Psicoterapia e Mitologia - Aula 1 - Curso Extracurricular

INTRODUÇÃO CONCLUSIVA SOBRE A AULA 1

A mitologia é uma ferramenta importante para o autoconhecimento, o desenvolvimento pessoal do cliente e terapeuta, por tratar de história reais, que em algum momento já aconteceu e foi solucionada, oferecendo ferramentas para lidar com situações semelhantes, que continuam acontecendo atualmente, por se tratar de uma realidade psíquica, presente na história da humanidade. O mito traduz a realidade da psique, porém, o rito é a vivência da realidade da psique. Todas essas histórias estão no inconsciente coletivo, e é preciso estar atento para as suas manifestações, sobretudo, para o significado dos símbolos apresentados nessas manifestações.  Quando identificamos o real significado dos símbolos, tornamos o inconsciente, consciente, nos possibilitando criar um rito para o enfrentamento dessa realidade psíquica, representada pelas variadas formas arquetípicas, que são padrões universais, coletivos que se repetem ao longo da história da humanidade. Na Psicoterapia Analítica ou Junguiana, o mito é o rito, no qual o cliente vivencia e conta a sua história, em que deve ser identificada a sua realidade psíquica, que não é exatamente aquilo que de fato aconteceu, foi experienciado, mas que, pode ter um significado representativo de grande importância para o cliente.

AULA 1 - PSICOTERAPIA E MITOLOGIA


MITO NÃO É MENTIRA

  • Falar de mito é falar de uma narrativa ou história que aconteceu em determinado tempo, e diz respeito aos fatos e realidades daquele momento.
  • Na psicoterapia, faz-se o estudo da mitologia do cliente, ou seja, sua historia de vida.

MITO E RITO

MITO é a  TRADUÇÃO da realidade da psique. Os aspectos do mito de cada um, são individuais, cada um tem seu mito, sua historia de vida. Mito individual de cada um é singular, único, porém temos mitos coletivos também.

RITO é a VIVÊNCIA da realidade da psique. A psicoterapia, é um rito, onde se conta a história, seu mito. É no rito da terapia que acontecem as transformações do sujeito, a partir das relações entre cliente e terapeuta.

Mensagem que havia escrito no consultório de Jung.
"Evocado(invocado) ainda que não evocado, Deus está presente." 
(Erasmo, 1500 - coletânea Adagiorum)

Jung quis dizer que, simbolicamente, o INCONSCIENTE COLETIVO, está presente, independentemente, de sua vontade, e vai interferir nos pensamentos, nos julgamentos, naquilo que está fazendo no momento. É preciso estar atento às manifestações do inconsciente, para torna-lo consciente. 

REALIDADE PSÍQUICA
  •  Segundo Jung, a realidade psíquica é a mãe de todos os fatos humanos.
  • A história das religiões em seu sentido mais amplo (incluindo mitologia, folclore e psicologia primitiva) representa o depósito do tesouro das formas arquetípicas, que são padrões universais, padrões coletivos que vão se repetindo ao longo da historia da humanidade.
  • Formas arquetípicas é falar de conceito de vida, morte, amor, paixão, ressurreição, deus, mãe, pai, são padrões universais, coletivos, arquetípicos.s
  • A realidade psíquica não está ligada a uma coisa concreta ou não. Importa a simbologia, o significado de como representa essa coisa, concreta ou não, para o sujeito. Muitas coisas são faladas em sentido figurado, através de linguagem simbólica, que existem na realidade psíquica da pessoa, mas que não existe no sentido literal daquilo que se fala. Por exemplo, no budismo, se diz que o buda quando nasceu, pulou da barriga da mãe, apontou pra cima e pra baixo, e disse: eu sou aquele que há de atingir a iluminação entre o céu e a terra. Isso é uma linguagem simbólica, o real significado na realidade psíquica é que ele seria aquele que iria fazer o caminho do meio, entre o céu e a terra, entre os opostos, integrando-os. Na verdade, não nasceu, pulou e nem já saiu pulando. Importa a linguagem simbólica, o significado, o que representa para a pessoa.
  • Evocar o arquétipo da morte e da ressurreição traz a mensagem de algo que acabou mas que vai ressurgir de outra forma ao longo da vida, em outros ciclos da vida. A mensagem implícita.
  • Arquetípico da Concepção virginal
Imagem mostra o Anjo Gabriel  anunciando a Maria o nascimento de Jesus, que ela iria receber do Espírito Santo.
Imagem mostra Zeus, deus dos deuses, fecundando  danai que é a mãe do herói Perseu. Mas ela estando presa numa torre não poderia ser fecundada. Seria fecundada no formato de uma chuva dourada.

Ambas as concepções não ocorreram pelo ato sexual, mas pela fecundação do sagrado sobre o humano, integrando o sagrado e espiritual com algo terreno e carnal. 

Simbolicamente é a integração da consciência com o inconsciente. Ambas figuras representam a mesma coisa. Representam a integração dos opostos na concepção virginal. A consciência  precisa da semente que está no inconsciente para dar a luz a tudo que virá a ser em termos de totalidade do individuo.

O símbolo está falando de algo que precisa ser integrado com aquilo que aparentemente é desconectado. Simbolicamente a integração dos opostos irá aparecer no arquétipo da concepção virginal dos opostos. Conexão entre algo sagrado e aquilo que é natural da vida terrena.

E indispensável dar às fantasias emergentes e aparentemente ameaçadoras em relação a elas, um contexto que tranquilize e esclareça e traga compreensão à consciência, o que ocorre favoravelmente através do material mitológico.  A mitologia traz a tona realidades que já foram vivenciadas e que estão presentes no inconsciente coletivo, mesmo sabendo, que o indivíduo tem a sua individualidade. 

Os mitos relatam o que aconteceu, como foi enfrentado, como ficou após a solução aquele povo., quais as transformações ocorridas.  

Estudar mitologia, realidade psíquica é uma forma de fazer diagnóstico e prognóstico , através dessa ferramenta (mitos) utilizadas pelo terapeuta. São ferramentas que possibilitam o autodesenvolvimento, autoconhecimento e campo profissional de atendimento.

A psicologia analítica vai compreender os fenômenos religiosos do ponto de  vista psicológico, e não religioso ou espiritual.

 A imagem abaixo mostra a ressurreição do Cristo. Temas religiosos do sagrado. Geralmente, quem vivencia esses temas, trazem angustias, sofrimento, desesperança, raiva, tristeza, desconforto, estresse, mexe na qualidade de vida. Todos esses sentimento já foram de alguma maneira vivenciados antes, que é o que mostra a mitologia.

Imagem mostra a morte do Cristo, que foi ressuscitado pelo Espírito Santo. A história da morte e da ressurreição faz parte da historia da humanidade e que vai se reproduzir em diversas épocas da vida.

A imagem abaixo mostra a morte do deus Dionísio Agreu que foi despedaçado pelos titãs e ressuscitado pelo seu pai Zeus.
 Ambos trazem o tema da morte e da ressurreição, não importa a época nem a cultura, faz parte da história da humanidade, são realidades psíquicas. A renovação se faz a partir da morte, abrindo o espaço para que o novo aconteça.


REFERÊNCIAS:
Aula 1 - Psicoterapia e Mitologia
Professor Rangel Fabrete
Instituto Freedom







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