Psicoterapia Cognitivo Comportamental

Fundamentos teóricos e conceitos básicos...


Segundo Milhollan e Forisha (1972), no século XIX...

  • a Psicologia começa a evoluir como disciplina independente, apesar dos problemas psicológicos de mente e conhecimento serem de domínio de filósofos. 
  • Fisiologistas e físicos contribuíram para a Psicologia por meio do estudo do sistema nervoso e da sensação.

Para que a Psicologia pudesse se tornar uma ciência (até então era estudada como disciplina da Filosofia) era importante:

  •  torná-la mais objetiva. 
  • Era importante que seu objeto de estudo pudesse ser mensurado, observado.
  • Nomes muito importantes  destacam-se: Wundt, Thorndike, Pavlov, Watson e Skinner.

 

Em 1879, Wilhelm Wundt (1832-1920),,,

  •  fundou seu laboratório psicológico em Leipzig, Alemanha, estabelecendo a Psicologia como ciência. 
  • Refere-se à psicologia de Wundt como estruturalismo, tentativa de estudar a estrutura da mente.

 

Edward L. Thorndike (1874-1949)...

  •  desenvolveu princípios e conceitos de importante influência, como o estudo do comportamento animal, chamado de Lei de Efeito (estímulo e resposta no comportamento de pacientes experimentais – a aprendizagem era uma questão de gravar respostas corretas e eliminar incorretas, como resultado de suas consequências agradáveis ou desagradáveis, isto é, recompensas ou punições).

 

Ivan P. Pavlov (1849-1936) e o condicionamento clássico:

  •  O processo de aprendizagem consistia na formação de uma associação entre um estímulo e uma resposta aprendida por meio de contiguidade (lembrança de algo que no passado foi experimentado junto com alguma outra coisa). Estudo de secreções gástricas em cães.

John B. Watson (1878-1958) e o Behaviorismo:

 

  • Psicologia como ciência de comportamento objetiva, com a finalidade de prever e controlar o comportamento dos indivíduos. 
  • Aceitou o condicionamento clássico como explicação para toda aprendizagem

B. F. Skinner e o condicionamento operante:

 

  • Um dos principais behavioristas, com a publicação de “Behavior of Organisms”, em 1938. 
  • Estudou o comportamento manifesto ou mensurável. 
  • O condicionamento operante relaciona o comportamento às consequências, é controlado pelos estímulos que se seguem à resposta.

Guimarães (2001) ressalta que...

  •  a teoria comportamental ganhou espaço na década de 30 e graças a trabalhos como os de Pavlov, Skinner e Thorndike contribuíram para que a Psicologia fosse vista sob enfoque científico e definida como ciência do comportamento. 
  • Suas aplicações foram desenvolvidas a partir dos princípios da teoria da aprendizagem e da análise experimental do comportamento. 
A partir da década de 50...

  •  é reconhecida como abordagem sistemática de intervenção em saúde mental, em oposição à psicanálise. 
  • Enfoca diretamente o comportamento a ser modificado e o ambiente onde o comportamento ocorre, valorizando a forma como o organismo interage com o meio. 
  • O foco principal é dirigido ao que pode ser observado, lida com eventos mensuráveis.

O desenvolvimento da teoria comportamental permitiu...

  •  o conhecimento a respeito das leis gerais do comportamento tornando-o mais previsível. 
  • Dentro da perspectiva comportamental são apontados:
    •  o comportamento respondente, que responde a um determinado estímulo (involuntário) 
    •  o comportamento operante (voluntário), que modifica o ambiente e está sujeito a alterações a partir das consequências dessa atuação.

 O “condicionamento”...

  • tem papel fundamental nesta abordagem e significa que os comportamentos podem ser alterados realizando-se mudanças nas condições do ambiente. 
  • No condicionamento operante uma consequência reforçadora aumenta a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente e uma situação aversiva, como a punição, diminui ou extingue determinado comportamento. 

A “modelagem”...

  • é utilizada no condicionamento operante e consiste em modificar comportamentos de forma progressiva, por meio de reforços sistemáticos de comportamentos que se assemelham ao comportamento final que se deseja atingir.

Segundo Falcone (2001)...

  •  a psicoterapia cognitiva começou a ser desenvolvida por Aaron Beck no início da década de 60, a partir de insatisfações com as formulações psicodinâmicas sobre a depressão. 
  • Seus estudos verificaram uma tendência de pacientes em interpretar os acontecimentos de forma negativista e demonstraram que alguns apresentaram melhora em resposta a experiências bem-sucedidas – construiu o modelo cognitivo da depressão, estendendo a outros transtornos. 




BECK


  • Foi influenciado por várias abordagens, como a abordagem cognitiva de Ellis -1962 -, estudos sobre modelação e autoeficácia de Bandura -1977- e pesquisas sobre o controle cognitivo de Mahoney - 1974.

Para o modelo cognitivo...

  •  os transtornos psicológicos decorrem de um modo distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos, influenciando afeto e comportamento. 
  • Sua prática terapêutica visa à mudança dos processos cognitivos, como pensamentos e emoções. 
  • São identificados três níveis de pensamento:·        1

1. Pensamento Automáticos: são os espontâneos, a partir de acontecimentos do dia a dia; ·        2

2. Crenças Intermediárias: ocorre sob a forma de suposições ou regras; refletem ideias ou entendimentos mais profundos e são mais resistentes à mudança;    3

3. Crenças Centrais: nível mais profundo da estrutura, compostas por ideias absolutistas, rígidas e globais sobre si mesmo, os outros e o mundo. Desenvolvem-se  na infância e, a partir de circunstâncias traumáticas ou de experiências frequentes, tornam-se convincentes na vida adulta. Também conhecidas como esquemas.

Os três níveis estão interligados no funcionamento cognitivo de uma pessoa com transtorno psicológico. 

O objetivo da terapia cognitiva...

  •  é produzir mudanças no pensamento e no sistema de crenças, para que ajam mudanças emocionais e comportamentais duradouras.
A terapia cognitivo-comportamental...

  • É uma técnica breve, estruturada, educativa e orientada para o presente. 
  • Estratégias comportamentais são utilizadas pela terapia cognitiva por produzirem mudanças cognitivas.
  • concilia procedimentos utilizados nas técnicas comportamentais com os utilizados na modificação de processos cognitivos; 
  • desenvolvimento e reconhecimento na década de 70, com o surgimento de novas técnicas e a utilização de conceitos e técnicas cognitivos. 
  • Apesar das diferenças, a integração das duas abordagens vem demonstrando resultados satisfatórios.
Segundo Sudak (2008), a terapia cognitivo-comportamental...
  •  é um tratamento de curta duração, com objetivos específicos e voltados para problemas baseados no modelo de que mudar cognições é possível e leva às mudanças comportamentais. 
  • Enfatiza que os seres humanos são capazes de controlar suas crenças e ações e se comportam de acordo com a compreensão de suas experiências. 
  • É fundamentalmente uma terapia de problemas específicos e que estão interferindo na vida do paciente.
PROBLEMAS MAIS COMUNS NA PRÁTICA CLÍNICA

Transtorno de pânico e agorafobia (Rangé; Bernik, 2001) 

  • Este é um dos problemas mais frequentes e incapacitantes entre os transtornos de ansiedade. 
  • Há uma enorme ansiedade e tudo é feito para que não aconteça mais, como comportamentos de fuga ou evitação, que afetam a vida desses pacientes. 
  • Envolve reações súbitas e intensas como taquicardia, falta de ar, tremores, sudorese, vertigens, ideações de morte, loucura, perda de controle, entre outros.
  • O termo agorafobia foi proposto em 1871 por Westphal (1822-1890), que significa medo de lugar amplo e movimentado (ágora, em grego – assembleia de pessoas, praça do mercado). Transtorno de pânico começou a ser conceituado por Freud, em seus escritos sobre neuroses de ansiedade. 
  • No tratamento são associados psicoterapia com medicamentos. 
  • Estudos mostram que no tratamento psicológico deve estar incluído um repertório de manejo das crises, como a exposição aos estímulos temidos e treino em relaxamento. 
  • Muito eficaz no tratamento é a estratégia A.C.A.L.M.E.-S.E, descrita a seguir:

 

A.C.A.L.M.E.-S.E.

A chave para lidar com um estado de ansiedade é aceitá-lo totalmente. Permanecer no presente e aceitar sua ansiedade a faz desaparecer. Para lidar com sucesso com sua ansiedade você pode utilizar a estratégia “A.C.A.L.M.E.-S.E.”, de oito passos. Usando-a você estará apto(a) a aceitar sua ansiedade até que ela desapareça.

Passo 1 – Aceite a sua ansiedade

Um dicionário define aceitar como dar “consentimento em receber”. Concorde em receber as suas sensações de ansiedade. Mesmo que lhe pareça absurdo no momento, aceite as sensações em seu corpo, assim como você aceitaria em sua casa um hóspede inesperado e desconhecido ou uma dor incômoda. Substitua seu medo, sua raiva e sua rejeição por aceitação. Não lute contra as sensações. Resistindo, você estará prolongando e intensificando o seu desconforto. Ao invés disso, flua com ela.

Passo 2 – Contemple as coisas à sua volta

Não fique olhando para dentro de você, observando tudo e cada coisa que sente. Deixe acontecer com o seu corpo o que ele quiser, sem julgamento: nem bom nem mau. Olhe à sua volta, observando cada detalhe da situação em que você está. Descreva-os minuciosamente para você, como um meio de afastar-se de sua observação interna. Lembre-se: você não é sua ansiedade. Quanto mais puder separar-se de sua experiência interna e ligar-se nos acontecimentos externos, melhor se sentirá. Esteja com ansiedade, mas não seja ela: seja apenas observador.

Passo 3 – Aja com sua ansiedade

Aja como se você não estivesse ansioso (a), isto é, funcione com suas sensações de ansiedade. Diminua o ritmo, a velocidade com que você faz as suas coisas, mas mantenha-se ativo(a)! Não se desespere, interrompendo tudo para fugir. Se você fugir, a sua ansiedade diminuirá, mas o seu medo aumentará, onde na próxima vez a sua ansiedade será pior. Se você ficar onde está – e continuar fazendo as suas coisas – tanto a sua ansiedade quanto o seu medo diminuirão. Continue agindo, bem devagar!

Passo 4 – Libere o ar de seus pulmões, bem devagar!

Respire bem devagar, calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela boca. Conte até três, devagarinho, na inspiração, outra vez até três prendendo um pouco a respiração e até seis na expiração. Faça o ar ir para o seu abdômen, estufando-o ao inspirar e deixando-o contrair-se ao expirar. Não encha os pulmões. Ao exalar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente pela boca. Procure descobrir o ritmo ideal de sua respiração, nesse estilo e nesse ritmo, e você descobrirá como isso é agradável.

Passo 5- Mantenha os passos anteriores

Repita cada um, passo a passo. Continue a:

(1)  aceitar sua ansiedade;

(2) contemplar;

(3) agir com ela

(4) respirar calma e suavemente até que ela diminua e atinja um nível confortável.

E ela irá, se você continuar repetindo estes quatro passos: aceitar, contemplar, agir e respirar.

Passo 6 – Examine seus pensamentos

Talvez você esteja antecipando coisas catastróficas. Você sabe que elas não acontecem. Você já passou por isso muitas vezes e sabe que nunca aconteceu nada do que pensou que aconteceria. Examine o que você está dizendo para si mesmo (a) e reflita racionalmente para ver se o que você pensa é verdade ou não: você tem provas sobre se o que pensa é verdade? Há outras maneiras de entender o que está lhe acontecendo? Lembre-se: você está apenas ansioso (a) - isto pode ser desagradável, mas não é perigoso. Você está pensando que está em perigo, mas tem provas reais e definitivas disso?

Passo 7 – Sorria, você conseguiu!

Você merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Você conseguiu, sozinho (a), e com seus próprios recursos, tranquilizar-se e superar este momento. Não é uma vitória, pois não havia um inimigo, apenas um visitante de hábitos estranhos que você passou a compreender e aceitar melhor. Você agora saberá como lidar com visitantes estranhos.

Passo 8 – Espere o futuro com aceitação

Livre-se do pensamento mágico de que você terá se livrado definitivamente, para sempre de sua ansiedade. Ela é necessária para você viver e continuar vivo (a). Em vez de considerar-se livre dela, surpreenda-se pelo jeito como a maneja, como acabou de fazer agora. Esperando a ocorrência de sua ansiedade no futuro, você estará em uma boa posição para lidar com ela novamente.




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