A indicação para psicoterapia de grupo deve ser feita com cautela.
- Nem todos os pacientes podem se beneficiar dessa modalidade terapêutica.
- Uma seleção acertada implicará em bons resultados.
Segundo Yalom (2006)...
- a psicoterapia de grupo é tão benéfica quanto à modalidade individual.
- alguns benefícios podem ser adquiridos mais com a terapia de grupo, principalmente aqueles relativos às questões sociais, como melhorar as redes sociais e a aprendizagem social.
O trabalho em grupo tem seus
benefícios peculiares que não são observados na Psicoterapia Individual. Em
algumas situações, como por exemplo, na dependência química, a grupoterapia com
os pacientes e com a família é muito eficaz. Diz Ravazzola (1997, p. 301)
que:
A interação entre pares torna-se facilitadora da mudança. Escutar um par não é o mesmo que um terapeuta. As pessoas se aliviam ao descobrir que outros compartilham seu problema e que transitam por caminhos semelhantes (Ravazzola)
Pichon-Rivière (1991) afirma que...
- algumas características são universais, isto é, fazem parte de todas as pessoas.
- São elas: medos básicos (perda e ataque); sentimento de insegurança; fantasias básicas (doença, tratamento e cura) e processos de aprendizagem e comunicação.
Grupo em instituições Públicas...
- Nas instituições públicas (Sistema Único de Saúde), a exemplo das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), há uma tendência em se trabalhar com grupos.
- A demanda de pacientes é muito grande, o que torna a fila de espera cada vez maior.
- Em grupo, num mesmo espaço de tempo e por um mesmo profissional, podem ser atendidas mais pessoas.
- No caso dessas instituições, muitas vezes, o critério de seleção de pacientes para a formação do grupo surge da necessidade de atender um número grande de pacientes em um tempo menor, o que nem sempre vem de encontro com as características individuais do paciente.
- A grupoterapia não pode ser um mero aglomerado de pessoas, escolhidas aleatoriamente. Precisa haver critérios seletivos.
- Nessas situações, um trabalho anterior ao início do grupo pode ser o de sensibilizar o paciente para essa modalidade, podendo atendê-lo individualmente por algumas sessões até prepará-lo para o grupo.
- Nas Unidades Básicas de Saúde, que têm por objetivo a atenção primária da saúde, de caráter preventivo, alguns grupos temáticos são interessantes. O trabalho em grupo de acordo com as fases do desenvolvimento, como crianças, orientação aos pais, gestantes e idosos, por exemplo.
- Yalom (2006) salienta que...
- é muito difícil selecionar os pacientes mais indicados para a grupoterapia e já adianta que é mais fácil estabelecer critérios de exclusão do que de inclusão. Mesmo porque existem vários tipos de grupos. Assim, determinado paciente não está indicado para um tipo, mas pode estar para outro.
- Um primeiro sinal de indicação parece ser a motivação e o desejo do próprio paciente em ser atendido em grupo. Ao serem convidados, alguns costumam resistir inicialmente, mas quando informados sobre o funcionamento do grupo podem sentir-se estimulados; ao passo que outros podem se recusar a participar da modalidade grupal.
- Alguns argumentam que não gostariam de expor sua vida e seus sentimentos para outras pessoas. Outros se sentem ameaçados em dividir o terapeuta com outras pessoas, pela sua personalidade narcísica. Outros ainda, de forma inconsciente, sentem-se desencorajados por terem dificuldade de relacionamento.
Yalom (2006) recomenda que...
- determinados tipos de pacientes não se beneficiariam de um grupo do tipo heterogêneo.
- É o caso dos sociopatas, dependentes químicos, psicóticos agudos, paranoides e aqueles com lesão cerebral.
- Acrescentam-se ainda aqueles que não possuem disponibilidade para participarem frequentemente das sessões.
Zimerman (2000) lista um grupo de pacientes que são contraindicados para
a terapia de grupo. São eles:
·
Pessoas que não têm motivação ou
interesse para mudanças internas.
·
Pacientes que já interromperam
tratamentos anteriores com razoável frequência.
·
Deficientes mentais graves.
·
Pacientes que apresentam risco de
suicídio.
·
Quadros mais sérios de depressão,
paranoia e narcisismo.
Segundo Yalom (2006)...
- estudos sobre desistência de pacientes em psicoterapia grupal revelam que o término prematuro é sempre indesejado, por isso entender os motivos que os levam a abandonar a terapia auxilia no processo de seleção mais acertada.
- Quando um membro sai do grupo já altera a dinâmica do mesmo, que acaba resultando em prejuízo quanto aos benefícios terapêuticos.
“O desenvolvimento adequado de um grupo
exige estabilidade de participantes, e uma onda de abandono pode retardar a
maturação de um grupo por meses” (p. 193).
Os estudos demonstram que os principais motivos de abandono do
tratamento são, conforme Yalom (2006):
Fatores considerados externos
Tais como: dificuldade de horário, residência em outra cidade, mudança, etc. Yalom (2006) alerta para o fato de que, quando a justificativa dada pelo paciente é de ordem externa, é necessária uma análise mais detalhada. Muitas vezes, o motivo externo pode estar a serviço de conflitos internos, como por exemplo, mecanismo defensivo de negação, do qual o paciente tende a evitar porque percebe algo no grupo como sendo perigoso.
Desvios comportamentais
Yalom (2006) refere-se ao tipo de paciente que não apresenta comportamento compatível com o grupo. Acrescenta que é difícil definir um perfil desses pacientes, mas fala em características: pessoas que não têm sensibilidade interpessoal, aquelas que não têm motivação interna para o tratamento e que não participam das tarefas propostas.
Outra característica citada pelo autor diz respeito à classe econômica baixa e o que ele chama de pessoas com inteligência inferior. Vale ressaltar que essa característica foi evidenciada nas pesquisas de Yalom (2006), mas não pode ser generalizada para todos os pacientes de baixa renda com ou pouca escolaridade.
Problemas de intimidade
Os pacientes que apresentam maior dificuldade com problemas de intimidade, como inibição, introversão, retraimento social, características autistas ou personalidade esquizoide tendem a abandonar mais facilmente um tratamento grupal, revela Yalom (2006).
Quando a dificuldade é maior que o desejo de mudança, essas pessoas costumam ser tomadas por uma ansiedade de tal forma que bloqueiam no momento de falar.
Medo de contágio emocional
Essa é uma questão muito difícil de ser detectada logo nas entrevistas de triagem (seleção). Entretanto, nas pesquisas realizadas por Yalom (2006), foi concluído que alguns pacientes tendem a abandonar a grupoterapia porque têm dificuldade para ouvir o problema do outro e diferenciá-lo de si mesmas. São pacientes que procuram evitar a proximidade de pessoas doentes e até ouvir sofrimento de outros.
Motivos por parte do terapeuta
Estão relacionados ao despreparo teórico- técnico do profissional, como a dificuldade de manejar as situações de conflitos no grupo; falta de planejamento, falhas na seleção, dentre outras questões, podem contribuir para que pacientes desistam. Vale ressaltar que, assim como na terapia individual, conteúdos internos da dupla (paciente-terapeuta) estão em jogo.
Esses motivos citados anteriormente auxiliam o terapeuta a selecionar melhor os membros para o grupo. Trata-se de critérios de exclusão. Nas palavras de Yalom (2006): “a seleção de pacientes para a terapia de grupo, na prática é um processo de exclusão: os terapeutas de grupo excluem certos pacientes da sua consideração e aceitam todos os outros” (p. 208). O interesse e a disponibilidade são os principais critérios de inclusão.
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