Gênero

  • Para as ciências sociais e humanas, o conceito de gênero se refere à construção social do sexo anatômico.
  • a maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura.
  •  gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos.
  •  “O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexo.
  • No senso comum, as diferenças de gênero são interpretadas como se fossem naturais, determinadas pelos corpos.
  • há um padrão universal para comportamentos sexual ou de gênero que seja considerado normal, certo, superior ou, a priori, o melhor. 
A história...
  • O conceito de gênero nasceu do movimento feminista 
  • O movimento feminista começou antes com as chamadas sufragistas: a luta pelo sufrágio feminino.
  •  Simone de Beauvoir, que em 1949 escreveu o livro O Segundo Sexo que reflete sobre as desigualdades entre homens e mulheres nas sociedades modernas, relações de poder.
  • O conceito de gênero, como vimos, foi elaborado para evidenciar que o sexo anatômico não é o elemento definidor das condutas da espécie humana. 
  • Desde 1964, o psiquiatra norte-americano Robert Stoller vem desenvolvendo estudos sobre masculinidade, feminilidade e a questão da identidade de gênero, criando um ponto de partida para o estudo mais sistemático do travestismo. 
  •  a antropóloga norte-americana Gayle Rubin, que em 1975 defendeu a ideia da existência de um sistema sexo-gênero em todas as sociedades.
  • “divisão sexual do trabalho doméstico”. 
Glossário:

Gênero: Conceito formulado nos anos 1970 com profunda influência do pensamento feminista. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, no entanto, a maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura. Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos.

Identidade de Gênero: Diz respeito à percepção subjetiva de ser masculino ou feminino, conforme os atributos, os comportamentos e os papéis convencionalmente estabelecidos para homens e mulheres.

Movimento Feminista: Movimento social e político de defesa de direitos iguais para mulheres e homens, tanto no âmbito da legislação (plano normativo e jurídico), quanto no plano da formulação de políticas públicas que ofereçam serviços e programas sociais de apoio a mulheres.

Travesti: Pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino, mas que tem sua identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, assumindo papéis de gênero diferentes daquele imposto pela sociedade. Muitas travestis modificam seus corpos através de hormonioterapias, aplicações de silicone e/ou cirurgias plásticas, porém vale ressaltar que isso não é regra para todas (Definição adotada pela Conferência Nacional LGBT em 2008).

Gênero e outras formas de classificação social
  • O olhar que lançamos às diferenças existentes entre nós, sejam elas de pertencimento à determinada classe social, gênero, raça, etnia ou orientação sexual, é cultural e socialmente estabelecido.
  •  A defesa dos direitos humanos supõe uma postura política e ética na qual todos/as têm igualmente o direito de ser respeitados/as e tratados/as com dignidade, sejam homens, mulheres, negros/ as, brancos/as, indígenas, homossexuais, heterossexuais, bissexuais, travestis, transexuais.
  • Todas essas formas de classificação interagem simultaneamente no mundo social, fazendo com que certos entrecruzamentos sejam objeto de um tratamento menos igualitário, mais desigual do que outros.
  • A antropologia sustenta que a dimensão biológica da espécie humana é transformada pela necessidade de capacitação cultural, essencial à sua sobrevivência. É a cultura que humaniza a espécie. 
  •  de acordo com o senso comum, as condutas de homens e mulheres originam-se de uma dimensão natural (os instintos) inscrita nos corpos com que cada indivíduo nasce.
  • Na década de 1930, a antropóloga americana Margaret Mead (1901-1978) estudou esta questão em outras culturas e descobriu que não existe uma relação direta entre o sexo do corpo e a conduta social de homens e mulheres.
  • Ela demonstrou que os papéis sexuais eram determinados pelas expectativas sociais e provou a importância das relações raciais para a conservação da espécie.
  • Gestos, modos de se vestir, de sentir ou falar podem ser considerados femininos em alguns lugares, masculinos ou mesmo indiferentes em outros. Esta variação corresponde à cultura
  • Sexualidade e gênero são dimensões diferentes que integram a identidade pessoal de cada indivíduo. Ambos surgem, são afetados e se transformam conforme os valores sociais vigentes em uma dada época.
Glossário:

Bissexual: Pessoa que tem desejos, práticas sexuais e relacionamento afetivo-sexual com pessoas de ambos os sexos.

Cultura: Fenômeno unicamente humano, a cultura refere-se à capacidade que os seres humanos têm de dar significado às suas ações e ao mundo que os rodeia. A cultura é compartilhada pelos indivíduos de um determinado grupo, não se relacionando a um fenômeno individual. Por outro lado, cada grupo de seres humanos, em diferentes épocas e lugares, atribui significados diferentes a coisas e a passagens da vida aparentemente semelhantes. 

Direitos Humanos: Constituem o marco de reconhecimento dos direitos e liberdades básicas inerentes à pessoa humana, sem qualquer espécie de discriminação. São os direitos que consagram o respeito à dignidade humana, que visam resguardar a integridade física e psicológica das pessoas perante seus semelhantes e perante o Estado em geral. Exemplos desses direitos e liberdades reconhecidos com direitos humanos incluem os direitos civis e políticos, o direito à vida e à liberdade, liberdade de expressão e igualdade perante a lei, direitos sociais, culturais e econômicos, o direito à saúde, ao trabalho e à educação. Em 1948, após a Segunda Guerra Mundial, foi proclamada a Declaração Universal de Direitos Humanos, com a qual se inicia a fase de afirmação universal e positiva dos direitos humanos, materializada na busca por instrumentos internacionais (pactos, declarações e tratados) de defesa desses direitos. Alguns exemplos especialmente relevantes para o estabelecimento dos direitos relativos ao livre exercício da sexualidade são: o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (ambos de 1966), a Declaração sobre a Eliminação de Discriminação contra a Mulher (1967) e a Convenção subseqüente (1979), A Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959) e Convenção sobre os Direitos da Criança (1989). 

Heterossexualidade: Atração sexual por pessoas de outro gênero e relacionamento afetivo-sexual com elas. 

Hierarquia de gênero: Pirâmide social econômica construída pelas relações assimétricas de gênero. 

Homossexualidade: Atração sexual por pessoas do mesmo gênero e relacionamento afetivo-sexual com elas.  

Transexual: Pessoa que possui uma identidade de gênero diferente do sexo designado no nascimento. Homens e mulheres transexuais podem manifestar o desejo de se submeterem a intervenções médico-cirúrgicas para realizarem a adequação dos seus atributos físicos de nascença (inclusive genitais) à sua identidade de gênero constituída.

Travesti: Pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino, mas que tem sua identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, assumindo papéis de gênero diferentes daquele imposto pela sociedade. Muitas travestis modificam seus corpos através de hormonioterapias, aplicações de silicone e/ou cirurgias plásticas, porém vale ressaltar que isso não é regra para todas (Definição adotada pela Conferência Nacional LGBT em 2008).

O aprendizado de Gênero: socialização na família e na escola.
  •  somos educados/as para conviver em sociedade.
  • distinção entre meninos e meninas influencia, por exemplo, a decoração do quarto da criança, a cor das roupas e dos objetos pessoais, a escolha dos brinquedos e das atividades de lazer.
  • Na família, assim como na escola, é fundamental que as pessoas adultas, ao lidarem com crianças, percebam que podem reforçar ou atenuar as diferenças de gênero e suas marcas, contribuindo para estimular traços, gostos e aptidões não restritos aos atributos de um ou outro gênero.
  • Ideia de que  “homem não chora”
  •  bonecas, fogõezinhos, panelinhas e ferrinhos de passar as garotas, da infância à adolescência, vão se familiarizando com o trabalho doméstico.
  • Os modelos de homem e de mulher que as crianças têm à sua volta, na família e na escola, apresentados por pessoas adultas, influenciarão a construção de suas referências de gênero. 
  • A escola tem a responsabilidade de não contribuir para o aumento da discriminação e dos preconceitos contra as mulheres e contra todos aqueles que não correspondem a um ideal de masculinidade dominante, como gays, travestis e lésbicas.
Glossário:

Eqüidade de gênero: Igualdade de direitos, oportunidades e condições entre homens e mulheres.

Construção social da identidade adolescente/juvenil e suas marcas de gênero
  • Se o gênero é socialmente construído por nós no cotidiano da família, da escola, da rua, na mídia, então parte-se do pressuposto de que essas convenções sociais podem ser transformadas, ou seja, discutidas, criticadas, questionadas, modificadas em busca da eqüidade social entre homens e mulheres, do ponto de vista do acesso a direitos sociais, políticos e civis.
  • Educadores e educadoras têm a possibilidade de reforçar preconceitos e estereótipos de gênero, caso tenham uma atuação pouco reflexiva sobre as classificações morais existentes entre atributos masculinos e femininos.
  • As noções aprendidas na infância do que é considerado pertinente ao feminino e ao masculino acirram-se e consolidam-se na adolescência. 
  • Esses modelos de comportamento sexual e social podem se tornar verdadeiras prisões ou fontes de agudo sofrimento quando os rapazes e as moças não se encaixam nos estereótipos de gênero previamente designados.
  • ados. Qualquer inadaptação ou desvio de conduta corre o risco de ser duramente criticada/o ou discriminada/o socialmente: elas podem se tornar “putas” e “galinhas” (em razão de uma vida sexual ativa), ou “sapatões”, “machonas” ou “freiras” (como categoria de acusação em alusão à castidade para as que se recusam a aderir à prática sexual por imposição do parceiro); e eles, “bichas”, “veados”, “mulherzinha”.
  • a divisão sexual do trabalho.
  • As escolhas feitas na adolescência serão, portanto, decisivas para a construção da trajetória biográfica de rapazes e moças.
  • O modo como cada jovem – homem ou mulher – se apresenta em bailes, festas, espetáculos musicais, rodeios informa não só sobre seu pertencimento social, mas também de gênero e raça.
  • A sociologia tem estudado as denominadas “tribos urbanas” enquanto rede de amizades adolescente e juvenil que compartilham modo de se vestir, linguagem, músicas e outros gostos.
  • a aceitação dos valores de gênero difundidos nas mais variadas situações de sociabilidade juvenil exerce considerável influência na conformação da identidade juvenil de homens e mulheres.
Diferenças de gênero na organização social da vida pública e da vida privada
  • A divisão do “espaço público e privado” pode ser percebida, por exemplo, quando se quer insultar uma mulher. Ela é chamada de “mulher da rua”, “vadia”, “puta”, em oposição à “mulher da casa”, “mulher ou moça de família”, “santa”, “do lar”.
  • divisão entre o mundo da produção (masculino) e o da reprodução (feminino).
  • o conceito sociológico de classe social, que distingue diferentes inserções sociais conforme as condições materiais de existência de cada um, o conceito de gênero também nos ajuda a compreender o modo de organização da vida social, tanto no espaço público quanto na esfera privada. 
  •  A crescente participação feminina nas atividades econômicas, políticas, legislativas tem sido fruto de considerável esforço de luta do movimento feminista.
Mercado de Trabalho...
  • Décadas passadas, o mercado de trabalho era um espaço de hegemonia masculina
  •  Até a metade do século XX, as mulheres não tinham o horizonte da carreira profissional ou a participação na vida pública como metas preponderantes, não tendo participação significativa na população economicamente ativa.
  •  Hoje, a presença das mulheres no mercado de trabalho é expressiva, embora sofram muitas discriminações se comparadas aos homens.
  • Um contingente expressivo de mulheres sustenta a casa, os filhos e, às vezes, também os maridos, expulsos do mercado formal de trabalho.
Escolarização...
  •  evidenciam as desigualdades de gênero que ordenam a vida social e suas possibilidades de transformação.
  •  1870 o governo brasileiro abriu as instituições de ensino superior à entrada das mulheres.
  •  Em 1887 formou-se a primeira médica no Brasil, Rita Lobato Velho Lopes 
  • Em 1889, foi permitido pela primeira vez que uma advogada brasileira fosse admitida nos tribunais.
  • Em 2006, a ministra Ellen Gracie destacou-se como a primeira mulher a ser incorporada ao Supremo Tribunal Federal, ocupando a presidência desta instituição pelo período de dois anos.
  •  os investimentos das mulheres na educação e na qualificação profissional ainda não se reverteram em igualdade salarial.
  • Hoje, no Brasil, há mais mulheres que homens cursando a educação superior
Participação política...
  •  as mulheres só tiveram acesso ao voto em 1932, por incansável militância do movimento sufragista feminino, nas primeiras décadas do século XX, liderado pela bióloga paulista Bertha Lutz.
  • As primeiras mulheres foram eleitas para o parlamento em 1933.
  • a necessidade de igualdade de oportunidades sociais para participar ativamente da vida pública impõe-se como um direito inalienável das mulheres.
  • Não podemos considerar, de forma ingênua, que a participação de homens e mulheres na vida pública seja aleatória, fruto de desejos pessoais, particulares, muito menos de aptidões ou habilidades naturais a cada sexo. 
  •  Somos socialmente educados e educadas para gostar mais ou menos de política, de economia, de leis, quer sejamos homens ou mulheres.
  •  modo de organização da família implica uma rígida hierarquia moral que estabelece posições sociais, deveres e obrigações próprias a cada um, conforme a inserção de gênero e de geração.
  •  Raramente é facultado às mulheres o exercício de sua autonomia como ser humano igual aos homens, como cidadã com os mesmos direitos sociais que seus companheiros ou irmãos
  • aparecimento da pílula anticoncepcional na segunda metade do século XX.
  • dissociação da atividade sexual da reprodução, com muitas transformações sociais daí decorrentes.
  •  A dominação masculina é o exercício do poder exercido pelos homens sobre as mulheres. É um conceito estudado pelo sociólogo e antropólogo francês Pierre Bourdieu.
  •  o modo com que cada cultura constrói o gênero irá definir um determinado padrão de organização das representações e das práticas sociais no mundo público (rua) e na vida privada (casa), estabelecendo lugares distintos para homens e mulheres e uma dinâmica peculiar entre ambos.
  • O processo de socialização na infância e na adolescência é fundamental para a construção da identidade de gênero. E a escola tem grande responsabilidade no processo de formação de futuros cidadãos e cidadãs, ao desnaturalizar e desconstruir as diferenças de gênero, questionando as desigualdades daí decorrentes.
Glossário:

Cultura: Fenômeno unicamente humano, a cultura refere-se à capacidade que os seres humanos têm de dar significado às suas ações e ao mundo que os rodeia. A cultura é compartilhada pelos indivíduos de um determinado grupo, não se relacionando a um fenômeno individual. Por outro lado, cada grupo de seres humanos, em diferentes épocas e lugares, atribui significados diferentes a coisas e a passagens da vida aparentemente semelhantes. 

Gênero: Conceito formulado nos anos 1970 com profunda influência do pensamento feminista. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, no entanto, a maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura. Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos. 

Hierarquia de gênero: Pirâmide social econômica construída pelas relações assimétricas de gênero.

Movimento Sufragista: O movimento pelo sufrágio feminino é um movimento social, político e econômico, de caráter reformista, que tem como objetivo estender o sufrágio (o direito de votar) às mulheres. 

REFERÊNCIAS
Módulo II: Gênero | Unidade I | Texto I | Conceito de Gênero

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