Mostrando postagens com marcador Reatividade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Reatividade. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Ares, Hefesto, Afrodite - Aula 10 - Mitologia grega e Psicologia Analítica


  • Ares do grego Áres, personifica "desgraça, violência, destruição"
  • Paixão, impulsividade, reatividade emocional, corpo, dança.
Sendo a personificação do deus da guerra, também está na psique humana.  E a psique não é exatamente, algo que podemos moldar em um padrão que seja somente bom e que sirva para todos. Todos nós temos padrões arquetípicos difíceis e fáceis, destrutivos e construtivos em nos nossa psique.

Biologicamente, compreendemos que muitos desses aspectos que o deus da guerra traz, está relacionado à sobrevivência. O Córtex cerebral tem relação com a lógica , razão, consciência, a conter os impulsos mais primitivos. Pode-se notar que o homem primitivo precisava caçar, guerrear para sobreviver, quando desenvolveram o cérebro reptiliano e o sistema límbico, que são regiões relacionadas ao instinto de sobrevivência. sabendo disso, precisamos admitir que a violência ainda está dentro de nós, e que precisamos aprender a lidar com isso, de maneira consciente e de forma simbólica.

Ares tem o princípio de derramar sangue, de violência, o que se torna muito perigoso quando não é reconhecido pelo ego, pelo consciente do indivíduo, o que traz distanciamento e rompimento entre todos os relacionamentos. Ares era considerado o deus burro. É preciso criar estratégias, meios de lidar com essa energia violenta, para se obter sucesso nos relacionamentos. Isso evitar posturas violentas e estremecimentos nas relações.

Apesar de ser um deus, devido às suas características, Ares ia Às guerras e um dia foi atingido na parte interior de sua coxa. Quando olhamos o texto bíblico, Jacó teve seu nome trocado por Israel. Jacó era aquele que roubou a primogenitude de seu irmão Isaul. Jacó significa ladrão, e ao mesmo tempo patriarca dos hebreus, trazendo em si os opostos.  Jacó entra em disputa com o anjo do Senhor. E o anjo disse a Jacó: você~E só vai subir quando tiver a minha bênção. E o Anjo desfere a parte interna da coxa de Jacó, e o Anjo dá a sua bênção, e ele se torna Israel. Com isso, jaco passou a não fugir mais ele enquanto ladrão fugia o tempo todo, inclusive de si. Da mesma forma Ares tomou golpe na coxa.

Ares se relaciona com Temes, que é o seu oposto, pois ela é a personificação da contenção dos impulsos, a personificação da justa medida. Na relação com seu oposto Ares conseguiu trazer um pouco mais da contenção de seus impulsos. Além disso traz a possibilidade de prestar mais atenção no corpo, trabalha a dança.

Na psicoterapia analítica, trabalha-se esse olhar de justa medida, de maior consciência e domínio sobre essa impulsividade e agressividade que Ares traz.


  • Hefesto do grego Héphaistos, "acender, pôr fogo em".
  • Coxo; ferido pelo abandono parental; criatividade laborativa; criatividade laborativa; tenacidade; persistência na realização de projetos.
Hefesto, deus das forjas, irmão de Ares, considerado o deus burro, sofria com a rejeição, da inferioridade, o menos importante entre os deuses. Hefesto nasce do desejo da deusa Hera ter um filho gerado por si própria, apenas dela mesma.  Nasce Hefesto, muito feio, de um aspecto que para os deuses e deusas seria evitado já que não era belo. O status do que não é belo não caberia ao status de deuses. Quando ela olhou seu filho, o achou tão feio que o rejeitou. Por isso, que nem toda mulher tem a disposição psíquica para ser mãe, se dedicar a vida de um filho. Hera era uma excelente esposa mas não tinha essa facilidade de cuidar dos filhos. Ela então joga o filho Hefesto de cima do Olimpo ele cai na terra e fica coxo, que representa a ferida do abandono parental.

Isso nos permite compreender a questão dos abandonos, das rejeições parentais. Isso as vezes não é exatamente de forma direta, mas acontece indiretamente, pela distância, pais ausentes, não acolhimento, a presença emocional dos pais para com seus filhos. Isso se reflete na forma como a pessoa via se comportar e se desenvolver ao longo da vida.

Aí a gente ver filhos de mesmos pais com comportamentos diferentes ao lidar com a mesma realidade.  Ares na violência e impulsividade. Em Hefesto, coloca toda a sua energia compensatória na relação com o trabalho, é o único deus que trabalha. O trabalho é extremamente importante, embora tenha culturalmente uma imagem negativa de algo que deve ser evitado, o qual passa a ser visto como sofrimento e sacrifício. É preciso olhar o trabalho na perspectiva salutar, que dá prazer que traz realização pessoal, que desenvolve a psique. Fazer o que gosta, ter uma fonte de renda. ou ainda, desenvolver algum trabalho voluntário. Sempre haverá um trabalho que vai trazer uma realização para a sua psique, e a análise pode ajudar a encontrar essa realização, essa autonomia.


Apesar de ser o mais feio e coxo, ele é o deu que se casa com Afrodite, a deusa mais bela.  Ao jogar toda a sua energia na criatividade e no trabalho, Hefesto deixa de lado o relacionamento com Afrodite, com isso, Ela acaba sendo amante de Ares. Hefesto acaba sabendo da traição de Afrodite e Ares, com isso, ele cria na engenhosidade dele, uma rede com fios do tecido da teia da aranha, quase invisíveis. Quando Ares e Afrodite estavam juntos, Hefesto chamou os deuses e deram um flagrante em ambos, jogando sua rede sobre eles.  Mostra um complexo de inferioridade por parte de Hefesto, que precisa de uma plateia, para se colocar com vitima. Na vitimização a pessoa que sofre com alfo que o outro faz contra ele, a vítima é aquela pessoa que dificilmente tem a capacidade de se desenvolver e amadurecer, porque acaba que todo seu sofrimento é responsabilidade única de que causa sofrimento. isso o incapacita de perceber a sua responsabilidade, a parte que lhe cabe, até que as coisas chegassem até determinado ponto.

  • Afrodite, do grego Aphrodite, "espuma". Relacionamento sexual, atração irreprimível para fecundar a natureza.
  • Habilidade de apreciar o prazer e a beleza, de ser sensual e criativa.
Afrodite, deusa do amor, representa a espuma do mar, teria nascido da fecundação do deus Cronos que castrou seu pai Urano, o sêmen de Urano teria caído no mar, e dali nasceu Afrodite, por isso, espuma do mar, da onda do mar.

Relacionamento sexual, atração irreprimível para fecundar a natureza são energias psíquicas de grande força, o que é importante para o seu desenvolvimento.

A espuma nos remete a pensar na duração da onda do mar,  quanto tempo dura. e que traz a imagem arquetípica  da intensidade da sexualidade, do relacionamento da paixão, que assim como a onda do mar, tem curta duração, porque não se relaciona com o ser real, mas sim, com o ser idealizado por quem idealiza, o que está ligado às suas questões pessoais.  Quem o outro tem que ser e que eu quero que ele seja. A onda assim como a paixão, bateu na areia e morre. É preciso lidar com o ser real para que o relacionamento seja duradouro. se estivermos identificados com a persona daquilo que é belo, apaixonante, vamos ter a dificuldade de lidar com o ser real, onde enxergamos as limitações e defeitos do outro e nosso. O ser idealizado perfeito não existe. Precisamos prestar atenção em quem somos de fato, nosso eu real vai nos permitir ver essa realidade do outro.

REFERÊNCIAS
Curso extracurricular de Mitologia e Psicologia Analítica
Instituto Freedom
Aula 10 Ares, Hefesto, Afrodite
Prof. Rangel Fabrete

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Teoria Psicanalítica - Sigmund Freud



OS TRÊS NÍVEIS DA VIDA MENTAL SEGUNDO FREUD

·       INCONSCIENTE
Contém todos os impulsos, desejos ou instintos que estão além da consciência, mas que no entanto, motivam a maioria  de nossos sentimentos, ações e palavras. Ainda que estejamos conscientes de nossos comportamentos explícitos , não estamos conscientes dos processos mentais que estão por traz dele. O inconsciente era a explicação para o significado subjacente de sonhos, lapsos de linguagem, certos tipos de esquecimento, chamados de repressão.
·       PRÉ-CONSCIENTE
Contém todos os elementos da mente que não são conscientes, mas que podem se tornar conscientes, prontamente ou com alguma dificuldade. (Freud, 1933/1964 apud Feist at all, 2015). Essas ideias são provenientes de duas fontes: da percepção consciente  e do Inconsciente, embora algumas dessas ideias possam não se tornar conscientes.
·       CONSCIENTE
Único nível mental que está disponível para nós. As ideias chegam a consciência por dois caminhos:
o   A partir do sistema consciente perceptivo – o que está voltado para o mundo exterior, estímulos externos, o que percebemos pelos nossos órgãos dos sentidos (Freud, 1933/1964).
o   A partir da estrutura mental, incluindo ideias não ameaçadoras do pré-consciente. Quando as imagens ou ideias são ameaçadoras, chegam distorcidas ou disfarçadas em nosso consciente assumindo comportamentos defensivos ou elementos oníricos (sonhos).

MODELO ESTRUTURAL DE PERSONALIDADE SEGUNDO FREUD:

“...personalidade é um padrão de traços relativamente permanente e características únicas, que dão consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa. (Roberts $Mroczec, 2008 apud Feist at all2015.)”

As contribuições de Freud para a teoria da personalidade são a exploração do inconsciente  e a insistência de que as pessoas são motivadas, primariamente, por impulsos dos quais elas têm pouca ou nenhuma consciência.


Estrutura da Personalidade segundo Freud:

ID – Parte mais primitiva da mente: Inconsciente.
·       Não tem contato com a realidade, embora se esforce para reduzir a atenção, satisfazendo desejos básicos.
·       Abriga impulsos básicos (processo primário)
·       Sua única função é buscar o prazer – Id serve ao princípio do prazer. Depende do EGO para ter contato com o mundo real, e o prazer tornar-se realidade (processo secundário).
EGO –o “eu”. Transita entre o consciente, pré-consciente e o inconsciente.
·       Única região da mente em contato com a realidade.
·       Governado pelo Princípio da realidade, que tenta substituir o princípio do prazer do Id.
·       Ramo executivo da personalidade, aquele que toma as decisões.
·       As decisões podem partir  dos três níveis: consciente, pré-consciente e inconsciente.
SUPEREGO – superego ou acima do eu.
·       Representa os aspectos morais e ideais da personalidade e é guiado por princípios moralistas ou idealistas.
·       Se desenvolve a partir do ego, não possui energia própria.
·       Não tem contato com o mundo externo, sendo irrealista em suas demandas por perfeição.
·       Possui dois subsistemas:
o   Consciência – o que não se deve fazer, comportamentos inadequados
o   Ideal de ego – o que devemos fazer, compensação por comportamento inadequado.
·       Superego bem desenvolvido atua para controlar os impulsos sexuais e agressivos por meio da repressão.
·       Vigia o ego julgando suas ações e intenções.
·       A culpa é o resultado da atuação ou pretensa atuação que contraria os padrões morais do superego.

DINÂMICA DA PERSONALIDADE SEGUNDO FREUD

Para Freud as pessoas são motivadas a buscar o prazer e a reduzir a tensão e a ansiedade. E essa motivação é derivada da energia física e psíquica, que brota de seus instintos básicos.

IMPULSOS
·       Segundo Freud (1933/1964), os impulsos podem ser agrupados em dois títulos:
o   Sexo ou Eros
o   Agressividade, destruição ou Tanatos.
·       Os impulsos se originam no Id, mas ficam sob controle do Ego.
·       Freud chamou de “libido” para o impulso sexual.

SEXO

·       Sua finalidade é o prazer, mas esse prazer não se limita ao ato sexual. Freud acreditava que todo o corpo é investido de libido, especialmente, além dos genitais, a boca e o ânus produzem prazer (zonas erógenas).
·       Para Freud toda atividade prazerosa é rastreável para o impulso sexual.
·       O sexo pode assumir muitas formas, incluindo o narcisismo, amor, sadismo e masoquismo(impulsos agressivos).
o   Amor -O primeiro interesse sexual da criança é pela pessoa que cuida delas.(mãe, etc.)
o   Sadismos – necessidade de prazer sexual por meio do ato de infligir dor ou humilhação a outra pessoa. Considerado uma Perversão Sexual quando em graus extremos. Quando em graus moderados, é comum e existe em quase todos os relacionamentos sexuais. Precisam de outra pessoa para lhes infligir dor.
o   Masoquismo – é uma necessidade comum, mas se transforma em Perversão Sexual quando Eros se torna subserviente ao impulso destrutivo. Os masoquistas experimentam prazer sexual ao sofrerem dor e humilhação infligida por eles mesmos ou por outros. Não precisam de outra pessoa para se infligir dor.

AGRESSIVIDADE

·       Agressividade - Freud escreveu o livro Além do princípio do prazer, livro que elevou a AGRESSIVIDADE ao nível do impulso sexual.

ANSIEDADE

·       Ansiedade – está relacionada ao sexo e à agressividade. Freud (1933/1964) enfatizou que a ansiedade é um estado afetivo desagradável acompanhado por uma sensação física que alerta a pessoa contra um perigo iminente. Há três tipos de ansiedade para Freud:
o   Ansiedade neurótica – apreensão ante um perigo desconhecido.
o   Ansiedade moral – provém do conflito entre o ego (realidade) e o superego (moralidade e ideais)
o   Ansiedade realista – está relacionada ao medo, como sentimento desagradável não específico que envolve um perigo.
A ansiedade serve como mecanismo de preservação do ego porque sinaliza que algum perigo está rondando (Freud, 1933/1964).
  
PRINCIPAIS MECANISMOS DE DEFESA SEGUNDO SIGMUND FREUD

Todos os mecanismos de defesa protegem o Ego da Ansiedade, são universais já que todos os indivíduos se engajam em comportamento defensivo. Cada um se engaja na repressão e cada um pode ser desenvolvido até o ponto da psicopatologia. Em geral todos são benéficos para o indivíduo e inofensivos para a sociedade, exceto a sublimação que tende a beneficiar tanto o indivíduo quanto a sociedade.

·       REPRESSÃO
Mecanismos de defesa mais básico, porque está envolvido com cada um dos outros mecanismos. Sempre que o EGO é ameaçado pelos impulsos indesejáveis do Id, ele se protege reprimindo esses impulsos.
·       FORMAÇÃO REATIVA
Comportamento reativo pode ser identificado por seu caráter exagerado e sua forma obsessiva e compulsiva (Freud,1926/1959ª). Ocorre quando o impulso é reprimido por se tornar consciente e a pessoa adota um disfarce que contraria se jeito de ser.
Exemplo: uma pessoa odeia a mãe, sabe que a sociedade repugna esse comportamento, e ela excessivamente, demonstra que ama a mãe, contrariando o que realmente sente.
·       DESLOCAMENTO
Quando a pessoa redireciona seus impulsos inaceitáveis para vários indivíduos ou objetos, disfarçando o impulso original ou ocultando-o.
Exemplo: uma pessoa se irrita com o marido, e redireciona sua raiva para os filhos.
·       FIXAÇÃO
O crescimento físico e psicológico muitas vezes ocorre com momentos ansiosos e estressantes. Para fugir desse estresse e da ansiedade, o ego pode recorrer à estratégia de se manter no estágio psicológico anterior, por ser mais confortável (mudanças de fases no desenvolvimento humano), o que se constitui uma defesa, chamada fixação.
·       REGRESSÃO
Quando a libido passa por algumas fases do desenvolvimento, ela pode regredir a uma fase anterior, em momentos de estresse e ansiedade.
Exemplo: quando se tem um segundo bebê e o irmão mais velho pede mamadeira, chupeta, quando este já não usava mais.
·       PROJEÇÃO
Diante de um impulso interno de ansiedade excessiva, o ego pode reduzir essa ansiedade, atribuindo o impulso indesejado a um objeto externo. Enxerga nos outros sentimentos ou tendências inaceitáveis que estão em seu próprio inconsciente.
Exemplo: um homem interpreta consistentemente as ações de mulheres mais velhas como tentativa de sedução. Conscientemente, acredita que relações sexuais com mulheres mais velhas é repugnante, porém, em seu inconsciente, encontra forte atração sexual por elas.
A paranoia é um tipo extremo de projeção, transtorno mental caracterizado por fortes delírios de ciúmes e perseguição. Segundo Freud a diferença entre projeção e paranoia é que, esta última, vem sempre acompanhada de sentimentos homossexuais reprimidos em relação ao perseguidor.
·       INTROJEÇÃO
Mecanismos de defesa em que as pessoas incorporam qualidades positivas de outra pessoa em seu próprio ego. As pessoas introjetam características que as fazem se sentir valiosas e melhores consigo mesma.
Exemplo: adolescente que adota valores e estilos de vida de ídolos. Com isso, minimizam seu sentimento de inferioridade e sentem que sua autoestima se expandiu.
·       SUBLIMAÇÃO
Segundo Freud (1917/1963), a sublimação ajuda tanto o indivíduo quanto o grupo social. É a repressão do alvo genital de Eros, que é substituído por um propósito cultural ou social. A maioria das pessoas sublimam uma parte da libido em favor de valores culturais. Esse mecanismo tende a beneficiar tanto o indivíduo como a sociedade.

REFERÊNCIAS: 
FEIST;FEIST; ROBERTS. Teorias da Personalidade. 8ª edição. 2015.

domingo, 22 de setembro de 2019

Escola Intergeracional de Bowen (1990,1991)



Murray Bowen (1913-1990) foi um psiquiatra americano e professor de psiquiatria na Universidade de Georgetown. Bowen estava entre os pioneiros da terapia familiar e um notável fundador da terapia sistêmica. A partir da década de 1950, ele desenvolveu uma teoria de sistemas da família.

Murray Bowen (1990,1991) criou a Teoria Boweniana, que fundamenta a Terapia Sistêmica.

TEORIA BOWENIANA
  • Seu objeto de estudo é a FAMÍLIA NUCLEAR, 
  • Recorre à FAMÍLIA DE ORIGEM como ferramenta para ajudar a reduzir a tensão familiar, ou seja, recorre ao HISTÓRICO GERACIONAL dessa família nuclear.
  • Primeiro, sempre olha o NÚCLEO FAMILIAR, depois recorre à FAMÍLIA DE ORIGEM.
  • Objetivo da Teoria: Identificar a DIFERENCIAÇÃO do indivíduo em relação à família, e é essa CAPACIDADE DE DIFERENCIAÇÃO que vai implicar na saúde mental do individuo.
ENTENDENDO  INDIFERENCIAÇÃO /DIFERENCIAÇÃO  

Massa Indiferenciada do Ego
  • Conceito central da Teoria de Bowen
  • Significa fusão ou aglutinação, quando o sentimento de pertença requer do indivíduo máxima renúncia de sua autonomia.
  • A criança ao nascer está totalmente indiferenciada (dependente) da família, e esta passará a vida construindo tentando se diferenciar (ganhar autonomia) desta, e é essa autonomia que vai fazê-la alcançar seu grau de diferenciação em relação à sua família de origem.
  • DIFERENCIAÇÃO - MAIS AUTONOMIA - INDIVIDUALIDADE
  • INDIFERENCIAÇÃO - MAIS DEPENDÊNCIA - PROXIMIDADE
No CONTEXTO FAMILIAR encontra-se três sentimentos: 
  • de pertença
  • de diferenciação
  • de individuação
Quanto mais acolhido o indivíduo no contexto familiar, maior a liberdade para buscar sua individualidade, subjetividade, singularidade, que implica na busca de sua INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL: capacidade de PENSAR, AGIR e SENTIR por si só.

Há  dois TIPOS DE DIFERENCIAÇÃO:

DIFERENCIAÇÃO INTRAPSÍQUICA
  • Capacidade de separa PENSAMENTO de SENTIMENTO.
  • Pessoas pouco diferenciadasdificilmente fazem essa diferença, pois não conseguem pensar com objetividade.
  • Pessoas muito diferenciadasfacilmente distinguem pensamento de sentimento, pois conseguem pensar objetivamente.
DIFERENCIAÇÃO INTERPESSOAL
  • Diz respeito às pessoas com as quais nos relacionamos.
  • Pessoas madurastendem a aumentar o nível de diferenciação interpessoal.
  • Pessoas imaturas, tendem a diminuir o nível de diferenciação interpessoal.

PESSOAS REBELDES/ REATIVIDADE

Bowen chama de REAÇÃO as respostas dadas de forma IMPULSIVA. O ideal é que se consiga RESPONDER SEM REAGIR, conseguindo conter a própria REATIVIDADE diante do outro.
  • Pessoas rebeldes são altamente reativas e o self é pobremente desenvolvido. Tem seus valores e crenças formados em oposição aos pais, e acabam desenvolvendo um PSEUDO-SELF.
PADRÕES REATIVOS, segundo Bowen:
  1. CONDESCENDENTE- evitar sempre conflitos, procura acertar tudo, pseudo Self. No 2º quadrante. 
  2. REBELDE - Sempre do contra, opositor, sempre contraria uma figura de referência. Padrão reativo, rebelde. Não sabe o que quer, mas só sabe que quer contrariar. No 2º quadrante.
  3. ATACANTE - diante de situação de ansiedade, acaba atacando. Alto padrão reativo. Baixa autoestima. Diminui o outro para se sustentar ou ignora o outro me achando melhor que ele. No 1º quadrante.
  4. DESERTOR - Quando acha que não vai dar conta de um briga acaba fugindo, muda de assunto, deserta porque acha que não dá conta. 2º quadrante.
PSEUDO-SELF ocorre quando a pessoa vive em função desagradar para atender às expectativas dos outros, e pode se formar pelo pensamento grupal, influenciável. Ou quando constroem seus valores e crenças em oposição aos pais, não importando se fazem sentido para o indivíduo.

EU-SÓLIDO é contrário ao PSEUDO-SELF, onde as crenças e valores são consistentes. O indivíduo resiste a pensamentos grupais e não tenta influenciar nem mudar ninguém.


O GRAU DE INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL 

Varia entre duas pessoas, e envolve o HISTÓRICO GERACIONAL, daí a necessidade de analisar os seguintes aspectos:
  1. O grau que os pais alcançaram em relação às suas famílias de origem.
  2. A relação dos pais com os filhos.
Quando emaranhado  nessas relações, a autonomia e a individuação varia de pessoa e fica preso ao campo emocional familiar.

PROCESSO DE PROJEÇÃO FAMILIAR  
  • Caracteriza-se pela transmissão da IMATURIDADE ou BAIXO GRAU DE DIFERENCIAÇÃO dos pais para com os filhos.
  • filho que é objeto de projeção dos pais, fica mais unido a eles, positiva ou negativamente,  apresentando menor grau de diferenciação do self.
  • TRANSMISSÃO MULTIGERACIONAL identifica o problema da pessoa como produto do relacionamento dos pais dela. Daí a necessidade de se analisar o histórico geracional do indivíduo.
Independência emocional bem diferenciada, a emotividade e a subjetividade não são influências fortes entre os pais, e entre eles e os filhos.
  • Baixa emotividade e pressãopermite ao filho, crescer PENSANDO, SENTINDO e AGINDO por SI MESMO.
  • Alta emotividade e pressãonão permite ao filho, crescer PENSANDO, SENTINDO e AGINDO por SI MESMO.
CORTE OU ROMPIMENTO EMOCIONAL 
  • Os membros familiares são "obrigados" a seguir os passos da família de origem, como uma exigência intransponível. 
  • Aquele que sai dessa regra, ou aquele que permanece na casa dos pais, estão da mesma forma ligados emocionalmente a eles.
CERCA DE BORRACHA DE BOWEN
  • Serve para manter os membros da família juntos. Na medida em que o indivíduo vai se diferenciando, não há rompimento com a família, porque o sentimento de pertença àquela família de origem se fortalece, junto com a conquista da autonomia.
ESCALAS DE DIFERENCIAÇÃO DO SELF
  • Instrumento para avaliar o GRAU VARIADO DE INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL  do indivíduo, em relação à sua família.
  • A independência emocional do indivíduo dependerá de quanto seus pais são independentes emocionalmente em relação à suas famílias.
O PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO DO SELF mede o nível de diferenciação funcional ou relacional que é influenciável pela ANSIEDADE. Essa ansiedade é apenas usentimento do sistema, e não uma patologia do indivíduo, como se entende a ansiedade. 
  • ANSIEDADE BAIXA - pessoas menos reativas; pessoas mais responsivasmaior diferenciação do self.
  • ANSIEDADE ALTA -  pessoas mais reativas; pessoas menos responsivasmenor diferenciação dos self.
O  nível de DIFERENCIAÇÃO INTRAPSÍQUICA de Bowen, se reporta à sua ESCALA, que vai desde o mais baixo grau de diferenciação até o mais alto grau de diferenciação, considerado por ele impossível de se atingir. Essa escala mostra o quanto se distancia e se aproxima o indivíduo, da diferenciação. 

QUADRANTES DA ESCALA DE BOWEN

1º QUADRANTE ( Nível de diferenciação de 0 à 25)
  • pessoas sentimentais, extremamente reativas, dificuldade de manter relações duradouras, faz pouco uso da razão, submissas, comportamentos controversos. 
  • Pouco maduras emocionalmente, alta ansiedade, indiferenciadas de seu sistema familiar. Alta emotividade, não pensa, age ou sente por si só; dependentes emocionalmente. Pseudo-self. Indiferenciação do self (proximidade)
2º QUADRANTE (Nível de diferenciação entre 25-50)
  • Self pobremente definido, com alguma mas não expressiva, capacidade para diferenciar-se. Personalidades mutáveis, carentes de opiniões e convicções próprias. Falso eu. Sofre influências externas. Pessoas adaptáveis, sentem necessidade de aceitação, sempre havendo uma necessidade de referência.
  • Imaturas emocionalmente, alta ansiedade ainda e reativa, indiferenciadas de seu sistema familiar, principalmente em relação a uma figura que ele segue como exemplo, embora já apresente alguma capacidade de diferenciação. Alta emotividade, dependência emocional. Pseudo-self. Indiferenciação do self (proximidade).
3º QUADRANTE  (Nível de diferenciação entre 50-75)
  • Possui opinião bem definida. Desenvolvem sintomas físicos, emocionais e sociais severos, porém, momentâneos, já que se recuperam rápido (Resilientes). Enfrenta os problemas com mais calma, pouca ansiedade, equilíbrio, evitando crises. Possui a falsa impressão que sabem distinguir, ordenar as emoções quando pressionados.
  • Quando a pessoa chega nesse quadrante, ela tem alta terapêutica.
  • Maduras emocionalmente, baixa ansiedade, responsiva, diferenciadas de seus sistema familiar,individualidade. Eu-sólido. Independência emocional.
4º QUADRANTE (Nível de diferenciação entre 75-95)
  • Pessoas bem diferenciadas. Segue seus princípios, seguras, capaz de ouvir os outros, avaliar seus pontos de vista, modificar suas crenças. São surpreendidos por respostas emocionais frente às pressões.
  • Bowen acha impossível chegar nesse quadrante. Que nem Jesus teria chegado. Esse quadrante existe como inspiração para se chegar a ele.
O trabalho terapêutico de família, trabalha o indivíduo para alcançar maior capacidade de pensar, sentir e agir por si só, autonomamente, deixando de estar suscetível ao desequilíbrio, frente às situações tensas.
  • Quanto maior a consciência de si, maior autonomia, maior diferenciação.
  • Quanto menor a consciência de si, menor autonomia, menos diferenciação.
Fontes: Autoridade e autonomia em tempos líquidos: A teoria sistêmica na contemporaneidade.Nina Guimarães, 2014. Editora Rachel Kopit. Google Imagens