A Psicologia redescobrirá a sexualidade?- Estudo do Artigo

DOSSIÊ: PSICOLOGIA E SEXUALIDADE NO SÉCULO XXI
Reflete a construção da sexualidade desde o século XX, levando-se em conta os contextos e momento históricos sociais da época, na apontando o profissional de Psicologia como categoria mais bem preparada para repensar a sexualidade.
  • Século XX - Traz um abordagem contracionista, de heteronormatividade e subordinação da mulher como algo natural. Pretensão universalista, de igualidade para todos.
O artigo faz uma crítica a essa construção do século XX, com ênfase no trabalho do psicólogo no redescobrimento da sexualidade, repensando sexologia no ´paradigma da despretensão universalista da sexualidade.

Epidemia da AIDS (anos 80/90): atinge toda e qualquer classe social e traz relatos de comportamentos e práticas sexuais de risco, sem sentido, sem contexto, sem pessoa, sobre os quais houveram discursos psicológicos que focalizariam em: “desejo”, a “defesa”, “negação”, “culpa”, “resiliência”, “atitude”, “crença”, “identidade”, “fatores de risco”. 

Duas ordens de questões acabaram por construir, sucessivamente, abordagens distintas que hoje coexistem no campo da sexualidade e que durante três décadas dedicou-se fortemente a compreender a epidemia da Aids e a violação de direitos sexuais:
  • A abordagem “sexológica” afirmou-se respondendo a “problemas” demográficos ou de saúde (mental ou sexual), contribuindo para produzir os discursos que Foucault chamou de bio-poder. 
  • A abordagem construcionista definiu como questão compreender a sexualidade como fenômeno social, a desigualdade entre os sexos, a subordinação das mulheres, a discriminação sexual.
O SÉCULO DA SEXOLOGIA
  • 1890-1980 -Primeiro período sexológico, iniciado com poucos pesquisadores e ativistas, buscando trazer o discurso sobre sexualidade para a ciência, normatizando o controle dos impulsos sexuais do século XIX. (Freud e seguidores como principais teóricos da época)
  • 1930  surgem os estudos descritivos baseados em questionários e diversas modalidades de trabalho de campo.
  • 1960-1970 - a observação e a experimentação em laboratório foram adotadas para descrever a chamada “natureza” da resposta sexual.
  • Teóricos acreditavam que se a ciência produzisse teorias sobre a sexualidade e revelasse sua natureza, a humanidade seria beneficiada por um maior equilíbrio entre indivíduo e sociedade ou para relações sexuais naturais e saudáveis, no que diz respeito a heterossexualidade.
  • Surgem modelos clínicos de intervenção operados por psicólogos, médicos e psicanalistas que existem até hoje, que normatizam o sexo desejável, nomeando-o como “mais saudável”, baseados em valores e noções pessoais que reinterpretam a sofisticada teorização sexológica do século XX.
  • Identificada a natureza do sexo e seus hormônios, isso explicaria comportamentos menos civilizados e definiriam a “natureza rebelde” de uma etapa universal do desenvolvimento humano não descrita até então: a adolescência. 
O SURGIMENTO DO PARADIGMA CONSTRUCIONISTA (ANOS 60)
  • Verdade sobre o sexo como vida instintiva ou impulsiva começou a ser questionada por teóricos dos movimentos feminista e homossexual que contribuíram definitivamente para a explosão de estudos no campo das ciências humanas e sociais, aprofundando a crise do paradigma sexológico.
  • 1990 esse discurso construcionista redefiniu o gênero e a identidade sexual, atribuindo a homossexualidade a ambos os sexos.
  • Rubin, 1984/1999 propôe que sexo e gênero são coisas distintas e que demandam teorias próprias. Classificou a sexualidade em: Heterossexual, Homossexual ou Bissexual, além disso, hierarquizam o sexo bom/mal,normal/anormal, natural/não-natural.
  • Jeffrey Weeks (2000) buscou compreender atitudes em relação ao corpo e à sexualidade, apreendendo as relações de poder que modelam o que se define como normal e anormal. Sexo diz respeito ao órgão sexual e Sexualidade seria “descrição geral para série de crenças, comportamentos, relações e identidades socialmente construídas e historicamente modeladas."
  •  teóricos do campo construcionista têm chamado a atenção para a natureza intersubjetiva da sexualidade e dos significados sexuais, que à semelhança de outras atividades sociais, produzem a experiência subjetiva e a vida cotidiana de homens e mulheres. 
A PSICOLOGIA SOCIAL DE MEAD
  • Um indivíduo será sempre produto da interação recíproca de muitos outros. 
  • Os papéis acionados pelos atores são suas interpretações das normas culturais, dos mitos e das formas de conhecimento encarnadas nas pessoas em ação (não são, portanto, respostas automáticas a estímulos, impulsos ou normas sócio-culturais que o sujeitam e reprimem). Enquanto self o ser humano age construindo sua ação enquanto interage com os outros. 
Superando a ancestralidade de Mead, autores construcionistas enfatizam o simbólico nas interações sociais ancorando-as nos macro-determinantes que reproduzem a desigualdade na vida social – nas relações raciais e de gênero especialmente.

"Gênero e sexualidade são temáticas imprescindíveis na formação das psicólogas e psicólogos brasileiros, visto serem dimensões que fazem parte de nossa construção subjetiva e para muitos, ser motivo de sofrimento e humilhação psicossocial."

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