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sábado, 22 de agosto de 2020

Documentário: A invenção da Psicanálise (Resumo)


Documentário longa-metragem que conta a história da Invenção da Psicanálise.

  • Sigmund Freud começou a sua carreira com a Neurologia.  Na tentativa de aliviar os pacientes neuróticos, Freud descobriu alguns fatos novos e importantes sobre o INCONSCIENTE. E, a partir dessas descobertas nasceu uma nova ciência: a Psicanálise.
  • Ele relata que encontrou uma forte e implacável resistência ao inventar a Psicanálise, mas que a luta dele não teria terminado ali.
  • Viveu em  Viena, numa rua tranquila, onde aplicou a Psicanálise e redigiu suas obras. Explorador das profundezas do inconsciente e iniciador, queria iluminar o lado obscuro da alma. Transformou seu divã em local de investigação, em laboratório.
  • Quebrou tabus ligado a sexualidade e permitiu as mulheres que se emancipassem.
  • Após construir as suas primeiras teorias reuniu médicos, historiados, escritores.para formar a primeira associação freudiana: A Sociedade Psicológica da Quarte-Feira, cuja primeira sessão foi em outubro/1902.
  • Freud tinha uma postura autoritária, buscava despertar as consciências daqueles que participavam da associação, com a intenção de mudar o mundo através da Psicanálise.
  • Falavam sobre Filosofia, Literatura, Mitologia, doenças psíquicas e mentais,etc. Laboratório de Novas Ideias.

O COMEÇO
  • Freud chega a Paris em 1885 para descobrir sua verdadeira vocação. 
  • Médico jovem, judeu, 29 anos apaixonado por sua noiva Martha, que passa a se corresponder por cartas.
  • Passou a assistir aulas clínicas de Jean-Martin Charcot (1825) maior neurologista da época, do Hospício da Salpétríere, considerado o "Napoleão das Histéricas". O hospital era um enorme hospício para mulheres. haviam 5 a 6 mil mulheres trancadas, que seriam material de experimentação, Pretendia criar um método, uma classificação, uma tipologia, uma sintomatologia, de todas as afecções misteriosas que atingem o ser humano, quando a razão vacila.
  • Histeria surge como doença do útero que toma o corpo das mulheres, na Antiguidade (1860-1880), e deixavam as pacientes hipnotizados, em estado de sonambulismo, com a finalidade de conhecer a origem das convulsões. Seus métodos hipnóticos eram realizados em frente a sociedade liberal e republicana de Paris. Com o Hipnotismo fazia desaparecer temporariamente paralisias e contrações. Desejava mostrar que a histeria era uma neurose funcional sem ligação com o útero, se recusando a falar em público sobre causas genitais.
  • Freud foi muito influenciado por Charcot, criou uma nova ligação entre histeria e sexualidade. Deseja alertar os homens sobre as feridas originais da histeria. A Psicanálise era um modo de se falar das angustias, esquecimentos, sentimentos, do tempo, da tortura,etc. A partir daí os movimentos da carne podiam ser ouvidos, verbalizados. Com isso Freud destrói todas as suas anotações, artigos, firmando o compromisso de repensá-los.
  • Freud era tido como um homem sombrio,complicado, ambicioso, de uma inteligência extraordinária, que desejava tornar-se um grande homem da ciência, tornar-se um cientista e mudar o mundo.
  • Conheceu Joseph Breuer, médico judeu. especialista em doenças nervosas, que assumiu para ele uma figura paternal. Breuer conta a Freud sobre um caso de histeria aguda que teria acontecido antes de 1882 (A histeria teria esquecido sua língua materna, se recusava a beber água, paralisia corporal histérica, chamava-se Anna O. ou Bertha Papenheim, jovem da burguesia vienense que, ficou histérica aos 20 anos de idade. Essas jovens aspiravam a outra vida mas não havia quem as escutassem, acabavam adoecendo. Breuer a partir dessa paciente, desenvolveu a Terapia pela fala. Ele a hipnotizou e pediu que ela se lembrasse de determinadas coisas o que contribuiu para reduzir os sintomas. foi a primeira paciente analisada no mundo. 
  • Com isso Freud vai além, desenvolvendo suas teorias sobre sexualidade, e resolveram publicar seu primeiro livro: "Estudos sobre a Histeria", com vários casos. O livro não fala da cura da histeria, pois não há cura, mas mostrava como tratá-las, o método catártico que ainda não era a psicanálise. Era uma terapia traves da fala.
  • 1885 se instalou como médico em Vienna, casou-se com Martha, abriu seu consultório particular, trata essencialmente de mulheres da burguesia vienense sofrendo de neuroses: doenças dos nervos, neurastenia, histeria.
  • Criou o Divã, onde ficava a paciente e sentava-se atrás de modo que pudesse vê-las mas que não fosse visto, para que a palavra se tornasse o ato terapêutico em si, não havendo mais nada de magnetismo, nem hipnose, nem olhares, somente a palavra, ocupando-se  de procurar  no inconsciente adormecido. As pacientes falavam de sua infância, sonhos, sexualidade, deixava o sujeito falar livremente. 
  • Ao conhecer o médico berlinense Wilhelm Fliesse, que tinha teorias estranhas, tornando-se seu amigo, Freud atribuiu à sexualidade um lugar fundamental, de ser determinante da condição psique, que a neurose seria consequência de conflitos-infantis não resolvidos. 
  • Nessa época, elaborou suas Teorias da bissexualidade, Teoria da sedução e a primeira Teoria do Aparelho Psíquico. Definiu a Neurastenia como uma neurose sexual. Acreditava que resolveria o problema da histeria e neurose obsessiva encontrando a fórmula do choque sexual, e da volúpia sexual infantil. 
  • Fazia dele mesmo a sua própria análise, para saber se havia acontecido com ele, possíveis hipóteses a respeito de traumas sexuais da infância, como estupros, carícias, hoje chamado abusos e violências que, muito existiam e existem nas famílias.
  • Para compreender tudo que se passa no inconsciente das histéricas(os) precisa compreender que carregam reminiscências e fantasias, inventam seduções que não aconteceram. Com isso, criou também a Teria das Fantasias.
  • A Psicanálise não considera o doente e o paciente  como um objeto de estudo externo, ele passa por uma análise dele mesmo, do psicanalista. para saber se teria vivido aquilo também. O sujeito passa a questionar-se a si mesmo, e não mais adormecer nem descobrir outro ser dentro dele, pois ele está habitado por esse outro ser. Essa era  a revolução freudiana.
Freud criou novos conceitos como: 
  • LIBIDO que é a energia sexual.
  • RECALQUE processo através do qual se rejeita no inconsciente um fato que se quer esquecer.Aquilo que não deseja lembrar.
Para o INCONSCIENTE nada termina, nada passa, nada é esquecido. 
Analisava sonhos de suas pacientes, em frente a sua coleção de estatuetas romanas, chinesas, gregas, egípcias. Abre o século 20 com o livro "A interpretação dos Sonhos", que é uma realização de um sonho ou desejo reprimido, no qual as personagens se misturam a um bestiário fantástico e familiar.
O ponto mais importante é quando Freud diz estar seguindo um caminho para uma Psicologia Geral que não se aplicava somente aos neuróticos. Os sonhos tornam-se o caminho real que o leva ao inconsciente, para descobertas de um além da consciência. Meio de atingir os segredos da mente.
  • 1903 Freud publica seus três ensaios sobre a Teoria Sexual, gerando um escândalo quando atribui a crianças e adultos "normas" fantasias sexuais e comportamentos considerados patológicos, como masturbação, sodomia, fetichismo, desejo de incesto.
  • Baseado no mito de Édipo que mata seu pai e casa-se com sua própria mãe sem saber, criou o Complexo de Édipo, uma representação inconsciente onde surge o desejo da criança pelo genitor do sexo oposto e hostilidade pelo mesmo sexo.
  • A Psicanálise parte do princípio de que o sujeito é levado por uma coisa insuportável, que foge ao controle.
Cinco anos após a Associação Freudiana, 1907 marca o encontro com Carl Gustave Jung. Jung tinha um trabalho experimental com "Associação de Ideias", etc, estava a frente do tratamento da loucura, na clinica de psiquiatria em Zurich, na Suíça. Freud acreditava que a Psiquiatria era para o mundo, e não apenas para os Judeus, quando marca o primeiro encontro com Jung, quando se entenderam bem por 3 ou 4 anos, vindo a romper essa relação.
  • Jung tria optado por um caminho diferente, que a ciência da época considerava misticismo oriental e religião e que, Freud sempre desprezava.
  • Vivia em um mundo interior feito de introspecção, de busca interior, interesse pelo ocultismo, por religiões orientais, passou 7 anos de entusiasmo pelo mundo espiritual da aventura psicanalítica. Jung não aderiu a psicanálise de Freud. Se interessou pelos Arquétipos, representações simbólicas do subconsciente, que para ele, formam um inconsciente coletivo.
  • Jung relata que Freud era um homem complicado, pois quando ele pensava em algo, já era definitivo, e ao contrário, Jung duvidava, tornando-se impossível conversar profundamente sobre alguma coisa com ele, pois ele não tinha nenhuma formação filosófica, enquanto Jung estaria estudando Kunt. Jung se afasta de Freud pois queria voar com as próprias asas.
A Psicanálise ver infinitas possibilidades para o que pode ser curado e o que não pode ser curado, seja na medicina, seja na análise.Sempre que se descobre a cura para um determinado mal, surge outro em seu lugar, a exemplo: curou a sífilis, surgiu a Aids, curou a Histeria, surgiu a depressão na contemporaneidade.

Em 1910, Freud funda a "Associação Psicanalítica Internacional" e pede a Jung que assuma a direção. Em 1912,  apesar das divergências ele fica na direção por 2 anos e rompe com Freud. 

Entra em cena, Ernest Jones, médico Inglês que daria continuidade ao movimento psicanalista. Impressionado com o fato de Freud ouvir os pacientes, coisa nunca vista antes, se interessava pela Psicanálise desde 1906, difundindo a Psicanalise pela Inglaterra. A Associação Britânica de Psicanálise estava repleta de pessoas não-médicas. depois vindo a se expandir pelos Estados Unidos.
Lou foi a primeira mulher a integrar a Associação de Psicanálise Freudiana, a qual Freud tinha profunda admiração.

A CONQUISTA
Primeira Guerra Mundial. Freud viveu a guerra como uma prova interminável, violenta e  de irremediável conflito. Se preocupava com os filhos na linha de frente. Tinha poucos paciente, porém, a guerra trouxe de volta doenças nervosas  e os Psiquiatras são chamados para identificar os impostores que queriam fugir da luta. Usam tratamentos elétricos e hipnóticos para curar paralisias e pânicos causados por granadas e canhões. Soldados traumatizados se restabeleciam em uma semana, e voltavam a guerra.
Após a Primeira guerra mundial a Psicanalise se transforma. Os psicanalistas vienenses pareciam ter perdido sua identidade. Condições de vida terríveis, Freud se dedicou a sobreviver, passou fome, muitas dificuldades.
Sander Ferenczi foi nomeado para assumir a Cadeira de Ensino da Psicanálise. Os psicanalistas sofreram repressão politica, foram exilados em Berlim, que se torna um laboratório propulsor para a Psicanálise,
1920 foi fundado o Instituto Psicanalítico de Berlin por Marx Eitingon, ligado a uma policlínica que transformou-se em  Centro de Formação em Psicanálise, tornando-se modelo pelo mundo todo. Inicialmente dedicaram-se a uma camada mais desfavorecida da população, que pagavam seus tratamentos de acordo com sua renda e o terapeuta era obrigado a fazer o tratamento gratuito.
Karl Abraham era muito importante no movimento psicanalíticos de Berlin, foi o primeiro trazê-la para Berlin. Freud o chamava de Rocha de Bronze, tinha grande capacidade de reunir grupos de estudantes que não se submetiam, que eram críticos.
Teve como aluna formada, Melanie Klein, vienense, judia. Interessou-se pela análise infantil. Foi para Berlin encontrou Karl Abraham que escreveu par Freud falando sobre seus trabalhos com crianças. Sua maior rival era Ana Freud, filha de Sigmund Freud. Sempre estava ao lado pai, e Freud ao perceber não haver nenhum outro homem além do próprio pai na vida dela, ela se torna seu alter ego. Tornou-se, a mais fiel discípula, confidente, enfermeira dedicada ao pai.
1920 Freud perde sua filha Sofie, por uma Epidemia de Gripe.  Concluiu que tudo na vida leva a morte. O Dualismo dessas duas forças elementares, vida e morte, se confrontam eternamente.
3 anos depois continua a desenvolver a ideia de que a mente não é só dividida por pulsões como vida e morte, sexualidade e agressão.  descreveu que pode ser dividia em:
  • Id (inacessível diretamente, e que a única maneira de se chegar ao Id é indiretamente, por lapsos, sonhos, sintomas, etc. É completamente inconsciente); 
  • o EGO é consciente e inconsciente ao mesmo tempo, parte da mente relativa ao domínio do mundo, relacionado as forças externas, não é apenas o pensamento da razão, traz elementos inconscientes que acentuam o conflito mental; 
  • o SUPEREGO também consciente e inconsciente, geralmente ele ataca, é punitivo, negativo, e em si, uma fonte de culpa.
1910-1925- Os americanos se interessam pela Psicanálise, como uma terapia da felicidade.
Freud tem um tumor no queixo e convive  com esse sofrimento por 16 anos. 

Melainie Klein vai a Londres fazer conferências  sobre seus trabalhos com crianças. Tentava entender a origem das psicoses. Para ela, havia uma relação muito primitiva entre o bebe e o meio ambiente.

Freud teve seus livros antigermânicos queimados com o Nazismo alemão. A psicanálise é modificada na Alemanha em função disso, das novas leis raciais. Um pequeno grupo de 14 psicanalistas não judeus permaneceram na Alemanha e esperavam poder se manter com a psicanalise, formalmente no país, em detrimento daqueles que tiveram que deixar o país. Foram exilados para a América do Norte. A nomenclatura da psicanálise na Alemanha foi modificada, era muito rígida, era proibido falar em sexualidade e libido. Questiona-se aí, será que ainda se podia falar em Psicanálise?

O FIM 

Em 1938 Freud escreve para Jones na Alemanha falando sobre a situação política sombria de retaliação aos judeus e a interferência nazista, de Hittler na psicanálise. Freud retorna a Paris. Depois a Londres onde é acolhido calorosamente com a família, onde escreve sua ultima obra. Sem poder se locomover por causa do câncer, ele pede a sua filha para ler livros no Congresso de Paris em 1938, em que se reuniram pela última vez, antes do exílio, todos os psicanalistas europeus. em 21/09 pede ajuda a seu médico para ajudá-lo a morrer e pede que "Fale com Anna. Se ela achar justo acabe logo com isso." Em 23/09 seu médico aplica-lhe sua última dose de morfina.

Com a chegada dos Vienenses a Londres cria-se uma situação complexa: Acirra-se a competição em Anna Freud e Melanie Klein sobre a análise das crianças. Haviam muitas controversas, e com isso, haviam discussões sobre o modo como Freud deveria ou poderia ter interpretado.

Após a guerra, saem diferentes grupos de psicanalistas: Kleinianos, Annafreudianos, grupo freudiano contemporâneo.
  • 1945-Marie  Bonaparte da Sociedade Psicanalítica de Paris, não assume mais a posição de nova geração de psicanalistas.
  • A França começa a se fortalecer a partir de 1945 diante da Escola Inglesa, onde a França se torna o único país do continente a ter uma força psicanalítica diante das escolas inglesa e americana, conquistando o mundo latino-americano com 2 grandes personagens: Françoise Dolto que emerge a partir de 1938, e  Lacan a partir de 1932. Eles formaram a terceira geração de psicanalistas,que não conheceram Freud em vida.
Jacques Lacan foi psiquiatra de formação alemã, foi o último dos grandes intérpretes do pensamento Freudiano. Empírico, devolve na psicanálise seu ideal subversivo. Tornou o inconsciente um local de linguagem.

Fraçoise Dolto, brilhante clínica será uma pioneira original da analise infantil.

Atualmente, a Psicanálise perdeu seus mestres e discípulos dos tempos heroicos, mas se implantou em todos os países democráticos, embora ainda seja muito contestada. Foi adotada por mais de 25 mil analistas no mundo e milhares de pacientes.

REFERÊNCIAS:



terça-feira, 18 de agosto de 2020

HISTERIA - Sigmund Freud

HISTÓRIA DA HISTERIA

  • O nome “histeria” tem origem nos primórdios da medicina e resulta do preconceito, superado somente nos dias atuais, que vincula as neuroses às doenças do aparelho sexual feminino. 
  • Na Idade Média, as neuroses surgiam sob a forma de epidemias, em conseqüência de contágio psíquico, e estavam na origem do que era fatual na história da possessão e da feitiçaria. 
  • A sintomatologia não sofreu modificação até os dias atuais. 
  • Os pobres histéricos, que em séculos anteriores tinham sido lançados à fogueira ou exorcizados, em épocas recentes e esclarecidas, estavam sujeitos à maldição do ridículo; seu estado era tido como indigno de observação clínica, como se fosse simulação e exagero. 
O QUE É A HISTERIA - NEUROSE / DEFINIÇÃO
  • É uma neurose no mais estrito sentido da palavra - não há achadas de alterações perceptíveis do sistema nervoso, como também não se espera que qualquer aperfeiçoamento das técnicas de anatomia venha a revelar alguma dessas alterações.
  • Baseia-se total e inteiramente em modificações fisiológicas do sistema nervoso.
  • Leve em consideração as condições de excitabilidade nas diferentes partes do sistema nervoso.
  • É definida de um modo puramente nosográfico, pela totalidade dos sintomas que ela apresenta,  se caracteriza por um grupo de sintomas - exoftalmia, bócio, tremor, aceleração do pulso e alteração psíquica -, sem qualquer consideração relativa a alguma conexão mais íntima entre esses fenômenos.
  • É um quadro clínico que pode ser reconhecido com bastante clareza nos casos extremos (Grade Histeria), pois há casos de Histeria do tipo normal.
SINTOMATOLOGIA
  1. GRANDE HISTERIA
  • ATAQUES CONVULSIVOS - são precedidos de uma “aura” peculiar: pressão no epigástrio, constrição na garganta, latejamento nas têmporas, zumbido nos ouvidos, ou partes desse complexo de sensações.  É especialmente conhecido o globus hystericus, uma sensação atribuível aos espasmos da faringe, como se uma bola estivesse subindo do epigástrio para a garganta. Apresenta três fases:
          I) A primeira, “epileptóide”, assemelha-se a um ataque epiléptico unilateral. 
      II) A segunda fase, a dos “grands mouvements”, apresenta movimentos de “salamaleque”, atitudes em arco (arc de cercle), contorções e outros. A força é muito grande. Para diferençar esses movimentos de um ataque epiléptico, deve-se observar que os movimentos histéricos sempre são executados com certa correção e de modo coordenado, o que contrasta nitidamente com a cega brutalidade dos espasmos epilépticos. Geralmente se evitam os ferimentos comparativamente graves. 
      III) A terceira fase, a fase alucinatória do ataque histérico, a das “attitudes passionelles”, distingue-se pelas atitudes e posturas que sugerem cenas de movimento passional, que o paciente alucina e freqüentemente acompanha com as palavras correspondentes.

Considerações importantes durante o ataque:
  • A consciência pode conservar-se ou se perder, o que é mais frequente.
  • Os ataques acontecem em série, podendo durar diversas horas ou dias.
  • Ataques com fases em partes separadas, fragmentados,  são mais frequentes do que ataques completos.
  • Podem exibir um como de forma apoplectiforme  - ataques do sono. Pode parecer um sono natural ou apresentar diminuição da respiração e da circulação a ponto de ser confundido com a morte. Não há aí sintoma de ataques. Pode durar semanas e meses.
Sua sintomatologia mostra que esse excesso é distribuído por meio de idéias conscientes ou inconscientes.

2. ZONAS HISTERÓGENAS
  • áreas supersensíveis do corpo, nas quais um leve estímulo desencadeia um ataque cuja aura muitas vezes começa por uma sensação proveniente dessa área.
  • Situa-se na pele, nas partes profundas, nos ossos, nas membranas mucosas, até mesmo nos órgãos dos sentidos. 
  • São encontradas com maior freqüência no tronco do que nos membros e têm preferência por determinados locais - por exemplo, nas mulheres (e mesmo nos homens), numa área da parede abdominal correspondente aos ovários, na região coronária do crânio e na região inframamária; e nos homens, nos testículos e no cordão espermático. A pressão nessas áreas desencadeia, com freqüência, não uma convulsão, mas sim sensações-aura. 
  • A partir de muitas das zonas histerógenas também é possível exercer uma influência inibidora sobre os ataques convulsivos; uma vigorosa pressão sobre a área ovariana, por exemplo, desperta muitas pacientes no meio de um ataque histérico ou de um sono histérico, usando um cinto semelhante a uma funda para hérnia, cuja almofada comprima a área ovariana. 
  • As zonas histerógenas às vezes são numerosas, às vezes poucas, e podem ser unilaterais ou bilaterais.

3. DISTÚRBIOS DA SENSIBILIDADE 

  • Mais frequentes e importantes para o diagnóstico.
  • desempenham um papel relativamente pequeno nas doenças cerebrais orgânicas.
  • Consistem em anestesia ou hiperestesia, variando em extensão e intensidade.
  • A anestesia pode afetar a pele, as membranas mucosas, os ossos, os músculos e nervos, os órgãos dos sentidos e os intestinos, porém é mais comum na pele.
  • Não há redução do sentido tato, podendo originar a alfalgesia, sensação de dor.
  • A anestesia histérica pode surgir em focos disseminados unilaterais ou bilaterais, ou simplesmente em determinadas áreas,  nos membros ou em áreas situadas sobre órgãos internos atingidos por alguma doença (faringe, estômago etc.).
  •  Reduz os reflexos sensoriais, como: reflexo conjuntival, espirro e faringiano.
  • Reflexos vitais são mantidos, como córnea e glote.
  • Reflexos vasomotores e a dilatação pupilar mediante estimulação da pele não são interrompidos.
  • A anestesia histérica é sempre um sintoma a ser pesquisado pelo médico, de vez que, na maior parte dos casos, mesmo quando tem ampla extensão e grande gravidade, geralmente escapa totalmente à percepção do paciente. 
  • A anestesia orgânica, deve-se enfatizar que os distúrbios histéricos da sensibilidade, a rigor, não prejudicam os pacientes em nenhuma atividade motora.
  • As áreas da pele que estão histericamente anestesiadas caracterizam-se, com freqüência, por anemia local e não sangram quando picadas.
  • Os distúrbios da sensibilidade são os sintomas nos quais é possível basear um diagnóstico de histeria, mesmo nas suas formas mais rudimentares. Freqüentemente existe uma relação recíproca entre a anestesia e as zonas histerógenas, como se toda a sensibilidade de uma parte relativamente grande do corpo estivesse comprimida numa única zona.
4. DISTÚRBIOS DA ATIVIDADE SENSORIAL
  • podem afetar todos os órgãos dos sentidos 
  • podem aparecer simultaneamente com ou independentemente de modificações na sensibilidade da pele.
  • Distúrbio Histérico da Visão não tem relação com daltonismo, embora se perca a sensibilidade ao roxo, e ao vermelho e azul geralmente persiste mais tempo.
  • Os objetos que se aproximam do olho e que dele se afastam são vistos em tamanhos diferentes e duplicados ou multiplicados
  • Surdez Histérica raramente é bilateral, muito frequente, combinada com anestesia do pavilhão da orelha, do canal auditivo e até mesmo da membrana do tímpano.
  • Quando existe distúrbio histérico do paladar e também do olfato, via de regra é possível encontrar anestesia das regiões da pele e da membrana mucosa pertencentes aos órgãos desses sentidos.
  • São freqüentes em pacientes histéricos a parestesia (sensação anormal e desagradável sobre a pele que assume diversas formas (p.ex., queimação, dormência, coceira etc.) e a hiperestesia (paroxismo da sensibilidade, tendente a transformar as sensações ordinárias em sensações dolorosas; acuidade anormal da sensibilidade a estímulosdos órgãos inferiores dos sentidos; às vezes, há uma extraordinária exacerbação da atividade sensória, especialmente do olfato e da audição.
5. PARALISIAS
  • São mais raras que as anestesias.
  • Quase sempre apresentam anestesia da parte do corpo paralisada.
  • Pode ocorrer de um braço ou perna, ou de ambos (paraplegia)
  • Tende a transformar as sensações ordinárias em sensações dolorosas; acuidade anormal da sensibilidade a estímulo.
  • Paralisia das pernas pode paralisar órgãos internos como intestino, causando fraqueza muscular, e seguida de afonia, incapacidade de executar movimentos da fala, sem voz.
6. CONTRATURAS
  • O aparelho reage a pequenos estímulos através da contratura.
  • Excessiva intensidade e podem ocorrer em qualquer posição.
  • Não relaxam no sono.
  • Tende a aumentar os espasmos devido às contraturas.
7. CARACTERÍSTICAS GERAIS - SINTOMATOLOGIA DA HISTERIA
  • Se apresentam de forma exagerada; uma dor é descrita como extremamente dolorosa.
  • uma anestesia e uma paralisia podem com facilidade tornar-se absolutas; 
  • uma contratura histérica causa a maior retração de que um músculo é capaz. 
  • Pode ocorrer simultaneamente e isoladamente.
  • Os sintomas psíquicos têm sua significação dentro do quadro total da histeria, mas não são mais constantes do que os diferentes sintomas físicos, os estigmas. Por outro lado, as modificações psíquicas, que devem ser assinaladas como o fundamento do estado histérico, ocorrem inteiramente na esfera da atividade cerebral inconsciente, automática. 
  • Os pacientes histéricos funcionam com um excesso de excitação no sistema nervoso - excesso que se manifesta ora como inibidor, ora como irritante, deslocando-se com grande mobilidade dentro do sistema nervoso. 
EVOLUÇÃO DA HISTERIA - IMPORTANTE SABER
  • Seus primeiros sinais provavelmente aparecem na adolescência. A partir dos 15 anos se mostra ativa em meninas. Em geral, primeiros anos de um casamento feliz interrompem a doença, podendo reaparecer os sintomas quando as relações conjugais ficam mais frias
  • as doenças histéricas, mesmo as de gravidade considerável, não são raridade em crianças entre seis e dez anos. 
  • Na histeria infantil são encontrados os mesmos sintomas das neuroses dos adultos.
  • As crianças histéricas são, com bastante freqüência, precoces e altamente dotadas; em numerosos casos, a histeria é, por certo, simplesmente sintoma de profunda degeneração do sistema nervoso, que se manifesta em perversão moral permanente.
  • A histeria pode estar combinada com muitas outras doenças nervosas neuróticas e orgânicas, e tais casos oferecem grandes dificuldades à análise.
  • Via de regra, um homem histérico - ou uma mulher histérica - não constitui um único membro neurótico do círculo familiar
TRATAMENTO DA NEUROSE
  • Destaca-se três tarefas: o tratamento da disposição histérica, dos ataques histéricos (histeria aguda) e dos sintomas histéricos isolados (histeria local).
  • Cabe ao médico a escolha do tratamento.
  • O convívio com a família deve ser substituído por um período de internação em casa de saúde e a isto os parentes geralmente oferecem maior resistência do que os próprios pacientes.
  • A massagem e a eletricidade, os outros métodos terapêuticos não devem ser negligenciados.
  • HIdroterapia e Ginástica, encorajar a movimentação.
  • Pode-se utilizar a hipnose.
REFERÊNCIAS:
Obras completas de Sigmund Freud. Volume I.