O Marxismo
Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Interpreta a vida social conforme a dinâmica da luta de classes e prevê a transformação das sociedades de acordo com as leis do desenvolvimento histórico de seu sistema produtivo.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do Século XX desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos.
Tornou-se base para as doutrinas oficiais utilizadas nos países socialistas, segundo os autores dessas doutrinas. No entanto, o marxismo ultrapassou as ideias dos seus precursores, se tornando uma corrente política-teórica que abrange uma ampla gama de pensadores e militantes, nem sempre coincidentes e assumindo posições teóricas e políticas às vezes antagônicas tornando-se necessário observar as diversas definições de marxismo e suas diversas tendências, especialmente a social democracia o bolchevismo e o comunismo de conselhos
1- Origem
Os pontos de partida do marxismo são a análise dialética proposta por Hegel, a Filosofia materialista de Ludwig Feuerbach, além da análise crítica às ideias e experiências dos socialistas utópicos franceses e às teorias econômicas dos britânicos Adam Smith e David Ricardo.
O dois elementos principais do marxismo são :
- Materialismo dialético para o qual a natureza, a vida e a consciência se constituem de matéria em movimento e evolução permanente.
- Materialismo histórico para o qual o modo de produção é a base determinante dos fenômenos históricos e sociais, inclusive as instituições jurídicas e políticas, a moralidade, a religião e as artes.
A humanidade tem três características fundamentais: O homem é sobretudo razão, depois vontade e enfim sentimento. Daí a religião projeta tais características: O Pai (razão), o Filho (vontade) e o Espírito Santo(sentimento). O Deus Judaico equivale à alienação dos dois primeiros caráteres. Cristo equivale à alienação do terceiro. O homem estava quase se convencendo de que Deus era o Homem, todavia a fé o portou de volta à situação religiosa. O homem por sua fraqueza não admite suas falhas, deposita-as em um "outro". O Homem é aquilo que come. A situação material em que o homem vive é que o cria.
Feuerbach nega o conceito de que exista primeiro a ideia e depois a matéria. Para ele a maçã real precede a ideia da maçã. Afirma que deveríamos entender Hegel de cabeça para baixo. Para Feuerbach, Hegel descreve o homem de ponta-cabeça .
Materialismo histórico: é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx malgrado ele próprio nunca tenha empregado essa expressão. O materialismo histórico na qualidade de sistema explanatório foi expandido e refinada por milhares de estudos acadêmicos desde a morte de Marx.
Hegel (1770 – 1831)
Introduziu um sistema para compreender a história da filosofia e do Mundo mesmo, chamado geralmente Dialética: uma progressão na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior.Por exemplo, a Revolução Francesa constitui, para Hegel, a introdução da verdadeira liberdade às sociedades ocidentais pela primeira vez na história escrita. No entanto, precisamente por sua novidade absoluta, é também absolutamente radical: por um lado, o aumento abrupto da violência que fez falta para realizar a revolução não pode deixar de ser o que é, e, por outro lado, já consumiu seu oponente. A revolução, por conseguinte, já não pode voltar-se para nada além de seu resultado: a liberdade conquistada com tantas penúrias é consumida por um brutal Reinado do Terror.
A história, não obstante, progride aprendendo com seus erros: somente depois desta experiência, e precisamente por causa dela, pode se postular a existência de um Estado constitucional de cidadãos livres, que consagra tanto o poder organizador benévolo (supostamente) do governo racional e os ideais revolucionários da liberdade e da igualdade. De todo modo, a dialética é uma das muitas partes do sistema hegeliano objeto de má compreensão ao longo do tempo. Possivelmente, uma das razões para tal compreensão se deve ao fato de que, para Hegel, é preciso abandonar a ideia de que a contradição produz um objeto vazio de conteúdo. Ou seja, Hegel dá dignidade ontológica para a contradição, bem como para o negativo. Por outro lado, Hegel não queria com isso dizer que absurdos como, por exemplo, pensar um quadrado redondo fossem possíveis.
Talvez um melhor exemplo da dignidade ontológica da contradição é pensarmos nos conceitos aristotélicos de potência e ato (um ser que é ao mesmo tempo potência e ato) ou então na concepção dos objetos como uno e múltiplos ao mesmo tempo.
A análise dialética propõe um modo de confrontação com o real (práxis) considerando a sociedade como uma virtualidade contraditória permanente. E a análise dialética com sua lógica contribui para que se compreenda as contradições deste processo, desvelando-as (Lefebvre, 1947, p.XXXIX).
As relações local-global se transversalizam, são contraditórias, apresentam tensões e favorecem a criação renovada da política e de novos direitos.
O lugar, produção histórica, nos possibilita a ideia de um tempo histórico fabricado pelo homem. Neste tempo, o global assume uma forma empírica, concreta (Santos,1998). Podemos falar de uma localização do global no lugar, espaço-tempo de devires que impõe um exame renovado sobre o que hoje se denomina global. Por outro lado, o lugar como espaço-tempo da indispensável solidariedade e cooperação, o é também das contradições. materialismo histórico demonstra que, desde as sociedades mais remotas até a atual, existe a exploração do homem pelo homem como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos.
Durante o feudalismo eram os servos os oprimidos pelos senhores, no capitalismo é a classe operária pela burguesia. A teoria marxista desenvolve-se em quatro níveis de análise: filosófico, econômico, político e sociológico em torno da ideia central de mudança.
Em suas Thesen über Feuerbach (1845, publicadas em 1888; Teses sobre Feuerbach), Marx escreveu: "Até o momento, os filósofos apenas interpretaram o mundo; o fundamental agora é transformá-lo."
Para transformar o mundo é necessário vincular o pensamento à prática revolucionária. Interpretada por diversos seguidores, a teoria tornou-se uma ideologia que se estendeu a regiões de todo o mundo e foi acrescida de características nacionais.
A Sociologia em Émile Durkheim
Durkheim nasceu em Epinal Departamento de Vosges, que fica exatamente entre a Alsácia e a Lorena, a 15 de abril de 1858. Morreu em 1917.Sua posição no desenvolvimento da Sociologia : Em artigo publicado em 1900 na Revue Bleue (“La Sociologie en France ao XIXe siècle”), defende a tese de que a Sociologia é “uma ciência essencialmente francesa” (DURKHEIM, 1970: p. 111), dado seu nascimento com Augusto Comte. Mas, morto o mestre, a atividade intelectual sociológica de seus discípulos foi sobrepujada pelas preocupações políticas. E a Sociologia imobilizou-se durante toda uma geração na França.
Partindo da afirmação de que “Os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura.
Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).
Durkheim formou-se em Filosofia, porém sua obra inteira é dedicada à Sociologia. Seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma "Consciência Coletiva". Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "Socialização” A consciência coletiva seria então formada durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo que habita nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse "tudo" ele chamou de "Fatos Sociais", e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
Nem tudo que uma pessoa faz é um Fato Social, para ser um fato social tem de atender a três características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam ou fazem independente de suas vontades individuais, é um comportamento estabelecido pela sociedade. Não é algo que seja imposto especificamente a alguém, é algo que já estava lá antes e que continua depois e que não dá margem a escolhas.
O mérito de Durkheim aumenta ainda mais quando publica seu livro "As regras do método sociológico", onde define uma metodologia de estudo, que embora sendo em boa parte extraída das ciências naturais dá seriedade à nova ciência. Era necessário revelar as leis que regem o comportamento social, ou seja, o que comanda os fatos sociais. ele concluiu que os fatos sociais atingem toda a sociedade, o que só é possível se admitirmos que a sociedade é um todo integrado.
Se tudo na sociedade está interligado, qualquer alteração afeta toda a sociedade, o que quer dizer que se algo não vai bem em algum setor da sociedade, toda ela sentirá o efeito. Partindo deste raciocínio ele desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituição social e anomia.
A instituição social é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam.
As instituições são, portanto, conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, policia, ou qualquer outra, elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da Ordem. A Anomia Basta uma rápida observação do contexto histórico do século XIX, para se perceber que as instituições sociais se encontravam enfraquecidas.
Havia muito questionamento, valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condições miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados. Ora, numa sociedade integrada essa gente não podia ser ignorada, de uma forma ou de outra, toda a sociedade estava ou iria sofrer as conseqüências.
Aos problemas que ele observou, ele considerou como patologia social, e chamou aquela sociedade doente de "Anomana". A anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio para isso.
O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade. Na tentativa de "curar" a sociedade da anomia, Durkheim escreve "Da divisão do trabalho social", Ele descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgânica entre os membros da sociedade.
A solução estaria em, seguindo o exemplo de um Organismo Biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho, ele será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a necessidade de se manter coeso e solidário aos outros.
O importante para ele é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.
- Principais Obras Da divisão do Trabalho social, 1893;
- Regras do Método sociológico, 1895;
- O Suicídio, 1897;
- As formas elementares da vida religiosa 1912;
A sociologia de Max Weber
Um dos conceitos chaves da obra de Weber é a ação A ação é um comportamento humano no qual os indivíduos se relacionam de maneira subjetiva. Ação social, característica por ser uma ação que possui um sentido visado e é determinado pelo comportamento alheio.A análise da teoria weberiana como ciência tem como ponto de partida a distinção entre quatro tipos de ação (que são sociais): A ação racional com relação a um objetivo: É determinada por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens e utiliza essas expectativas como condições ou meios para alcance de fins próprios racionalmente avaliados e perseguidos. É uma ação concreta que tem um fim especifico, por exemplo: o engenheiro que constrói uma ponte. ação racional com relação a um valor é aquela definida pela crença consciente no valor - interpretável como ético, estético, religioso ou qualquer outra forma - absoluto de uma determinada conduta.
O ator age racionalmente aceitando todos os riscos, não para obter um resultado exterior, mas para permanecer fiel a sua honra, qual seja, à sua crença consciente no valor, por exemplo, um capitão que afunda com o seu navio.
A ação afetiva é aquela ditada pelo estado de consciência ou humor do sujeito, é definida por uma reação emocional do ator em determinadas circunstâncias e não em relação a um objetivo ou a um sistema de valor, por exemplo, a mãe quando bate em seu filho por se comportar mal. ação tradicional é aquela ditada pelos hábitos, costumes, crenças transformadas numa segunda natureza, para agir conforme a tradição o ator não precisa conceber um objeto, ou um valor nem ser impelido por uma emoção, obedece a reflexos adquiridos pela prática.
Tanto a ação afetiva quanto a tradicional produzem relação entre pessoas (relações pessoais), são coletivas, comunitárias, nos dão noção de comunhão e conceito de comunidade. Observe-se que...na concepção de Durkheim, a comunidade é anterior a sociedade, ou melhor, a comunidade se transforma em sociedade.
Já para Weber comunidade e sociedade coexistem. A comunidade existe no interior da sociedade, como por exemplo, a família (comunidade) que existe dentro da sociedade. Ação social é o comportamento humano, ou seja, uma atitude interior ou exterior voltada para ação ou abstenção. Esse comportamento só é ação social quando o ator atribui a sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras pessoas.
Para Weber a Sociologia é uma ciência que procura compreender a ação social. Por isso, considerava o indivíduo e suas ações como ponto chave da investigação evidenciando o que para ele era o ponto de partida para a Sociologia, a compreensão e a percepção do sentido que a pessoa atribui à sua conduta.
O principal objetivo de Weber é compreender o sentido que cada pessoa dá a sua conduta e perceber assim a sua estrutura inteligível e não a análise das instituições sociais como dizia Durkheim.
Weber propõe que se deve compreender, interpretar e explicar respectivamente, o significado, a organização e o sentido e evidenciar irregularidade das condutas. Com este pensamento, não possuía a ideia de negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais, dando importância à necessidade de entender as intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam essas situações sociais. Ou seja, a sua ideia é que no domínio dos fenômenos naturais só se podem aprender as regularidades observadas por meio de proposições de forma e natureza matemática. É preciso explicar os fenômenos por meio de proposições confirmadas pela experiência, para poder ter o sentimento e compreendê-las.
Na concepção dos autores Weber e Durkheim há uma separação entre ciência e ideologia. Para Weber também há uma separação entre política e ciência, pois a esfera da política é irracional, influenciada pela paixão e a esfera da ciência é racional, imparcial e neutra. O homem político apaixona-se, luta, tem um princípio de responsabilidade, de pensar as conseqüências dos atos. O político entende por direção do Estado, correlação de força, capacidade de impor sua vontade a demais pessoas e grupos políticos. É luta pelo poder dentro do Estado. Já o cientista deve ser neutro, amante da verdade e do conhecimento científicos, não deve emitir opiniões e sim pensar segundo os padrões científicos, deve fazer ciência por vocação. Se o cientista apaixonar-se pelo objeto de sua investigação não será nem imparcial nem objetivo. Para Durkheim política é a relação entre governantes e governados.
A sociologia de Max Weber se inspira em uma filosofia existencialista que propõe uma dupla negação. Nega Durkheim quando afirma que nenhuma ciência poderá dizer ao homem como deve viver, ou ensinar às sociedades como se devem organizar. Mas também nega Marx quando diz que nenhuma ciência poderá indicar à humanidade qual é o seu futuro.
A ciência weberiana se define como um esforço destinado a compreender e a explicar os valores aos quais os homens aderiram, e as obras que construíram. Ele considera a Sociologia como uma ciência da conduta humana, na medida em que essa conduta é social. Weber concebia que o desenvolvimento do capitalismo devia-se em grande parte à acumulação de capital a partir da Idade Média. Mas os pioneiros desse capitalismo pertenciam a seitas puritanas e em função disso levavam a vida pessoal e familiar com bastante rigidez.
As convicções religiosas desses puritanos os levavam a crer que o êxito econômico era como uma bênção de Deus. Aquele definia o capitalismo pela existência de empresas cujo objetivo é produzir o maior lucro possível, e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. É a união do desejo do lucro e da disciplina racional que constitui historicamente o capitalismo.
Para Weber o objeto de estudo da sociologia é a ação humana tendo sentido. Sentido esse que deve ser percebido pelo grupo que o indivíduo se encontra.
Síntese do professor Antonio José de Figueiredo Pinho
Referências bibliográficas:[Durkheim, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2002. Aron, R. As etapas do pensamento sociológico. (págs: 297 a 369) Goldman, L. Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Ed. Difel. 1968 (págs: 27 a 70) Martins, J. de S. Ideologia e sociedade. Rio, 1930 (págs: 23 a 45). Costa,Cristina Sociologia. 2. ed. São Paulo : Moderna, 1997
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