HENRI WALLON ( 1879-1962) – Francês
Médico, Filósofo e Psicólogo.
Se dedicou ao estudo da criança por acreditar que esse é o caminho para
se compreender a origem dos processos psicológicos humanos.
AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIA – TEORIA PSICOGENÉTICA
Estudou o desenvolvimento infantil a partir das dimensões cognitivas,
afetivas e motora. Estudou o desenvolvimento de forma integral, recusando-se a
estudar as partes isoladamente.
Seus trabalhos situam-se nos campos da Psicologia genética e na
Psicologia do desenvolvimento.
Não se deve confundir Psicologia genética com epistemologia genética. A
epistemologia genética e a teoria psicológica desenvolvida por Jean Piaget, na
qual as pessoas constroem o conhecimento. Ele queria saber como as pessoas
passam do estagio do não conhecimento para o estágio do conhecimento.
Interessa=se pelas origens do conhecimento.
A Psicologia genética está mais interessada em compreender quais as origens
dos processos psíquicos.
Para Wallon, a Escola deveria oferecer a formação integral para as
crianças, envolvendo a formação afetiva, intelectual e social. Marco importante
no pensamento pedagógico. Interessa-se pelas origens dos processos
psicológicos.
Utilizou conhecimentos da antropologia, psicopatologia, neurologia, etc.
Entendia que os processos psicológicos têm origem orgânica biológica, mas que
só podem ser entendidos quando consideramos as maneiras pelas quais as
influencias socioambientais interagem com esses processos. Portanto, considera
tanto as condições orgânicas quanto as exigências sociais que influenciam o
desenvolvimento psíquico.
Wallon entende que a estrutura biológica é a primeira condição para a atividade
psíquica. Não pode haver atividade psíquica sem uma estrutura biológica. A
mente opera com os estímulos que são recebidos do meio externo e do mundo são
as grandes mantenedoras da existência e do desenvolvimento humano. Desenvolvemo-nos,
na interdependência entre fatores biológicos e sociais.
O desenvolvimento do pensamento infantil não ocorre de forma contínua,
marcado por crises e conflitos, resultado do amadurecimento dos sistema nervoso
que tras novas possibilidades orgânicas para oe exercício d. o pensamento e alterações do meio social
que tras novas situações e estímulos diferenciados. É do conflito dessas duas
condições que emergem o pensamento e a inteligência. Logo conflitos e contradições
não são problemas, mas fazem parte do desenvolvimento psíquico normal da
criança. As crises muitas vezes são dinamizadoras do processo desenvolvimental,
e portanto, benéficas.
Para ele o desenvolvimento não se dá de forma linear, por isso ele rompe
com visões lineares e positivas ao construir um modelo de investigação e interpretação
próprio. Pois, percebe que o desenvolvimento humano é marcado por avanços,
recuos e contradições; não há uma sucessão de estágios, mas sim,
desenvolvimentos que ocorrem de forma simultânea.
Afetividade motricidade e inteligência.
A inteligência se desenvolve após a afetividade, contrariando outras
teorias.
A inteligência surge de dentro da afetividade e estabelece com ela certa
relação de conflito, talvez seja por isso que nos interessamos em aprender as
coisas que mais gostamos do que as que não gosta.
Ao nascer somos frágeis seres orgânicos e dependemos de outros para
cuidar de nós, desenvolvendo uma absoluta dependência até os dois primeiros
anos, e por isso, nos tornamos seres afetivos, a emotividade do bebe expressa
no choro e no grito garante que o adulto se mobilizara para atender suas
necessidades.
Logo a expressão emocional assim é uma linguagem e sua função é social
usada para comunicar necessidades.
Não se deve confundir afetividade com amor e carinho. Afetividade
estamos falando das coisas que nos afetam (ao olhar do outro, objeto, elementos
internos como fome e lembranças) trata-se de eventos internos ou externos.
O choro afeta o adulto que cuida dela. O choro é culturalmente interpretado
pelo adulto e é a partir daí age para atender a crianças. É no contexto dessa
interação emocional e social que se dá o desenvolvimento cognitivo da criança.
Wallon destaca a importância das atividades, motoras nesse processo, pois o
bebe também expressa suas emotividades por gestos, expressões faciais. O ato
motor é uma atividade expressiva que comunica os atos emocionais do bebe e ao
mesmo tempo gera estados emocionais nos adultos.
Na medida em que a função simbólica se desenvolve, ou seja, que a
criança se torna capaz de pensar sobre coisas que não estão presentes, como ver
o desenho e associar a algo real, essa capacitação cognitiva permite a internalização
de atos motores quer dizer, os atos
motores voa diminuindo porque as crianças desenvolvem outros recursos para se
comunicar, como as palavras; além disso adquire maior controle e refino sobre o
ato motor.
Ele não coloca a inteligência como o principal componente do
desenvolvimento, mas defende que a vida psíquica é formada por três dimensões:
motora, afetiva e cognitiva, e que essas dimensões coexistem e atuam de forma
integrada.
Defende que o processo de evolução depende tanto da capacidade biológica
do sujeito, quanto do ambiente que o afeta de alguma forma. É o meio que vai
permitir que essas potencialidades se desenvolvam.
Principais características dos 6 estágios de desenvolvimento infantil de
Wallon:
Em cada um dos estágios a criança interage com seu ambiente de formas
específicas enquanto busca construir sua própria identidade.
Cada estágio representa um tipo de preparação para o estágio seguinte
mas revela a descontinuidade. O
desenvolvimento alterna fases de introspecção, voltar-se para si mesmo, e outras,
de extroversão, nas quais o individuo se volta para o meio externo, em busca de
autonomia.
As idades e o tempo de duração de cada estágio variam de criança para
crianças, por conta das características individuais e suas relações.
ESTÁGIO IMPULSIVO-EMOCIONAL (0 A 1 ANO)
o Realiza movimentos reflexos involuntários
e impulsivos.
o Aos poucos vai respondendo
afetivamente aos adultos que são seus intermediários entre ele e a realidade
externa, nessa relação passa a usar gestos para se comunicar.
o Aos 3 meses consegue sorrir para as
pessoas, fortalecendo só vínculos coma s pessoas, e é através da afetividade
que se estabelece os mais fortes vínculos com as pessoas.
o A função inicial da emotividade é
mobilizar a mãe que irá atender as suas necessidades. É pela emoção expressiva,
choro, grito, etc., que o bebe comunica as suas necessidades.
o Até aproximadamente 1 ano o bebê está
concluindo o processo de socialização com as pessoas que o cercam, fase em que
ainda é totalmente dependente.
o Se interessam por objetos a medida em
que estes são apresentados pelos adultos. Com o avançar do desenvolvimento a
criança vai aprendendo a agir diretamente com seu meio, em um processo crescente
de individuação; torna-se mais autônoma.
ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO ( 1 A 3 ANOS)
· A EXPLORAÇÃO DO ambiente físico se se
acentua na medida em que a criança aprende a segurar coisas e a se deslocar.
· O desenvolvimento das capacidades
cognitivas das crianças está em pleno desenvolvimento, explorando o mundo através
dos sentidos e habilidades motoras. Tudo deve ser tocado e sentido.
· Pouco a pouco o ato motor vai diminuindo
e cedendo lugar ao ato mental, ao pensamento, como o desenvolvimento da fala o pensamento
também ganha impulso.
· A aquisição da linguagem permite que o
pensamento se manifeste através da fala, o que rompe com a manifestação motora
do pensamento, e isso representa um salto qualitativo no desenvolvimento
infantil.
· É necessário que a vivência sensória
motora do mundo seja inibida pela criança para que a sua vida mental floresça.
ESTÁGIO DO PERSONALISMO (3 A 6 ANOS)
· Há um conflito entre seu desejo pela
autonomia e o fortalecimento do vínculo com a família.
· Como o processo de formação da personalidade
é a tarefa psíquica mais importante desse estágio, a criança nega os adultos,
muitas vezes se opondo a eles. Seu pensamento volta-se quase que exclusivamente
para si. Ela precisa adquirir consciência de si mesma em suas relações com o
mundo.
· Inicio da vida escolar, o vínculo
familiar se flexibiliza e a criança se direciona para a autonomia uma vez que a
vida escolar exige que tome decisões sozinhas,
realize escolhas, concorde ou descorde, enfim, se vendo em situações
conflituosas.
· Ao mesmo tempo em que caminha para
autonomia, se desenvolve a imitação dos adultos que convive, modo de ser e
pensar porque admiram.
· Afetividade se manifesta de modo mais simbólico,
por palavras e ideias
ESTÁGIO
CATEGORIAL ( 7 A 12 ANOS)
· A criança utiliza cada vez mais a inteligência
para explorar e conhecer os objetos no meio físico e social, que podem ser transformadas
e remanejadas dando margem a criatividade.
· \a inteligência e o interesse pelo
mundo externo predominam. A criança
avança para o pensamento abstrato, ganha maior controle de habilidade como a memória
voluntaria (capacidade de memorizar coisas voluntariamente), obtém maior
controle da atenção.
ESTÁGIO DA
ADOLESCÊNCIA ( A PARTIR DOS 12 ANOS)
· As modificações corporais que resultam
da ação dos hormônios sexual, levam ao adolescente a buscar uma nova
personalidade.
· Há uma ruptura do equilíbrio afetivo,
deseja compreender suas inquietações, seus desejos, sua sexualidade e sua real
identidade., sendo importante que o adulto ao perceber essas necessidades ofereçam
diálogo e apoio aos adolescentes.
· O adolescente deseja diferenciar-se do
adulto. Apresenta contornos mais racionais, criando teorias sobre seus
relacionamentos com as pessoas.
· Os conflitos internos e externos fazem
com que o adolescente se volte para si mesmo, a fim de buscar sua autoafirmação,
como forma de lidar com as transformações corporais e psíquicas impulsionadas
pela maturação sexual.
· O desenvolvimento permanece por toda a
vida e não se encerra na adolescência. A afetividade e a cognição sempre estarão
em movimento, em interação entre as inúmeras atividades que desenvolvemos ao
longo da vida.
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