domingo, 13 de junho de 2021

O existencialismo como influência filosófica da Gestalt-terapia

  Soren kierkegaard é um dos principais representantes do existencialismo, porém, há outros importantes como Jean Paul Sarte, Martein Buber, Matin Heidegger, Friedrich Nietzsche

A nível de definição busca compreender a existência humana partindo da própria existência, em seu aspecto concreto, afetivo, histórico e singular, valorizando a liberade de ser e a singularidade do indivíduo. Assim, toda pessoa é livre para fazer as suas escolhas, pois estamos escolhendo a todo momento.

A origem da palavra existir vem do latim, signfica começar a ser, e nesse senido o homem é o único ser que pode sair de si mesmo para projetar-se.

Kierkegaard e Friedrich Nietzsche ressaltaram o significado da existência humana com o objetivo de restaurar a importância do sentimento, das escolhas e da individualidade humana em seu aspecto concreto, afetivo, histórico e singular.

Aspecto concreto - nasce para contrariar o pensamento idealista dos ser humano, que diferenciava o mundo das ideais, que é o mundo verdadeiro, do mundo material que seria o suposto mundo falso. Os filmes Avatar e Matrix trazem dois mundos paralelos, permitindo diferenciar a distinção entre esses dois mundos. Para isso, o homem deveria buscar ser o homem ideal, virtuoso,visão idealista  que caiu por terra, porque seria impossível atingir esse nível de perfeição, e a completude da vida na existência humana, no mundo material é diferente, devendo levar em consideração a realidade humana com todos os seus defeitos, assim como se dá no mundo concreto que experineciamos.

Aspecto afetivo - o existencialismo aparece para rompar a posição filosófica do racionalismo, que reinava no sc XVIII na Europa em que a razão era o grande valor do homem e que para se obter controle de si e das coisas deveria seguir o pensamento racionalista. A corrente existencialista veio de uma forma mais humana, mostrando que os seres humanos são afetivos e se alteram a todo instante a partir das prórpias emoções. Não quer dizer que o existencialismo é a negação do racionalismo, pois também reconhece que o ser humano é um ser racional e também emocional. A afetividade exerce um papel muito importante sobre a existência e o sentimento humano. 

Com isso leva em conta a singularidade, explicando que cada ser é um mundo diferente, sendo seres diferentes com particularidades e necessidades diferentes, que passam por experiencias subjetivas diferentes, com caracteristicas diferentes que os tornam diferentes uns dos outros.

Aspecto Singular - o existencialismos procura estudar fenomenológicamente as experiencias que cada indivíduo tem na sua suibjetividade, com assuntos como medo, liberdade, responsabilidade, amor, esperança, ódio, culpa, enfim, estudas as experiências humanas.


Fundamentação:

Cardoso (2020, pg; 59) conta que o existencialismo surge e se desenvolve, especialmente na Europa Ocidental, na primeira metade do século 20, após duas guerras mundiais,onde a humanidade se vê mergulhada em sofrimento e desespero e diversos pensadores começam a duvidar de que o racionalismo defendido até então seria a única solução para os problemas e as tribulações atravessadas pela sociedade naquele período, em meio a reflexões sobre o homem e seu modo próprio de ser no mundo propostas por Sõren Kierkegaard, Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre e Martin Buber, entre outros.

"O existencialismo pode ser entendido como um conjunto de doutrinas filosóficas cujo tema central é a existência humana em sua concepção individual e particular, tendo por objetivo compreender o homem como ser concreto nas suas circunstâncias e no seu viver, conforme se mostra na sua realidade." (CARDOSO, 2020, pg.60), de onde surge a preocupação em compreender a existência humana.

"Na perspectiva existencial, o homem é concebido como um ser livre e responsável por construir a própria existência. Tal concepção foi sintetizada por Sartre (2012, pg. 25) apud Cardoso (2020, pg.60) ao afirmar que “a existência precede a essência”.  O autor explica que o homem é entendido como um ser livre para escolher sua essência a cada instante, consumando, assim, seu projeto de vida e de ser no mundo e que, ao fazê-lo, torna-se o único responsável por sua existência, pois escolhemos a todo instante, o que se quer ser. "Apesar de nossa condição existencial se caracterizar por um contexto que também nos impõe limitações físicas, sociais, espaciais e temporais, estas não nos determinam, pois cada um de nós é resultado daquilo que escolheu para si, incluindo o modo como lidamos com esse contexto. Isso pode ser ilustrado pela seguinte máxima sartreana: “O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que fazemos do que os outros fizeram de nós” (CARDOSO, 2020, pg.61).

"... só se pode compreender o homem com base em seu modo de existir no aqui e agora, incluindo a sua forma de ser e de experienciar o mundo e as várias situações de sua vida" ( CARDOSO, 2020, pg.63). "A Gestalt-terapia concebe o homem como o melhor intérprete de si mesmo, de sua individualidade complexa e dinâmica, o que é possível mediante o princípio da presentificação da experiência (awareness), ou seja, no modo como seu passado e seu futuro são experienciados no aqui e agora (PERLS, 1977 e 1988) apud  (CARDOSO, 2020, pf. 63)

"Martin Buber foi um filósofo existencial que enfatizou a importância do inter-humano, do encontro, do diálogo e da relação na constituição do ser humano. Para ele, todo viver verdadeiro é encontro e o evento dialógico é o que ocorre na esfera do “entre” (CARDOSO, 2020, pg.63). O autor conta que outros autores influenciados por Buber, recinhecem a Gestalt-terapia como dialógica. Conforme Hycner (1995) apud Cardoso (2020, pg. 64) o homem é antropologicamente existente na qualidade da relação estabelecida com outro homem, e é no evento do inter-humano que ocorre o encontro dialógico., caracterizado pela reciprocidade das partes que se relacionam. Perls, Hefferline e Goodman (1997) apud Cardoso (2020, pg. 64)  "referem-se ao “entre” como a “fronteira de contato”, a fronteira na qual a pessoa e o ambiente se encontram e interagem. É aí que se dá o contato, decorrente das trocas com o meio que promovem o crescimento."

De acordo com Cardoso (2020, pg; 65) na psicoterapia é necessária uma condição para que o cliente possa ser reconhecido em sua autenticidade, adotando uma postura aberta e de acolhiemnto ao cliente, esvaziando-se de quaisquer a prioris, pois somente assim, a pessoa poderá ser reconhecida no seu vir a ser. Yontef (2002) apud Cardoso (2020, pg. 65-67) ressalta a postura do gestalt-terapeuta em sua dimensão existencialm, devendo respeitar os princípios básicos do diálogo: inclusão, como postura de se colocar no lugar do outro, sem perder sua prórpia perspectiva; confirmação, assumindo uma postura receptiva e facilitadora da expressão do modo de existir da pessoa, fortalecendo sua autoimagem e sua autoestima; presença, estando inteiro na relação terapêutica, e entrega ao "entre", o que, configura a relação terapeuta-cliente como uma modalidade  interpessoal, mais do que, meramente técnica, sendo uma  postura de respeito que facilita o encontro da pessoa consigo mesma, por meio da aceitação, do diálogo, da presença respeitosa e confirmadora do psicoterapeuta.

Referências:
FRAZÃO, Lilian Meyer; FUKUMITSU, Karina Okajima. Gestalt-terapia fundamentos epistemológicos e influências filosóficas. Summus editorial.6ª reimpressão. São Paulo, 2020.

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