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domingo, 27 de setembro de 2020

O Estudo das diferenças individuais no Brasil

  A psicologia brasileira na primeira metade do século passado; 

  •  buscava conhecer o sujeito bem, sobretudo do ponto de vista de sua capacidade física e mental e, mais ainda, de suas aptidões e tendências.
  • Havia uma contínua preocupação em conhecer a realidade psíquica do cidadão brasileiro a partir do seu perfil intelectual, motivacional e comportamental
  • foram produzidos numerosos estudos sobre inteligência, aptidão, prontidão, interesses e, em menor extensão, sobre personalidade.

A Psicologia na segunda metade do século passado:

  •  décadas de 1970 e 1980, as pesquisas sobre diferenças individuais sob a perspectiva fatorial reduziram-se drasticamente.
  • novos paradigmas de investigação ganharam destaque, especialmente o cognitivismo-construtivismo e o cognitivismo-processamento de informação.
  • 1990, ressurge o interesse na mensuração de fenômenos psicológicos.
  •  a Psicologia no Brasil, o início do terceiro milênio se caracteriza pelo esforço técnico-acadêmico de profissionais e pesquisadores em melhorar os instrumentos psicológicos já existentes.
  • Surgem novas informações sobre o desempenho mental de crianças, de adolescentes e de adultos brasileiros

1900 A 1960: INÍCIO E DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO DAS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS

  • Brasil no início do século XX - assistia a passagem do capital  escravagista para o capital industrial.
  • o estudo psicológico do comportamento humano era efetuado por médicos, educadores, engenheiros e administradores do serviço público.
  • Na década de 1930, os médicos foram os primeiros a criar laboratórios experimentais de psicologia para o estudo do comportamento humano, principalmente da conduta anormal, com o auxílio de especialistas estrangeiros. 
  • Um dos poucos médicos que se aproximou do estudo das diferenças individuais foi o psiquiatra Ulisses Pernambuco que, em 1925, criou o Instituto de Seleção e Orientação Profissional de Pernambuco.
  • o governo estadual de Pernambuco passa a exigir dos candidatos ao exame de seleção da Escola Normal e similares uma certidão de idade mental
  • Em 1925, enquanto o Laboratório de Pizzoli se aprofundava no estudo da aprendizagem utilizando testes de nível mental, a direção da Escola Normal de São Paulo passa a fazer  avaliação da maturidade na leitura e na escrita.
  • Em 1931, Lourenço Filho iniciou o processo de padronização do Teste ABC com 15.605 crianças do Estado de São Paulo e, posteriormente, com 24.500 crianças do Estado do Rio de Janeiro.
  •  Ignorava-se na época, que as diferenças individuais em inteligência são mais acentuadas no estágio da compreensão da leitura (ler para aprender) do que na fase de decodificação (aprendendo a ler). 
  • 1920, na cidade de Belo Horizonte, o governo estadual contratou estrangeiros, principalmente suíços e franceses, para impulsionar a recém-criada Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Minas Gerais.
  • 1929, Antipoff iniciou uma série de investigações em crianças mineiras sobre desenvolvimento da inteligência, psicomotricidade, interesses e outros aspectos psicológicos.
O estudo das diferenças individuais alcançou seu ápice nos anos de 1930 graças aos trabalhos administrativos e acadêmicos em psicologia educacional de Lourenço Filho.

  • preocupação constante em aplicar princípios e métodos da mensuração psicológica ao sistema educacional brasileiro. 
  • 1930 e 1940, o cenário econômico do Brasil caracterizava-se pelo rápido crescimento industrial e, com ele, a necessidade de identificar pessoas aptas a assumirem postos de administração e do setor operário.
  • necessidade de implantar um sistema de avaliação psicológica no Estado de São Paulo provinha dos trabalhos das estradas de ferro, em que era necessário selecionar aprendizes, motoristas e despachantes. 
  •  1930, ocorrendo, a partir daí, um significativo aumento das avaliações psicológicas.
  •  1936 a 1940, ao criar-se o primeiro Gabinete de Psicotécnica da Escola Técnica Getúlio Vargas, a seleção de pessoal, inicialmente restrito à área industrial, estendeu-se também ao serviço público.
  •  1940 e 1945, com a crescente aceleração da industrialização do Estado de São Paulo, observou-se uma grande demanda para formação de especialistas sobre testes e medidas psicológicas, e criaram-se diversos cursos e centros que, de forma isolada, trabalhavam em objetivos estabelecidos pelas instituições requerentes. 
  • No período entre 1945 a 1950, iniciaram-se os concursos públicos, incorporando técnicas de avaliação psicológica e trabalhos de orientação profissional em escolas técnicas como o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). 
  • Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, viu a necessidade de criar um instituto que cuidasse do fator humano no trabalho.
  • 1940 e 1960, uma fase de desenvolvimento e de aplicação de técnicas psicológicas, sendo considerada como referência exemplar na área da psicologia psicométrica (Sparta, 2003)
  • O postulado básico da orientação profissional era a identificação das diferenças individuais nas pessoas e nas ocupações. 

 Estudos sobre inteligência:

  • A mensuração da inteligência no Brasil, na primeira metade do século passado, acompanhava aquela praticada em países mais desenvolvidos, adaptando-as a realidade do país.
  • A pesquisa de Antipoff com o Desenho da Figura Humana aplicado a 500 crianças de 7 a 11 anos evidenciou um menor desempenho das crianças brasileiras com relação às crianças americanas.
  • s. O teste solicitava, entre outras coisas, cópia de figuras, reconhecimento de figuras, resolução de problemas e cálculo.
  • Segundo a  Teoria Desenvolvimental das Diferenças Cognitivas de Gênero existem taxas diferentes de amadurecimento físico e mental.
  • as diferenças intelectuais considerando a região geográfica também foram estudados por Ginsberg (1951), que analisou os dados de desempenho intelectual de 4.610 crianças de cinco Estados do Brasil. 
  • Os dados novamente apontavam uma relação entre o nível socioeconômico e o desempenho das crianças em testes de nível mental. 
  •  Em nível internacional, alguns estudos mostram que as diferenças cognitivas entre os sexos são reais (Lynn, 1999), porém,  há ainda um terceiro grupo de estudos que mostra que as diferenças estão estreitando-se com o passar do tempo (Feingold, 1988).
  • 1950, a força preditiva da inteligência no setor laboral foi prontamente investigada nas escolas técnicas
  •  teste das Matrizes Progressivas de Raven e as notas escolares não era o instrumento forte o suficiente  para prever o aproveitamento escolar.
  • 1953 a 1958 surge o  o teste INV, do psicólogo Pierre Weil, cujo manual alerta  para a simplicidade do tratamento estatístico em função do tempo disponível para a apresentação do relatório final pela comissão encarregada da análise quantitativa.
  • Estudos apontam que as diferenças regionais, a região Sul apresenta resultados médios mais elevados do que as regiões menos desenvolvidas
Estudos sobre personalidade

  • os estudos na área da personalidade estavam vinculados à área psiquiátrica.
  • a maioria das investigações sobre personalidade adotava ou a explicação biológica para os aspectos anormais, ou a explicação mais compreensiva, individual e clínica para os aspectos normais da personalidade.
  •  pouco se aplicavam os princípios de mensuração psicológica ao estudo da personalidade.
  •  A explicação predominante baseava-se em pressupostos psicodinâmicos.
  • final da década de 1940, a vinda do Prof. Mira y Lopez ao Brasil, e com ele a prova miocinética PMK, permitiu a investigação sistemática dos traços normais e anormais da personalidade.
  • 1950 e 1960 se caracterizam pela intensificação dos estudos da personalidade com base em resultados de testes chamados projetivos, como o Rorschach e o TAT e em menor proporção o Teste Zulliger.
  • Os estudos na área da personalidade geralmente eram feitos em pequenos grupos e sem preocupação com a questão da representatividade amostral. 
1970 – 1980: EMERGÊNCIA DE OUTROS PARADIGMAS DE INVESTIGAÇÃO

  • O brasil com população dobrada, e inúmeras diferenças regionais, sociais, econômicas e políticas.
  • Na mobilização por explicações acadêmicas para o fenômeno, abandonou-se a produção sobre diferenças individuais na perspectiva psicométrica e ganharam força outros paradigmas de investigação quais sejam, na área da inteligência, o sociocognitivismo, o cognitivismo-construtivismo e o processamento de informação. Queriam saber por que havia expressiva evasão escolar entre as crianças.
Estudos sobre inteligência

  • décadas de 1970 e 1980 caracterizam-se pelas frequentes discussões a respeito dos parcos resultados acadêmicos e cognitivos de indivíduos de baixo nível socioeconômico, principalmente de crianças escolares.
  • Muitos trabalhos foram publicados em resvistas de Psicologia.'
  • Poppovic inaugurou, no Brasil, o conceito de “marginalização cultural”, equivalente a “privação cultural”, “carência cultural”, “deficiência cultural”, termos que vigoravam na década de 1960 nos EUA para explicar as diferenças de desempenho cognitivo e acadêmico entre crianças de baixo e alto nível socioeconômico. 
  • As diferenças de desempenho cognitivo e escolar entre as crianças de classes econômicas alta e baixa apareciam em quase todos os estudos. 
  • Em 1970 a desnutrição passa a ser vista como uma das causas ambientais pelo fracasso cognitivo e escolar. Alimentação é determinante no nível de inteligência.
  •  A aplicação de um instrumento cognitivo, elaborado por Poppovic, mostrou diferenças significativas entre os grupos com relação a três das sete áreas contempladas pelo instrumento: funções psiconeurológicas, conceitos básicos e linguagem.
  • A polêmica acadêmica sobre déficit versus diferenças cognitivas das camadas de nível socioeconômico baixo era necessária para responder ao grave problema educacional da evasão e da repetência escolar.

Aplicaram os seguintes testes:

Teste do desenho da figura humana (teste de Goodenough)
  •  avalia a maturidade intelectual, nas suas funções  perceptivas, de abstração e generalização na criança e no adolescente de 03 à 15 anos de idade. 
  • Se caracteriza como um teste projetivo pois é através do desenho que a criança revelará características da sua personalidade, suas necessidades e emoções, mas também pode ter um propósito psicométrico já que ajuda na avaliação cognitiva dessa faixa etária. 
  • Observa-se variáveis como sexo, idade, cultua, nível social e escolar da criança.
  •  O teste avalia o desenvolvimento intelectual e o resultado varia conforme essa criança cresce.
  • É um teste não verbal, individual e de fácil aplicação, o qual as crianças se adéquam facilmente tendo a duração de aproximadamente 15 minutos. 
  • A tarefa da criança consiste na execução de três desenhos: um de si próprio, um de um homem e outro de uma mulher. 
  • O teste tem como material o manual técnico, a folha de registro e a prancha com exemplos de desenhos.

Matrizes Progressivas de Raven

  •  É um teste psicométrico que tem como objetivo principal medir o nível de inteligência, também conhecido como fator G. 
  • Esse exame foi desenvolvido por John C. Raven e administrado pela primeira vez em 1938. 
  • O teste psicológico se baseia em averiguar que elemento falta nas matrizes.
  • Os resultados do teste de Raven podem ser empregados para um exame psicotécnico, um teste psicológico ou para o processo de seleção de um empresa.
  • Possui uma ficha técnica para que você possa se preparar para realizar esse teste psicométrico.
Prova Psicomotora de Bender
  • O teste Bender é um instrumento psicotécnico de avaliação psicológica que se usa para avaliar o funcionamento visomotor e a percepção visual, tanto em crianças como em adultos.
  • O teste de Bender consiste na cópia de uma série de figuras e, por isso, requer habilidades motoras finas, a habilidade de discriminar entre estímulos visuais, a capacidade para integrar habilidades visuais com motoras e a habilidade de mudar a atenção do desenho original para a cópia.
  •  As pontuações do teste são usadas para identificar possíveis danos orgânicos cerebrais e o grau de maturação do sistema nervoso.
  • O objetivo desse teste é avaliar a maturidade visual, a integração visomotora, o estilo de resposta, a reação à frustração, a habilidade para corrigir erros, habilidades de planificação e organização, assim como a motivação.
Teste Diagnóstico das Habilidades do Pré-Escolar (DHP)
  • é utilizado para medir o domínio dos conceitos básicos que a criança possui para aprendizagem e aquisição da linguagem, fornecendo subsídios quanto à maturidade para acompanhar os conteúdos programáticos da escola tradicional (formal).
  • teve como base as teorias da estrutura mental das habilidades humanas de Thurstone e visa detectar as habilidades do pré-escolar no início do Ensino Fundamental
  • fornece um perfil da estrutura mental que a criança apresenta no momento em que se submete ao aprendizado sistemático escolar, concretizando informações sobre seu amadurecimento global.
  • detecta desempenhos em cinco habilidades:verbal, perceptivo-espacial e lateralização. Vocabulário aritmétrico, Habilidade de raciocínio (do tipo análise e síntese) e Habilidade viso-motora.
  • O teste nãoe cxige conhecimento de leitura. 
No período de 1970 a 1980, no que se refere ao estudo da inteligência, foi marcado pela mudança no paradigma de investigação:
  •  A mensuração, via testes de inteligência, foi substituída pela compreensão qualita A mensuração, via testes de inteligência, foi substituída pela compreensão qualitativa,  e em alguns casos intuitiva, de estágios ou etapas cognitivas.
  • Percebeu-se que, as diferenças no nível socioeconômico acompanham as diferenças no rendimento escolar e que  as diferenças de inteligência acompanham as diferenças de rendimento escolar.
  • a inteligência independentemente do nível socioeconômico correlaciona-se com o desempenho acadêmico duas vezes mais do que a variável social.
  • a década de 1970 caracterizava-se pela tendência de uso de testes, especialmente projetivos, no campo clínico (Curty-Rembowski, 1985)
Estudos sobre personalidade
  • 1970 e 1980, continuava-se a pesquisar a personalidade no campo clínico utilizando-se técnicas projetivas.
  • a representatividade do estudo da personalidade na produção acadêmica nacional, quer pela via metodológica objetivo-quantitativa ou pela perspectiva subjetivo-qualitativa, foi muito pequena.
DÉCADA DE 1990 E RESSURGIMENTO DA MENSURAÇÃO PSICOLÓGICA
  • 1990, observou-se um ressurgimento da atenção social e acadêmica para as medidas psicológicas, devido principalmente à antiguidade dos testes comercializados no país. 
  • diversos laboratórios de Avaliação Psicológica de universidades públicas e privadas surgiram em alguns Estados do País.
  • Surge o  Instituto Brasileiro de Avaliação e Pesquisa em Psicologia (IBAPP). O instituto teve o patrocínio do Conselho Federal de Psicologia e estabeleceu-se com um dos objetivos sendo o de verificar e fundamentar as bases técnico-científicas dos instrumentos psicológicos utilizados no país.
  • Havia uma falta de padronização, para o contexto nacional, de muitos instrumentos psicológicos existentes no mercado;  despreparo de profissionais em mensuração e avaliação psicológica; produção insuficiente de novos instrumentos psicológicos.
  • Conselho Federal de Psicologia (CFP), no início de 2002, forma uma Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica. A tarefa era fazer uma análise técnica de todos os instrumentos comercializados no país, melhorando os instrumentos.
  •  o esforço em aumentar a qualidade dos testes psicológicos no Brasil tem permitido produzir novas informações sobre a inteligência e a personalidade do cidadão brasileiro.
  • Com o avanço da psicometria e dos recursos tecnológicos de registro e análise de dados, é possível analisar e acompanhar os fenômenos atualmente discutidos no cenário internacional.

REFERÊNCIAS:

MENDOZA, Carmem E. Flores. Psicologia das Diferenças Individuais. Capítulo 2: O estudo das diferenças individuais no Brasil.

https://br.psicologia-online.com/teste-de-raven-o-que-e-e-como-interpretar-30.html

http://www.psicocepa.com.br/Testes/Teste%2036.htm#:~:text=O%20DHP%20teve%20como%20base,ao%20aprendizado%20sistem%C3%A1tico%20escolar%2C%20concretizando

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Teoria Psicogenética de Henri Wallon na perspectiva do envelhecimento.


HENRI WALLON ( 1879-1962) – Francês (Médico, Filósofo e Psicólogo).

Embora se saiba que Wallon se dedicou ao estudo da criança por acreditar que esse era o caminho para se compreender a origem dos processos psicológicos humanos, a seguir uma análise de sua teoria na perspectiva do envelhecimento humano


AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIA – TEORIA PSICOGENÉTICA

Estudou o desenvolvimento infantil a partir das dimensões cognitivas, afetivas e motora. Estudou o desenvolvimento de forma integral, recusando-se a estudar as partes isoladamente. Nessa perspectiva, sabe-se que o desenvolvimento humano na velhice é impactado de forma significativa nessas dimensões estudadas por Wallon (cognição, afetividade e motricidade).

A Psicologia genética está mais interessada em compreender quais as origens dos processos psíquicos.
Entendia que os processos psicológicos têm origem orgânica biológica, mas que só podem ser entendidos quando consideramos as maneiras pelas quais as influencias socioambientais interagem com esses processos. Portanto, considera tanto as condições orgânicas quanto as exigências sociais que influenciam o desenvolvimento psíquico.  O idoso chega na sua última fase, conforme essas influências socioambientais agiram em sua vida, durante todo o processo de desenvolvimento do sujeito, e são essas influências junto a sua história de vida que irão determinar de este terá uma vida de qualidade na terceira idade ou não, e ainda, como este se comportará no enfrentamento da última fase de sua vida.

Wallon entende que a estrutura biológica é a primeira condição para a atividade psíquica. Não pode haver atividade psíquica sem uma estrutura biológica. A mente opera com os estímulos que são recebidos do meio externo e do mundo são as grandes mantenedoras da existência e do desenvolvimento humano. Desenvolvemo-nos, na interdependência entre fatores biológicos e sociais. Desta forma, pode-se perceber que as condições biológicas do indivíduo irão influenciar no padrão de vida que idoso terá, pois as perdas e incapacidades da velhice, podem impor limitações da atividade psíquica do indivíduo.

O desenvolvimento do pensamento infantil não ocorre de forma contínua, marcado por crises e conflitos, resultado do amadurecimento dos sistema nervoso que traz novas possibilidades orgânicas para o exercício  do pensamento e alterações do meio social que traz novas situações e estímulos diferenciados. É do conflito dessas duas condições que emergem o pensamento e a inteligência. Logo conflitos e contradições não são problemas, mas fazem parte do desenvolvimento psíquico normal da criança. As crises muitas vezes são dinamizadoras do processo desenvolvimental, e portanto, benéficas. Sendo assim, o idoso que passou pelas fases anteriores do seu desenvolvimento, enfrentando positivamente os problemas, e aprendendo com eles, chega na velhice com pensamentos e inteligência bem estruturados para lidar com a última fase de sua vida.

Para ele o desenvolvimento não se dá de forma linear, por isso ele rompe com visões lineares e positivas ao construir um modelo de investigação e interpretação próprio. Pois, percebe que o desenvolvimento humano é marcado por avanços, recuos e contradições; não há uma sucessão de estágios, mas sim, desenvolvimentos que ocorrem de forma simultânea. Essa afirmativa de Wallon demonstra que ainda na velhice, é possível haver desenvolvimento na vida do idoso, tantos nos aspectos cognitivos quando bem estimulados, quanto nos aspectos psicológicos, mesmo havendo declínio das condições biológicas ou físicas.

Afetividade, motricidade e inteligência.

A inteligência se desenvolve após a afetividade, contrariando outras teorias. A inteligência surge de dentro da afetividade e estabelece com ela certa relação de conflito, talvez seja por isso que nos interessamos em aprender as coisas que mais gostamos do que as que não gosta. Ao nascer somos frágeis seres orgânicos e dependemos de outros para cuidar de nós, desenvolvendo uma absoluta dependência até os dois primeiros anos, e por isso, nos tornamos seres afetivos, a emotividade do bebe expressa no choro e no grito garante que o adulto se mobilizara para atender suas necessidades. Logo a expressão emocional assim é uma linguagem e sua função é social usada para comunicar necessidades. Não se deve confundir afetividade com amor e carinho. Afetividade estamos falando das coisas que nos afetam (ao olhar do outro, objeto, elementos internos como fome e lembranças) trata-se de eventos internos ou externos.

O choro afeta o adulto que cuida dela. O choro é culturalmente interpretado pelo adulto e é a partir daí age para atender a crianças. É no contexto dessa interação emocional e social que se dá o desenvolvimento cognitivo da criança. Wallon destaca a importância das atividades, motoras nesse processo, pois o bebe também expressa suas emotividades por gestos, expressões faciais. O ato motor é uma atividade expressiva que comunica os atos emocionais do bebe e ao mesmo tempo gera estados emocionais nos adultos.

Na medida em que a função simbólica se desenvolve, ou seja, que a criança se torna capaz de pensar sobre coisas que não estão presentes, como ver o desenho e associar a algo real, essa capacitação cognitiva permite a internalização de atos motores  quer dizer, os atos motores vão diminuindo porque as crianças desenvolvem outros recursos para se comunicar, como as palavras; além disso adquire maior controle e refino sobre o ato motor.

Ele não coloca a inteligência como o principal componente do desenvolvimento, mas defende que a vida psíquica é formada por três dimensões: motora, afetiva e cognitiva, e que essas dimensões coexistem e atuam de forma integrada.  Essas três dimensões afetam diretamente a vida do sujeito no processo de envelhecimento, quando as limitações motoras começam a surgir, afetando emocionalmente e cognitivamente a vida do idoso.
Defende que o processo de evolução depende tanto da capacidade biológica do sujeito, quanto do ambiente que o afeta de alguma forma. É o meio que vai permitir que essas potencialidades se desenvolvam. Dessa forma, pode-se pensar que havendo cuidados biológicos satisfatórios com a saúde física, e vivendo num ambiente que estimule e incentive o idoso a atividades cognitivas, certamente poderão se manter ativos e atuantes na velhice.

Principais características dos 6 estágios de desenvolvimento infantil de Wallon:
Em cada um dos estágios a criança interage com seu ambiente de formas específicas enquanto busca construir sua própria identidade.

Cada estágio representa um tipo de preparação para o estágio seguinte mas revela a descontinuidade.  O desenvolvimento alterna fases de introspecção, voltar-se para si mesmo, e outras, de extroversão, nas quais o individuo se volta para o meio externo, em busca de autonomia.

As idades e o tempo de duração de cada estágio variam de criança para crianças, por conta das características individuais e suas relações.

ESTÁGIO IMPULSIVO-EMOCIONAL (0 A 1 ANO)

  •  Realiza movimentos reflexos involuntários e impulsivos.
  •  Aos poucos vai respondendo afetivamente aos adultos que são seus intermediários entre ele e a realidade externa, nessa relação passa a usar gestos para se comunicar.
  • Aos 3 meses consegue sorrir para as pessoas, fortalecendo só vínculos coma s pessoas, e é através da afetividade que se estabelece os mais fortes vínculos com as pessoas.
  •  A função inicial da emotividade é mobilizar a mãe que irá atender as suas necessidades. É pela emoção expressiva, choro, grito, etc., que o bebe comunica as suas necessidades.
  • Até aproximadamente 1 ano o bebê está concluindo o processo de socialização com as pessoas que o cercam, fase em que ainda é totalmente dependente.
  • Se interessam por objetos a medida em que estes são apresentados pelos adultos. Com o avançar do desenvolvimento a criança vai aprendendo a agir diretamente com seu meio, em um processo crescente de individuação; torna-se mais autônoma.

ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO ( 1 A 3 ANOS)
  • A EXPLORAÇÃO DO ambiente físico se se acentua na medida em que a criança aprende a segurar coisas e a se deslocar.
  • O desenvolvimento das capacidades cognitivas das crianças está em pleno desenvolvimento, explorando o mundo através dos sentidos e habilidades motoras. Tudo deve ser tocado e sentido.
  • Pouco a pouco o ato motor vai diminuindo e cedendo lugar ao ato mental, ao pensamento, como o desenvolvimento da fala o pensamento também ganha impulso.
  •  A aquisição da linguagem permite que o pensamento se manifeste através da fala, o que rompe com a manifestação motora do pensamento, e isso representa um salto qualitativo no desenvolvimento infantil.
  •  É necessário que a vivência sensória motora do mundo seja inibida pela criança para que a sua vida mental floresça.
ESTÁGIO DO PERSONALISMO (3 A 6 ANOS)
·       Há um conflito entre seu desejo pela autonomia e o fortalecimento do vínculo com a família.
·       Como o processo de formação da personalidade é a tarefa psíquica mais importante desse estágio, a criança nega os adultos, muitas vezes se opondo a eles. Seu pensamento volta-se quase que exclusivamente para si. Ela precisa adquirir consciência de si mesma em suas relações com o mundo.
·       Inicio da vida escolar, o vínculo familiar se flexibiliza e a criança se direciona para a autonomia uma vez que a vida escolar  exige que tome decisões sozinhas, realize escolhas, concorde ou descorde, enfim, se vendo em situações conflituosas.
·       Ao mesmo tempo em que caminha para autonomia, se desenvolve a imitação dos adultos que convive, modo de ser e pensar porque admiram.
·       Afetividade se manifesta de modo mais simbólico, por palavras e ideias

ESTÁGIO CATEGORIAL ( 7 A 12 ANOS)
·       A criança utiliza cada vez mais a inteligência para explorar e conhecer os objetos no meio físico e social, que podem ser transformadas e remanejadas dando margem a criatividade.
·       \a inteligência e o interesse pelo mundo externo predominam.  A criança avança para o pensamento abstrato, ganha maior controle de habilidade como a memória voluntaria (capacidade de memorizar coisas voluntariamente), obtém maior controle da atenção.

ESTÁGIO DA ADOLESCÊNCIA ( A PARTIR DOS 12 ANOS)
·       As modificações corporais que resultam da ação dos hormônios sexual, levam ao adolescente a buscar uma nova personalidade.
·       Há uma ruptura do equilíbrio afetivo, deseja compreender suas inquietações, seus desejos, sua sexualidade e sua real identidade., sendo importante que o adulto ao perceber essas necessidades ofereçam diálogo e apoio aos adolescentes.
·       O adolescente deseja diferenciar-se do adulto. Apresenta contornos mais racionais, criando teorias sobre seus relacionamentos com as pessoas.
·       Os conflitos internos e externos fazem com que o adolescente se volte para si mesmo, a fim de buscar sua autoafirmação, como forma de lidar com as transformações corporais e psíquicas impulsionadas pela maturação sexual.
·       O desenvolvimento permanece por toda a vida e não se encerra na adolescência. A afetividade e a cognição sempre estarão em movimento, em interação entre as inúmeras atividades que desenvolvemos ao longo da vida.

sábado, 24 de agosto de 2019

CONCEPÇÃO DO ENVELHECIMENTO


Segundo Fontaine (1999/2000), envelhecer implica num conjunto de processos dinâmicos que ocorre no organismo, após  sua fase de desenvolvimento e que se relacionam com mudanças de ordem psicológicas e sociais, no decorrer do tempo. Portanto, o ser humano envelhece de forma lenta e gradual, conforme o tempo vai passando.  Se caracteriza por  mudanças adaptativas e sofre influências de determinados contextos sociais.

Embora a OMS considere idosa a pessoa acima de 65 anos de idade, o autor considera que o processo de envelhecimento deveria ser visto diferencialmente, já que cada indivíduo envelhece de uma forma muito particular, devido a uma combinação de fatores genéticos, o estilo de vida, a dimensão biológica, etc., que envolve sua vida.

Fontainne (1999/2000), considera tipos diferentes de idade, tais como:

  • Idade cronológica -mede o tempo desde o nascimento até o presente. Não informa sobre o estado de evolução do sujeito.
  • Idade Biológica - diz respeito ao envelhecimento orgânico, e o estado funcional dos órgãos e das funções vitais.
  • Idade Psicológica - dada em função da personalidade e as emoções do sujeito, capacidades comportamentais que possui na interação com o meio, incluindo as capacidades mnêmicas e intelectuais, motivações e autoestima a nível de autonomia e controle.
  • Idade Social - papéis, estatutos e hábitos do indivíduo na sociedade.
O envelhecimento é multidimensional, e muitas vezes, é descrito à partir de uma conotação negativa, quando se fala em:
  • perda gradativa das funções biológicas
  • aumento da probabilidade de morte
  • associação de velhice à doenças
  • se reflete no comportamento
  • se reflete na habilidade intelectual
  • se reflete na atividade física
  • se reflete nas interações sociais.


Segundo Reis (1995) esta redução progressiva do metabolismo inicia-se a partir da década dos 20 anos e vai declinando lenta e progressivamente ao longo de toda a vida.

ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
  • altera as funções biológicas, influenciando na saúde (funcionamento físico, cognitivo, psicológico e social)
  • perde a capacidade de manutenção do equilíbrio homeostático
  • declínio das funções fisiológicas
  • reduz o metabolismo
Muitas Teorias do Envelhecimento foram construídas na tentativa de explicar como se dá o envelhecimento. Entretanto, segundo Botelho (2000), apesar das diferenças existentes entre as diversas teorias, percebe-se que o declínio do funcionamento biológico é inevitável, e nunca se deve esquecer que o decréscimo funcional é diferente na própria pessoa e de indivíduo para indivíduo, vários órgãos e sistemas poderão refletir alterações subjacentes a um estado de diminuição das reservas homeostáticas do organismo.

ENVELHECIMENTO COGNITIVO

Aptidões cognitivas implicam em:
  • capacidade de planejamento
  • atenção e vigilância
  • funções minêmicas
  • funções intelectuais
  • funções sensório-motores
De acordo com Reis (1995) essas funções alcançam sua melhor performance entre 20 e 30 anos de idade, ficam estáveis até a década de 50, quando começam a declinar lentamente.  Muito dessas perdas cognitivas estão associadas à falta de uso e estímulos, daí a necessidade de fazê-lo.

Segundo Spar&La Rue(2002/2005) as variáveis que influenciam o grau de alteração cognitiva que as pessoas manifestam com a idade:
  • Fatores Genéticos
  • saúde
  • nível de instrução
  • atividade mental
  • atividade física
  • personalidade
  • humor
Consideram que a  INTELIGÊNCIA  tende a se manter estável durante a vida, embora se verifique declínio nas tarefas perceptivo-motoras. Esta pode se apresentar de duas formas:
  • Inteligência cristalizada - relaciona-se com a cultura, vocabulário, competências numéricas e fluidez verbal.
"atividades associadas à profundidade do saber e da experiência, do julgamento, da compreensão das relações sociais e das convenções" (Fontaine, 1999/2000, pp. 85-86)
  • Inteligência Fluida - relaciona-se com capacidades de natureza espacial e de raciocínio indutivo 
"prende-se com uma aptidão universal independente dos contextos socioculturais e da aprendizagem prévia"(Fontaine, 1999/2000).

CAPACIDADE DE MEMÓRIA

No idoso é mais acentuado o esquecimento, portando, todos os componentes das memórias são afetadas pelo envelhecimento:
  • "memória imediata (onde se inclui a memória de trabalho) é possível dizer que o envelhecimento parece estar associado a um ligeiro declínio destas aptidões mnésicas" (Spar & La Rue, 2002/2005). 
  • memória remota diz respeito a informações armazenadas e consolidadas há bastante tempo e aparenta manter-se conservada independentemente da idade (Fontainc, 1999/2000; Vaz Serra, 2006).
Importante salientar que a capacidade de se comunicar permanece estável ao longo da vida, embora possam apresentar maior dificuldade de compreensão de mensagens longas ou complexas, além de esquecer nomes. Continuam com  a mesma capacidade de manutenção da atenção, e com o declínio das funções executivas, compromete comportamentos complexos.

PERSPECTIVA PSICOLÓGICA DO ENVELHECIMENTO

Envolve os seguintes fenômenos:
  • reações emocionais
  • personalidade
  • controle
  • autoconceito
  • estilo de coping (competir em pé de igualdade, superando dificuldades)
ALTERAÇÕES AFETIVAS RELACIONADAS COM O ENVELHECIMENTO

INCONTINÊNCIA EMOCIONAL - produz intensas reações afetivas e incapacidade de controle. Essa instabilidade emocional diz respeito a súbitas mudanças emocionais.(Ballone,2004)

FORMA DE LIDAR COM DIFICULDADES -envelhecer exige reordenamento de prioridades pessoais, mudança de estilos de coping. 

Tipos de coping que mantém no idoso o sentimento de autoeficácia e controle de sua vida, segundo Paul (2006):

COPING ASSIMILATIVO - "finalidade de diminuir as perdas através de esforços compensatórios, ou seja, os indivíduos procuram transformar uma situação menos positiva, numa situação mais adequada aos seus objetivos".

COPING ACOMODATIVO - " diminuem o nível de aspirações de desempenho pessoal, adaptando os novos objetivo às suas limitações."

Outro aspecto que aparentemente se mantém constante é o AUTOCONCEITO, a concepção que a pessoa tem de si mesma.

DEPRESSÃO no idoso é comum em função da tendência em se centrar muito no seu passado, acaba sentindo angústia em relação ao presente, e medo em relação ao futuro. Esta pode ser ampliar a incapacidade do sujeito, quando associada a perturbações de foro físico e cognitivo.

DIMENSÃO PSICOLÓGICA DO ENVELHECIMENTO (NERI)

Perspectiva do Ciclo de Vida: que adota o critério de estágios como principio organizador do desenvolvimento, estando nos estágios mais avançados contidos os anteriores, pressupondo uma coordenação entre o desenvolvimento individual e a história das instituições sociais. 

ENVELHECIMENTO SOCIAL se dá a partir das relações interpessoais ( famílias, trabalho, amigos, etc), que vai impactar em alterações em diversos níveis do desenvolvimento. O idoso além de passar pela mudança de papéis também acaba perdendo outros, em função da idade.

"A qualidade de vida, o bem-estar subjetivo e a satisfação de viver dependem, então, da manutenção das relações sociais e da prática de atividades produtivas (Fontaine, 1999/2000). Várias investigações realizadas concluíram que o isolamento é um fator de risco para a saúde e, por consequência, os apoios sociais de natureza emocional ou instrumental podem ser uma mais valia para a manutenção do equilíbrio psicossocial do indivíduo (Fontaine, 1999/2000)."

Embora os idosos tenham poucas relações interpessoais no âmbito das redes sociais, quando comparados a pessoas mais jovens, atribuem maior valor a família, aos amigos de longa data.

"Na realidade, os sentimentos de felicidade e de bem-estar subjetivo não se degradam com a idade e os idosos têm tanta satisfação em viver como os jovens (Fontaine, 1999/2000). O idoso saudável revela-se uma pessoa ativa e envolvida nos seus interesses que, neste sentido, pouco se diferencia do adulto de meia-idade, podendo o envelhecimento transformar-se numa época em que se descobrem novos aspectos da vida e em que os acontecimentos são analisados numa perspectiva diferente e mais equilibrada (Vaz Serra, 2006)."

sábado, 30 de março de 2019

Inteligência


Conceituando:

No senso comum as pessoas utilizam o termo inteligência às qualidades que permitem o sucesso de sua época ou cultura. (Sternberg & Kaufman, 1998), (Myers & Dewall, 2017, p.320).

Na ciência, a inteligência é o potencial mental para aprender com a experiência, resolver problemas, e usar os conhecimentos para se adaptar a novas situações., (Myers &Dewall, 2017, p.320).

Inteligência geral(g)

A inteligência pode se desenvolver a partir de habilidades adquiridas nas diversas áreas do conhecimento humano, porém, Charles SPermann (1863-1945) acreditava que todos nós temos uma inteligência geral(g), que está no âmago de todo nosso comportamento inteligente, desde navegar nos oceanos até o destaque escolar, pois a inteligência se dá pela aquisição de diferentes habilidades construídas pelo indivíduo. Pode ser medido em teste de inteligência. As inúmeras habilidades desenvolvidas podem se agrupar e se correlacionar para definir um fator de inteligência.

Síndrome de Savant

Uma condição na qual uma pessoa por um lado limitada em habilidade mental, apresenta uma excepcional competência específica, tal como em cálculos ou desenho.

Cerca de 4 a 5 pessoas que tem síndrome de savante são homens, e muitas dessas pessoas também apresentam o autismo, que é um distúrbio do desenvolvimento.

Capaz de fazer cálculos mirabolantes, decorar o impossível, porém, é incapaz de realizar tarefas simples como por exemplo, abotoar roupa, possui reduzida capacidade de conceitos abstratos.

Exemplo: o artista britânico portador de síndrome de savant Stephen Wiltshire, após um rápido passeio de helicóptero pela ilha de Cingapura, conseguiu reproduzir com precisão e de cabeça uma imagem aérea da cidade.

Teoria das Inteligências múltiplas

De Howard Gardner – identificou 8 inteligências relativamente independentes, incluindo aptidões verbais e matemáticas. Vê a inteligência como habilidades múltiplas que vêm em pacotes.

Propôs haver uma inteligência existencial que é a capacidade e para ponderara grandes questões sobre vida, morte e existência. As 8 inteligências de Gardner são:
1.      Corporal-cinestésica

2.      Intrapessoal
3.      Interpessoal
4.      Naturalista
5.      Linguística
6.      Lógica-matemática
7.      Musical
8.      Espacial

De Robert Sternberg ( 1985-2011)

Embora concorde com Gardner, que o sucesso envolve mais de uma inteligência tradicional, e também concorde com a ideia de múltiplas inteligências, propõe uma teoria triárquica, de apenas três tipos de inteligência:

1.      Inteligência analítica - envolve resolução de problemas acadêmicos.
2.      Inteligência criativa- demonstrada ao se reagir em situações inéditas e gerar novas ideias.
3.      Inteligência prática - necessária para tarefas cotidianas.

Inteligência Emocional

É estar em sintonia com você mesma e com os outros, e se difere da inteligência acadêmica. É um aspecto específico da inteligência social, que se define a partir das experiências envolvidas na situações sociais e autogerenciamento bem-sucedido.

Possui 4 componentes ou capacidades:

1.      Perceber emoções – reconhece-las no rosto, na música e na história.
2.      Entender emoções – capacidade de prevê-las, de entender como elas se modificam e se misturam.
3.      Gerenciar emoções – saber como expressá-las em variadas situações.
4.      Usar emoções – de modo a permitir o pensamento adaptativo ou criativo.

As pessoas emocionalmente inteligentes são socialmente conscientes e autoconscientes. Consegue interagir  com qualidade superior junto aos amigos, evitam ser invadidas pela depressão, ansiedade ou raiva. Consegue ler as pistas emocionais do outro e até incentivá-lo ou motivá-lo no conflito.

O que são os testes aplicados em avaliações:

·       Teste de Inteligência – avalia as aptidões mentais de uma pessoa, para comprar aos de outras pessoas.
·       Teste de Desempenho -  avalia o que uma pessoa aprendeu.
·       Teste de Aptidão – prediz o desempenho futuro de uma pessoa.

A DINÂMICA DA INTELIGÊNCIA

FASE I – Evidências Transversais do Declínio Intelectual
Envelhecimento e inteligência – Nossos músculos intelectuais entram em declínio ao longo do tempo, logo, o declínio da capacidade mental com a idade faz parte do processo geral de envelhecimento do organismo como um todo. (David WEchsler,1972)(Myers & Dewall, 2017, p.330).

FASE II – Evidências Longitudinais da Estabilidade Intelectual
Ficou constatado que a inteligência, nos achados longitudinais, permaneceram a mesma com a idade. Derrubou o mito do declínio da inteligência.

FASE III – Tudo depende. Depende do que avaliamos e como avaliamos.  Do estilo de vida, da qualidade de vida. Estudos em Cambridge, Inglaterra, revelou que um declínio mais acentuado da inteligência, ocorre especialmente, após os 85 anos de idade (Brayne et al.,1999)(Myers & Dewall, 2017, p.330). Considerando que os testes de inteligências avaliam capacidades diferentes, um teste de velocidade do raciocínio por exemplo, pode colocar o idoso em desvantagem, devido ao seu processo neural mais lento.

Nossa Inteligência cristalizada, que é o nosso conhecimento acumulado refletido em nosso vocabulário e testes de analogia, aumenta até a velhice.

Nossa Inteligência fluida, que é a nossa capacidade de raciocinar de modo rápido e abstrato, diminui a partir dos 20 a 30 anosdesacelerando até os 75 anos, e depois mais rapidamente a partir dos 85 anos de idade.

EXTREMOS DA INTELIGÊNCIA

Extremo inferior – Num extremo da curva, o score baixo, normalmente ocorre quando os scores dos testes de inteligência estão em 70 ou abaixo.

Para ser rotulado como portador de retardo mental ou deficiência intelectual, deve-se satisfazer a dois critérios:

·       Escore baixo no teste, ou seja, num teste de inteligência com 100 de média, um desvio padrão de 15, significa um score de inteligência aproximadamente de 70.
·       A pessoa pode ter dificuldade de adaptação às exigências normais da vida, independente e expressas por três habilidades diferentes:
o   Habilidades conceituais – linguagem, alfabetização, conceitos de dinheiro, tempo e número.
o   Habilidades sociais – habilidades interpessoais, responsabilidades social e capacidade para seguir regras básicas, leis e evitar ser vitimado.
o   Habilidades práticas – cuidados pessoais diários, habilidade ocupacional, viagens e cuidados de saúde.

Extremo Superior – Para QI acima de 135.
·       Jean Piaget pode ser considerado um pequeno gênio, quando aos 15 anos já estava publicando artigos científicos sobre moluscos.
·       Os críticos concordam que crianças têm talentos diferentes umas das outras. Umas são boas em algo em que outras são ruins, e vice-versa.  E que seria ingênuo educa-las de maneira igual, sendo importante proporcionar uma oportunidade de desenvolvimento apropriada aos talentos de cada criança, provendo igualdade para todos.

A nossa inteligência mental é herdada geneticamente, e moldada e desenvolvida pelo ambiente em que vivemos.