1) todo comportamento, para
um behaviorista radical, é um fenômeno aprendido durante a ontogênese
2 ) o behaviorista,
então, não acredita na possibilidade de alguns indivíduos nascerem com aptidões, por
exemplo, para dança, música. literatura etc.
Em relação à primeira questão, pode-se argumentar que não é verdadeira na
medida em que Skinner explica os comportamentos a partir do modelo de seleção por
conseqüências, que é constituído por três niveis de determinação (Andery, 1993).
No primeiro nível, influenciado pela teoria darwinista. Skinner postula que
existem respostas que são selecionadas pelas contingências de seleção natural, ou melhor,
selecionadas filogenicamente. Deste processo surgiram os comportamentos ou dons inatos. eventos que foram selecionados a partir da evolução das espécies (Andery. 1993).
“A corte, o acasalamento, a construção de ninhos e os cuidados com as crias são coisas
que os organismos fazem e. mais uma vez. presume-se que fazem por causa da maneira
porque evoluíram’’ (Skinner, 2003, p. 34).
É importante ressaltar que os comportamentos selecionados por contingências
de seleção filogenética permitem a interação da espécie humana com o mundo, garantindo
sua sobrevivência (Andery, 1993). Sobre isto afirma Skinner (1998),
Estas vantagens biológicas explicam certos reflexos em um sentido evolutivo:
os indivíduos que provavelmente mais se comportarem de maneira semelhante. presumivelmente tiveram maiores probabilidades de sobreviver e
transmitir a característica adaptativa ã prole (p.60). Mas a explicação Skinneriana para a aquisição dos comportamentos não se
restringe ao primeiro nível de seleção.
O segundo nível opera sobre o conjunto de respostas no decorrer do período de vida de um indivíduo e o terceiro ocorre à medida que o
comportamento é transmitido entre indivíduos (Andery, 1993).
A explicação de comportamentos adquiridos durante a história particular do
indivíduo vem do segundo nível de seleção por conseqüência, postulado por Skinner - a
ontogénese. Neste processo, a seleção opera sobre o comportamento (ação) do indivíduo;
O organismo se comporta gerando conseqüências, que por sua vez. controlarão a emissão
do comportamento no futuro.
Skinner (1998) em seu livro Ciência e Comportamento
Humano afirma: “As conseqüências do comportamento podem retroagir sobre o organismo. Quando isso acontece, podem alterar a probabilidade de o comportamento ocorrer
novamente” (p. 65).
Segundo Skinner (1998). o aumento na probabilidade de ocorrência do comportamento está relacionado cora a atuação de reforçadores, que por sua vez. funcionam
como instrumento de seleção.
Quando temos de considerar o comportamento do organismo em toda sua complexidade da vida diária, necessitamos estar constantemente
alertas para os reforços que prevalecem e que mantém o comportamento” (Skinner, 1998,
p. 109). Isto quer dizer que, durante a vida do indivíduo, existem comportamentos que
são fortalecidos por suas conseqüências, ou seja. são instalados e mantidos no repertório
comportamental do indivíduo mediante a ação de reforços (Skinner, 2003).
Além dos comportamentos inatos e dos comportamentos adquiridos pela ação
do reforço sobre o comportamento do indivíduo, existem também repertórios
comportamentais instalados e mantidos pelas práticas culturais (Andery, 1993; Skinner.
1998). Trata-se do terceiro nível de seleção por conseqüência, a cultura, que segundo
Skinner (1998) vem a ser “um conjunto particular de condições no qual um grande
número de pessoas se desenvolve e vive” (p. 468).
Este grupo ou este conjunto de contingências sociais dispõe de costumes e
relações que nunca foram experimentadas ou vistas pelo indivíduo, porém são eventos
que o afetam, permitindo a aquisição de comportamentos, seja em nível privado (pensamentos e sentimentos) como também públicos, como, por exemplo, o manuseio de
objetos e aprendizagem de habilidades sociais (Andery, 1993; Skinner, 1998).
Vimos, portanto, que Skinner, respaldado pelo modelo de seleção por conseqüências. não explica a aquisição dos comportamentos partindo somente da história de vida
particular do indivíduo, incluindo em sua análise tanto conseqüências filogenéticas quanto culturais.
E no que se refere à negligência aos dons inatos? Skinner, na verdade, não
negligencia aspectos inatos. Ele nega a existência de “dons”, eqüivalendo a comportamentos que independem da relação que cada pessoa estabelece com seu ambiente.
Para Skinner, como visto no primeiro nível de seleção, existem comportamentos os quais a espécie já traz em função de sua história filogenética. Deste modo, dons
inatos são os que dizem respeito a aspectos genéticos, se referindo apenas a características anatômicas e atividades fisiológicas (respiração e digestão) presentes na espécie
humana, como também comportamentos reflexos (Skinner, 2003).
Para Skinner, como visto no primeiro nível de seleção, existem comportamentos os quais a espécie já traz em função de sua história filogenética. Deste modo, dons inatos são os que dizem respeito a aspectos genéticos, se referindo apenas a características anatômicas e atividades fisiológicas (respiração e digestão) presentes na espécie humana, como também comportamentos reflexos (Skinner, 2003).
Isso significa que. embora Skinner não desconsidere comportamentos inatos, ele não aceita a existência de dons inatos no sentido de aptidões que explicariam comportamentos como os de cantar, escrever, jogar futebol - a noção de que “a pessoa nasceu para isto”. É correto, então, afirmar que, para Skinner, não existem dons inatos que determinam comportamentos operantes, supondo que tais dons explicariam completamente o surgimento de alguns comportamentos. Concluindo, talvez em função de Skinner dar mais ênfase à história pessoal, e principalmente ao papel da cultura na instalação e manutenção dos comportamentos, é que se pense que Skinner negligencia o que é inato. No entanto, espera-se que os argumentos apresentados sejam suficientes para que a critica possa ser revista.
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