Psicanálise, Instituição e Laços Sociais - O grupo como dispositivo

RESUMO DO ARTIGO
Segundo Mendonça (2006) muitas mudanças se deram nesse percurso, houve uma tentativa de modificação dos hospitais psiquiátricos com o intuito de torná-los mais terapêuticos, e também um movimento mais radical que solicitava a extinção desses hospitais, fato que acabou ocorrendo no Brasil. Já Silva (2005) entende que a reforma psiquiátrica também se compromete com a política pública de saúde mental, na tentativa de implementar um projeto de universalidade, equidade e integralidade da assistência à população. “Uma primeira atitude para tornar a psicanálise possível na instituição é o abandono da ilusão ou do desejo de impor uma ordem, qualquer que seja ela.”  A Psicanálise nas Instituições públicas é um desafio, devido a necessidade de adaptação às Políticas Públicas da Saúde Mental, com objetivo de resgatar a cidadania, sobretudo após a reforma psiquiátrica no Brasil.

Confusão das línguas e os profissionais da clínica tem sua raiz, segundo Foucault (1998), desde a origem do termo doença mental, o que induziu à assimilação dos processos mentais aos cerebrais ou neuronais. Segundo Fedida e Widlöcher (1990), o termo psicopatológico se refere atualmente a uma grande encruzilhada epistemológica na qual se entrecruzam disciplinas científicas heterogêneas, que têm em comum a preocupação com o sofrimento psíquico.

Quanto a escuta psicanalítica e a condição transferencial, Baremblitt (1982) afirma que a psicanálise está mais para “uma prática social científica composta por uma teoria, com um objeto formal abstrato específico (a estrutura psíquica) e com sua região determinante última (o inconsciente), por um método, por uma técnica e por uma situação experimental própria – a situação analítica”.  Já, Bueno e Pereira (2002) definem a situação analítica como a “condição transferencial e técnica particular capaz de sustentar, face a um sujeito que sofre com seus sintomas, o enigma de seu inconsciente e o desejo de elucidação do saber que supostamente ele comporta”. Contudo, Rinaldi (1999) ressalta que a responsabilidade da qual a psicanálise trata se distingue da responsabilidade moral, e diz respeito ao sujeito constituído através da linguagem em sua relação de alienação com esta última, sujeito esse atravessado pelos significantes que vêm do Outro.

A alienação quando o individuo se constitui na psicanálise, o sujeito esta sempre em relação com o outro, seja família, grupos sociais, o que vai interferir no modo de ver e nos significados a ele atribuído, trazendo a ideia de sujeito sujeitado.

Quanto à escuta psicanalítica no contexto institucional, há alguns aspectos que participam do processo, do trabalho, nem sempre o psicanalista é a primeira pessoa a escutar o problema do paciente, geralmente o mesmo já passou por um medico que o encaminhou para a terapia.  Cada paciente chega com suas demandas próprias, especificas da história de vida de cada um, levando-se em consideração sua história de vida, sua cultura, suas relações com o mundo apreendendo o significado por ele atribuído aos símbolos institucionais. Aí a clínica tua com a finalidade de manter a saúde mental dos membros do grupo. É de fundamental importância as escutas primeiras, na repercussão do sujeito enquanto membro do grupo.

A Psicanálise e o atendimento de grupo parte da demanda de cada paciente, os clientes vão sendo direcionados aos grupos de mesmos interesses, a fim de estabelecer uma afinidade entre eles a partir de demandas parecidas. 

O grupo se molda e o terapeuta intervém a fim de abraçar a demanda de todos, permitindo a relação entre os próprios membros onde cada um possa encarar os seus problemas e dificuldades de maneira espontânea, ressignificando a forma de ver e enfrenta-los. 

A psicanálise ressalta a sua relação com o seu próprio desejo, daí a necessidade de o paciente se escutar enquanto processo terapêutico. 

Na instituição, quando o grupo está imbuído dos mesmos objetivos, identificado com suas demandas a partir de suas perspectivas individuais, a psicoterapia de grupo traz resultados muito positivos para que o sujeito saia de seu local de acomodação e atribua novo sentido a sua vida no grupo ao qual está inserido.

Disponível em: http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/42175

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