JEAN
PIAGET ( 1896-1980)
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Seus influenciadores
foram Roussou e Jung.
Pensou em desenvolvimento sob a perspectiva
de investigar como surge e evolui o conhecimento. Estudou o desenvolvimento
cognitivo, ou seja, todas as atividades
mentais associadas a PENSAR, CONHECER, LEMBRAR e COMUNICAR.
Começou a pesquisar
em 1920, a partir da observação de que todas as crianças na mesma idade,
davam respostas igualmente erradas. É a partir daí que Piaget constata a
existência da inteligência.
Descobriu que a
mente das crianças não era igual a de um adulto em miniatura, compreendendo
que as crianças raciocinam de forma diferente, sem lógica, diferentemente dos
adultos.
Devido à sua
formação em Biologia, considerou impossível separar o desenvolvimento
orgânico do processo de desenvolvimento psicológico. Daí o seu interesse pela
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA, em que Piaget desenvolveu uma definição em ESTÁGIOS
DEFINITIVOS, em que todos os seres humanos passam e evoluem numa mesma
sequência.
A mente das crianças
se desenvolve em ESTÁGIOS, em marcha ascendente, que vai desde o
reflexo-simples do recém-nascido ao raciocínio abstrato do adulto.
Os estágios servem
de parâmetro para compreender as fases de desenvolvimento do ser humano,
porém, entende-se que cada crianças tem seu próprio tempo para se
desenvolver, não sendo exatos os estágios.
Não se pode exigir
que uma pessoa resolva problemas sem que ela tenha desenvolvido as estruturas
cognitivas necessárias para isso.
Além da maturação
neurofisiológica, e do crescimento orgânico do corpo, também influenciam
nesse processo, a carga genética hereditária que determina o potencial do
individual e o meio, com as diferentes influências e estímulos que age sobre
a criança.
Os Estágios do
Desenvolvimento de Piaget são:
1)ESTÁGIO PERCEPTO
OU SENSÓRIO-MOTOR (0 À 2 ANOS)
É o trabalho mental no qual se estabelece relações entre as ações e as
modificações que elas provocam no ambiente físico; exercício de reflexo;
manipulação do mundo por meio da ação. Ao final, constância e permanência do
objeto.
Os bebês entendem o mundo a partir dos SENTIDOS e AÇÕES ( Olhando, ouvindo, tocando,
agarrando e pondo objetos na boca)
Suas funções mentais se resumem a reflexos-inatos.
Vivem no mundo presente, o que está longe dos olhos está longe da
mente. Só tem consciência sobre aquilo que pode ser.
As crianças são EGOCÊNCTRICAS, só percebe as coisas do ponto de vista
de seu próprio mundo. Não percebe as coisas do ponto de vista das outras
pessoas.
Utiliza o raciocínio intuitivo em vez de raciocínio lógico.
No final desse estágio, as crianças começam a desenvolver o pensamento
representativo, que é a representação dos objetos em relação a ela. Seus movimentos reflexos vão se
aperfeiçoando, adquirindo novas habilidades e se concebendo num cosmo, com
objetos, tempo, espaço.
Piaget conclui que a INTELIGÊNCIA antecede a LINGUAGEM.
PERMANÊNCIA DO OBJETO é a experiência cognitiva que indica a ausência
ou inexistência de um objeto, que sai do alcance da visão de uma criança, no
estágio sensório-motor. Nesse caso a criança ainda não conquistou essa
habilidade para saber que o objeto que não está ao alcance de sua visão,
existe.
2) ESTÁGIO
PRÉ-OPERACIONAL (2 A 6 ou 7 ANOS)
Desenvolvimento da
capacidade simbólica (símbolos mentais; imagens e palavras que representam objetos
ausentes; explosão linguística; característica do pensamento ( egocentrismo,
intuição e variância) pensamento.
A criança ainda é
egocêntrica, passando a interagir com o meio e as pessoas.
Desenvolve a
capacidade de representar coisas com palavras e imagens, porém, ainda não realizam
operações mentais. Surge a linguagem após a inteligência.
A linguagem é necessária,
mas não é suficiente para o desenvolvimento humano, porém, para desenvolver a
linguagem depende do desenvolvimento da inteligência. A linguagem acarreta
importantes modificações nos aspectos cognitivos afetivos e sociais da
criança. É através da linguagem que é possível trabalhar com representações
para atribuir significado à realidade, já que ainda brincam de faz de conta.
Não possui o
conceito de CONSERVAÇÃO, princípio de que a quantidade permanece a mesma,
apesar de mudar a forma.
3) ESTÁGIO DAS OPERAÇÕES CONCRETAS ( 7 A 11 ANOS)
Capacidade de ação
interna: operação. Características da operação; reversibilidade e invariância-conservação
(quantidade, constância, peso, volume); descentração, capacidade de seriação
e classificação.
Ao receber materiais concretos (físicos) elas começam a compreender a
CONSERVAÇÃO, princípio de que a quantidade permanece a mesma apesar de mudar
de forma.
Adquirem total capacidade para entender as transformações matemáticas e
a conservação. A partir dos 8 anos de idade já consegue reverter operações
aritméticas simples responder rapidamente
que 2 +4 =6 e que 6-2=4. Adquire o
pensamento lógico, conseguindo fazer analogias. Começa a fazer operações
mentalmente, e não mais operações físicas da inteligência sensório motor e
pré-operacional.
Permanece o egocentrismo intelectual e socia, ou seja, a criança ainda
é incapaz de se colocar no lugar do outro.
Adquire a capacidade de interiorização das ações.
4) ESTÁGIO DAS
OPERAÇÕES FORMAIS (12 anos em diante.)
A operação se realiza através da linguagem (conceitos). O raciocínio pe
hipotético-dedutivo ( levantamento de hipóteses; realização de deduções).
Essa capacidade de sair-se bem, com as palavras e essa independência em
realizações.
Adquirem a
capacidade de resolver proposições hipotéticas e deduzir consequências. (Se
isso, então aquilo).
O raciocínio se
expande do puramente concreto (experiência real) para o raciocínio abstrato,
envolvendo realidades e símbolos imaginados.
Adquire o raciocínio
sistemático, pensamento operacional formal, a lógica abstrata, e com isso, a
capacidade dee criticar sistemas sociais e propor novos códigos de conduta.
Discute valores
morais com os pais e constroem seus próprios valores.
Atinge sua forma final de equilíbrio, alcançando um padrão intelectual que seguirá por toda a vida, sua forma predominante de raciocinar. Potencial para o raciocínio moral maduro. O desenvolvimento posterior será a ampliação de conhecimentos.
Piaget descobriu que
a APRENDIZAGEM ou COGNIÇÃO começa no desequilíbrio entre o sujeito e o novo
objeto. Para compreender isso, entendeu que o desenvolvimento cognitivo
acontece por meio de três princípios
ou conceitos inter-relacionados, que operam em todos os estágios de desenvolvimento
e afetam as interações com o ambiente, que são: ASSIMILAÇÃO + ACOMODAÇÃO =
EQUILIBRAÇÃO.
1.
ASSIMILANÇAO –
incorporação do novo às ideias já existentes. Assimilamos novas experiências
a partir dos termos e das compreensões que já possuímos. Esses termos são os esquemas ou estruturas
cognitivas, que são considerados simples com as novas aprendizagens, e mais
complexos quando se vai incorporando novas informações sobre os esquemas ou
estruturas cognitivas já existentes.
2.
ACOMODAÇÃO –
modificações dos esquemas anteriormente estabelecidos na assimilação,
formando esquemas ou estruturas
cognitivas mais complexas, para lidar com essas novas informações. A
partir da interação com o mundo em que vivemos, vamos incorporando,
assimilando novas experiências e, elaborando melhor, os esquemas já
existentes, ou seja, acomodando esquemas mais complexos. São mudanças numa
estrutura cognitiva já existente, para incluir novas informações.
3.
EQUILIBRAÇÃO - é
promovida a partir da relação entre assimilação e acomodação numa constante
adaptação às imposições do ambiente, porque a aprendizagem é provocada pela
necessidade. Esse fenômeno tem um caráter universal, já que é de igual
ocorrência para todos os indivíduos da especie humana, mas que pode sofrer
variações em função do meio em que vive. É ainda, uma tendência em procurar
um equilíbrio estável, entre os elementos cognitivos obtidos por meio do
equilíbrio entre assimilação e acomodação.
Piaget leva em
conta, dois elementos básicos:
1.
FATORES INVARIANTES
– ao nascer o indivíduo recebe uma série de estruturas biológicas, sensórias
e neurológicas, que permanecem constantes ao longo da vida, que vão predispor
o surgimento de novas estruturas. Para Piaget, o indivíduo carrega duas
marcas inatas: a tendência a organização e a tendência a adaptação.
2.
FATORES VARIANTES –
são representados pelos conceitos de ESQUEMAS, que constitui a unidade básica
do pensamento e ação estruturada, onde o elemento se transforma no processo
de interação com o meio.
· ESQUEMAS são os padrões organizados de comportamentos e pensamentos
utilizados em diferentes situações. É o conceito ou estrutura que organiza e
interpreta informações.
Piaget defendeu a
ESCOLA ATIVA, na qual cada pessoa constrói o próprio conhecimento. O aluno
deixa de ser o sujeito passivo que apenas recebe a informação, e passa a ser
o SUJEITO ATIVO, o qual através de suas próprias tentativas, elaboram o
pensamento próprio, tendo a educação orientada para a AUTONOMIA. As crianças
são vistas como individuais, já que constroem o conhecimento através de suas
ações no mundo. (Construtivismo).
Sobre as relações
entre APRENDIZAGEM e DESENVOLVIMENTO, Piaget diz que o processo de
aprendizagem estimula e “empurra” o processo de aturação, ou seja, facilita o
desenvolvimento geral do indivíduo. Para ele, o desenvolvimento se adianta ao
aprendizado, sendo, portanto, uma pré-condição para que este se realize (Ou
seja, só se aprende quando se desenvolve). O aprendizado adequado, desperta
processos internos de desenvolvimento, pondo em movimento vários processos já
existentes, que de outra forma, não teriam ocorrido.
O desenvolvimento
cognitivo envolve mudança de qualidade e de quantidade dos pensamentos. A
força motriz para o progresso intelectual é a luta incansável do sujeito para
dar sentido às próprias experiências.
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LEV VYGOTSKY ( 1896-1934) Bielorrússia
Escreveu sua teoria no contexto
da Revolução Russa.
Sofreu grande influência do
Marxismo
Ganhou destaque para além do
leste europeu, a partir da década de 60, bem depois da morte do autor. Morreu
aos 38 anos mas deixou importantes contribuições para se pensar a educação.
Procurou entender como a mente da
criança se alimenta da linguagem e da interação social, como pensam e aprendem.
Observou portanto, que q amente da criança se desenvolve na interação com o
ambiente social e a cultura (Interacionismo). Estudou os processos
socioculturais que orientam o desenvolvimento da criança. A criança é vista
como um jovem aprendiz.
Dedicou anos de estudos para compreende as relações
entre o pensamento e a linguagem. De acordo com ele, mesmo antes de dominar a
linguagem, a criança demonstra capacidade de resolver problemas práticos, de
utilizar instrumentos e meios para atingir objetivos. Essa fase é chamada de
pré-verbal.
Ideias de Vygotsky que fundamentam uma concepção sobre
a prática pedagógica e sobre a atuação do docente tem os seguintes postulados:
· O grupo social tem uma atuação
significativa na mediação entre a cultura e o individuo.
· As funções psicológicas se
originam nas relações do indivíduo com o
contexto cultural e social.
· Os processos de desenvolvimento
despertam os processos de aprendizagem.
Psicologia Sócio Histórica ver o
mundo psíquico como uma construção histórica e social.
Para Vygotsky o ser humano não
nasce com uma essência universal, ou seja, algo que já viria pronto só
esperando para se desenvolver. Ele concebe o indivíduo como um ser ativo e
social, construído ao longo da vida, por meio das relações com outros
indivíduos e com o meio que o cerca.
Assim, não é possível separar o
mundo psicológico do mundo material e social, pois o pensamento vai ter a forma
que a cultura o faz ter. E é através do contato com a cultura já constituída,
que vai se dar o desenvolvimento. Primeiro a existência exterior, social, para
depois ser internalizada como pensamento.
Os objetos que conhecemos já
trazem consigo as aptidões já desenvolvidas pelas gerações anteriores para os
usos e significados daqueles objetos. É, portanto, no PROCESSO DE APROPRIAÇÃO
do mundo externo, por meio das relações sociais, que se desenvolve o mundo
interno da individualidade. Esse processo é bilateral, conforme a pessoa atua
no mundo e se relaciona com os outros, esse mundo social também vai se
construindo, numa relação de troca e transformação mútua. Por isso, Vygotsky é
considerado um autor INTERACIONISTA.
Via o DESENVOLVIMENTO baseado em
DOIS PROCESSOS DIFERENTES e COMPLEMENTARES:
1. MATURAÇÃO é processo que cria certas
capacidades que vão tornar possível a aprendizagem. Para isso a LINGUAGEM tem
um papel de destaque e se desenvolve numa sequência:
·
Primeiro a função INDICATIVA que é o PENSAMENTO
SINCRÉTICO,
·
Depois a função SIGNIFICATIVA, que é o PENSAMENTO
POR COMPLEXOS,
·
Por fim, a função FORMAL, que envolve a criação
de CONCEITOS SIMBÓLICOS.
2.
APRENDIZADO
O papel da escola é ajudar a
desenvolver o pensamento formal, porém, para educar uma criança deve-se levar
em conta que nem todos aprendem da mesma forma.
Ele atribui a aprendizagem a dois
diferentes níveis de desenvolvimento da criança:
1.
O NÍVEL
DE DESENVOLVIMENTO REAL de uma pessoa se refere a capacidade que a pessoa
tem de resolver problemas de forma independente por meio de funções já
amadurecidas.
2.
Na comparação do NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL que é a capacidade de solução de
problemas sob orientação ou em conjunto com alguém com maior capacidade. Identificamos
a ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL,
das funções que ainda não estão amadurecidas, e que, portanto, devem ser
estimuladas pelo educador.
É nessa zona de desenvolvimento
proximal que os professores devem focar seus esforços. A intervenção pedagógica
para Vygotsky é muito importante para direcionar o desenvolvimento, sendo a
escola o lugar principal onde se dá essa orientação do sujeito.
A Zona de desenvolvimento
proximal é a distância entre o que ela já faz sozinha e o que ela pode fazer
com assistência de pessoas mais capacitadas. Para passar desse zona é preciso
que adultos ou pessoas mais capacitadas ajudem a organizar a aprendizagem da
criança, À medida em que as habilidades da criança vão sendo aperfeiçoadas,
passando à própria criança a responsabilidade de direcionar e aperfeiçoar sua
aprendizagem.
Daí o que ele chama de MEDIAÇÃO
COGNITIVA, através dos mais velhos, ensinando aos mais novos, até que estes
consigam se organizar sozinhos.
As FUNÇÕES PSICOLÓGICAS
SUPERIORES, envolve processos mentias não inatos tais como:
·
Planejar, comparar, imaginar e lembrar.
O PROCESSO DE INTERNALIZAÇÃO
ocorre do nível social para o individual. O conhecimento pe adquirido pelas
trocas mediadas pela linguagem e facilitadas pela interação social.
Sobre as
relações entre APRENDIZAGEM e DESENVOLVIMENTO, Vygotsky diz que o aprendizado é
um processo externo ao indivíduo; entretanto, para adquiri-lo faz uso de seu
próprio desenvolvimento, sem contudo, alterar seu curso.
Teoria Sociocultural de Vygotsky:
·
Enfatiza o desenvolvimento da criança com o meio
ambiente – interacionista.
·
Vê o crescimento cognitivo como um processo
colaborativo, onde as pessoas aprendem por meio da interação social.
·
Atividades compartilhadas ajudam a criança a
internalizar o modo de pensar da sociedade, cujos hábitos passam a ser seus.
·
Quando a criança repete em voz alta, um comando
dado pelos pais (Ex: não, não!) adquirem uma ferramenta de autocontrole, pois
ajuda a criança a controlar seu comportamento e suas emo~ções, além de dominar
novas habilidades.
·
Ao aconselhar as crianças os pais desenvolvem,
uma plataforma temporária, que permite a criança chegar a níveis mais altos de
pensamentos.
·
Ver a linguagem como ingrediente importante no
aconselhamento social, já que a mesma proporciona elementos fundamentais para o
pensamento.
·
A linguagem é essencial para aprender a pensar
sobre o mundo.
· Relaciona-se com atividades
mentais superiores e tem importantes implicações na educação.
· Seu foco é a criança ativa,
criadora de objetivos, num contexto sócio histórico cultural.
· Sua ênfase é como a interação
social com os adultos pode realizar o potencial de aprendizagem da criança.
Sendo assim, o conceito mais conhecido da teoria de Vygotsky para o
desenvolvimento deste potencial ... (ver o livro Papalia, 2012)
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