PENSAMENTO SISTÊMICO NOVO-PARADIGMÁTICO

ASPECTOS HISTÓRICO DO PENSAMENTO SISTÊMICO

Teoria reconhecida na primeira metade do século XX. Antes houveram algumas teorias que contribuíram para se chegar ao pensamento sistêmico.  Os pilares para o desenvolvimento do Pensamento Sistêmico segundo Capra (2006), foram:
  • Séc.XVI e XVII - Revolução científica com as descobertas da Física, Astronomia e Matemática- Mundo do Mecanicismo Cartesiano.
  • Séc. XVIII, Antoine Lavoisier, confirma importância dos processos químicos para o funcionamento dos organismos vivos.
  • Entre o séc XVIII e fina do séx. XIX surge o Movimento Romântico em contraposição ao mecanicismo,em que a natureza teria uma forma móvel e seguiria um padrão de relações dentro de um grande todo organizado e harmonioso.
  • Segunda metade do Séc. XIX - aperfeiçoamento do microscópio , avanços na biologia, teoria das células.
  • Séc XX - Surge a Biologia Organísmica ou Organicismo contrário ao mecanicismo,  tornando-se forte influenciadora do pensamento sistêmico.
CONCEPÇÃO ORGANÍSMICA

"Segundo a concepção Organísmica, as propriedades essenciais de um organismo pertencem ao todo, de maneira que nenhuma das partes as possuem, pois tais propriedades surgem justamente das interações entre as partes. Portanto, as propriedades das partes podem ser entendidas apenas a partir da organização do todo. O Organicismo coloca o foco no entendimento das relações organizadoras sendo que a concepção de organização foi aperfeiçoada posteriormente com o conceito de auto-organização."

Com a Ecologia foi possível compreender os sistemas vivos como redes, a partir disso Capra afirma haver redes que se formam dentro de outras redes.

Década de 1920, surge também a Física Quântica (Werner Heisenberg, 1920) contrariando pensamento newtoniano, evidenciado que não se pode decompor o mundo em unidades elementares, de forma independente, mas sim, que estas só podem ser compreendidas nas interrelações, ou seja o todo determina o comportamento das partes. Surge também a Gestalt que reconhecia a existência de uma totalidade irredutível como aspecto chave da percepção.

Por fim, em 1940, Ludwig Von Bertalanffy apresenta a Teoria geral dos sistemas e Norbert Wiener inicia a elaboração da cibernética, vindo ambas a se configurar os limites paradigmáticos da Teoria Sistêmica.

TEORIA GERAL DOS SISTEMAS (TGS) E/OU TEORIA SISTÊMICA (TS)
  • TGS é mais ampla que a TS, pois abrange todas as áreas do conhecimento.
  • TS  é mais voltada para a Psicologia.
  • Bertalanffy confere importância ao Pensamento Sistêmico como um movimento científico por meio de suas concepções de sistema aberto e de sua Teoria Geral dos Sistemas. Vê os organismos vivos como sistemas abertos  que se se alimentam de um contínuo fluxo de matéria e de energia extraídas e devolvidas ao meio ambiente
  • Estuda os princípios universais aplicáveis aos sistemas em geral, sejam eles de natureza física, biológica ou sociológica.
  • SISTEMA  é um complexo de elementos em estado de interação.(Bertalanffy )
  • A interação ou a relação entre os componentes torna os elementos mutuamente interdependentes e caracteriza o sistema, diferenciando-o do aglomerado de partes independentes (Vasconcellos, 2010). 
  •  os fenômenos não podem ser considerados isoladamente, e sim, como parte de um todo.
O Psicólogo de um modo geral deve sempre recorrer ao passado e ao presente para compreender seu cliente.No Pensamento Sistêmico tudo está interligado, e tem por objetivo, quebrar paradigmas para formar novos paradigmas. 

O profissional sistêmico, deve buscar a aproximação  do cliente, ao invés do afastamento, tendo em vista que este faz parte do sistema. Nessas condições, a tentativa de ser neutro emocionalmente, e permanentemente, em todos os atendimentos, pode gerar um distanciamento do profissional sistêmico, em relação ao paciente.

Na Psicologia Sistêmica novo-paradigmática, é permitido e possível que o psicólogo sistêmico venha a se envolver emocionalmente com o problema de seu cliente, sem ter que controlar por exemplo, lágrimas emotivas.  Isso não quer dizer que sempre vai acontecer, mas que pode acontecer, eventualmente. 

Esse envolvimento emocional é permitido desde que o psicólogo sistêmico saiba o objetivo dessa emoção, e ainda, saiba como esta pode ser útil no processo terapêutico. O autocontrole de seu papel em circunstâncias de envolvimento emocional é necessário, para que o profissional não acabe perdendo seu lugar em relação ao cliente.

Caso o Psi, não deseje se deixar levar pela emoção, pode expressar aquilo que te afeta ou te incomoda por palavras, perguntando sobre o assunto.

Importante salientar que o Psi Sistêmico entra no sistema com a sua subjetividade, se relaciona e se coloca como parte do processo.

Quando o profissional é afetado pelo sistema, deve-se ter um olhar do ponto de vista da instabilidade, o que ocorre quando se aplica uma técnica , em que se espera um determinado resultado, mas o resultado é completamente diferente daquilo que se espera. Nesse caso, se faz uma visão simplista, fugindo da complexidade do sistema. Uma pessoa IMPLICADA tem consciência das possíveis consequências das técnicas que ela aplica.

Compreensão teórica  é fundamental para o Pensamento Sistêmico, que implica em:
  •  Reconhecer o sujeito em seu contexto.
  • Os fatos não são previsíveis
  • O terapeuta faz parte do sistema o qual intervém.
  • Ampliar seu olhar sobre a situação
  • Questionar a problemática apresentada
  • Trabalhar com a pessoa alternativas de modos funcionais de relacionamento.
  • Admitir a condição de ESTAR  e não de ser, etc.
  • Visa destravar a intersubjetividade entre Psicólogo e Paciente.
  • Não faz diagnóstico, por admitir a intersubjetividade no processo terapêutico.
  • Desmarcar a terapia quando não estiver com a mente voltada para a terapia(ética), para não ferir o princípio da intersubjetividade. É preciso estar inteiro no processo terapêutico.
  • Deve excluir a palavra CONTROLE, aprendendo a usar as suas emoções no processo terapêutico, e não controlando-as, demandando assim, grande gasto de energia. 
  • As emoções podem ser reveladas por meio do diálogo, e não necessariamente pelo choro.
  • A Abordagem Sistêmica na prática traz a ideia de que qualquer elemento é capaz de modificar o sistema, adentrando no conceito de GLOBALIDADE. Perceber o contexto em que ocorre o sistema, não determina como o outro vai se comportar, ou se vão se comportar igualmente, mesmo tendo vivido situações semelhantes. Exemplo: quem foi abusado sexualmente, não será necessariamente um abusador. Quando se determina que quem foi abusado será um abusador, está se naturalizando  as coisas, sem levar em conta que as pessoas podem reagir completamente diferente do que se espera.
  • A psicologia Sistêmica não atende àquelas pessoas que  não estão dispostas a falar de suas relações no sistema, mas que desejam falar exclusivamente de si. Seria ético recomendar a uma outra abordagem.
  • A família para fazer parte do sistema não precisa estar presente fisicamente. Ela entra no sistema a partir do cliente.
MENTE SISTÊMICA ou PENSAMENTO SISTÊMICO
  • AMPLIA O FOCO DA OBSERVAÇÃO - COMPLEXIDADE
         Permite que o observador perceba em que circunstâncias o fenômeno acontece. as relações intrassistêmicas e intersistêmicas, uma teia de sistemas. Admitir a complexidade do sistema, avaliando o contexto, a história de vida, os valores, crenças e significados sobretudo daquilo que parece óbvio, abrange o olhar para o todo no sistema, e não para um determinado foco. Só a partir daí o Psi vai conseguir compreender - elaborar - ajudar, lembrando que o Psi não conserta nada, ajuda a reorganizar o sistema. Admite-se aí que qualquer membro do sistema pode afeta-lo como um todo, verificando-se aí os casos em que quando um adoece na família, a família adoece junto, ratificando o fenômeno da GLOBALIDADE. Portanto, não há relação de causa e efeito no sistema, mas sim, há relações no sistema e todas elas causam ou afetam esse sistema (MULTICAUSALIDADE).
  • DESCREVE O VERBO ESTAR - INSTABILIDADE
         Distingue o dinamismo das relações presentes, algo em constante mudança e evolução, assumindo a instabilidade, a imprevisibilidade e incontrolabilidade do sistema. Admitir que qualquer membro do sistema pode afeta-lo.
  • ACATA OUTRAS DESCRIÇÕES - INTERSUBJETIVIDADE
         Reconhecer sua própria participação na formação da realidade com que está trabalhando, passa a atuar no espaço de intersubjetividade, atuando na co-construção das soluções. Num sistema as relações se estabelecem por meio da interação entre as diversas subjetividades que envolvem os elementos de um sistema.

Pensar sistêmicamente, e com base nos pressupostos da COMPLEXIDADE, INSTABILIDADE E INTERSUBJETIVIDADE, deve-se aprender a utilizá-los e não conceituá-los, e ainda, aprender a se abster do NÃO, nas relações do sistema.

Esteves de Vasconcellos 1995 a cita "o pensamento sistêmico como o novo paradigma da ciência."
Pensar sistematicamente é pensar dentro dos seguintes princípios ou a partir dos  pressupostos.

Wilden (1972) trás a ideia de que: "o conceito de sistema se refere aos modos em que acontecem as relações ou conexões entre os elementos e as relações entre as relações" (p.204).

O autor considera que um profissional para ser sistêmico,vive-ver o mundo e atua nele - assume para si esses pressupostos. O profissional deve questionar o sistema pensando em cuidar, e não pensando em investigar ou categorizar, é o que faz o Psicólogo.

Cecchim (1991) afirma que: " o que vemos como sistema é simplesmente o encaixe de seus membros uns com os outros" (p.13).  Esse terapeuta sistêmico enfatizou a necessidade de exercitarmos sempre a maneira sistêmica de pensar e sugeriu o seguinte exercício:
  • observar as interações entre os membros da família,
  • observar as interações dos terapeutas com o cliente.
  • O verbo "ser" é proibido. Deve ser substituído sempre pelo verbo "estar". Não falar no verbo ser, e usar somente o verbo estar, implica dizer que tudo pode ser circunstancial e não definitivo.
  • As situações observadas devem ser ditas e descritas como se vê a situação, sem contradizer o que já disseram.
  • O foco da observação deve ser ampliado até que o terapeuta, faça ele mesmo parte do cenário de observação.
  • Observar se há relação de causalidade entre os membros da família, isto é, observar responsabilidades.
PENSAMENTO RELACIONAL
  • Admitir a complexidade e a incerteza das coisas, faz o terapeuta sistêmico utilizar o pensamento relacional, sobre o qual, se este não é verdadeiro em si, deve estar relacionado com o que ou com quem?
  • construção intrassubjetiva do conhecimento também introduz instabilidade, deixando de ter a expectativa da previsibilidade e controlabilidade.
  • As três dimensões - complexidade, subjetividade e intersubjetividade - exercem  relações recursivas e articuladoras entre as três dimensões, já que distinguir as conexões e articulações é uma característica da forma sistêmica de pensar.
NOVOS PARADIGMAS DA CIÊNCIA SISTÊMICA
  • COMPLEXIDADE - sistemas amplos, redes, ecossistemas, causalidade circular, recursividade, contradições, pensamento complexo.
  • INSTABILIDADE - desordem, evolução, imprevisibilidade. saltos qualitativos, auto-organização, incontrolabilidade. Tudo está em constante movimento é preciso portanto, considerar em que situação você está e como você foi estimulado a agir, ratificando os pressupostos da instabilidade., lembrando que você sempre ESTÁ e nunca É, na sistêmica.Exemplo disso, uma pessoa está depressiva, e não é depressiva. Uma pessoa está ansiosa e não é ansiosa. Essa condição de estar admite a possibilidade de ser passageiro aquele estado em que a pessoa se encontra, podendo muda-lo.
  • INTERSUBJETIVIDADE - inclusão do observador, autorreferência, significação da experiência na conversação, co-construção. Sempre precisa ser VALIDADA, ou seja acatada pelo observador.
Nem tudo que é apresentado hoje, como pensamento sistêmico, é novo-paradigmático. Isso ocorre porque algumas propostas apresentadas como sistêmica, não contemplam a inclusão do observador. Não se admite na constituição da "realidade", já que esta inclusão, requer a disposição para enfrentar as dificuldades naturais de mudar paradigmas. Acreditam que tem um conhecimento especial desse mundo, quando se abstrai de mudar paradigmas. É preciso rever nossas crenças sobre como conhecemos o mundo.

Capra 1996, p.50, em sua Teoria dos sistemas vivos, assume duas grandes dimensões do pensamento sistêmico:
  1. O pensamento sistêmico é CONTEXTUAL
  2. O pensamento sistêmico é PROCESSUAL
O MUNDO QUE CRIAMOS DEPENDE DE NOSSA ESTRUTURA PESSOAL (DETERMINISMO ESTRUTURAL).
  • O mundo que ele cria depende de seus valores, epistemologia e crenças(subjetividade);
  • É no cientista que se produz a quebra de paradigmas.
  • O cientista que aceita a pergunta sobre a observação de um fenômeno natural, e se permite refletir é que aparecem os caminhos da objetividade.
  • É fundamental para mudarmos uma visão de mundo, nos permitir a reflexão.
  • Ao mudar sua visão de mundo o cientista já não é mais o mesmo.
  • cientista novo-paradigmático, sente-se livre para usar recursos e conhecimentos desenvolvidos quando convier. Pensamento complexo.
  • Muita coisa muda com a mudança de paradigma.
  • O cientista admite que tanto a  complexidade quanto a auto-organização são aspectos dele próprio.
Falar de pensamento sistêmico novo-paradigmático, é falar em uma epistemologia que distingue o observador nas três dimensões: complexidade, instabilidade e intersubjetividade.
Conceitos de sistemas segundo (Barcellos & Moré, 2007; Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010):
  1. NÃO-SOMATIVIDADE afirma que o sistema não é a soma das partes, devendo-se considerar o todo em sua complexidade e organização; assim, embora o indivíduo faça parte da família, ele mantém sua individualidade. A exemplo disso, numa terapia de casal, as partes devem ser ouvidas em conjunto, e não individualmente, já que a psicoterapia individual vai abstrair as relações entre as partes, ou apresentar uma visão a partir do olhar individual de cada um, e não a partir dos dois.  Na terapia de casal o psicologo sistêmico deve focar a atenção no que se diz do outro, e como se diz a respeito do outro. E nas Terapias individuais podem ser revelados segredos, unilateralmente, que a outra parte do casal desconhece,  que colocam em risco a condição do psicólogo em lidar na Terapia de Casal, por ter um acesso privilegiado a alguma informação que não pode ser revelada.
  2.  HOMEOSTASE é o processo de autorregulação que mantém a estabilidade do sistema preservando seu funcionamento, ou seja, como o sistema se retroalimenta para manter a mesma dinâmica. Quando não há por parte dos elementos do sistema uma disposição para mudar a retroalimentação desse sistema.
  3.  MORFOGÊNESE é o processo oposto a homeostase, ou seja, é a característica dos sistemas abertos de absorver os aspectos externos do meio e mudar sua organização. Quando há uma disposição por parte dos elementos do sistema para mudar a forma de retroalimentação desse sistema, reorganizando o sistema.
  4.  CIRCULARIDADE também chamada de causalidade circular, bilateralidade ou não-unilateralidade, diz respeito à relação bilateral entre elementos, sendo que esta relação é não linear e obedece a uma sequência circular.  Envolve muitos fatores e não apenas um fator determinante.
  5. EQUIFINALIDADE, refere que em um sistema aberto, o resultado de seu funcionamento independe do ponto de partida, ou seja, o equilíbrio é determinado pelos parâmetros do sistema; diferentes condições iniciais geram igualdade de resultados e diferentes resultados podem ser gerados por diferentes condições iniciais. Pode-se ter uma mesma finalidade, mas não quer dizer que as mesmas estratégias têm que ser usadas em todas as circunstâncias.
  6. EQUICAUSALIDADE,  pode-se ter as mesmas causas, mas o sistema pode tomar direções completamente diferenciadas, ratificando a ideia de que todo sistema é aberto
INTERAÇÃO GERA RETROALIMENTAÇÃO (FEEDBACKS)

A retroalimentação ocorre sempre em tempos diferentes. Dentro de um sistema, a retroalimentação se comporta de maneira positiva em determinado tempo, e se comporta de maneira negativa , em outro momento. Não se deve pensar em positivo e negativo, no sentido de ser bom ou ruim, ambos tem o seu valor dentro de um sistema. 
  • Retroalimentação POSITIVA - Quando se está ABERTO A NOVAS CONSTRUÇÕES dentro do sistema, e transformando o sistema. Quando a família está aberta ao sistema, apresentam DISPOSIÇÃO para MUDAR O SISTEMA, e alterar o funcionamento do sistema naquele momento, a tendência é que o sistema encontre novas formas, novas regras, caracterizando a MORFOGÊNESE (fedd +)
  • Retroalimentação NEGATIVA - Gera uma estabilidade no sistema, mantendo a relação como ela é. A NÃO DISPOSIÇÃO para MUDAR O SISTEMA, mantém a mesma lógica de retroalimentação, caracterizando a HOMEOSTASE (feed -).
SINERGIA E ENTOPIA
  • NA SINERGIA os elementos estão interagindo, ou seja, os elementos do sistema estão conectados, possuem o mesmo dinamismo e objetivos dentro daquele contexto.
  • NA ENTOPIA não há sinergia dentro do sistema. Os objetivos são diferentes e seus elementos estão desconectados com o sistema. Exemplo: pessoa que vive num sistema familiar, mas não compactua dos mesmos objetivos e ideais, vivem juntos porém, isolados.
CAIXA PRETA

É onde estão os aprendizados e memórias, as quais poderemos acessa-la.
Importante salientar que a Psicologia Sistêmica não considera o Inconsciente como parte da estrutura psíquica.  É a caixa preta que tem tudo que precisamos. Esta jamais é criada. Ela simplesmente existe e já está pronta. Por exemplo, quando uma pessoa se sente capaz de acessar uma determinada estrutura, para descobrir a sua capacidade de se superar em determinados aspectos, é na caixa preta que vai buscar. É onde ele pode acessar as histórias e descobrir nelas as suas capacidades guardadas. A Psicologia sistêmica não acessa a caixa preta individual do cliente, mas sim, a caixa preta de todo o sistema, admitindo sua complexidade na família.

PI - PACIENTE IDENTIFICADO

Termo usado para aquele membro do sistema que é identificado ou apontado pelos demais membros como a causa de todos os problemas que corrompem o bom funcionamento do sistema. Porém, o Psicólogo Sistêmico não vê no sistema a existência de um PI, o próprio sistema que o aponta.

FAMÍLIA FUNCIONAL E DESFUNCIONAL

  • FUNCIONAL - há uma satisfação entre os membros da família. O sistema é bom para todos, então é considerado funcional.
  • DESFUNCIONAL - ocorrem insatisfações entre os membros da família, bastando que apenas um membro esteja insatisfeito para que seja desfuncional o sistema.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Para a próxima aula: Contrucionismo Social e Cibernética.

CONSTRUTIVISMO E CONSTRUCIONISMO SOCIAL

Marilene Grandesso (2000) estuda diferentes tipos de construtivismo (construção do indivíduo) e o construcionismo social (construção coletiva), sob a ótica das CONVERGÊNCIAS e das DIVERGÊNCIAS entre eles. Essas duas correntes, construtivista e construcionista social, representa uma transição que possa favorecer a convivência e o diálogo entre as diferenças. Qualquer teoria psicológica construtivista ou construcionista - sobre como as pessoas constroem seu conhecimento do mundo tem relação com a intersubjetividade ou a objetividade entre parênteses; ambas caminham para a objetividade ao contrário da teoria sistêmica novo-paradigmática. Logo, observa-se uma transição entre uma epistemologia filosófica e uma epistemologia científica:

CIÊNCIA TRADICIONAL          -           CIENTISTA NOVO-PARADIGMÁTICO
Epistemologia filosófica                              Epistemologia científica.
(Filosofia da Ciência)                                 (Ciência da ciência)
Epistemologia para a ciência                       Epistemologia par ao viver
(para conhecer e atuar cientificamente)      (para estar e agir no mundo, inclusive para fazer ciência)

Na perspectiva do novo paradigma, a postura ética do cientista é uma implicação necessária e inevitável dos seus novos pressupostos epistemológico, especialmente o pressuposto da co-construção da realidade, que trás o sujeito do conhecimento para o âmbito da ciência. Vasconcellos elucida que seremos sempre éticos se efetivamente aceitarmos o outro " como legítimo outro na convivência"(Vasconcellos apud Maturana 1990, p.25).

 Já Forest (1973) afirma que para ser ético, o especialista precisa estar sempre se interrogando

- Com essas minhas ações estou abrindo alternativas para que sistema ?-família, grupo de trabalho, comunidade,etc. 
- Posso escolher autonomia para um caminho melhor para si mesmo?
- Minha ação está condizente com minhas crenças em que o sistema é auto-organizador?
- estou levando em consideração as conexões inter sistêmicas e as possíveis repercussões de minha ação em outros pontos da rede ou do sistema de sistemas?

Obs.: Essas respostas só virão a partir da constante interação com o sistema.

O olhar do profissional deve ser atento às motivações, sabendo que o que cada um diz fala mais de si do que da coisa observada. Isso fará com o profissional amais tente impor ao sistema as soluções que ele mesmo considera as melhores. O profissional não será portanto um especialista em solução, mas sim, um especialista na criação de contextos de autonomia. 

Vasconcellos pensa que uma forma de trabalhar pelo desenvolvimento dessa postura ética e a realização de exercícios e vivências várias que permitam experimentar as características sistêmicas de nossa inserção no universo, em todas as suas dimensões.(p.178)

Nas questões da interdisciplinaridade, que é a relação das disciplinas que têm uma correlação entre si, Vasconcellos, entende que sendo o pensamento complexo uma condição básica para essa prática, a partir do pensamento novo paradigmático, não se pode pensar em complexidade sem incluir o sujeito, assumindo a objetividade entre parênteses, já que o sujeito é a subjetividade em si. Admitir a construção da intersubjetividade do conhecimento da natureza, é se colocar na posição privilegiada do cientista, de estar em diálogo com outros cientistas.

pensamento sistêmico novo-paradigmático, sendo admitido como novo paradigma da ciência,  se contradiz à ideia de "certo" ou "certeza". A partir desse paradigma não se admite mais a ideia de certeza. Todo o trabalho é desenvolvido num espaço consensual.

CRITÉRIOS FUNDAMENTAIS DO PENSAMENTO SISTÊMICO
  •  Cada um dos sistemas forma um todo com relação as suas partes e também é parte de um todo. 
  • O primeiro dos critérios fundamentais do Pensamento Sistêmico se refere à mudança das partes para o todo, a partir do entendimento de que as propriedades essenciais são do todo de forma que nenhuma das partes as possui, pois estas surgem justamente das relações de organização entre as partes para formar o todo. 
  • Outro critério diz respeito à capacidade de deslocar a atenção de um lado para o outro entre níveis sistêmicos (Vasconcellos, 2010).
  • O pensamento é contextual, pois a análise das propriedades das partes não explica o todo. 
  • É ambientalista porque considera o contexto.
  •  A ênfase está nas relações e não nos objetos, ou seja, os próprios objetos são redes de relações, embutidas em redes maiores. 
  • O mundo vivo é entendido como uma rede de relações. 
  • O conhecimento científico é tido como uma rede de concepções e de modelos sem fundamentos firmes e sem que um deles seja mais importante do que outros. 
  • O mundo material é visto como uma teia dinâmica de eventos interrelacionados (Vasconcellos, 2010). 
  •  mudança da ciência objetiva para a epistêmica; o método de questionamento torna-se parte integral das teorias científicas.

REFERÊNCIAS:
Inferências feitas em sala de aula sobre o assunto. Minhas anotações.
ARTIGO CIENTÍFICO: As Origens do Pensamento Sistêmico: Das Partes para o Todo
Autores:  Lauren Beltrão Gomes1 ,Simone Dill Azeredo Bolze2 ,Rovana Kinas Bueno3 ,Maria Aparecida Crepaldi4 . Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v18n2/v18n2a02.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário