Envelhecimento X Erik Erikson/ Wallon - Revisão - Aula 22/09/2019

Processo de envelhecimento na transição adulto/idoso.

Implicações dos processos cognitivos na passagem adulto-idoso:

  • Os processos cognitivos envolvem a inteligência e habilidades de processamento, e algumas dessas habilidades, a velocidade de processamento mental e o raciocínio abstrato podem declinar com a idade, pois estes podem refletir uma degeneração neurológica. Entretanto, o declínio dessas funções não é inevitável e pode ser prevenido. O impacto das alterações cognitivas é influenciado pelas habilidades cognitivas anteriores, NSE (Nível Sócio-Econômico) e nível Educacional (PAPALIA,2013), portanto,  as habilidades cognitivas do idoso, vão ser influenciadas pelas habilidades cognitivas, não só de sua fase adulta, mas desde a infância e adolescência. Verifica-se uma diferença, sobretudo, na velocidade de processamento e no desempenho não-verbal na transição do adulto para o idoso.
  • Um estudo sobre Inteligência Adulta foram medidas as 6 principais habilidades mentais: significados verbais, fluência verbal,números (habilidade computacional) , orientação espacial, raciocínio indutivo e velocidade perceptual. A velocidade perceptual declinou mais cedo, as outras funções foram declinando mais lentamente, e em alguns não houve declínio. Alguns possuem perdas rápidas de suas capacidades cognitivas, outros mais lentamente e outro até desenvolvem novas capacidades. Portanto, o treinamento cognitivo pode promover a retenção ou crescimento das habilidades cognitivas na transição adulto-idoso. A deterioração cognitiva pode estar relacionada ao desuso. Aqueles que recorrem a treinamento, prática e ajuda social parecem poder utilizar as reservas mentais, sendo capazes de manter o expandir tais reservas. 
Na terceira idade,  há uma diminuição geral na atividade do sistema nervoso central o que contribui para perdas de eficiência do processamento de informações e alterações nas habilidades cognitivas. Exemplos:
  • A velocidade de processamento, depende da saúde, equilíbrio e jeito de andar, além de desempenhos das atividades no dia a dia.
  • habilidades que tendem a se tornar mais lentas: facilidade de deslocar a atenção de uma tarefa para outra, dificultando por exemplo, dirigir.
  • Resolvem problemas práticos com mais eficácia quando estes têm relevância emocional para eles.
O treinamento e feedback podem ampliar as capacidades cognitivas no processo de envelhecimento e as vitaminas  B12 e D têm efeito facilitador em processos cognitivos, tais como: memória, velocidade de processamento e velocidade sensório-motora.
  • memória de curto prazo e memória de trabalho possuem suas capacidades diminuídas gradualmente com a idade. A memória pode ser melhorada pronunciando as palavras em voz alta ou mover os lábios sem emitir som.
  • memória sensorial, semântica e de procedimento parecem tão eficientes nos adultos como nos idoso-memoria de longo prazo.
  • Fala e memória:  adultos mais velhos têm um desempenho melhor na parte verbal.

Perdas e ganhos da terceira idade nas relações sócio-afetivas:

As relações sócio-afetivas se constituem desde as fases anteriores do desenvolvimento humano. Quando o indivíduo consegue manter essas relações com equilíbrio emocional, empatia, respeito, há uma perspectiva que essas relações permaneçam na terceira idade da mesma forma. Da mesma forma, quando o sujeito tem suas relações sócio-afetivas marcadas por conflitos constantes, desafetos, queixas, quando idoso, espera-se também, que essas relações permaneçam da mesma forma.  Há ganhos nas relações afetivas, quando se considera a experiência de vida, sabedoria, capacidade de lidar com os problemas, opinião formada, sensação de missão cumprida, etc. As perdas sócio-afetivas podem ser notadas nas relações de convivência social e familiar, quando o idoso já não é mais tão solicitado, nem tão engajado socialmente e nas relações familiares. A dificuldade de lidar com a possibilidade da morte, deixa-o emocionalmente fragilizado.

Breve resumo do que envolve o seu desenvolvimento adulto-idoso, na Teoria de Erikson.

As 8 idades do homem. Ao longo da vida enfrentamos conflitos psíquicos específicos que ajudam no desenvolvimento de nossa personalidade. Erik Erikson descreveu o desenvolvimento em 8 estágios, e cada estágio dele, traz o nome desses conflitos.

1-    CONFIANÇA X DESCONFIANÇA  (0 ao 1 ano de idade)

bebê terá experiências que o levará a confiar ou não, em sua mãe, e outras pessoas.
É preciso desenvolver tanto a confiança como a desconfiança.

2-    AUTONOMIA X VERGONHA  (2 ao 3 anos)

   O conflito psíquico importante onde a criança desmama por conta da maturação biológica. Aprende a se locomover e a controlar os esfíncteres. Processo gradual e liberação em relação a figura materna que proporciona a criança um sentimento progressivo de independência e autonomia. Quer fazer tudo sozinha e explorar o ambiente ao máximo, podem desenvolver a autonomia.

3-    INICIATIVA X CULPA  (3 aos 6 anos)

     Desenvolve sua identidade como menino ou menina, segundo Erikson. Nesse período a menina ou menino se identificara com seu progenitor do mesmo sexo, copiando aspectos do seu comportamento. A menina exibirá sua feminilidade e o menino sua masculinidade.  O menino tende a antagonizar  com o pai e a menina com a mãe. 

4-    DOMÍNIO X INFERIORIDADE  (7 aos 12 anos)

    Desenvolver habilidade dentro da escola e fora dela. Ler, escrever, calcular, aprender jogo, realizar atividades físicas, colecionar objetos, enfim, toda energia e motivação se referem ao desenvolvimento de competências.    As novas aprendizagens e ação sobre o mundo desenvolve na criança o sentimento de domínio.  Quando elas não são encorajadas a tomar parte nas atividades por outras pessoas, ou é  rejeitada, desenvolve o sentimento de inferioridade.

5-    IDENTIDADE X CONFUSÃO DE PAPÉIS. (12 aos 18 anos)

  Busca entender a si mesmo. Primeira crise de identidade. Na adolescência, ele abandonará algumas dessas características e fortalecerá outras, e  incansavelmente, tentará achar a si mesmo.   Raramente se identificam com os pais, não aceitam  intromissão, rejeitam seus valores. É um esforço de separar sua identidade da de seus pais.  O  adolescente tem uma grande necessidade de pertencer a um grupo social, formado por pessoas de
    sua idade.  Ser parte de tal grupo, ajuda o adolescente a encontrar sua identidade no contexto social. Ao conseguir definir sua identidade desenvolve o sentimento de coerência interna, se sentido uma pessoa integrada e única. Nem sempre o adolescente consegue alcançar essa tarefa, sofrendo a  chamada difusão de identidade quando ele não consegue encontrar a si mesmo.

É a partir do sexto estágio do desenvolvimento que Erikson trata do adulto até o idoso:

6-    INTIMIDADE X ISOLAMENTO  (18 aos 30 anos)

     O jovem-adulto tem interesse em fundir sua identidade com a de outras pessoas. Quer dizer entregar-se em relações de intimidade, as quais será fiel, se entregando a compromissos e sacrifícios. Está pronto para assumir uma relação sexual e afetiva duradoura. Pertencer inteiramente a um grupo religioso a um movimento político. Manter uma amizade profunda e sincera. Ele está pronto para doar-se, para sair de si mesmo sem medo de perder a própria identidade. Caso não tenha atingido essa condição de integridade do eu, terá dificuldade de envolver-se genuína  profundamente com outras pessoas, fugindo da intimidade, convivendo com uma profunda  sensação de isolamento e distanciamento.

7-    GENERATIVIDADE X AUTOABSORÇÃO      ( 30 aos 60 anos)
 
      O adulto interessa-se por criar, cuidar e orientar uma nova geração. É a generatividade.
     Erikson percebe que as pessoas maduras apresentam uma grande necessidade em se  sentirem  responsável por crianças e jovens. Aos se sentirem necessários, sentem-se estimulados. Quando não  ocorre, há um sentimento de estagnação e infecundidade.
     A generatividade pode se realizar pela procriação, mas também, pode se manifestar por atividades  relacionadas ao cuidado e a orientação da infância.

“- Eu penso que nesse estágio, que a ética, a ética madura, se torna possível. Porque agora você aprende a se tornar responsável pelo que está criando. Agora, eu evito o termo “criatividade”. Generatividade significa gerar, produzir algo. Com isso, me refiro a tudo que é gerador. Filhos, produtos, ideias, obas de arte. Com isso uma pessoa pode se realizar, mesmo não tendo sido reconhecida (EX: Picasso) , mesmo não tendo filhos já que generatividade também é ser útil a filhos dos outros, como fazem os professores por exemplo. Ou quando alguém se preocupa em gerar ideias. Não o fazer pode gerar frustrações, isso Freud sempre enfatizou.

8-     INTEGRIDADE DO EGO X DESESPERANÇA   ( 60 anos de idade, em diante)

    O adulto que tiver resolvido de forma satisfatória todos os conflitos dos estágios anteriores e desenvolvido a capacidade da solidariedade humana, terá condições psíquicas para lidar com a crise final ligada a desintegração e a morte. Aqueles que não tenham desenvolvido suficientemente a integração do ego, experimentarão sentimentos de desespero e que não há mais tempo para retornar  experimentar diferentes possibilidades da vida. A integridade do ego leva ao sentimento de união  com a humanidade, a sabedoria e a esperança. A falta de integridade do ego leva a desesperança e ao temor da morte.

Contribuições de Henri Wallon para a transição adulto-idoso:

HENRI WALLON ( 1879-1962) – Francês. Médico, Filósofo e Psicólogo. Se dedicou ao estudo da criança por acreditar que esse é o caminho para se compreender a origem dos processos psicológicos humanos.

AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIA – TEORIA PSICOGENÉTICA

Estudou o desenvolvimento infantil a partir das dimensões cognitivas, afetivas e motora. Estudou o desenvolvimento de forma integral, recusando-se a estudar as partes isoladamente. Entretanto, não se estendeu até a idade adulta e idosa. Porém , do ponto de vista de sua Teoria Psicogenética, é do conflito dessas duas condições que emergem o pensamento e a inteligência. Logo conflitos e contradições não são problemas, mas fazem parte do desenvolvimento psíquico normal da criança. As crises muitas vezes são dinamizadoras do processo desenvolvimental, e portanto, benéficas. Nessa perspectiva, os adultos aprendem a lidar com conflitos e contradições, que demandam da vida adulta, fortalecendo as estruturas cognitivas já existentes de fases anteriores.

Para Wallon o desenvolvimento não se dá de forma linear, por isso ele rompe com visões lineares e positivas ao construir um modelo de investigação e interpretação próprio. Pois, percebe que o desenvolvimento humano é marcado por avanços, recuos e contradições; não há uma sucessão de estágios, mas sim, desenvolvimentos que ocorrem de forma simultânea, nas diferentes fases da vida, inclusive na transição adulto-idoso.

Afetividade, motricidade e inteligência.

A inteligência se desenvolve após a afetividade, contrariando outras teorias, sendo assim, no adulto e idoso as relações de afetividade já estão bem definidas. Assim, como afirma Wallon, a inteligência surge de dentro da afetividade e estabelece com ela certa relação de conflito, talvez seja por isso que nos interessamos em aprender as coisas que mais gostamos do que as que não gosta.

Afetividade estamos falando das coisas que nos afetam (ao olhar do outro, objeto, elementos internos como fome e lembranças) trata-se de eventos internos ou externos. É no contexto dessa interação emocional e social que se dá o desenvolvimento cognitivo da criança, e que são fortalecidos nas fases posteriores da vida.

 Wallon destaca a importância das atividades, motoras nesse processo, pois o bebe também expressa suas emotividades por gestos, expressões faciais. O ato motor é uma atividade expressiva que comunica os atos emocionais do bebe e ao mesmo tempo gera estados emocionais nos adultos. Esse aspecto do envelhecimento, a motricidade, pode ser afetada por diversos fatores no processo de envelhecimento.

Defende que o processo de evolução depende tanto da capacidade biológica do sujeito, quanto do ambiente que o afeta de alguma forma. É o meio que vai permitir que essas potencialidades se desenvolvam. Nesse contexto, das capacidades biológicas e do meio em que vive, o adulto e o idoso poderão reduzir ou expandir suas habilidades cognitivas no processo de envelhecimento.

Dentre as principais características dos 6 estágios de desenvolvimento infantil de Wallon, estão que, em cada um dos estágios a criança interage com seu ambiente de formas específicas enquanto busca construir sua própria identidade. Na idade adulta e idoso, onde a identidade do sujeito se encontra bem definida, a fase adulta irá dar o suporte para o estágio seguinte da fase idosa, já que cada estágio representa um tipo de preparação para o estágio seguinte mas revela a descontinuidade.  O desenvolvimento alterna fases de introspecção, voltar-se para si mesmo, e outras, de extroversão, nas quais o individuo se volta para o meio externo, em busca de autonomia.

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