INTRODUÇÃO CONCLUSIVA DA AULA 2
A Cosmogonia enquanto formação e origem do Universo, surge a partir do caos e a desordem, trazendo a tona as suas potencialidades que se encontram ali latentes. Nesse percurso de desnudamento do caos, vivencia-se as trevas e a noite (inconsciente ou aquilo que não se consegue enxergar), a luz e o dia (consciente, aquilo que se consegue enxergar), abrindo-se aí a possibilidade de transformação do ser. Com Gaia, a Terra, que simboliza o princípio passivo, feminino, traz o planejamento das ideias e das coisas, abrindo possibilidade de realização daquilo que idealiza. Urano, simboliza o princípio ativo, o masculino, trazendo a concretude daquilo que se idealizou, demandando ação do sujeito. Por fim, o cronos, criação do tempo cronológico, que possibilita situar o homem em sua trajetória. O jeito cronos de ser, faz com que o sujeito queria impor suas verdades aos outros, e por isso, é preciso discriminar aquilo que é apropriado e inapropriado para si e para o outro também.
COSMOGONIA é a formação, a origem do Universo.
Na narrativa grega: tudo começa no CAOS, que significa "abismo, vazio, vasto, o que se abre largamente", é a divindade primordial para os gregos
Na narrativa cristã, texto bíblico: " A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas, informe e vazia." (Gênesis 1:2)
Tudo nasce do Caos, tudo nasce de algo que é disforme, já tendo aí as potencialidades para essa construção.
Olhando do ponto de vista da ciência, a exemplo das células tronco, ao olharmos vemos que nada tem ali, mas as potencialidades para o desenvolvimento de todos os órgãos do corpo humano estão ali.
Do ponto de vista da psicoterapia, o cliente chega na terapia com esse sentimento de caos, de vazio, nada claro nem definido, e essas situação trazem a sensação de angústia, de sofrimento, porque o caos é indefinido, sem forma, mas é a partir dele que estão todas as possibilidades de transformação do sujeito. Isso é arquetípico, faz parte da historia da vida, e tudo que faz parte da história da vida, apesar de estar no caos, traz a ideia de que as coisas estão realmente no seu devido lugar, e que é a partir do caos que tudo ressurge e se reergue.
TREVAS E NOITE
As etapas da busca pela psicoterapia:
Primeiro o cliente se encontra no caos, disforme, indiscriminado, porém com todas as possibilidades de se reerguer. Ele leva o caos em que está submerso, para a Psicoterapia.
Segundo, Nix (imagem) do grego Nýks, personifica a escuridão, as trevas superiores, de cima, como sendo algo que a gente tateia mas não consegue enxergar. O cliente conta seus conflitos, seus sofrimentos, mas não consigo identificar a mensagem subliminar que causa efetivamente a perturbação, desconforto ou desequilíbrio para a pessoa. A pessoa muitas vezes acha que são nas instituições, como no trabalho, na família, no casamento, mas não consegue enxergar e identificar exatamente o que nessas instituições lhe causam tanto desconforto, conflito.
Terceiro o Érebo em grego Érebos, personifica as trevas infernais subterrâneas inferiores, ocorre quando percebe-se de maneira simbólica essas noites, sendo as trevas infernais e inferiores como lado obscuro, que perturba, que pode infernizar a vida da pessoa, produzindo dor e sofrimento.
Do ponto de vista da Alquimia, a etapa da Nigredo ou Mortificácio é a etapa onde tudo é escuro, obscuro, tem cheiro de fim, de encerramento, de morte. algo que não é bonito, que não e desejável, que vai gerar um apego, uma dificuldade de nós nos livrarmos, de se despedir, de soltar e largar aquilo que apessoa precisa soltar, deixar para traz.
É nessa etapa da noite que vamos perceber que há coisas na vida da gente que precisam ser deixados para traz, de lado, morrer na vida da gente, para que essa nova vida possa surgir, Não é um processo fácil de ser realizado, o cliente está no sofrimento, na angústia, na necessidade de fazer os rompimentos para seguir adiante, e não consegue ter esse desprendimento para fazer esse desligamento, e tudo bem, faz parte da vida, e por isso mesmo, é arquetípico., pois vivenciamos essas etapas da vida, e toda a humanidade já vivenciou.
LUZ E DIA
Após a noite, vem sempre o dia.
Éter do grego Aithér, significa brilhar, iluminar e personificar o céu superior, onde a luz é mais pura.
As coisas que eram obscuro, indefinido, traziam dúvidas e interrogações, passam a ficar claro, porque aquilo que eu não conseguia enxergar, sobre o qual estava inconsciente, passa a ser visto, tornando-se consciente.
Hemera do grego Heméra, é a personificação do dia.
Na medida em que, tornamos consciente conteúdos inconscientes, passamos a ter responsabilidades sobre esses conteúdos, e isso, acontece na psicoterapia analítica. Ao tornar consciente aspectos antes obscuros, a pessoa vai ganhando mais autonomia sobre si.
Na Alquimia, tem-se a etapa da Albedo é a segunda etapa da fabricação da pedra filosofal, onde as coisas vão ficando mais clara, passando a enxergá-las sob outra perspectiva, tornando-a consciente.
PRINCÍPIO ARQUETÍPICO DE LUZ E TREVAS
- Algo que está escuro, é algo que você não enxerga, é inconsciente.
- Algo que está claro, é algo que você enxerga, é consciente.
TEXTO BÍBLICO
- Deus disse: "faça-se a luz!" E a luz foi feita.
- Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas.
- Deus chamou à luz DIA, e às trevas NOITE. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o primeiro dia. (Gênesis 1:3:5)
Na concepção judaico-cristão e na concepção grega, há uma concepção arquetípica, de caos com possibilidade de transformação, depois as trevas naquilo que você não consegue enxergar, pois ainda estão no seu inconsciente e por fim, vem a luz, quando você torna consciente aquilo que estava inconsciente e você começa a enxergar aquilo que não via.
A vida oscila constantemente, entre os opostos, e aí a gente pode ver luz e dia, trevas e noites. As pessoas ao longo da vida, vão oscilando ficando em dúvida, em conflito, e isso é consequência dos opostos. Aí estão muitos outros opostos, que nos colocam em conflitos, e que a vida ocorre entre os opostos. Daí a necessidade de aceitar ambos opostos em si, porque todos os seres humanos possuem os opostos em si.
A visão binária de que é isso ou aquilo não cabe nas relações entre as pessoas, pois assim, estamos negando algo que esta em si. Entender que há um lado inconsciente em si, que você não controla é importante no processo de autoaceitação. A autoaceitação possibilita que a pessoa possa compreender que esses opostos estão em todos os seres humanos e todos tem seu lado de luz (consciente) e trevas (inconsciente), isso é olhar para a realidade da psique.
MÃE TERRA - GAIA
- Gaia, em grego Gaia é a Terra, concebida como elemento primordial e deusa cósmica.
- Matriz, concebe todos os seres, simbolizando a função materna, princípio passivo e feminino.
- "O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente." (Gênesis 2:7)
Após o caos, as trevas e a noite, a luz e o dia, tem-se agora a Terra. Na Psicoterapia as coisas podem acabar ficando no âmbito do intelecto, dos pensamentos e da razão e não terem concretude das coisas, sem solução, sem atitude de transformação, realizar aquilo que você planeja pra sua vida.
Gaia, a terra, vai trazer a realidade das coisas, a concretude das coisas. É preciso concretizar, planejar, traçar metas, e agir para que ocorra a transformação.
CÉU - URANO
- Urano em grego Uranós, da raiz indo-européia "uer" - cobrir.
- Princípio masculino, é a personificação do céu, enquanto elemento fecundados de Gaia.
- Urano caracteriza, a fase inicial de qualquer ação, com alternância de exaltação e depressão, de impulso e queda, de vida e morte dos projetos.
- Proliferação criadora desmedida e indiferenciada, cuja abundância acaba por destruir o que foi gerado.
Isso ocorre a partir de uma idealização que nunca se concretiza, não sai, não ganha forma, não se realiza, não consegue dar concretude. A pessoa se identifica com um monte de ideias e não sai para concretizar as coisas. Daí a necessidade de pensar nos processos, observar as atitudes se estão nos levando a realizar aquilo que idealizamos. Com isso, conseguimos saber para onde estamos indo, o que precisamos romper, quem somos, essa é a totalidade da psique.
CRONOS - CRIAÇÃO DO TEMPO
- Cronos em grego Krónos é o tempo personificado. É o tempo de cronologia, tem começo, meio e fim, e serve para que possamos nos organizar melhor. Tempo definido e estruturado.
- É o podador, corta e separa. Com um golpe de foice ceifa os órgãos de seu pai, pondo fim a secreções indefinidas; Tempo de paralisação. regulador que bloqueia qualquer criação do universo; tempo simétrico; Tempo de Identidade. Ocorre quando a pessoa fica só pensando, idealizando e nada realiza de fato.
O aspecto de cronos é importante a discriminação daquilo que é apropriado e inapropriado para gente e para o outro. As vezes queremos muito passar a ideia daquilo que pensamos, que achamos maravilhoso, mas a pessoa não tem interesse em escutar, ou pode ainda, ser nocivo para o outro. É o jeito cronos de ser, de querer impor uma verdade.
- cronos devora, ao mesmo tempo que gera; mutilando a Urano, estanca as fontes da vida, mas torna-se ele próprio uma fonte, fecundando Réia. Algo que limita e cria organização, mas ao mesmo tempo devora a criatividade, a continuidade das transformações, não traz a possibilidade do novo.Daí a ideia de castração, impedimento do fluxo da vida.
TEMPO DE CRONOS é o tempo ordenado, personificado, com começo, meio e fim.
Existe um tempo oposto ao tempo de Cronos: O TEMPO DE CAIRÓS
Tempo de Cairós é um tempo sem tempo, é um tempo oportuno, não é cronológico. Cairós depende de coisas além de cronos.
Na Psicoterapia trabalhamos o tempo cronos, dia que o cliente vai, dia do pagamento, etc. Tudo isso é Cronos. As questões relacionadas a quanto tempo vai demorar o processo, quanto tempo o cliente vai conseguir elaborar melhor as questões dele, quantas sessões serão é tempo Cairós, pois não se pode delimitar, determinar esse tempo. Trata-se de um tempo que dependem não só do trabalho do psicoterapeuta, do esforço da coragem e paciência do paciente. Depende muito do inconsciente do cliente, então cada um terá seu tempo para esse despertar.
TEMPO DE CRONOS é o tempo ordenado, personificado, com começo, meio e fim.
Existe um tempo oposto ao tempo de Cronos: O TEMPO DE CAIRÓS
Tempo de Cairós é um tempo sem tempo, é um tempo oportuno, não é cronológico. Cairós depende de coisas além de cronos.
Na Psicoterapia trabalhamos o tempo cronos, dia que o cliente vai, dia do pagamento, etc. Tudo isso é Cronos. As questões relacionadas a quanto tempo vai demorar o processo, quanto tempo o cliente vai conseguir elaborar melhor as questões dele, quantas sessões serão é tempo Cairós, pois não se pode delimitar, determinar esse tempo. Trata-se de um tempo que dependem não só do trabalho do psicoterapeuta, do esforço da coragem e paciência do paciente. Depende muito do inconsciente do cliente, então cada um terá seu tempo para esse despertar.
Reia e Cronos por Karl Friedrich Schinkel (Século XIX)
REFERÊNCIAS
Curso extracurricular de Mitologia e Psicologia Analítica
Instituto Fredom
Aula 2 - Cosmogonia (Mitologia Grega)
Prof. Rangel Fabrete
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