ACC1 – Síntese sobre os Marcos referenciais teóricos fundantes.


Psicologia grupal nasce como disciplina que sustenta sua práxis em áreas de atuação clínica, educacional  e institucional.

 Psi Grupal vai beber de diverso referenciais teóricos tais como: psicanálise, Sistêmica, não sendo uma nem outra a melhor  ou única,  mas cada uma sendo utilizada confirme a realidade em questão.


Freud 1905: se interessa pelos estudos dos fenômenos sociais; pontuou a influência dos agrupamentos humanos sobre o comportamento psicológico do indivíduo.
·       Freud contribui com Totem e Tabu como forma de contribuição à antropologia social, em que constata a universalidade do horror ao incesto (sexualidade entre parentes); a exogamia ( não parentes ou parentes distantes) para expansão da sobrevivência de clãs.
·       Mal-estar na cultura traz o antagonismo entre exigências instintivas e restrições culturais. Pesquisou sobre organização social. Argumentou que a religião era a neurose da humanidade.
·       Psicologia das Massas e Análise do Ego que Freud criou o espaço de investigação de grupos humanos. Influenciado por:

Le Bom (Obra: psicologia das Multidões) – estudou as massas, o coletivo desorganizado,percepção de organismo grupal.
Mc Dougall chamou e grupo as estruturas coletivas organizadas.
Freud chamou grupo psicológico, é provisório, formado por elementos heterogêneos, o novo ser com características diferentes daquelas possuídas individualmente. Chama atenção sobre a tendência a formação de grupos. Via a identificação como expressão de um laço emocional com outra pessoa, via para se estabelecer a grupalidade. Essa identificação seria o processo psicológico pelo qual o indivíduo assimila um aspecto, propriedade ou atributo de outrem.
·       Identificação  projetiva seria a via psíquica para o estabelecimento do processo empático entre os seres humanos, criando mentalidade grupal. Uma primitiva forma de comunicação dos sentimentos humanos, por  parte de alguém.
Bion surge com os supostos básicos a partir da atividade mental dos indivíduos quando se reúnem em grupos. Esses supostos estão a serviço das resistências ao desenvolvimento grupal, cujo objetivo é terapêutico ou não. Chama de grupo de trabalho o estado mental cooperativo, predisposto a realizar tarefas em grupo. Os supostos básicos são três:
·    Dependência – grupo se comporta esperando que um líder se responsabilize por todas as iniciativas
·       Luta-fuga -grupo age como se tivesse um inimigo que se deveria enfrentar ou evitar.
·       Acasalamento – leva em conta a crença de que os problemas ou as necessidades do grupo serão solucionados por alguém que ainda não nasceu.
·       Rioch (1972) trata da situação grupal madura, onde o líder do grupo dependente  é apenas confiável, do luta-fuga é corajoso, do grupo de acasalamento é criativo.
·       Foulkers definiu  Grupos terapias como sendo atrama comum a todos os membros, dela dependendo o significado e a importância de tudo que acontece no grupo.
·       Slavson (EUA) e Ezriel(Britânico) contribuíram para as grupos terapias de base psicanalítica no contexto grupal.
·       Escola francesa – Anzieu criou o Psicodrama Psicanalítico e formulou ideias de ilusão grupal. Kaes forneceu elementos para uma teoria psicanalítica de grupos e desenvolveu o conceito de cadeia associativa grupal.
·       Escola Argentina contribuiu para o modelo clinico de abordagem grupal, psicoterapia de grupo com ênfase na atitude interpretativa.
·       Cortesai (Portugal) elaborou o conceito de padrão grupo analítico, onde o padrão seria o conjunto de atitudes do grupo analista. Sugere que o analista funcione como emissor de significados ou transmissor de algo. Chamou  de grupo analítico, o modo pelo qual as várias dimensões teóricas e técnicas, contribuem para dar corpo e forma à terapia.
·       Neri (Itália) descreve o estado grupal nascente, como o momento em que o grupo começa a tomar forma como unidade e o estágio da comunidade dos irmãos como agente coletivo capaz de pensar e elaborar. O grupo seria um estado de elaboração mental.
     
A TEORIA DA GESTALT E A DINÂMICA DE GRUPOS.

·       Surge no século XX
·       Gestalt significa o modo como os elementos (partes) estão agrupados juntos.
·       Traz a noção de que o todo é maior do que as suas partes.
·       Apoia-se na Observação fenomenológica, incluindo o observador na descrição do fenômeno observado.
·       Lewin elaborou a Teoria do funcionamento grupal – as pesquisas da Gestalt sustentaram sua aproximação ao estudo de grupos humanos. Dotado de rigor metodológico. 1944 traz pela primeira vez a expressão dinâmica de grupo, onde estuda as reações entre teoria e prática em psicologia social. Para ele, os fenômenos grupais só seriam inteligíveis ao observador que se permitisse a vivencia grupal; Era preciso observar inserido no contexto da observação. Fez experimentos com pequenos grupos pois facilita a observação ao vivo dos processos de interação social. Observou a interação no interior de um grupo. Estudou a autoridade e os tipos de liderança nos pequenos grupos, descrevendo três estilos básicos de liderar:
·       Autocrático
·       Laissez0faire
·       Democrático
·       Lewin descreveu as várias etapas do processo de solução de problemas em grupo: definição do problema, ideias, verificação das ideias, tomada de decisão e execução.
·       T-group, grupo concentrado em si mesmo, com busca de afirmação pessoal, rivalidade, alianças, preconceitos, superação, resistência ou disposição para mudar, mal entendido e entendimento.


 GRUPOS OPERATIVOS

·       Pichon-Riviere:
·       seus referenciais teóricos eram psicanálise e dinâmica de grupos.
·       Maior contribuição – formular grupos operativos que são grupos centrados nas tarefas.
·       Se caracteriza pela relação entre seus integrantes em manter a tarefa, entendimento das dificuldades ou resistências.
·       Objetiva superar e resolver situações fixas estereotipadas.
·       Analisou o porquê da resistência a mudança, o medo da perda (ansiedade depressivas) e medo do ataque (ansiedades paranoides).
·       Procurou compreender o que acontecia com os indivíduos no contexto grupal, na dinâmica de grupo.
·       Elaborou o esquema conceitual referencial operativo, que se refere ao conjunto de experiencias, conhecimentos e afetos prévios que os indivíduos pensam e agem em grupos, que se torna operativo, ou seja, gera mudanças.
·       Considera o vínculo uma estrutura dinâmica que engloba tanto o individuo como aquele com quem interage e se constitui uma Gestalt sem em processo de evolução.
·       Resume as finalidades e propósitos dos grupos operativos dizendo que a atividade está entrada na mobilização de estruturas estereotipadas, dificuldade de aprendizagem e comunicação, devido à acumulação de ansiedade que desperta todas mudanças.


·       PSICODRAMA
·       Moreno
·       Nascia uma nova modalidade de expressão catártica, pautada na espontaneidade e sustentada na teoria dos papéis.
·       Método psicoterápico de grupo por excelência, no setting há a presença do terapeuta (diretor de cena)
·       Técnica terapêutica como uma abordagem de casal como modalidade psicoterápica.
·       Criou a Teoria da espontaneidade-criatividade
·       Técnica – método psicodramático consiste no emprego da representação dramática como veículo de expressão de conflitos, unindo ação à palavras.  

As técnicas podem ser:
·       INVERSÃO DE PAPÉIS – situação interativa, troca-se de posição;
·       ESPELHO – Protagonista sai de cena e passa a ser expectador da representação.
·    DUPLO – coordenador põe-se ao lado do protagonista e se expressa gestualmente ou verbalmente.
·       ALTER-EGO – o coordenador diz no ouvido do Protagonista o que acha que esta oculto em sua mente, para que este tome consciência.
·       SOLILÓQUIO - protagonista É estimulado a dizer em voz alta.
·       PROSPECÇÃO AO FUTURO – convida o protagonista a se imaginar em um tempo futuro e visualizar conteúdo do conflito.
·       ESCULTURA – convida o grupo a se expressar.

 Se desenvolve em três momentos:
·        AQUECIMENTO (busca criar o clima propício para a cena dramática.
·       REPRESENTAÇÃO PROPRIAMENTE DITA (ocorre com o auxílio de técnicas)
·       COMPARTILHAMENTO (grupo discorre sobre vivencias experienciadas. Fase particularmente valorizada pelos praticantes do psicodrama psicanalítico.


TEORIAS SISTÊMICAS E DA COMUNICAÇÃO HUMANA
·       BertrandRussel  - elaborou a teoria dos tipos lógicos. Postulou não ser possível uma classe(grupo) ser membro de si mesma. Surge o princípio da não-somatividade, não podendo entender o sistema como a soma  de suas partes
·       Von Bertalanffy elaborou a Teoria Geral dos Sistemas, considerada a terceira grande teoria após a psicanalise e o behaviorismo. O grupo é visto em detrimento do indivíduo com ênfase no grupo familiar e não nos componentes do sistema, com foco em distúrbios mentais e sua abordagem é terapia familiar sistêmica.
·       Cibernética – teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação (transferência de informação entre sistema e o meio, que retroalimenta (feedback) as funções do sistema pelo ambiente. Torna-se popular, como teoria dos sistemas de controle na tecnologia e na natureza.
·       Retroalimentação ou feedback é a propriedade que define o enfoque circular que vai modificar ou transformar o sistema. Pode haver:
·       Retroalimentação positiva – disposto a mudança
·       Retroalimentação negativa- homeostasia do sistema.
·       Homeostase – quando pelo menos uma pessoa do sistema não deseja mudar o sistema, ocorre aí homeostasia, o sistema se mantém como está.
·       Caixa-Preta-  mente do indivíduo que deve ser avaliada por reações emocionais, sintomas, sonhos, atos falhos, associações livres, etc.
·       Princípio da Equifinalidade –
·       Totalidade e não-somatividade- não pode entender o sistema como a soma de duas partes. Cada uma das partes de um sistema esta relacionado ao modo da relação com as outras pessoas.

SITUAÇÃO DE DUPLO VÍNCULO
·       Bateson – parte da observação de esquizofrênicos
·       Para se estabelecer uma relação de duplo vínculo é preciso:
·       Duas ou mais pessoas, uma designada vítima
·       Estabelecimento de uma relação repetida, na qual existe uma instrução negativa primária.
·       Instrução secundário que contradiz a anterior.
·       Considera que é a sequência repetida de situações similares que poderá levar à desestruturação esquizofrênica, em razão de conflitos e falhas de padrões comunicacionais.
·       Axiomas básicos da teoria da comunicação
·       A impossibilidade de não comunicar
·       Toda comunicação tem aspectos referenciais (conteúdo) e conativos (relacionais)- metacomunicação
·       A natureza de uma relação depende da pontuação das sequencias comunicacionais entre os comunicantes;
·       A comunicação pode ser digital ou analógica.
·       Intercâmbios comunicacionais podem ser simétricos (igualdade) o complementares (diferenças)


REFERÊNCIAS; Texto marcos referencias teóricos fundantes de Luiz Carlos Osório.



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