INTRODUÇÃO
A população idosa, a
nível mundial, tem demonstrado crescimento
expressivo nas últimas décadas, em virtude
da expansão de sua expectativa de vida.
A descoberta de novos medicamentos possibilitou um amplo controle e
tratamento eficiente de doenças infectocontagiosas e crônico-degenerativas,
às quais somadas às intervenções estratégicas modernas de diagnóstico e
cirurgia proporcionaram uma elevação da vida média da população (ARAÚJO
et al., 1999; HOFFMANN, 2002).
O avanço da expectativa de vida ocorreu originalmente em
países desenvolvidos, porém, é nos países em
desenvolvimento que tal processo tem ocorrido de forma mais maciça (COSTA;
VERAS, 2003). O Brasil mesmo tendo iniciado
seu processo de envelhecimento somente na década de 60, acompanha essa tendência mundial, com um envelhecimento rápido e
intenso (CHAIMOWICZ, 1997).
A dinâmica do envelhecimento
da população mundial fez com que a ciência, os pesquisadores e também a população buscassem formas para minimizar ou evitar os efeitos do
envelhecimento, fato que proporcionou nos últimos anos um aumento de pesquisas
voltadas para o envelhecimento humano, surgindo
várias teorias com o propósito de explicar as causas desse fenômeno
(BARROS NETO; MATSUDO; MATSUDO, 2000).
Dentre as inúmeras teorias que buscam apontar as causas do
envelhecimento pode-se destacar: a Teoria Genética, a Teoria Imunológica, a Teoria do Acúmulo
de Danos, a Teoria das Mutações, a Teoria do Uso e Desgaste e a Teoria dos
Radicais Livres (RLs), uma das teorias mais plausíveis até o momento. Essa teoria sustenta a ideia de que o envelhecimento celular
normal seja desencadeado e acelerado pelos RLs, moléculas instáveis e
reativas capazes de reagir com os constituintes do organismo em busca de uma
maior estabilidade.
O presente estudo tem como objetivo a elaboração de uma
revisão bibliográfica, abordando as principais teorias
do envelhecimento humano, correlacionando com modificações que ocorrem
no organismo.
PECULIARIDADES DO ENVELHECIMENTO
O envelhecimento humano
está sujeito a influências intrínsecas, como a constituição
genética individual responsável pela longevidade máxima e os fatores extrínsecos
condizentes às exposições ambientais a que o indivíduo sofreu (tipo de
dieta, sedentarismo, poluição, entre outros), os quais proporcionam uma grande
heterogenidade no envelhecimento. Além disso, o envelhecimento orgânico humano
pode ser caracterizado como senescência, envelhecimento normal, ou como
senilidade, envelhecimento patológico.A senescência
é caracterizada como um processo fisiológico com transformações que ocorrem normalmente
com o passar dos anos (sem distúrbios de conduta, amnésias, entre
outros), enquanto que a senilidade significa a presença de doenças crônicas ou
outras alterações que podem acometer a saúde do idoso (perda da capacidade de
memorizar, prestar atenção, não conseguir se orientar, etc.) (BRINK, 2001;
PAPALÉO NETTO, 2002).
Com o envelhecimento o ser humano sofre várias alterações
marcantes, entre as quais pode-se citar: embranquecimento
dos cabelos e calvíce (embora sejam características também vinculadas a aspectos
étnicos, genéticos, sexuais e endócrinos); redução na estatura; aumento do
diâmetro do crânio e aumento da amplitude do nariz e orelhas caracterizando
a conformação facial do idoso. Também ocorre diminuição
da espessura e perda da capacidade de sustentação da pele, o que leva ao surgimento
de bolsas orbitais, enrugamento e aumento dos sulcos labiais; surgimento
do arcus senilis (círculo branco em torno da córnea); alteração da cavidade bucal (perda da elasticidade
da mucosa, queratinização e aumento da espessura do epitélio) com perda do paladar; desgaste dos dentes e modificação
na língua que perde grande quantidade de suas papilas gustativas (BARROS
NETO; MATSUDO; MATSUDO, 2000; BEATTIE; LOUIE, 2001; CARVALHO FILHO, 1996;
FREITAS; MIRANDA; NERY, 2002).
O envelhecimento também ocasiona mudanças
na composição corpórea com, geralmente, ganho
de peso, devido ao aumento do tecido adiposo e redução de tecidos muscular e
ósseo. A deposição do tecido adiposo ocorre em maior concentração no tronco
e ao redor de vísceras como rins e coração (CARVALHO FILHO, 1996; FREITAS;
MIRANDA;
NERY, 2002).
Segundo Cunha e Jeckel-Neto (2002), pode-se caracterizar o
envelhecimento como uma das etapas sequenciais da
vida, apresentando-se como um processo
lento, progressivo e inevitável, caracterizado por diversas modificações
morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que contribuem para o
aumento da vulnerabilidade e incidência dos processos patológicos no organismo.
AS TEORIAS DO ENVELHECIMENTO
Atualmente várias teorias são
propostas para explicar a origem do fenômeno do envelhecimento, cada qual com um
conjunto de conceitos, fatos e indicadores. Esta variedade de teorias provém
dos vários pontos de controvérsia que surgem no momento de estabelecer os
fatores envolvidas no processo do envelhecimento, bem como, do próprio entendimento
desse fenômeno complexo, uma vez que muitas
teorias formuladas apoiam-se somente numa alteração biológica isolada, sem
considerar a noção de complexidade e integridade, condições que caracterizam o
envelhecimento (CUNHA; JECKEL- NETO, 2002).
A Teoria Genética
defende a ideia de que o envelhecimento é resultado
de alterações bioquímicas programadas pelo próprio genoma, o qual
poderia regular a expectativa de vida por meio de diferentes genes, dessa
forma, cada ser vivo apresentaria uma duração de vida estipulada pelo seu
padrão genético, algo que tenta ser comprovado pela realização de várias
pesquisas acerca da longevidade, somadas às constatações na prática clínica dos
envelhecimentos precoces (progeria
infantil ou síndrome de Hutchinson-Gilford e progeria do adulto ou síndrome de
Werner) doenças que estariam relacionados à deficiências de enzimas controlados
por genes autossômicos recessivos (BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996; TORRES,
2002). Outro mecanismo genético considerado seria o encurtamento do telômero,
estrutura localizada no final dos cromossomos de células eucarióticas, como fator
determinante no desencadeamento do envelhecimento, uma vez que é responsável ela
proteção dos cromossomos e replicação do DNA cromossomal (TORRES, 2002).
Segundo Cunha e Jeckel-Neto (2002), o encurtamento dos
telômeros também traria como consequência perdas de informações genéticas e
instabilidades genômicas no decorrer da vida. Contudo, a avaliação experimental
desta teoria é lenta pelo fato da existência de grande número de variáveis e à limitação
dos métodos experimentais.
O sistema imune é constituído por dois mecanismos: o
celular, representado pelos Linfócitos T (células timo dependentes),
responsáveis pela manutenção da estabilidade homeostática e vigilância imunológica
do indivíduo; e o humoral representado pelas imunoglobulinas originárias dos
Linfócitos B, e que permanecem aderidos à sua membrana (BORGONOVI;PAPALÉO
NETTO, 1996). A função imunológica decai
com o avanço dos anos, motivo pelo qual a hipótese básica da teoria imunológica
seja a de que a redução da eficácia do sistema imune, mantido pela interação
entre linfócitos e macrófagos no organismo, ao longo dos anos tornaria as
pessoas mais susceptíveis contra as agressões, provocando assim, o
envelhecimento. Tal teoria postula que a diminuição da resposta imune estaria
relacionada ao envelhecimento do timo, órgão central no desenvolvimento e
diferenciação de Linfócitos T (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
Um conhecimento mais abrangente acerca dos Linfócitos T
auxiliaria na compreensão do envelhecimento, além da necessidade de haver mais
pesquisas para a confirmação dessa teoria, uma vez que as alterações
imunitárias podem ser conseqüências e não causas do envelhecimento (BORGONOVI; PAPALÉO
NETTO, 1996).
Segundo a Teoria do Acúmulo de Danos ou também denominada
Erro Catástrofe, a principal causa do envelhecimento seria o acúmulo de
moléculas defeituosas provenientes de falhas no reparo e na síntese de
moléculas intracelulares com o avanço da idade, o que repercutiria na perda
progressiva da função do organismo. As falhas de reparo e síntese seriam
oriundas de erros na transcrição do RNA e sua tradução em proteínas, gerando
uma elevação na concentração de proteínas modificadas e não funcionais (TORRES,
2002).
Segundo Orgel (1963 apud BORGONOVI; PAPALÉO NETTO,
1996), o motivo pelo quais essas proteínas inativas surgem é devido a erros na síntese
enzimática principalmente de polimerases, responsáveis pela síntese de RNA a
partir da transcrição do DNA. Dessa forma, a transcrição de uma enzima
modificada pode ocasionar elevação de uma ou mais bases púricas ou pirimídicas do código genético, provocando
a formação de sequências errôneas
de aminoácidos, que por sua vez leva a síntese de
proteínas não funcionais.
Os erros sendo acumulativos e transmissíveis atingiriam
uma elevada ocorrência, provocando o efeito chamado de erro catástrofe, onde a
célula sofreria uma ineficiência letal, ocasionando sua morte e por consequência, a
redução da capacidade funcional, fato que caracterizaria o envelhecimento (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
Evidências em pesquisas contradizem a Teoria do Erro
Catástrofe quanto a transcrição e tradução, pois nestes estudos esses dois
processos relacionados à síntese de proteínas se mantiveram estáveis com o
aumento da idade, além disso, outras pesquisas revelaram que a sequência de
aminoácidos de inúmeras proteínas importantes ao organismo mantivera-se
constantes ao longo dos anos (BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996), portanto, até hoje
não há evidências suficientemente concretas que sustentem esta hipótese.
A Teoria das Mutações pressupõe que as sucessivas alterações
que ocorrem nas células somáticas (46 cromossomos), ao transcorrer dos anos,
produziriam células mutantes incapazes de cumprir suas funções biológicas, o que
provocaria um declínio progressivo dos órgãos e tecidos, com instalação do envelhecimento
(CUNHA; JECKEL-NETO, 2002). As mutações podem ter origem das transformações do
mecanismo de reparo da molécula de DNA, sendo possível que sejam repassadas
para as células filhas (BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996). Segundo Schimke e
colaboradores (1986 apud BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996), as mutações
são ocasionadas pela existência de inúmeras áreas de replicação do DNA no
cromossomo, o que desencadeia um número alto de replicação de determinados
segmentos do DNA e por consequência inúmeros rearranjos e mutações. Esse acúmulo
de células heterogêneas durante os anos seria a explicação de doenças de fundo
clonal como câncer e arteriosclerose. Várias informações acerca das mutações
cromossômicas em células somáticas relacionadas à idade estão sendo difundidas,
principalmente como respostas à radiação ou mutagênicos, porém analisando o
envelhecimento como um processo uniforme, existem poucas pesquisas para a
fundamentação dessa teoria (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
A Teoria do Uso e Desgaste baseia-se na ideia de que o
envelhecimento seja o resultado do acúmulo de agressões ambientais do
dia-a-dia, as quais ocasionariam a diminuição da capacidade do organismo em
recuperar-se totalmente. Onde, os ferimentos, infecções, inflamações e outras
formas de agressões sejam eles, ferimentos ou patógenos, se somariam ao longo
dos anos no indivíduo e dessa forma, as lesões ocasionadas provocariam
alterações nas células, tecidos e órgãos desencadeando o envelhecimento (CUNHA;
JECKEL-NETO, 2002).
Atualmente essa teoria encontra-se desacreditada, apesar
de defender danos que são dependentes do tempo e podem aumentar a possibilidade
de morte do indivíduo, sem, no entanto, atuarem como causadores do processo do
envelhecimento. Além do que, pode-se considerar a Teoria do Uso e Desgaste não como uma teoria, mas um aspecto relevante para
auxiliar outras teorias no que diz respeito ao desgaste de um órgão ou área do Organismo
relacionando- o com a idade, sem se transformar em um fato causal do
envelhecimento (CUNHA; JECKEL- NETO, 2002).
A Teoria dos RLs foi introduzida pela primeira vez em 1956
pelo médico norte-americano Denham Harman e adquirindo somente a partir da
década de 80, maior importância no meio científico quando inúmeros trabalhos
foram desenvolvidos em relação aos RLs e suas conseqüências ao organismo. Esta
teoria propunha que o envelhecimento normal seria resultado de danos
intracelulares aleatórios provocados pelos RLs, moléculas instáveis e reativas,
que atacariam as diferentes biomoléculas do organismo em busca de estabilidade
(OLSZEWER, 1994; TORRES, 2002). Esta teoria vem recebendo uma atenção especial de
diversos estudiosos e pesquisadores do assunto, em virtude de seus efeitos
sobre o metabolismo explicarem os processos de envelhecimento, assim como as
doenças relacionadas (LANE, 2003). Os RLs são espécies químicas que podem ser
átomos, moléculas ou fragmentos de moléculas (OLIVEIRA, 2002). São espécies
químicas contendo um ou mais elétrons não pareados no orbital externo da camada
de valência (a última camada de elétrons) sendo mais reativos que as espécies
com elétrons pareados. Devido a sua alta reatividade os RLs, buscam, rapidamente,
extrair um elétron de qualquer partícula, molécula ou átomo em sua vizinhança,
a fim de recuperar a pariedade, e em decorrência, a estabilidade (ABDALLA;
LIMA, 2001; DUARTE,2003; LEITE; OLIVEIRA, 2002; SARNI, 2003). Os RLs podem ser eletricamente
neutros, terem carga positiva ou negativa (LEITE; SARNI, 2003). Essas espécies
químicas incluem as espécies reativas do oxigênio (EROS) e as espécies reativas
de nitrogênio (ERNS). As EROS são representadas por todos os radicais do
oxigênio, como o ânion radical superóxido (O2 .), radical hidroxila (HO.),
radical alquila (L.), alcoxila (LO.) e peroxila (LOO.).
Enquanto que as ERNS são representadas pelo peroxinitrito (ONOO-), o óxido
nítrico (.NO) e o radical dióxido de nitrogênio (.NO2). No entanto,
o ânion peroxinitrito (ONOO-), o ácido hipocloroso (HOCl), o peróxido de
hidrogênio (H2O2), o oxigênio singlet (1O2) e o ozônio (O3) não são RLs
mas podem provocar reações radicalares no organismo, fato que os levam a serem
considerados como espécies reativas (ABDALLA; LIMA, 2001). A formação de RLs
pode ocorrer tanto no citoplasma, nas mitocôndrias como na membrana celular (MOREIRA;
SHAMI, 2004), e em diferentes situações metabólicas, como por exemplo, na
cadeia transportadora de elétrons, na peroxidação lipídica, nos processos NADPH
– oxidase dos fagócitos e xantina desidrogenase/oxidase da isquemia/ reperfusão
(TORRES, 2002; OLIVEIRA, 1999), como também, na via das Reações de Fenton e Haber-Weiss
(FERREIRA; MATSUBARA, 1997). Em contrapartida, as fontes exógenas de RLs são representadas
pelas radiações gama e ultravioleta, os medicamentos, as bebidas alcoólicas, a
dieta, o cigarro e os poluentes ambientais (BUCHLI, 2002; MOREIRA; SHAMI,
2004). Os RLs são oriundos em grande parte da respiração celular, que ocorre no interior da
mitocôndria na presença de oxigênio, o qual sofre um desvio em seu metabolismo
normal, recebendo um elétron extra o que lhe confere atividade e capacidade
para induzir a formação dos demais RLs, demonstrando que a mitocôndria seria o
principal constituinte do organismo responsável pelo envelhecimento (ALI; ASHOK,
1999; BALU et al., 2003; BENETT Jr.; CASSARINO, 1999). Paralelamente o
organismo desenvolveu mecanismos de proteção antioxidante que são formados por
um sistema endógeno enzimático e um sistema exógeno não enzimático. Ambos os
sistemas são os responsáveis pela manutenção do equilíbrio entre a produção e
neutralização dos RLs, contudo, quando esse equilíbrio é alterado, tem-se uma
situação metabólica denominada estresse oxidativo (MATTAR, 2000; OLSZEWER,
1994). Com o estresse oxidativo, a elevada produção dos RLs e sua grande
capacidade reativa ocasionariam não somente reações com os componentes nucleares
e citoplasmáticos das células (principalmente DNA e RNA) com diminuição de suas
funções, como também, reações com proteínas, lipídios, enzimas, colágenos e
hormônios induzindo modificações orgânicas que justificariam o envelhecimento (BORGONOVI;
PAPALÉO NETTO, 1996). Portanto, o envelhecimento seria um fenômeno secundário ao
estresse oxidativo, em que ocorrem reações de oxidação lipídica, protéica e
reações com o DNA o que provocaria modificações dos tecidos e código genético,
e por conseqüência ocasionariam as deficiências fisiológicas características do
avançar da idade e provenientes desses danos intracelulares provocados pelos
RLs (ALMADA FILHO, 2002; FERREIRA; MATSUBARA, 1997).
Segundo Cunha e Jeckel-Neto (2002), os danos estariam
relacionados ao tipo de radical presente, sua taxa de produção, a integridade
estrutural das células e aos diferentes sistemas antioxidantes do organismo. Segundo
Capote et al. (2000), várias pesquisas científicas evidenciam que as EROs
geradas na mitocôndria podem produzir danos em sua membrana interna, nos
constituintes de sua cadeia respiratória, além de afetar o DNA mitocondrial.
Portanto, os danos cumulativos do oxigênio sobre a mitocôndria (lesões no DNA mitocondrial
e declínio nas atividades dos transportadores de elétrons), seriam os responsáveis
pela diminuição no desempenho fisiológico das células e pelo envelhecimento,
hipótese sustentada pela Teoria dos RLs (CUNHA; JECKEL- NETO, 2002). Segundo
Almada Filho (2002), diversos estudos documentaram a presença do estresse oxidativo
sistêmico no envelhecimento e em doenças relacionadas. Diversos procedimentos
experimentais foram e estão sendo realizados com o intuito de comprovar a
relação real dos RLs com o envelhecimento, mas o que se constata é um grande
número de contradições
acerca dos resultados das pesquisas, o que evidencia a
necessidade de maiores estudos sobre os danos moleculares ocasionados pelos RLs
no organismo e o modo como estes, contribuem
para o processo do envelhecimento (ALI; ASHOK, 1999). Portanto, o envelhecimento
do organismo é um processo complexo, onde os danos provocados pelos RLs são
possivelmente expressivos, mas, contudo, não sejam os únicos mecanismos
envolvidos no declínio fisiológico. Uma conclusão absoluta a cerca do tema
torna-se difícil, uma vez que essas espécies reativas apresentam meia-vida
extremamente curta, dificultando sua mensuração in vivo, além disso,
apesar dos RLs poderem deixar resquícios de sua atividade e produtos de seu
metabolismo não necessariamente comprova que estes sejam os fatores causais do
envelhecimento. A dificuldade se encontra em estabelecer se os RLs são a causa
do envelhecimento ou simplesmente ocorrem durante o processo de envelhecimento.
Apesar disso, a tarefa de desvendar tais questionamentos é importante, pois conhecendo
as causas do envelhecimento e sua base molecular permitirá desenvolver meios
efetivos para reduzir as perdas orgânicas associadas ao envelhecimento e a
muitas doenças associadas (OLSZWER, 1994; WICKENS, 2001).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O envelhecimento é um fenômeno complexo que envolve
inúmeros fatores, o que consequentemente, provoca a elaboração de várias
hipóteses e teorias voltadas para explicar esse processo. Pela variedade de
teorias fica evidente a falta de um consenso sobre os conceitos básicos que
poderiam explicar o fenômeno biológico do envelhecimento, apesar de ser um
processo palpável e visível. Dentre as
várias teorias do envelhecimento, nos últimas décadas, tem-se dado maior
atenção à Teoria dos RLs, isto é, sobre a atuação destas espécies reativas e
seus efeitos nocivos no organismo, enfocando principalmente a ação destes, no
envelhecimento. De acordo com esta teoria, o comprometimento fisiológico
desencadeado com o passar dos anos, seria em sua grande maioria oriundos da
ação dos RLs sobre os constituintes orgânicos, em detrimento a uma menor
atividade do sistema antioxidante. Tendo como base esses argumentos, pode-se considerar
a Teoria dos RLs, viável e plausível, uma vez que, estudos comprovam a existência
real dessas espécies no organismo e a sua atuação. Possivelmente a ação dos
RLs, apesar de apresentar efeitos marcantes sobre o organismo, explique parte
do fenômeno biológico do envelhecimento, somando-se às outras teorias, para que
juntas, possam formar uma teoria
fundamental que esclareça, defina e interprete todas as modificações que ocorrem
ao longo da vida e que repercutem no envelhecimento. Para isso, ainda será
necessário uma série de pesquisas, para que se obtenha um amplo esclarecimento
sobre esse processo instigante, chamado envelhecimento.
REFERÊNCIAS
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mecanismos e avaliação em amostras biológicas. Revista Brasileira de
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ASHOK, B. T. The aging paradox: free radical theory of aging. Experimental
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ALMADA FILHO, C. de M. Antioxidantes e Radicais Livres. In:
CANÇADO, F. A. X.; FREITAS, E. V.; GORZONI, M. L.; PY, L.; NERI, A. L. Tratado
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ARAÚJO, G. S. de; BAPTISTA, C. A.; BORGES, S. F.;
CARVALHO, T.; DRUMMOND, F. A.; FREITAS, E. V.; HERNANDEZ, A. J.; LAZZOLI, J.
K.; LEITE, N.; LEITÃO, M.; NAHAS, R. M.; NÓBREGA, A. C. L.; OLIVEIRA, M. A. B.;
PEREIRA, J.; PINTO, M.; RADOMINSKI, R. B.; ROSE, E. H.; TEIXEIRA, J. A. C.;
THIELE,
E. S. Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de
Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia:
Atividade Física e Saúde no Idoso. Revista Medicina do Esporte, São
Paulo, v. 5, n. 6, nov./dez. 1999. , nov. 2001.
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