Grupos de reflexão na Escola - Resumo de Artigo.



Abordagem centrada na pessoa de Carl Rogers (1961/1997)
·               utilizada por psicólogos escolares, na mediação de conflitos interpessoais em ambientes educativos.
·               Contribui para a valorização/legitimação do grupo enquanto instrumento de mudança das relações,  experimentando novas formas de compreender e atuar no cotidiano escolar.
GRUPOS ENVOLVIDOS NAS RELAÇÕES ESCOLARES:
·                 Alunos
·                 Professores
·                 Funcionários
·                 Pais de alunos
Cada grupo compreender suas relações e orientam suas ações no ambiente escolar de forma diferente. Daí a ideia da realização de GRUPOS DE REFLEXÃO com todos os grupos envolvidos.
Objetivo dos Grupos de Reflexão:
·                 A partir de espaços de discussão, reflexão e negociação, construir com e a partir dos participantes, práticas relacionais que favoreçam o empreendimento escolar.
·                 Pensara atuação dos psicólogos escolares como facilitador das relações interpessoais entre os grupos acima, abrindo espaço de escuta para todos os envolvidos, a fim de solucionar conflitos no âmbito da escola.
·                 Busca descontruir visões cristalizadas sobre as relações estabelecidas, dando voz àqueles que nunca imaginavam ter audiência.
·                 Objetiva que toda fala tenha se valor reconhecido pelo orador e pelos ouvintes do grupo, visando a compreensão e aceitação das singularidades de cada experiência relatada.
·                 Contudo, conquistar a confiança de mais e mais envolvidos nesse sistema, enquanto protagonistas, reflexivos que conduzem seu próprio ensino-aprendizagem,
ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA (ACP): BASE PARA OS GRUPOS DE REFLEXÃO
·       Embasamento filosófico nos postulados humanistas e existencialistas,
·       Situa-se no paradigma de entendimento do homem em suas relações com o homem.
·       Paradigma fenomenológico que valoriza a experiencia subjetiva e consciente como meio de lidar com o aspecto existencial do processo terapêutico.
·       BOAINAIN (1998):
o   A Psicologia Humanista está ficada na liberdade, responsabilidade e intencionalidade, características intrínsecas do ser humano.
o   Privilegia-se a consciência e a vivência do momento presente
o   Valorização da experiencia subjetiva e consciente
·       Objetivo da Terapia centrada na pessoa: facilitar o crescimento em favor da mesma, criando condições necessárias e suficientes para esse crescimento em terapia (Rogers, 1994, através de atitudes  facilitadoras do terapeuta tais como:
o    autenticidade,
o   aceitação positiva incondicional
o    compreensão empática.
Contribuições da Abordagem centrada na pessoa para a escola:
·       Modelo de ensino centrado no aluno:
o    onde o professor passa a ser o facilitador da aprendizagem significativa, tendo como essência a significação.
o   A Aprendizagem seria algo experiencial, a partir daquilo que vivencia o aprendiz.
·       confiar no grupo, na capacidade deste e de seus membros de desenvolverem suas potencialidades, é um pré-requisito à criação do ambiente de confiança;
·       aceitar a vontade do grupo, mesmo que a princípio pareça que a discussão permanecerá apenas num nível superficial cognitivo: “descobri que é compensador viver com o grupo exatamente onde ele está” (p.57);
·       dar espaço para que os indivíduos do grupo se posicionem como se sentirem mais à vontade, ou seja, com maior ou menor comprometimento psicológico com o grupo.
·       Segundo Rogers, poder recusar-se à participação pessoal e não sentir-se coagido a isso, é uma condição facilitadora para o estabelecimento da confiança (dos membros com o grupo e com o facilitador). Os membros percebem seu potencial autônomo a partir disso;
·       Atacar as defesas da pessoa, como uma forma de confrontá-la com suas
·       incongruências, não parece a Rogers uma maneira facilitadora, pelo contrário, é condenável.
·       Isto pode bloquear a pessoa e criar resistência ao processo; e evitar comentários interpretativos. Rogers (2002, p.68) explica: “Tenho tendência para não sondar ou comentar o que pode estar por detrás do comportamento de uma pessoa. Interpretar a causa do comportamento individual só pode ser altamente hipotético”

RELATOS DE EXPERIÊNCIAS CIM GRUPOS DE REFLEXÃO
·       GRUPO - “um conjunto de pessoas presentes e orientadas para um fim comum” (BLANCHET; TROGNON, 1996, p.10).
·       Ser estudante de uma mesma escola, trata-se de um grupo focal de técnica qualitativa introduzida por Merton (1970) como instrumento para explicitar conteúdos sobre assuntos que interessam ao grupo, em que discutem assuntos de seu interesse.
·       GRUPOS DE REFLEXÃO são semelhantes a grupos de discussão ou grupos focais. Seu objetivo é criar espaços de discussão, reflexão, negociação onde novas práticas possam ser construídas pelos participantes, de modo a todos legitimarem tal espaço como confiável e livre.
Os 7 passos para o desenvolvimento do trabalho de grupo, segundo (CAMBUY; AMATUZZI, 2008:
1.     sentar – momento de parar a correria do dia a dia, sentar num espaço disposto em círculos para que todos possam se olhar;
2.     contar – os participantes começam a relatar situações vividas durante semana, a partir da pergunta disparadora;
3.     escolher – o grupo escolhe um dos relatos para que este seja mais detalhado. Normalmente acontece em consenso;
4.     sintonizar – os participantes são convocados a contar experiências semelhantes àquela exposta no relato escolhido;
5.     analisar – é o momento de expressar ressonâncias afetivas e reflexões sobre o tema escolhido, após um aprofundamento daquilo  que foi sintonizado;
6.     agir – os participantes expõe que contribuições o encontro trouxe para eles, evidenciando aquilo que mais fez sentido;
7.     despedir-se: são feitas as combinações para o encontro posterior e se necessário, o psicólogo facilitador conversa com algum membro que precise de atenção particular.
“A experiência aqui relatada mostrou que este tipo de espaço reflexivo grupal foi importante para os profissionais, já que se sentiram acolhidos e escutados em suas demandas e puderam adotar estratégias mais criativas para prevenir possíveis desgastes. Acreditamos que a abertura para a reflexão sobre as experiências permite aos trabalhadores de saúde examinarem sua prática, buscando significados ao seu fazer profissional. Isto possibilita um posicionamento mais atuante no ambiente de trabalho e o desenvolvimento de ações mais criativas e transformadoras da realidade”. (CAMBUY, AMATUZZI, 2008, p. 617).

PAPEL DO PSICÓLOGO ESCOLAR
·       Discutir sobre grupos de reflexão com todos os grupos envolvidos.
·       Contribuir com as necessárias mudanças no âmbito da escola.
DEMANDAS RELATADAS PELOS GRUPOS DE REFLEXÃO
1.     GRUPOS COM ALUNOS
a.     Dificuldades na relação professor-aluno
b.     valorização do modelo tradicional de autoridade do professor, no qual o professor precisa ter moral para controlar uma turma.
c.     faltam atividades extra curriculares na escola
d.     relação direção/coordenação-alunos em que observam que estem mentem para controlar suas respectivas disciplinas.
e.     relação pais-filhos e namoro
f.       reconhecimento das dificuldades dos professores
g.     proposta do grupo misto (alunos e professores)
2.     GRUPOS COM PROFESSORES
a.     frustração devido à falta de alunos interessados
b.     culpabilização da família, falta de educação doméstica por parte dos alunos.
c.     valorização do modelo tradicional de autoridade do professor
d.     baixos salários
e.     conflito de gerações, entre professores mais novos e mais velhos.
f.       desrespeito dos alunos
g.     conflito na relação professores-direção
h.     amor pela docência
Esses grupos de reflexão implicam numa mudança de paradigma das relações interpessoais na escola, cujo psicólogo escolar exerce o papel de facilitador, criando e propiciando abertura para mediação nos grupos respeitando a autonomia.

REFERÊNCIAS:
ARTIGO GRUPOS DE REFLEXÃO NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA PARA A PSICOLOGIA ESCOLAR. FOCAL GROUPS AT SCHOOL: PERSON CENTERED APPROACH CONTRIBUTIONS TO SCHOOL PSYCHOLOGY. Fernanda Fochi Nogueira Insfrán

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