se como se tivesse sido marcado com ferro em brasa.

6. "Ralacionamento com o mundo próprio: abarca a maneira como a pessoa se percebe"  (FUKUMITSU, 2020, pg.47).
Exemplo: se define como inseguro, solitário, etc.

7. "Relacionamento com outros e com o meio: apresenta a maneira como a pessoa interage  com os outros e com os objetos"  (FUKUMITSU, 2020, pg.48)
Exemplo: evitar relações interpessoais ou afirmar que "o cigarro é o seu melhor companheiro".


Referências:
FRAZÃO, Lilian Meyer; FUKUMITSU, Karina Okajima. Gestalt-terapia fundamentos epistemológicos e influências filosóficas. Summus editorial.6ª reimpressão. São Paulo, 2020.






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