A primeira entrevista em Gestalt-terapia

Peculiaridades da primeira entrevista:

  • qual a finalidade dessa priemria entrevista?
  • contexto em que ocorre
  • limites e exigências específicos de um processo terapêutico em consultório
  • características de primeira entrevista em atendimento grupal
  • características de primeira entrevista para diagnóstico.
  • características de primeira entrevista com pais de crianças e adolescentes 
  • características de primeira entrevista com criança e adolescente.
Entendimento sobre "primeira entrevista":
  • não é necessariamente um único encontro;
  • pode ser um grupo de encontros que permitirão que terapeuta e cliente se conheçam e estabeleçam o "se" e o "como" de um processo terapêutico.
  • Buscar respostas para as seguintes perguntas:
    • Existe a necessidade da terapai?
    • Deve ser feita a terapia com aquele terapeuta?
    • Como será desenvolvida a terapia?
  • Decidido sobre "fazer a terapia" é preciso saber:
    • Quando começa a primeira entrevista?
  • A psicoteraía não é a primera opção do cliente. 
    • Ele antes, já tentou outros meios alternativos para lidar com seus problemas, o que configura o início do processo terapêutico.
    • Significa que o cliente já está em contato com seu sofrimento e em busca de solução.
    • Terapia por indicação médica, provoca uma frustração na pessoa que vai fazer a psicoterapia esperando solução mágica por parte do terapeuta, pois descobre que terapia é um trabalho conjunto, e árduo, que retoma seus sofrimentos.
Fazer terapia...
  • para o cliente
    • significa dispor-se a se defrontar com aspectos de si que não conehce bem ou teme, correr risco de aceitar e promover mudanças às veszes muito doloridas na prórpia vida, saindo da posição de conforto, já conquistadas por muitas lutas.
    • é abrir-se  para o autoconhecimento e com curiosidade, para desconhecer-se com confiança.
    • se propõe a flexibilizará ampliação do diálogo, entre mudança e permanência no modo de viver.
    • sente medo em  fazer isso, precisando de coragem para se manter na terapia.
  • caminhos a percorrer para fazer a terapia
    • encontra ro psicoterapeuta
    • entrar em contato com este - telefone, email, redes sociais, presencialmente, etc
    • após esse contato, o cliente já tem suas expectativas em relação ao terapeuta e ao que ele espera da psicoterapia.
  • Três caminhso para o primeiro agendamento
    1. o terapeuta tem uma secretária
    • ele perde parte importante do primeiro contato como deixar de perceber tom de voz, oratória no telefone, facilidade ou dificuldade para agendar horario, etc
    • ao receber o pacliente pessoalemnte, nao tem sobre ele uma impressão anterior provocada pelo contato telfônico.
     2. o terapêuta tem uma secretária eletrônica
    • dificuldade de entender as gravações
    • nem sempre o cliente deixa recado, podendo desistir.
    • redução de custo com secretária.
     3. o terapeuta atende o telefone (celular)
    • cliente já conhece a voz do terapeuta no primeiro contato.
    • começam a se conhecer e verificam possibildiade de atendimento.
    • permite observar caracteristicas da pesso,a disponibilidades, dificuldade iniciais, repercuss~ies geradas no terapeuta na primeira conversa.
    • terapeuta deve estar tranquilo e disponível para seu cliente, sem pressa ou pressão.
    • cliente sempre pergunta preço da sessão, podendo ser a questão financeira um determinante no fazer ou não da terapia.
  • Quando o cliente agenda entrevista com vários terapeutas é comum que não fique em nenhum.
A procura da terapia é sinal  de que o cliente  tem esperança de melhorar sua qualidade de vida:
  • O cliente que chega é ainda um estranho que nos procura porque sofre.
  • O terapeuta deve acolhê-lo em seu sofrimento e verificar a possibilidade de, por meio de um processo psicoterapêutico, ajudá-lo a transformar esse sofrimento em crescimento.
  • Receber essa pessoa pela primeira vez exige alguns cuidados com o ambiente e conosco.
    • tempo da primeira entrevista, em torno de 50 minutos, com flexibilidade.
    • cuidado básico e concreto diz respeito ao terapeuta e ao seu ambiente de trabalho. Estar preparado para receber o paciente.
    • o terapeuta está adequadamente vestido, a recepção e a sala de atendimento estão cuidadas, há um banheiro que ele pode usar sem pressa, o terapeuta está disponível na hora aprazada.
    •  a sala, mesmo sendo do terapeuta, deve guardar espaço suficiente para ser também do cliente.
As necessárias atitudes do terapeuta nessa primeira acolhida, sobretudo aquelas que dizem respeito a ele mesmo, àquilo a que precisa estar atento a si para permanecer aberto e disponível:
  • O processo psicoterapêutico como um todo se sustenta em especial em dois pilares:
    • a relação terapêutica 
    • e a compreensão diagnóstica
Alguns procedimentos paradoxais são de vital importância no processo psicoterapêutico:

1º Paradoxo:
  •  busca da postura de não procurar para poder encontrar
  • o terapeuta deve esvazar-se o mais possível diante de seu novo cliente, a ponto de se abrir para se surpreender com ele.
  • Olhar com interesse para essa pessoa que chega, deixar-se impressionar por ela sem, a priori, procurar possíveis patologias ou potenciais ainda não desenvolvidos, sem ter um roteiro prévio para a entrevista.
  •  uma pessoa que se dispõe a verificar se pode ajudar profissionalmente a outra.
2º Paradoxo:
  • vem da expectativa do cliente de encontrar ajuda com o terapeuta
  • o terapeuta não tem certeza, a princípio, de que seu serviço e seu arsenal teórico serão úteis àquele que o procura.
  • A única crença que um terapeuta pode ter no começo é a de que somente um ser humano pode acolher outro ser humano em momentos de intensa angústia, de sofrimento ou de impasses paralisantes.
  • O cliente procura a técnica, o especialista, mas precisa receber primeiro a compaixão, matriz da empatia tão fundamental para a relação terapêutica.
  • a compaixão provém do reconhecimento e do compartilhamento da condição humana, às vezes tão precária diante das demandas da existência.
3º Paradoxo:
  • embora deva receber humana e humildemente seu novo cliente, o terapeuta não é obrigado a atender essa pessoa em terapia.
  •  Acolher para uma primeira entrevista não é o mesmo que se comprometer a iniciar um processo psicoterapêutico com a pessoa acolhida.
  •  o terapeuta tem o dever de se perguntar se tem condições de firmar com essa pessoa um compromisso que promete ser intenso e duradouro
  • terapeuta deve se questionar antes de pegar o caso:
    • se  a pessoa toca meus sentimentos, provoca-me, instiga-me, se me sinto esperançoso em um trabalho com ela.
    • essa comoção é suficientemente confiável para um trabalho duradouro? 
    • Essa esperança tem mesmo relação com o encontro ou é um a priori que introjetei?
    •  Meu conhecimento terapêutico é bom o bastante para atender essa pessoa? 
    • Algum preconceito meu pode atrapalhar esse trabalho? 
    • Posso mesmo encarar essa aventura? 
  • questões mais objetivas do processo terapêutico:
    • como será o pagamento pelo trabalho e os horários?
    • conseguirá manter determinados horários para atender ao cliente?
4º Paradoxo:
  • tem relação com uma aparente ansiedade por parte do terapeuta.
  • ele não sabe se poderá corresponder; não tem ideia de como aquele encontro irá toca-lo em relação a nossos valores, crenças, esperanças, sentimentos, formas de lidar com o belo e o trágico da vida.
  •  o terapeuta não deve se preocupar em parecer bom ou especialmente competente, mas em estar – humanamente – presente.
  • ao psicoterapeuta compete facilitar ao cliente a expressão de sua vivência e a ampliação da esperança de transformar essa dor em atualização com sentido, e isso só se dá com a presença viva e sensível de outro ser humano.
"Independentemente dos anos de prática do terapeuta, a primeira entrevista mobiliza, faz-nos viver o que Perls, Hefferline e Goodman (1997, p. 45) chamam de “excitação do crescimento criativo”– que não pode ser confundida com a ansiedade propriamente dita, embora com ela se pareça. A excitação do crescimento criativo é uma vivência de ampliação da awareness e da energia que nos permite nos colocarmos mais plenamente ante uma situação; é, por exemplo, o que vive um artista momentos antes de pisar no palco para uma apresentação."

5º Paradoxo:
  • diz respeito a uma pergunta que o terapeuta deve se fazer em todo esse início de trabalho: 
    • será que essa pessoa precisa mesmo de terapia? 
    • Esse caminho seria o melhor para ela?
    • Terapia não é para todo mundo – muito menos para todos os momentos da vida
    • a compreensão diagnóstica, um dos pilares dos primeiros atendimentos, na medida em que conduzirá o olhar do terapeuta para os pontos cuja observação é necessária para a recomendação, ou não, do início de um processo psicoterapêutico, além de embasar a estratégia terapêutica que será proposta.
    • A compreensão diagnóstica, por exemplo, possibilitará a proposição de uma terapia mais breve ou mais longa, a frequência de sessões semanais, a necessidade de recursos adicionais
Yontef (1998, p. 279): “Não podemos evitar diagnosticar. A nossa opção é: fazê-lo de maneira superficial ou não deliberada ou, ao contrário, de maneira bem ponderada e com awareness completa”. 
  •  É parte do treinamento do terapeuta buscar ter a melhor noção possível de seu padrão de estar no mundo, de se relacionar e de perceber as pessoas.
  • Grande parte do nosso modo de perceber é dada pelo que herdamos, pelas construções que fazemos vida afora, pelos valores que nos orientam, pela nossa história, pelas nossas habilidades, pelos nossos horizontes.
O pontos mais significativos para a compreensão diagnóstica na primeira entrevista:
  • analisemos o trabalho multiprofissional interdisciplinar.
    • o psicólogo tenha sensibilidade e conhecimento suficiente para encaminhar seu cliente para avaliação médica sempre que perceber que isso pode ser útil para o cliente e tranquilizador para o trabalho efetivamente psicoterapêutico.
    •  sofrimentos que necessitem de apoio psiquiátrico para que a psicoterapia seja efetiva, vale a regra de exigir uma avaliação médica antes de iniciar o processo psicoterapêutico.
    • é um exercício de observação fundamentada na abertura perceptiva e na profunda confiança na formação de sentido do observado e do vivido pelo terapeuta.
    • Busca-se compreender "como":
      • como: como o cliente é diante do terapeuta;
      • como ele se relaciona;
      • como é seu mundo; 
      • como ele gesticula; 
      • como fala; 
      • como ouve; 
      • como se movimenta pelos caminhos da vida;
      •  como se dá conta de si;
      •  como se repete e como se surpreende; 
      • como lida com o tempo e com o espaço; 
      • como ele se desenvolve; que potencialidades explora e quais evita, 
      • como faz isso; 
      • que ajustamentos criativos ele fez, faz e/ou poderá fazer; 
      • que sabedorias ele tem e reconhece,
      •  que sabedorias tem e não reconhece, 
      • como faz ou não esses reconhecimentos, 
      • que sabedorias não tem;
      •  como ele se cuida e como se descuida; 
      • como lida com os sentimentos; 
      • como lida com sua sexualidade; 
      • como lida com os mistérios da vida; 
      • como lida com a religiosidade; 
      • como se apropriou, ou não, dos valores que o orientam; 
      • como sonha e como lida com seus sonhos; 
      • como dá significado e sentido à sua história: 
      • como ele se lembra; 
      • como lida com as lembranças;
      • como se brinca e como brinca; 
      • como ele está, esteve e nunca esteve; 
      • como gostaria e como gostará de estar
"“Como” é a palavra-chave para a compreensão diagnóstica na abordagem gestáltica, e embora essas questões necessitem de tempo para ser observadas já na primeira entrevista algumas se destacam e fundamentam a indicação, ou não, da terapia – e o como dela." (FRAZÃO; FUKUMITSU.2015)
 
Outras observações a serem feitas:
  • a queixa que o cliente traz à terapia. 
  • Como ela é? 
  • Como é vivida e relatada pelo cliente? 
  • Que sentido ele dá a ela? 
A queixa que o cliente traz...

  • pode não ser decisiva para a terapia.
  • é o meio pelo qual a pessoa chega ao terapeuta, devendo esse caminho ser confirmado e acolhido.
  • é a ferida que está exposta, é a dor que evidencia um sofrimento
  •  é o modo por intermédio do qual as potencialidades agora disponíveis, mas ainda não atualizadas, pedem passagem. 
  • aponta um sentido para as possíveis e necessárias mudanças
"Se a compreensão diagnóstica for bem-feita, permitirá que a primeira entrevista levante questões e pontos que aparecerão na terapia ao longo de muito tempo. Se for capaz de compreender o jeito de ser de seu cliente, o terapeuta poderá ajudar a retomada de seu crescimento porque terá uma base mais sólida para se aventurar na relação terapêutica, e também poderá fazer prognósticos, aventar possibilidades, traçar estratégias e horizontes suficientemente amplos para o processo terapêutico." (FRAZÃO; FUKUMITSU.2015)

O diálogo...
  • o é o caminho por excelência do processo psicoterapêutico desde o início
  • o terapeuta ouvi mais di que fala, ele não pode ser só ouvidos; precisa mostrar ao cliente como o compreende e como entende a situação que o traz à terapia. 
  •  compreensão e acolhimento se dá sobretudo pela comunicação verbal e não verbal.
  • É preciso que o profissional comente o prognóstico que imagina para o trabalho, com clareza e sensibilidade.
  • Um posicionamento ético para não fazer r falsas promessas, em não prometer curas, mas em demonstrar, quando é o caso, confiança em que a psicoterapia seja um recurso sólido e indicado para que o cliente lide com eficácia com as questões que o afligem.
Conclusão da primeira entrevista...
  •  é feito entre o terapeuta e o cliente
  • também entre o terapeuta e os responsáveis pelo cliente no caso de atendimento, por exemplo, de crianças, adolescentes e alguns idosos
  • estabelece as regras básicas que regerão o trabalho
Aliança Terapêutica...
  • confiança de que essa pessoa tem saúde suficiente para assumir sua parte no trabalho terapêutico.
  •  esse contrato serve para que se esclareçam, entre outros:
    •  os procedimentos a ser adotados com relação a horários, 
    • a faltas do cliente ou do terapeuta,
    •  à reposição de horários, 
    • a férias e feriados,
    • à remuneração,
    •  à disponibilidade do terapeuta fora dos horários estabelecidos 
    •  ao tempo da terapia nos casos de psicoterapia breve
O contrato na Gestalt-terapia...
  • por ser baseado na confiança, em terapias não institucionais é melhor que esse contrato seja verbal, não por escrito, preservando assim a confiabilidade mútua, princípio pétreo da relação terapêutica dialógica.

Referências:
FRAZÃO, Lilian Meyer; FUKUMITSU, Karina okajima. A Clínica, a relação psicoterapêutica e o manejo em Gestalt-terapia. Summus editorial.  São Paulo, 2015. cap. 1. A primeira entrevista.








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