terça-feira, 24 de março de 2020

Esquizofrenia: Análise crítica sobre as principais características do transtorno e formas de cuidados


A esquizofrenia é um tipo de psicose, onde ocorre a desagregação psíquica da mente do indivíduo. A pessoa com o transtorno da esquizofrenia deve ser olhada e cuidada na perspectiva de sua interação com meio em que vive, a fim de manter a sua autonomia, funcionalidade social, que lhe permita interagir e se comunicar, garantindo-lhe uma vivência laborativa, acadêmica, familiar e afetiva. Entretanto, esse funcionamento social pode ser afetado  não só por um conjunto de sintomas oriundos da própria doença, mas também, a partir dos estigmas e preconceitos que a sociedade desinformada, ainda sustenta em relação a essas pessoas. As pessoas esquizofrênicas são ainda, muito estigmatizadas, marcadas por uma séria de preconceitos, que acabam isolando-as, socialmente.

A fase de apresentação de sintomas iniciais, chama-se PRÓDROMO ou SINAIS PRÉ-MÓRBIDOS. O início do transtorno pode ser confundido com depressão, pânico, Transtorno obsessivo Compulsivo, Ansiedade generalizada, etc., e por não serem sintomas específicos da doença, não permite diagnóstico precoce, pois o diagnóstico é clínico como uma investigação, pode durar  meses. 

Contudo, após o primeiro surto psicótico, pode surgir outros sintomas como: dificuldades de manter atividades cotidianas, dificuldade de manter relações sociais e familiares,afetando assim a sua autonomia. Os surtos psicóticos tem Sintomas Positivos e Sintomas Negativos.

SURTO PSICÓTICO (DELÍRIO/ALUCINAÇÃO) é um estado mental agudo, caracterizado por grave desorganização psíquica e fenômenos delirantes e/ou alucinatórios com perda do juízo crítico da realidade.

SINTOMAS POSITIVOS, são chamados positivos por que produz uma grande atividade cerebral com elevada produção de dopamina. Esses sintomas estão relacionados aos surtos psicóticos, aos delírios e as alucinações. No DELÍRIO pode criar uma realidade fantasiosa, na qual acredita plenamente,  que é real, ao ponto de duvidar da realidade do mundo; ideias de perseguição, de ser observado, etc. Provoca a sensação de fragmento a personalidade e causa sofrimento. Na ALUCINAÇÃO a pessoa ver e ouve coisas que não existem; ou que pessoas têm poderes paranormais. Nem sempre ocorrem em todos os esquizofrênicos, e quando presentes, variam de intensidade e qualidade dos sintomas.

A ocorrência de sintomas positivos, como delírio e alucinação causam forte impressão nas pessoas, sendo gatilho para a estigmatização, rotulando determinados comportamentos como se todos ocorressem com todas os esquizofrênicos, e preconceito por parte das pessoas desinformadas, ignorantes sobre a esquizofrenia.

SINTOMAS NEGATIVOS são negativos por produzirem baixa produção de dopamina no cérebro. Estão relacionados a fase mais crônica da esquizofrenia, se estendem por mais tempo,  são sintomas deficitários afetando a vontade e as atividades da pessoa, seja por falta de vontade, de inciativa ou persistência. Tendem a escolher atividades mais passivas,sem esforço físico nem cognitivo. Alguns possuem dificuldades de demonstrar afeto, mas continua tendo a capacidade de sentir emoções. A fala, pensamentos e ideias ficam mais lentos e desconectados, sem encadeamento logico, impactam em dificuldades sociais e laborativas.

Do ponto de vista DOS SINTOMAS DA COGNITIVO, ocorre falta de atenção, que interfere na capacidade de leitura escrita, afeta a concentração, prejuízo de memória, dificuldade de manter a atenção por um longo tempo, ficando distraído e disperso, comprometimento do aprendizado, impulsividade, disfunções executivos, como dificuldade de planejar tarefas, não consegue priorizar tarefas simples frente a tarefas complexas. Os sintomas da cognição acabam prejudicando os estudos, trabalho, relacionamento social e familiar.

Já os SINTOMAS NEUROLÓGICOS pode ocasionar tiques faciais, prejuízo dos movimentos mais finos, trejeitos, movimentos bruscos, desordenados, piscar de olhos com mais frequência, desorientação direita-esquerda. É importante observar que todos esses sintomas neurológicos por si só, não diagnosticam a esquizofrenia, por fazerem parte de outros transtornos.

O espectro da Esquizofrenia deve ser tratado com psiquiatra, com uso de medicamentos apropriados para a doença, como os antipsicóticos, que atuam no cérebro  sobre os neurotransmissores, na produção de dopamina,   a fim de mantê-lo fora das crises e surtos psicóticos, com autonomia, funcional em relação as suas atividades de rotina e se relacionando socialmente e com a família.
Para isso, a família é fundamental, devendo ser acolhida para informação e conhecimento da doença, para saber lidar com o problema.


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REFERÊNCIAS:
PALMEIRA/ GERALDES/BEZERRA. Entendendo a Esquizofrenia. Editora Inter ciência. Rio de Janeiro, 2009.
Entrevista sobre Esquizofrenia. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=3iIGnQ5gf3g&t=41s. Acesso em 24/03/2020 às 20:27 hs.
Google Imagens.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Aprendizagem pelas consequências - o reforço - capítulo 3.

Skinner afirma que o comportamento respondente (relação entre o organismo e o ambiente) não consegue abarcar toda a complexidade do comportamento humano e dos organismos em geral.  O comportamento operante abraca toda a complexidade do comportamento humano e dos organismos em geral.
  • COMPORTAMENTO OPERANTE é aquele que produz conseqüências (modificações no ambiente) e é afetado por elas.  São comportamentos aprendidos em função de suas conseqüências, ou seja, as consequências daquilo que fazemos nos mantém no mesmo caminho (mantém mesmo comportamento), ou nos afasta dele (para de se comportar).
  •  Entender o comportamento operante é fundamental para compreendermos como aprendemos nossas habilidades e nossos conhecimentos, ou seja, falar, ler, escrever, raciocinar, abstrair, etc.), e até mesmo como aprendemos a ser quem somos, a ter nossa personalidade.
  • O comportamento respondente(CR) é aprendido por meio do condicionamento respondente.
               S - R  (uma alteração no ambiente elicia uma resposta no organismo)
             
             O  CR é involuntário e pode ser inato ou aprendido.
             Exemplo de CR Inato: A luz (S) é uma contingência que elicia o comportamento de contração da pupila, esse comportamento é inato.

         O CR aprendido depende da adição ou emparelhamento de um estímulo neutro a um estímulo eliciador de respondente forte o bastante para eliciar a resposta.
             Exemplo de CR aprendido:  O cão saliva toda vez que vai comer, A comida(estímulo) elicia a resposta inata da (salivação) no cão. Ao emparelhar uma sineta (estímulo neutro) à comida( estímulo eliciador da salivação) observou-se que, depois de repetidas vezes do emparelhamento, toda vez que se tocava a sineta, mesmo sem a comida, o cão apresentava a salivação. O estímulo neutro passa a eliciar a resposta quando emparelhado a um estímulo suficientemente forte para eliciar uma resposta.
  • comportamento operante  (CO) é aprendido por meio das consequências, pois a maior parte de nossos comportamentos produzem consequências, e essas consequências são mudanças no ambiente.
  • Exemplo 1: Estender o braço(comportamento) para pegar o saleiro(mudança no ambiente: o saleiro passa de um local a outro). Nesse caso o comportamento produziu diretamente a mudança no ambiente.
  • Exemplo 2: Pedir a alguém(comportamento de alguém modifica o comportamento de outra pessoa) que lhe passe o saleiro (a outra pessoa provoca mudança no ambiente). Nesse caso, o comportamento produziu indiretamente a mudança no ambiente)
          R - C ( uma resposta emitida pelo organismo produz uma alteração no ambiente que são as consequências).Exemplos:

        COMPORTAMENTO               CONSEQUÊNCIA
          Apertar um botão                       chegar o elevador
          Girar uma torneira                      obter água
          Fazer uma pergunta                    receber uma resposta
          Estudar                                        tirar boas notas
          Telefonar                                     Falar com alguém.
          Criança faz birra                         Conseguir o que quer
          Dizer que está deprimido           Chama atenção das pessoas.

O COMPORTAMENTO (RESPOSTA) É AFETADO, CONTROLADO POR SUAS CONSEQUÊNCIAS
São as consequências dos comportamentos que irão determinar se o comportamento se mantém ou se extingue, se ocorrerão com menor ou maior frequência.  Logo, as consequências tanto mantém a influência sobre comportamentos adequados quanto reduzem a frequência de comportamentos inadequados ou indesejados.

          Exemplo 1: Pedir um favor a alguém (comportamento) a pessoa faz, porém,com má vontade (consequências). A má vontade fará com que o próximo favor, não seja mais pedido àquela pessoa, extinguindo aquele comportamento.

      Exemplo 2: Pedir um favor a alguém (comportamento) a pessoa faz, com boa vontade (consequências). A boa vontade aumentará as chances de que da próxima vez, torne a pedir o favor à mesma pessoa, mantendo aquele comportamento.

           Exemplo de controle do comportamento por suas consequências: ratinho pressiona a barra (comportamento) e sai água(consequência). Enquanto estiver saindo água, o ratinho vai continuar pressionando a barra, logo o seu comportamento é controlado pelas consequências.  Já uma criança que faz birra(comportamento) e consegue o que quer (consequências) tende a fazer birra toda vez que quiser alguma coisa. Seu comportamento é controlado pelas consequências.
  • Quando as consequências aumentam a probabilidade do comportamento acontecer, chama-se de REFORÇO. Logo, REFORÇO é um tipo de consequência que aumenta a probabilidade do comportamento se repetir. No exemplo da criança que faz birra, o fato dos pais darem a ela o que deseja, reforça o seu comportamento de fazer birra.
DIFERENÇA ENTRE REFORÇO NATURAL E REFORÇO ARBITRÁRIO

REFORÇO NATURAL: a consequência reforçadora do comportamento é o produto direto do próprio comportamento. Exemplo: Tocar uma música(comportamento)  em casa (satisfação pessoal em ouvir a música).

REFORÇO ARBITRÁRIO: a consequência do comportamento é um produto indireto do comportamento. Exemplo: Tocar uma música(comportamento) num bar, em troca de uma remuneração ( remuneração é o produto indireto do comportamento). As recompensas oferecidas em prol de determinados comportamentos são reforços arbitrários.

EXTINÇÃO OPERANTE é quando ocorre a suspensão de UMA CONSEQUÊNCIA REFORÇADORA, que leva à diminuição da frequência de ocorrência do comportamento.

Exemplo 1: Uma pessoa telefona quase todos os dias para o celular de um amigo (comportamento) e conversa com ele (reforço); o amigo muda o número do celular e não a avisa. A pessoa liga e não é atendida (suspensão do reforço: extinção). Quantas vezes ela ligará para o amigo antes de desistir? 

Exemplo 2: Outro exemplo: um ratinho pressiona a barra em uma caixa de Skinner (comportamento) e recebe água (reforço); desliga-se o bebedouro da caixa: o ratinho pressiona a barra e não recebe mais a água (suspensão do reforço: extinção). Por quanto tempo (ou quantas vezes) o ratinho continuará pressionando a barra? 

RESISTÊNCIA À EXTINÇÃO é  o tempo - ou o número de vezes - que um organismo continua emitido uma resposta (comportamento) após a suspensão do seu reforço. Quanto mais tempo continuar se comportando, maior a resistência a extinção do comportamento, e vice-versa.

MODELAGEM é uma técnica usada para se ensinar um comportamento novo por meio de reforço diferencial de aproximações sucessivas do comportamento-alvo. Exemplo: Pais e parentes reforçam o balbuciar de bebês, de onde surgem diferentes sequências de sons.


Fonte: livro Análise do Comportamento. Capítulo 3.

CONCEITO CONSEQUÊNCIA REFORÇADORA



REFORÇO POSITIVO E APRENDIZAGEM