O processo de construção das identidades se dá na sociedade com um todo. Nos espaços primários como família, religião, escola, vizinhança e da comunidade onde vivem, entre outros. Tais espaços são frequentemente atravessados por questões ligadas à diversidade, diferença, pobreza, à violência e ao trabalho, questões essas que tomam forma e muitas vezes ganham visibilidade através das práticas cotidianas e são objetivadas de diversas formas em diferentes momentos e contextos.
Tendo-se em vista suas relações de classe social, geração, gênero, raça e sexo, é importante problematizar a construção das identidades, que não são estáticas, através da luta e resistência que travam em busca do reconhecimento e pertencimento das diferenças e das possibilidades de mudança de sentidos hegemônicos e contra o etnocentrismo.
No cotidiano que se intercruzam constantemente o processo de construção de identidades e a produção das diversas subjetividades. Por conta disso, há uma necessidade de se transformar a ideia de cultura como um locus de reprodução para uma posição onde a construção social é considerada de suma importância, uma vez que o poder é entendido como força constitutiva de todo o tecido social, moldando a maioria das ações sobre outras ações possíveis e subjetivas.
Por esta razão, processo de construção das identidades está relacionado com as relações de poder, as lutas políticas e a as subjetividades. Para uma melhor analise devemos prezado (a) leitor (a) ampliar o conceito de cultura, diluir posturas etnocêntricas, bem como a compreensão de tudo em seu contexto. A cultura se prolifera nas esferas públicas e privadas da vida. Como afirma Hall, um dos pioneiros dos Estudos Culturais, a cultura:
Não pode mais ser estudada como uma variável sem importância, secundária ou dependente em relação ao que faz o mundo mover-se; tem de ser vista como algo fundamental, constitutivo, determinando tanto a forma como o caráter deste movimento, bem como sua vida interior (HALL, 1997, p. 23).
A cultura deverá ser compreendida segundo o contexto-histórico, social, político e econômico do qual é oriunda, ao mesmo tempo em que o constitui. Para Hall, a cultura significa “o terreno real, sólido, das práticas, representações, línguas e costumes de qualquer sociedade histórica específica” (HALL, 1986, p.26), e também, “as formas contraditórias de ‘senso comum’ que se enraizaram na vida popular e ajudaram a moldá-la” (HALL, 1986, p.26). A compreensão do contexto histórico, como nas demais disciplinas, e também na Psicologia Social nos faz pensar a cultura nos território de lutas e contestações através do qual se constroem e impõe tanto os sentidos quanto os sujeitos que constituem os diferentes grupos sociais.
No processo de construção das identidades sempre se refere a um “outro”, isto é, “eu sou algo a partir daquilo que eu não sou”, ou “eu não sou o que o outro é”. Os indivíduos desenvolvem suas identidades a partir das diferenças do que “eles e elas não são” e do que ”eles e elas não possuem” (Hall, 2000; Silva, 2000).
As identidades dos indivíduos são construídas a partir da apropriação de diversos discursos e experiências, através dos quais atribuem novos sentidos e possibilidades de transformações que implicam práticas políticas, sociais e raciais, entendidas aqui como as lutas em uma sociedade pela imposição de sentidos.
Produzido pela Profª Elisia Maria de Jesus Santos
Referência bibliográfica.
HALL, S. Gramsci´s relevance for the study of race and ethnicity. Journal of Communication Inquiry. 10 (2), p. 5-27, 1986.
HALL, S. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções de nosso tempo. Educação e Realidade, p.15-46, 1997.
HALL, S. Quem precisa da identidade? Em T. T. Silva (Ed.), Identidade e Diferença (pp. 103-133). Petrópolis: Vozes, 2000.
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