Crises e desastres: a resposta psicológica diante do luto

  •  Em resposta ao aumento da frequência de situações críticas, como desastres ou emergências, juntamente com a celeridade da informação, a Psicologia contribuiu ao construir uma abordagem adequada e necessária para essa demanda.
  • crise um período de desequilíbrio psicológico, resultante de evento ou situação que constitui um problema insolúvel com as estratégias de enfrentamento conhecidas.
  • o objetivo de intervenção em crise é resolver os problemas que exercem maior pressão, em um período reduzido e com uso de intervenção direta e focalizada, para que os atingidos possam desenvolver novas estratégias adaptativas.
  •  enfrentamento do luto desencadeado por desastres, que tem contornos definidos e necessita suporte psicossocial aos afetados, não apenas nos momentos iniciais.
  • A agilidade dos meios de comunicação e a quase onipresença da informação, aliadas ao sofrimento humano presente em diferentes escalas, fazem com que as pessoas se sintam participantes e, muitas vezes, também atingidos.
A Psicologia...
  • tem contribuído nessas situações, de maneiras desafiadoras e corajosas.
  • Uma experiência foi desenvolvida pelos psicólogos do Grupo IPE – Intervenções Psicológicas em Emergências, fundado em 2001 em São Paulo.  Responde pela ação em crises e emergências do 4 Estações Instituto de Psicologia, especializado em educação e saúde para assuntos relativos a perdas e luto e teve oportunidade de atuar em diversas emergência.
Definições...
  • Roberts1 considera crise um período de desequilíbrio psicológico, resultante de um evento ou situação que constitui um problema de tal ordem que não pode ser solucionado com as estratégias de enfrentamento conhecidas.
  •  o objetivo de uma intervenção em crise é resolver os problemas que exercem maior pressão, em um período de uma a doze semanas, com uso de intervenção direta e focalizada, para que o cliente possa desenvolver novas estratégias adaptativas.
  • A OMS  ressalta a necessidade de planejamento e preparo para enfrentar crises e desastres, mesmo considerando que as situações não se repetem da mesma maneira.
 A OMS fundamenta sua ação nas seguintes definições.

"Crise: evento ou série de eventos que representam uma ameaça extrema à saúde, segurança ou ao bem-estar de uma comunidade, geralmente atingindo uma área extensa. Conflitos armados, epidemias, fome, desastres naturais, emergências ambientais e outros eventos danosos de grande monta podem envolver ou levar a uma crise humanitária."

"Desastre: a) uma ruptura séria no funcionamento de uma comunidade ou sociedade, causando extensas perdas humanas, materiais, econômicas ou ambientais que excedem a habilidade dos afetados em utilizar seus recursos de enfrentamento. Um desastre ocorre como resultado de um processo de risco, pela combinação de situações de perigo, condições de vulnerabilidade e capacidade insuficiente para reduzir as consequências negativas desse risco; b) uma ocorrência que cause dano, transtorno ecológico, perda de vida humana ou deterioração da saúde e dos serviços de saúde em uma escala suficiente para contar com ajuda externa à comunidade atingida."

"Emergência: ocorrência súbita que demande ação imediata, devido a epidemia, catástrofes naturais ou tecnológicas ou causadas pelo ser humano."

"Perigo: qualquer fenômeno com potencial para causar interrupção ou transtornos às pessoas ou ao seu ambiente."

"Risco: probabilidade de consequências danosas ou de perdas (por mortes, ferimentos, perdas de propriedade, dos meios de produção, danos ambientais, interrupção da atividade econômica) resultantes de interação entre perigos naturais ou induzidos pelo ser humano e a condição de vulnerabilidade."

"Vulnerabilidade: a) condições determinadas Crises e desastres: a resposta psicológica diante do luto por fatores ou processos físicos, sociais, econômicos e ambientais que aumentam a susceptibilidade de uma comunidade ao impacto dos riscos; b) o grau pelo qual uma população ou individuo é incapaz de antecipar, enfrentar resistir e se recuperar do impacto de um desastre."

Ações...
  • Nas diversas situações de resposta a emergências, alguns aspectos devem ser ressaltados para reflexão. 
  • Hodgkinson, Stewart5 destacaram a importância do preparo técnico no atendimento do pós-desastre, de acordo com suas especificidades.
  • Os membros do Grupo IPE têm um protocolo de ação pautado por posições éticas e técnicas e são sistematicamente treinados no desenvolvimento de suas habilidades. 
Luto por Desastres...
  • O luto está entre as emoções mais poderosas que o ser humano pode viver. 
  • Ninguém permanece o mesmo após viver um luto, e essa transformação é ampla e profunda, muito mais do que uma experiência dolorosa em uma dada medida normal e suportável.
  •  Atendimentos grupais ou individuais podem ser efetuados, desde que se tenha clareza do que mantém o grupo e do que se coloca como individual.
  • o luto desencadeado por desastres tem consequências específicas, a partir da sua natureza.
  • cabe destacar a dificuldade em localizar, identificar corpos, para que os rituais da cultura sejam realizados e permitam uma finalização, não do processo do luto, mas da ambiguidade da perda.
  • a ausência de suporte imediato ocasionou grandes complicadores no processo de luto.
  • trabalhar com pessoas enlutadas requer a clareza de identificar em que aspectos o mundo presumido mudou, com o que a pessoa pode contar para efetivar essa mudança e construir para si um novo significado.
  •  Ser vitimado por um desastre e, como consequência, enlutar-se coloca em questão muitas crenças básicas, necessárias para garantir a segurança da pessoa, como a estabilidade do mundo.
  •  o trabalho com populações que enfrentaram crises ou desastres aproxima o psicólogo da necessidade, quase imposição, de desenvolver uma consciência para o impacto que seu trabalho tem diante do sofrimento humano, em larga escala nos casos de mortes em massa, ou em escala reduzida, mas não menos importante, nos casos de luto por uma pessoa significativa, ou por uma identidade, ou por um precioso senso de pertencer a uma comunidade.
REFERÊNCIAS
Crises e desastres: a resposta psicológica diante do luto. Maria Helena Pereira Franco*

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