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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Teoria Psicogenética de Henri Wallon na perspectiva do envelhecimento.


HENRI WALLON ( 1879-1962) – Francês (Médico, Filósofo e Psicólogo).

Embora se saiba que Wallon se dedicou ao estudo da criança por acreditar que esse era o caminho para se compreender a origem dos processos psicológicos humanos, a seguir uma análise de sua teoria na perspectiva do envelhecimento humano


AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIA – TEORIA PSICOGENÉTICA

Estudou o desenvolvimento infantil a partir das dimensões cognitivas, afetivas e motora. Estudou o desenvolvimento de forma integral, recusando-se a estudar as partes isoladamente. Nessa perspectiva, sabe-se que o desenvolvimento humano na velhice é impactado de forma significativa nessas dimensões estudadas por Wallon (cognição, afetividade e motricidade).

A Psicologia genética está mais interessada em compreender quais as origens dos processos psíquicos.
Entendia que os processos psicológicos têm origem orgânica biológica, mas que só podem ser entendidos quando consideramos as maneiras pelas quais as influencias socioambientais interagem com esses processos. Portanto, considera tanto as condições orgânicas quanto as exigências sociais que influenciam o desenvolvimento psíquico.  O idoso chega na sua última fase, conforme essas influências socioambientais agiram em sua vida, durante todo o processo de desenvolvimento do sujeito, e são essas influências junto a sua história de vida que irão determinar de este terá uma vida de qualidade na terceira idade ou não, e ainda, como este se comportará no enfrentamento da última fase de sua vida.

Wallon entende que a estrutura biológica é a primeira condição para a atividade psíquica. Não pode haver atividade psíquica sem uma estrutura biológica. A mente opera com os estímulos que são recebidos do meio externo e do mundo são as grandes mantenedoras da existência e do desenvolvimento humano. Desenvolvemo-nos, na interdependência entre fatores biológicos e sociais. Desta forma, pode-se perceber que as condições biológicas do indivíduo irão influenciar no padrão de vida que idoso terá, pois as perdas e incapacidades da velhice, podem impor limitações da atividade psíquica do indivíduo.

O desenvolvimento do pensamento infantil não ocorre de forma contínua, marcado por crises e conflitos, resultado do amadurecimento dos sistema nervoso que traz novas possibilidades orgânicas para o exercício  do pensamento e alterações do meio social que traz novas situações e estímulos diferenciados. É do conflito dessas duas condições que emergem o pensamento e a inteligência. Logo conflitos e contradições não são problemas, mas fazem parte do desenvolvimento psíquico normal da criança. As crises muitas vezes são dinamizadoras do processo desenvolvimental, e portanto, benéficas. Sendo assim, o idoso que passou pelas fases anteriores do seu desenvolvimento, enfrentando positivamente os problemas, e aprendendo com eles, chega na velhice com pensamentos e inteligência bem estruturados para lidar com a última fase de sua vida.

Para ele o desenvolvimento não se dá de forma linear, por isso ele rompe com visões lineares e positivas ao construir um modelo de investigação e interpretação próprio. Pois, percebe que o desenvolvimento humano é marcado por avanços, recuos e contradições; não há uma sucessão de estágios, mas sim, desenvolvimentos que ocorrem de forma simultânea. Essa afirmativa de Wallon demonstra que ainda na velhice, é possível haver desenvolvimento na vida do idoso, tantos nos aspectos cognitivos quando bem estimulados, quanto nos aspectos psicológicos, mesmo havendo declínio das condições biológicas ou físicas.

Afetividade, motricidade e inteligência.

A inteligência se desenvolve após a afetividade, contrariando outras teorias. A inteligência surge de dentro da afetividade e estabelece com ela certa relação de conflito, talvez seja por isso que nos interessamos em aprender as coisas que mais gostamos do que as que não gosta. Ao nascer somos frágeis seres orgânicos e dependemos de outros para cuidar de nós, desenvolvendo uma absoluta dependência até os dois primeiros anos, e por isso, nos tornamos seres afetivos, a emotividade do bebe expressa no choro e no grito garante que o adulto se mobilizara para atender suas necessidades. Logo a expressão emocional assim é uma linguagem e sua função é social usada para comunicar necessidades. Não se deve confundir afetividade com amor e carinho. Afetividade estamos falando das coisas que nos afetam (ao olhar do outro, objeto, elementos internos como fome e lembranças) trata-se de eventos internos ou externos.

O choro afeta o adulto que cuida dela. O choro é culturalmente interpretado pelo adulto e é a partir daí age para atender a crianças. É no contexto dessa interação emocional e social que se dá o desenvolvimento cognitivo da criança. Wallon destaca a importância das atividades, motoras nesse processo, pois o bebe também expressa suas emotividades por gestos, expressões faciais. O ato motor é uma atividade expressiva que comunica os atos emocionais do bebe e ao mesmo tempo gera estados emocionais nos adultos.

Na medida em que a função simbólica se desenvolve, ou seja, que a criança se torna capaz de pensar sobre coisas que não estão presentes, como ver o desenho e associar a algo real, essa capacitação cognitiva permite a internalização de atos motores  quer dizer, os atos motores vão diminuindo porque as crianças desenvolvem outros recursos para se comunicar, como as palavras; além disso adquire maior controle e refino sobre o ato motor.

Ele não coloca a inteligência como o principal componente do desenvolvimento, mas defende que a vida psíquica é formada por três dimensões: motora, afetiva e cognitiva, e que essas dimensões coexistem e atuam de forma integrada.  Essas três dimensões afetam diretamente a vida do sujeito no processo de envelhecimento, quando as limitações motoras começam a surgir, afetando emocionalmente e cognitivamente a vida do idoso.
Defende que o processo de evolução depende tanto da capacidade biológica do sujeito, quanto do ambiente que o afeta de alguma forma. É o meio que vai permitir que essas potencialidades se desenvolvam. Dessa forma, pode-se pensar que havendo cuidados biológicos satisfatórios com a saúde física, e vivendo num ambiente que estimule e incentive o idoso a atividades cognitivas, certamente poderão se manter ativos e atuantes na velhice.

Principais características dos 6 estágios de desenvolvimento infantil de Wallon:
Em cada um dos estágios a criança interage com seu ambiente de formas específicas enquanto busca construir sua própria identidade.

Cada estágio representa um tipo de preparação para o estágio seguinte mas revela a descontinuidade.  O desenvolvimento alterna fases de introspecção, voltar-se para si mesmo, e outras, de extroversão, nas quais o individuo se volta para o meio externo, em busca de autonomia.

As idades e o tempo de duração de cada estágio variam de criança para crianças, por conta das características individuais e suas relações.

ESTÁGIO IMPULSIVO-EMOCIONAL (0 A 1 ANO)

  •  Realiza movimentos reflexos involuntários e impulsivos.
  •  Aos poucos vai respondendo afetivamente aos adultos que são seus intermediários entre ele e a realidade externa, nessa relação passa a usar gestos para se comunicar.
  • Aos 3 meses consegue sorrir para as pessoas, fortalecendo só vínculos coma s pessoas, e é através da afetividade que se estabelece os mais fortes vínculos com as pessoas.
  •  A função inicial da emotividade é mobilizar a mãe que irá atender as suas necessidades. É pela emoção expressiva, choro, grito, etc., que o bebe comunica as suas necessidades.
  • Até aproximadamente 1 ano o bebê está concluindo o processo de socialização com as pessoas que o cercam, fase em que ainda é totalmente dependente.
  • Se interessam por objetos a medida em que estes são apresentados pelos adultos. Com o avançar do desenvolvimento a criança vai aprendendo a agir diretamente com seu meio, em um processo crescente de individuação; torna-se mais autônoma.

ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO ( 1 A 3 ANOS)
  • A EXPLORAÇÃO DO ambiente físico se se acentua na medida em que a criança aprende a segurar coisas e a se deslocar.
  • O desenvolvimento das capacidades cognitivas das crianças está em pleno desenvolvimento, explorando o mundo através dos sentidos e habilidades motoras. Tudo deve ser tocado e sentido.
  • Pouco a pouco o ato motor vai diminuindo e cedendo lugar ao ato mental, ao pensamento, como o desenvolvimento da fala o pensamento também ganha impulso.
  •  A aquisição da linguagem permite que o pensamento se manifeste através da fala, o que rompe com a manifestação motora do pensamento, e isso representa um salto qualitativo no desenvolvimento infantil.
  •  É necessário que a vivência sensória motora do mundo seja inibida pela criança para que a sua vida mental floresça.
ESTÁGIO DO PERSONALISMO (3 A 6 ANOS)
·       Há um conflito entre seu desejo pela autonomia e o fortalecimento do vínculo com a família.
·       Como o processo de formação da personalidade é a tarefa psíquica mais importante desse estágio, a criança nega os adultos, muitas vezes se opondo a eles. Seu pensamento volta-se quase que exclusivamente para si. Ela precisa adquirir consciência de si mesma em suas relações com o mundo.
·       Inicio da vida escolar, o vínculo familiar se flexibiliza e a criança se direciona para a autonomia uma vez que a vida escolar  exige que tome decisões sozinhas, realize escolhas, concorde ou descorde, enfim, se vendo em situações conflituosas.
·       Ao mesmo tempo em que caminha para autonomia, se desenvolve a imitação dos adultos que convive, modo de ser e pensar porque admiram.
·       Afetividade se manifesta de modo mais simbólico, por palavras e ideias

ESTÁGIO CATEGORIAL ( 7 A 12 ANOS)
·       A criança utiliza cada vez mais a inteligência para explorar e conhecer os objetos no meio físico e social, que podem ser transformadas e remanejadas dando margem a criatividade.
·       \a inteligência e o interesse pelo mundo externo predominam.  A criança avança para o pensamento abstrato, ganha maior controle de habilidade como a memória voluntaria (capacidade de memorizar coisas voluntariamente), obtém maior controle da atenção.

ESTÁGIO DA ADOLESCÊNCIA ( A PARTIR DOS 12 ANOS)
·       As modificações corporais que resultam da ação dos hormônios sexual, levam ao adolescente a buscar uma nova personalidade.
·       Há uma ruptura do equilíbrio afetivo, deseja compreender suas inquietações, seus desejos, sua sexualidade e sua real identidade., sendo importante que o adulto ao perceber essas necessidades ofereçam diálogo e apoio aos adolescentes.
·       O adolescente deseja diferenciar-se do adulto. Apresenta contornos mais racionais, criando teorias sobre seus relacionamentos com as pessoas.
·       Os conflitos internos e externos fazem com que o adolescente se volte para si mesmo, a fim de buscar sua autoafirmação, como forma de lidar com as transformações corporais e psíquicas impulsionadas pela maturação sexual.
·       O desenvolvimento permanece por toda a vida e não se encerra na adolescência. A afetividade e a cognição sempre estarão em movimento, em interação entre as inúmeras atividades que desenvolvemos ao longo da vida.

domingo, 17 de março de 2019

Teoria do Desenvolvimento de Henri Wallon



                                      

HENRI WALLON ( 1879-1962) – Francês

Médico, Filósofo e Psicólogo.
Se dedicou ao estudo da criança por acreditar que esse é o caminho para se compreender a origem dos processos psicológicos humanos.

AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIA – TEORIA PSICOGENÉTICA

Estudou o desenvolvimento infantil a partir das dimensões cognitivas, afetivas e motora. Estudou o desenvolvimento de forma integral, recusando-se a estudar as partes isoladamente.

Seus trabalhos situam-se nos campos da Psicologia genética e na Psicologia do desenvolvimento.
Não se deve confundir Psicologia genética com epistemologia genética. A epistemologia genética e a teoria psicológica desenvolvida por Jean Piaget, na qual as pessoas constroem o conhecimento. Ele queria saber como as pessoas passam do estagio do não conhecimento para o estágio do conhecimento.
Interessa=se pelas origens do conhecimento.

A Psicologia genética está mais interessada em compreender quais as origens dos processos psíquicos.

Para Wallon, a Escola deveria oferecer a formação integral para as crianças, envolvendo a formação afetiva, intelectual e social. Marco importante no pensamento pedagógico. Interessa-se pelas origens dos processos psicológicos. 
Utilizou conhecimentos da antropologia, psicopatologia, neurologia, etc. Entendia que os processos psicológicos têm origem orgânica biológica, mas que só podem ser entendidos quando consideramos as maneiras pelas quais as influencias socioambientais interagem com esses processos. Portanto, considera tanto as condições orgânicas quanto as exigências sociais que influenciam o desenvolvimento psíquico.

Wallon entende que a estrutura biológica é a primeira condição para a atividade psíquica. Não pode haver atividade psíquica sem uma estrutura biológica. A mente opera com os estímulos que são recebidos do meio externo e do mundo são as grandes mantenedoras da existência e do desenvolvimento humano. Desenvolvemo-nos, na interdependência entre fatores biológicos e sociais.

O desenvolvimento do pensamento infantil não ocorre de forma contínua, marcado por crises e conflitos, resultado do amadurecimento dos sistema nervoso que trás novas possibilidades orgânicas para o exercício  do pensamento e alterações do meio social que trás novas situações e estímulos diferenciados. É do conflito dessas duas condições que emergem o pensamento e a inteligência. Logo conflitos e contradições não são problemas, mas fazem parte do desenvolvimento psíquico normal da criança. As crises muitas vezes são dinamizadoras do processo desenvolvimental, e portanto, benéficas.

Para ele o desenvolvimento não se dá de forma linear, por isso ele rompe com visões lineares e positivas ao construir um modelo de investigação e interpretação próprio. Pois, percebe que o desenvolvimento humano é marcado por avanços, recuos e contradições; não há uma sucessão de estágios, mas sim, desenvolvimentos que ocorrem de forma simultânea.

Afetividade motricidade e inteligência.

A inteligência se desenvolve após a afetividade, contrariando outras teorias.
A inteligência surge de dentro da afetividade e estabelece com ela certa relação de conflito, talvez seja por isso que nos interessamos em aprender as coisas que mais gostamos do que as que não gosta.

Ao nascer somos frágeis seres orgânicos e dependemos de outros para cuidar de nós, desenvolvendo uma absoluta dependência até os dois primeiros anos, e por isso, nos tornamos seres afetivos, a emotividade do bebe expressa no choro e no grito garante que o adulto se mobilizara para atender suas necessidades.
Logo a expressão emocional assim é uma linguagem e sua função é social usada para comunicar necessidades.
Não se deve confundir afetividade com amor e carinho. Afetividade estamos falando das coisas que nos afetam (ao olhar do outro, objeto, elementos internos como fome e lembranças) trata-se de eventos internos ou externos.

O choro afeta o adulto que cuida dela. O choro é culturalmente interpretado pelo adulto e é a partir daí age para atender a crianças. É no contexto dessa interação emocional e social que se dá o desenvolvimento cognitivo da criança. Wallon destaca a importância das atividades, motoras nesse processo, pois o bebe também expressa suas emotividades por gestos, expressões faciais. O ato motor é uma atividade expressiva que comunica os atos emocionais do bebe e ao mesmo tempo gera estados emocionais nos adultos.

Na medida em que a função simbólica se desenvolve, ou seja, que a criança se torna capaz de pensar sobre coisas que não estão presentes, como ver o desenho e associar a algo real, essa capacitação cognitiva permite a internalização de atos motores  quer dizer, os atos motores voa diminuindo porque as crianças desenvolvem outros recursos para se comunicar, como as palavras; além disso adquire maior controle e refino sobre o ato motor.

Ele não coloca a inteligência como o principal componente do desenvolvimento, mas defende que a vida psíquica é formada por três dimensões: motora, afetiva e cognitiva, e que essas dimensões coexistem e atuam de forma integrada.

Defende que o processo de evolução depende tanto da capacidade biológica do sujeito, quanto do ambiente que o afeta de alguma forma. É o meio que vai permitir que essas potencialidades se desenvolvam.

Principais características dos 6 estágios de desenvolvimento infantil de Wallon:
Em cada um dos estágios a criança interage com seu ambiente de formas específicas enquanto busca construir sua própria identidade.

Cada estágio representa um tipo de preparação para o estágio seguinte mas revela a descontinuidade.  O desenvolvimento alterna fases de introspecção, voltar-se para si mesmo, e outras, de extroversão, nas quais o individuo se volta para o meio externo, em busca de autonomia.

As idades e o tempo de duração de cada estágio variam de criança para crianças, por conta das características individuais e suas relações.

ESTÁGIO IMPULSIVO-EMOCIONAL (0 A 1 ANO)
o   Realiza movimentos reflexos involuntários e impulsivos.
o   Aos poucos vai respondendo afetivamente aos adultos que são seus intermediários entre ele e a realidade externa, nessa relação passa a usar gestos para se comunicar.
o   Aos 3 meses consegue sorrir para as pessoas, fortalecendo só vínculos coma s pessoas, e é através da afetividade que se estabelece os mais fortes vínculos com as pessoas.
o   A função inicial da emotividade é mobilizar a mãe que irá atender as suas necessidades. É pela emoção expressiva, choro, grito, etc., que o bebe comunica as suas necessidades.
o   Até aproximadamente 1 ano o bebê está concluindo o processo de socialização com as pessoas que o cercam, fase em que ainda é totalmente dependente.
o   Se interessam por objetos a medida em que estes são apresentados pelos adultos. Com o avançar do desenvolvimento a criança vai aprendendo a agir diretamente com seu meio, em um processo crescente de individuação; torna-se mais autônoma.

ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO ( 1 A 3 ANOS)
·       A EXPLORAÇÃO DO ambiente físico se se acentua na medida em que a criança aprende a segurar coisas e a se deslocar.
·       O desenvolvimento das capacidades cognitivas das crianças está em pleno desenvolvimento, explorando o mundo através dos sentidos e habilidades motoras. Tudo deve ser tocado e sentido.
·       Pouco a pouco o ato motor vai diminuindo e cedendo lugar ao ato mental, ao pensamento, como o desenvolvimento da fala o pensamento também ganha impulso.
·       A aquisição da linguagem permite que o pensamento se manifeste através da fala, o que rompe com a manifestação motora do pensamento, e isso representa um salto qualitativo no desenvolvimento infantil.
·       É necessário que a vivência sensória motora do mundo seja inibida pela criança para que a sua vida mental floresça.
ESTÁGIO DO PERSONALISMO (3 A 6 ANOS)
·       Há um conflito entre seu desejo pela autonomia e o fortalecimento do vínculo com a família.
·       Como o processo de formação da personalidade é a tarefa psíquica mais importante desse estágio, a criança nega os adultos, muitas vezes se opondo a eles. Seu pensamento volta-se quase que exclusivamente para si. Ela precisa adquirir consciência de si mesma em suas relações com o mundo.
·       Inicio da vida escolar, o vínculo familiar se flexibiliza e a criança se direciona para a autonomia uma vez que a vida escolar  exige que tome decisões sozinhas, realize escolhas, concorde ou descorde, enfim, se vendo em situações conflituosas.
·       Ao mesmo tempo em que caminha para autonomia, se desenvolve a imitação dos adultos que convive, modo de ser e pensar porque admiram.
·       Afetividade se manifesta de modo mais simbólico, por palavras e ideias
ESTÁGIO CATEGORIAL ( 7 A 12 ANOS)
·       A criança utiliza cada vez mais a inteligência para explorar e conhecer os objetos no meio físico e social, que podem ser transformadas e remanejadas dando margem a criatividade.
·       \a inteligência e o interesse pelo mundo externo predominam.  A criança avança para o pensamento abstrato, ganha maior controle de habilidade como a memória voluntaria (capacidade de memorizar coisas voluntariamente), obtém maior controle da atenção.
ESTÁGIO DA ADOLESCÊNCIA ( A PARTIR DOS 12 ANOS)
·       As modificações corporais que resultam da ação dos hormônios sexual, levam ao adolescente a buscar uma nova personalidade.
·       Há uma ruptura do equilíbrio afetivo, deseja compreender suas inquietações, seus desejos, sua sexualidade e sua real identidade., sendo importante que o adulto ao perceber essas necessidades ofereçam diálogo e apoio aos adolescentes.
·       O adolescente deseja diferenciar-se do adulto. Apresenta contornos mais racionais, criando teorias sobre seus relacionamentos com as pessoas.
·       Os conflitos internos e externos fazem com que o adolescente se volte para si mesmo, a fim de buscar sua autoafirmação, como forma de lidar com as transformações corporais e psíquicas impulsionadas pela maturação sexual.


·       O desenvolvimento permanece por toda a vida e não se encerra na adolescência. A afetividade e a cognição sempre estarão em movimento, em interação entre as inúmeras atividades que desenvolvemos ao longo da vida.

domingo, 10 de março de 2019

O desenvolvimento Humano da Teoria de Jean Paiget

Estudo do desenvolvimento humano – área do conhecimento da Psicologia cujas proposições nucleares concentram-se no esforço de compreender o homem em todos os seus aspectos desde o nascimento até a maturidade.

Jean Paiget (1896-1980)

  •           Buscou compreender o desenvolvimento humano.
  •       Se destacou pela tentativa de integrar o materialismo mecanicista e o idealismo, marcados pelo antagonismo, o qual separa o físico e o psíquico.
  •        Seu modelo prima pelo rigor científico de produção, trazendo contribuições práticas importantes sobretudo no campo da educação.
  •        Busca compreender o sujeito cognitivo como elaborador de conhecimentos válidos.
  •       Teorias que antecedem a Visão Interacionista de Piaget:

o   Relação de interdependência entre o homem e o objeto do conhecimento.
o   Visão teórica interacionista se contrapondo a ideia de que duas ideias antagônicas e inconciliáveis como o Objetivismo(mecanicismo) e o Subjetivismo (Idealismo).

§  A Psicologia Objetivista privilegia o externo, no qual todo conhecimento vem da experiência.
§  A Psicologia Subjetivista, calcada no substrato psíquico, entende que todo conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo a importância do sujeito sobre o objeto.

A partir dessas teorias Piaget elabora o conceito de EPIGÊNESE argumentando que o “conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos, nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas.”(Piaget, 1976 apud Freitas 2000:64).

processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente.

Os conceitos acima, demonstram que há uma relação de interdependência entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.

Processo de Equilibração: a marcha do organismo em busca do pensamento lógico.

·       Preocupação da teoria de Piaget: desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem, desde o início de sua vida até a idade adulta.

·       Busca compreender os mecanismos de constituição do pensamento lógico.

·   Sustenta que a gênese do conhecimento está no próprio sujeito e que o pensamento lógico é constituído pela interação homem-objeto, logo, tanto a experiência sensorial quanto o raciocínio são resultantes do processo de constituição da inteligência ou do pensamento lógico do homem.

·    Está implícito no pensamento de Piaget, que o homem tem uma estrutura biológica que assegura desenvolver o mental, mas esse fato por si só, não assegura o desencadeamento de fatores necessários ao desenvolvimento, já que isso só acontece a partir da interação do sujeito com o objeto e o meio. 

      Logo o processamento do pensamento lógico de Piaget demanda um processo interno de reflexão.

·   Parte do pressuposto de que existe uma conjuntura de relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer, que estão relacionados aos seguintes fatores:

o   Processo de maturação do organismo
o   Experiência com os objetos
o   Vivência social
o   Equilibração do organismo ao meio.

EQUILIBRAÇÃO para PIAGET é um fenômeno que tem em sua essência, um caráter universal, já que é de igual ocorrência para todos os indivíduos da espécie humana, mas que pode sofrer variações em função dos conteúdos culturais do meio em que o indivíduo está inserido.

Para isso, Piaget leva em conta dois elementos básicos:

·       Os fatores Invariantes :
o    ao nascer o indivíduo recebe uma série de estruturas biológicas- sensórias e neurológicas,  que permanecem constantes ao longo da vida, e que vão pré-dispor o surgimento de certas estruturas mentais.
o   O indivíduo carrega duas marcas inatas:
§  Tendência a Organização
§  Tendência a Adaptação
·       Os fatores variantes:
o   São representados pelo conceito de ESQUEMA que constitui a unidade básica de pensamento e ação estrutural, sendo um elemento que se transforma no processo de interação com o meio.
o   Essa interação com o meio corresponde a adaptação do indivíduo ao real que o circunda.
o   Essa teoria psicogenética mostra que a inteligência não é herdade, mas sim que ela é construída no processo interativo entre o homem e o meio ambiente (físico e social) em que ele estiver inserido.

O EQUILÍBRIO para Piaget (EQUILIBRAÇÃO)

§  É o norte que o organismo almeja, mas que nunca alcança, em virtude dos desajustes que essa interação do sujeito com o meio pode ocasionar, demandando esforços para restabelecer o estado de equilíbrio do organismo.

§  Essa busca pelo equilíbrio envolve dois mecanismos distintos, mas que se complementam:

·       ASSIMILAÇÃO : (É DESEQUILÍBRIO)
o    Tentativa contínua do indivíduo em solucionar uma determinada situação a partir da estrutura cognitiva que ele possui naquele momento específico de sua existência.
o   Ao entrar em contato com o objeto do conhecimento o indivíduo busca retirar dele as informações que lhe interessam, deixando as que não são tão importantes, sempre visando restabelecer o equilíbrio.

·       ACOMODAÇÃO : (É ADAPTAÇÃO)
o    capacidade de modificação da estrutura mental antiga para dar conta de dominar um novo objeto do conhecimento.
o   Representa o momento da ação do objeto sobre o sujeito, como elemento complementar na interação homem-objeto.

§  Toda experiência é ASSIMILADA a uma estrutura de ideias já existentes (ESQUEMAS) podendo provocar uma transformação nesses esquemas, ou seja, gErando um processo de ACOMODAÇÃO.

§  Os processos de ASSIMILAÇÃO e  ACOMODAÇÃO são complementares, estão presentes em toda a vida e permitem um estado de  adaptação intelectual.

EQUILIBRAÇÃO para PIAGET corresponde a um mecanismo de organização de estruturas cognitivas em um sistema coerente que visa a levar o indivíduo a construção de uma forma de adaptação à realidade, no sentido de resolver os conflitos cognitivos.

O mundo da cognição é um mundo inferencial, ou seja, para avançar no desenvolvimento é preciso que o ambiente promova condições para transformações cognitivas, é necessário que se estabeleça um esforço cognitivo que demande um esforço do indivíduo para superá-lo a fim de que o equilíbrio do organismo seja restabelecido.

Para Piaget, os modos de relacionamento com a realidade são divididos em 4 períodos, chamados de estágios, que se caracterizam por formas diferentes de organização mental que possibilita diferentes maneiras do indivíduo se relacionar com a realidade que o rodeia:

·       1º período – sensório-motor ( 0 a 2 anos)

o   A criança nasce em um universo caótico, habitado por objetos que desapareceriam quando não estão no campo de sua percepção.
o   Suas funções mentais se resumem aos reflexos inatos.
o   Percebe o mundo a partir dos órgãos sensórias, mediante a percepção e os movimentos. (Ex: Sucção, movimento dos olhos, etc)
o   A criança vai aperfeiçoando os movimentos reflexos e adquirindo habilidades chegando a final do período sensório-motor já se concebendo dentro de um cosmo com objetos, tempo espaço, causalidade objetivados e solidários, na qual se situa a mesma, como um objeto específico.
o   A inteligência antecede à linguagem.

·       2º período – pré-operatório (2 a 7 anos)

o   Marca a passagem do período sensório-motor para o pré-operatório
o   Aparecimento da função simbólica ou semiótica – linguagem.
o   A linguagem surge após a inteligência, portanto, não se pode atribuir à linguagem a origem lógica, que constitui o núcleo do pensamento racional.
o   A linguagem é necessária, mas não é suficiente par o desenvolvimento humano.
o   Para desenvolver a linguagem, depende do desenvolvimento da inteligência.
o   A linguagem acarreta importantes modificações nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança.
o   A linguagem oferece a capacidade de trabalhar com representações para atribuir significados à realidade. Quanto mais houver interação maior será o desenvolvimento.
o   Criança se caracteriza pelo EGOCENTRISMO, pois só concebe a realidade da qual faz parte, porém, apresentar a capacidade de atuar de forma lógica e coerente em função dos esquemas sensórios-motores adquiridos na fase anterior.

·       3º período – operatório-concreto ( 7 a 11 ou 12 anos)

 o   O egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista do outro) da fase anterior, dá lugar à necessidade de estabelecer relações e coordenar pontos de vist diferentes dele mesmo ou de outras pessoas, integrando-os de modo lógico e coerente.
o   Aparece a capacidade de interiorização das ações, ou seja, começa a realizar operações mentalmente, e não mais através de ações físicas da inteligência sensório-motor.
o   Seus esquemas conceituais e as ações executadas mentalmente se referem, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta.

·       4º período – Operações formais ( 12 anos em diante)

o   Consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que já é capaz de elaborar esquemas conceituais abstratos e através deles realizar operações mentais, dentro dos princípios da lógica formal.
o   Adquire a capacidade de criticar sistemas socias e propor novos códigos de conduta.
o   Discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios valores-autonomia.
o   O indivíduo atinge sua forma final de equilíbrio, ele alcançará o padrão intelectual que seguirá por toda a vida. Será sua forma predominante de raciocinar. O desenvolvimento posterior será a ampliação de conhecimentos. Não adquire mais, novos modos de funcionamento mental, o que é questionável por atuais pesquisadores.

Para Piaget o desenvolvimento moral também acontece em etapas, de acordo com os estágios do desenvolvimento humano.” A moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o individuo adquire por estas regras.”

Para Piaget o desenvolvimento da moral abrange 3 fases:

·       ANOMIA (crianças até 5 anos) – a moral não se coloca, ou seja, as regras são seguidas, porém, o indivíduo ainda não está mobilizado para a relação bem-mal, mas pelo hábito, de dever.

·       HETERONOMIA (crianças de 9 e 10 anos de idade) – a moral é tida como autoridade, ou seja, regras não correspondem a um acordo mútuo firmado entre as partes, mas algo imposto pela tradição, e portanto, imutável.

·       AUTONOMIA (de 11 anos em diante) – último estágio em que há a legitimidade das regras e a criança pensa a moral pela reciprocidade. Respeita as regras em função de acordos mútuos.
Para Piaget, a moral implica pensar o raciocínio em 3 dimensões:
  •        REGRAS  - formulações verbais concretas, explícitas.
  •       PRINCÍPIOS – representam o espírito das regras
  •       VALORES – dão respostas aos deveres e aos sentidos da vida.
As relações interindividuais, envolvem relações de coação, que corresponde à noção de dever, e noções de cooperação que pressupõe a noção de articulação ocorridas na relação.

      Contribuições da Teoria psicogenética do Desenvolvimento de Piaget para a Educação:
  •    Possibilidade de estabelecer objetivos educacionais, a partir dos parâmetros dos estágios definidos.
  •        Os erros passar a ser vistos como estratégias de aprendizagem.
  •        Lança a luz à questão dos diferentes estilos individuais de aprendizagem.