- Cada cultura e momento histórico viam e viviam sua sexualidade diferentemente. Pensamento, atitude ou comportamento hoje, reprováveis, talvez tenha sido normal ou natural em alguns períodos.
- O pensamento sexual ocidental é fruto, em grande parte, das concepções e valores do século XIX.
- A relação sexo - humanidade sempre foi extremamente complexa, pois envolveu (e envolve) questões sociais, culturais, religiosas e psicológicas, construídas historicamente, determinadas diferentemente em cada povo e época, por essa razão a sexualidade tem natureza subjetiva.
DISTINÇÃO ENTRE SEXO E SEXUALIDADE
"A sexualidade, no nosso entender, é um conjunto de fatos, sentimentos e percepções
vinculados ao sexo ou à vida sexual." (RIBEIRO). Envolve:
- manifestação do impulso sexual
- o desejo,
- a busca do objeto sexual,
- a representação do desejo
- a elaboração mental para realizar o desejo
- influência da cultura, da sociedade e da família
- a moral
- os valores
- a religião
- a sublimação
- a repressão.
Objetivo primordial da sexualidade: a perpetuação da espécie (impulso biológico)
O homem encontrou na sexualidade uma forma de dar e receber prazer, utilizando-a para outros fins, o que ocorre através do sistema nervoso central, cujo estímulos são os sentimentos e as fantasias sexuais.
O Conceito de sexualidade foi criado no século XIX e está voltado para o saber sexual, decorrente da incitação à manifestação sexual verbal e escrita, para o fazer, ou seja, para as práticas e atitudes sexuais no cotidiano do indivíduo e dos grupos. Trata-se de uma construção cultural.
"O sexo é um conjunto de práticas, atitudes e comportamentos vinculados ao ato sexual,
resultante das concepções existentes sobre ele." (RIBEIRO).
O sexo biológico determina o
macho e a fêmea de uma espécie, a partir de um conjunto de características hereditárias, físicas e
biológicas que nasce com cada um.
ATITUDES E COMPORTAMENTOS SEXUAIS NA ANTIGUIDADE
CULTURAS DA ANTIGUIDADE ( BABILÔNIA, EGITO, CALDEUS, ASSÍRIOS, GRÉCIA, ROMA)
Observa-se que, em matéria de atitudes e
comportamentos sexuais, não há uma moralidade homogênea e aplicada, sem diferenças, em todas
as culturas.
A MULHER ...
- ... era colocada em condição de inferioridade em relação ao homem.
- ... só podiam realizar tarefas específicas ditas para mulheres: cozinheiras, tecelãs, babás, sacerdotisas, adivinhas, dentre outras.
- ... não podiam tomar a iniciativa de se divorciar, mas podiam perder seus maridos caso fossem estéreis.(Babilônia)
- ... infidelidade levava à pena de morte.
- ... costume de oferecer as mulheres da casa para os hóspedes.
O HOMEM
- ... Tinha prerrogativa do divórcio.
- .... podiam ter concubinas
- ... sacerdotes e devotos buscavam as sacerdotisas nos tempos para o sexo.
NO EGITO - MAIOR LIBERDADE PARA AS MULHERES
- Virgindade não tinha importância, não sendo motivo de desonra se a mulher tivesse relações sexuais antes do casamento.
- Haviam contrato temporário de casamento, que poderia acabar ou se tornar permanente.
- Fidelidade era uma base para o casamento.
- Adultério era falta grave
- No divórcio a mulher podia receber uma pensão para sua subsistência;
- A mulher podia ocupar ocupar funções importantes, como médicas, escribas, administradoras de províncias, empresárias, proprietárias, e até ser faraó.
ATENAS - GRÉCIA - PERÍODO CLÁSSICO
- As mulheres eram submissas aos seus maridos, não podiam sair sozinhas e tem um espaço na casa destinado a elas, o gineceu.
- Tem papel social definido – ser filha e mãe.
- Tem na casa e na família o seu mundo e a 'razão de sua existência.
- As mulheres precisavam casar virgem.
- Sexo era para procriar.
- Não era comum atração sexual entre marido e mulher.
- Homens em torno de 30 e mulheres em torno dos 16 já casavam.
- Divórcio era concedido em caso de adultério, desvirilidade ou vítima de violência por aprte do marido.
- Mulheres usavam túnicas longas
ESPARTA - GRÉCIA - PERÍODO CLÁSSICO
- A autonomia da mulher era maior
- As meninas e os meninos espartanos eram educados juntos e os exercícios físicos realizados conjuntamente.
- maior liberdade
- Escolas especiais destinadas à sua educação.
- Haviam mulheres mais independentes, educadas, possuidoras de boas maneiras, com conhecimento de instrumentos musicais e dança.
- participavam de debates filosóficos, também eram competentes em discussões e de extrema beleza.
- usavam saias curtas, que deixavam as pernas à mostra.
- as restrições sexuais visavam não à mulher em si, mas àquela que seria a esposa do cidadão, já que muitas delas ocupavam um status diferenciado.
ROMA - ITÁLIA
- a mulher ocupa importante papel social, vai ao teatro, às festas, faz compras, participa de reuniões políticas, embora se submeta à autoridade masculina
- se casava jovem - a partir dos 12 anos de idade com homens bem mais velho.
- tinha a prerrogativa do divórcio.
- o homem deveria ter livre iniciativa, liderança, voz de comando e que fosse sempre dominador e ativo.
- Sexualmente o homem deveria ser sempre ativo(penetrar) e escravos e mulheres passivos.(ser penetrado).
- Socialmente o homem não poderia ser passivo (ser penetrado) por uma questão hierárquica. Não se condenava a Hemofilia, mas sim, a quebra da hierarquia social.
- O sexo oral era atividade indigna para um homem
O SEXO NA IDADE MÉDIA
- misturavam os costumes romanos, bárbaros e cristãos
- apegados aos valores pagãos dos antepassados (Igreja Católica)
- o sexo era prática corrente nos ritos e festas que ocorriam na- época da colheita e do plantio (Bárbaros)
AÇÃO DA IGREJA EM RELAÇÃO A SEXUALIDADE
Três santos – São Paulo, Santo Aqostinho e São Tomás de
Aquino – fundamentavam a doutrina da Igreja. Dentre outras imposições, determinava que:
- o sexo só deveria acontecer dentro do casamento e com o único objetivo de procriação.
- Não poderia haver demonstração de paixão entre os cônjuges.
- os pecados contra o corpo: 6 prostituição, adultério, homossexualidade, auto-erotismo.
- Determinavam os dias que se podiam ter relações sexuais
- A culpa é instalada no imaginário popular, assim como o medo do Inferno.
SÉCULO XVI / XVIII - AVENTO DO PURITANISMO
- houve mudanças no caráter, na moral e nos valores do homem europeu.
- o homem tornou-se mais contido, regrado e controlado.
- desvalorizou o corpo e a sensibilidade para alcançar a plenitude moral.
- surge a ideologia médico-social de controle, normatização e classificação de atos, atitudes e comportamentos sexuais.
- a ética moral da constância de caráter, da introspecção e da formulação de um rígido padrão de comportamento.
- O capitalismo transformou a vida e a sociedade, introduziu um modo de vida fundamentado na produção, exploração do homem, venda da força do trabalho, acúmulo de bens. Enfim... o ter submeteu o ser.
- O sexo passou a ser controlado, submetido a regras e normas e, para tal, era necessário uma sustentação científica para justificar essas concepções.
O MUNDO OCIDENTAL - SÉC XIX
- preparados para receber, sem contestação uma nova moral sexual, diferente de todas as tendências morais já vistas na História.
- Era uma ideologia sexual repressora, que nortearia o comportamento e as atitudes sexuais dos indivíduos a partir do século XIX, com reflexos importantes até os dias de hoje.
- O século XIX tornou-se o palco ideal para a repressão sexual, baseada em padrões e normas negativistas. e restritivas, que sustentavam o controle sexual pregado pela moral médica: Católicos, protestantes, médicos, educadores, todos se aliavam para normatizar as atitudes e comportamentos sexuais através de postulados pseudocientíficos. Como analisa Loyola (1999, p. 32-33).
SÉCULO XX e início do século XXI:
- o modo de vida consumista e individualista de uma sociedade capitalista e globalizada, nos lega uma concepção de sexualidade ainda limitada, normatizada e geradora de culpa, angústia e ansiedade.
- Há ainda, uma moral anti-sexual rígida, austera, contida que influenciou profundamente as atitudes em relação à sexualidade, no qual se incluir a questão da orientação sexual.
REFERÊNCIAS
A SEXUALIDADE TAMBÉM TEM HISTÓRIA: COMPORTAMENTOS E ATITUDES SEXUAIS ATRAVÉS DOS
TEMPOS
Paulo Rennes Marçal Ribeiro
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