- Na década de 1960 surgiu, na psicologia americana, o movimento chamado de “terceira força em psicologia”, a Gestalt-terapia.
- visava humanizar a atividade psicológica sem se limitar a ser apenas mais uma revisão da teoria de outras abordagens, mas questionar algumas teses psicológicas da psicanálise e do behaviorismo, sistemas dominantes na época.
- Os psicólogos humanistas eram contrários a essas duas correntes, psicanálise(foco no inconsciente) e behaviorismo(foco no comportamento), por considerar que ambas concentravam-se apenas em partes do ser humano, desatentos à complexidade da pessoa pela ênfase nas partes (um, no comportamento observável a outra, na dimensão inconsciente.)
"Assim, afirma Holanda (1997, p. 16), “a psicologia humanista nasce, pois, da necessidade de ampliar a visão do homem, que se achava limitada e restrita a apenas alguns aspectos, a alguns elementos, segundo as perspectivas behaviorista e psicanalítica”. (Frazão; Fukumtsu, 2013)
- Tributária do pensamento holístico
- consideração pela dimensão consciente do homem retomou a questão da liberdade e do presente e foi muito influenciada pela contribuição filosófica da fenomenologia e do existencialismo.
- passoua observar o lado saudável do indivíduo e não apenas o lado neurótico e psicótico como na psicanálise.
- Acrditavam que quando se abria mão dos aspectos positivos do ser humano, focando apenas lado obscuro da personalidade, a psicologia ignorava forças e potencialidades da pessoa que os humanistas se empenharam cm recuperar em conceitos como tendência à autorrealização,status de homem consciente e — ao retomar a questão da liberdade como extensão conceitual —importância do momento presente.
- Seus maiores representantes foram Abraham Maslow, Clark Moustakas e Carl Rogers, entre outros.
Maslow...
Abraham Harold Maslow (1 de Abril de 1908, Nova Iorque — 8 de Junho de 1970, Califórnia) foi um psicólogo americano, conhecido pela proposta Hierarquia de necessidades de Maslow.
- considerado o pai espiritual da psicologia humanista
- foi quem mais contribuiu para incentivar o desenvolvimento dessa vertente e conferir-lhe certo grau de respeitabilidade acadêmica.
- Acreditava que todos os indivíduos tinham uma força inata que os conduzia à autorrealização, característica usada de forma ativa em todas as suas habilidades na aplicação plena do potencial.
Carl Rogers...
Carl Ransom Rogers (Oak Park, Illinois, 8 de janeiro de 1902 – La Jolla, Califórnia, 4 de fevereiro de 1987) foi um psicólogo estadunidense atuante na terceira força da psicologia e desenvolvedor da Abordagem Centrada na Pessoa
- conhecido por sua abordagem de psicoterapia chamada de abordagem centrada na pessoa.
- Ele também utilizou um conceito semelhante ao da autorrealização de Maslow; porém, diferentemente deste, as idéias de Rogers não resultaram do estudo de pessoas emocionalmente saudáveis, e sim da aplicação da terapia centrada nos seus pacientes:
- Sua experiência clínica o convenceu de que as pessoas seriam capazes de mudar pensamentos e comportamentos do indesejável para o desejável de forma consciente e racional, desde que encontrassem um campo propício, principalmente a aceitação incondicional pelo terapeuta Rogers acreditava que a personalidade é constituída no presente, pela maneira como o indivíduo percebe as circunstâncias; assim, a qualidade da ambiência relacional terapêutica ganhou enorme importância.
- Suas origens são fenomenológico-existenciais e holísticas
- chegou ao Brasil somente no final dos anos 1960
- chamadas de terceira força em psicologia, já bebiam da fonte do existencialismo e do humanismo.
- A visão fenomenológico-existencial traz um extenso modelo de idéias em especial...
- o valor do mundo vivido como fonte do conhecimento e da consciência
- a concepção de ser humano como detentor de liberdade de escolha, processo que acontece a cada momento.
- A volta à experiência presente e imediata, tão cara à Gestalt-terapia, tem também sua ancoragem no preceito fenomenológico de voltar às coisas mesmas — o que, no âmbito terapêutico, se refere ao vivido pelo cliente.
- Nada de julgamentos apriorísticos na abordagem gestáltica
- Associada a visão humanista pela sua visão holística do homem...
- entende o homem como um ser inteiro, embora, como diz a fenomenologia, ele se apresente por perfis
- Acreditar que existe na pessoa um potencial que ultrapassa sua existência presente, que é o impulso para o crescimento, para o processo de atualização como um todo cada vez mais integrado, é a contrapartida psicológica do vir a ser existencial.
- Esse preceito positivo é o que move o esforço dessa abordagem.
- A autonomia do espírito humano, capaz de encontrar por si mesmo a melhor alternativa para suas dificuldades, é o ponto de encontro entre o humanismo e a Gestalt-terapia.
- Ambos veem o homem como possuidorde um valor positivo, capaz de se autogerir e de se autorregular sem a tutela de autoridadeexterna, inclusive a do terapeuta.
- A escuta não judicativa, curiosa, investigativa, sintonizada e confirmadora é a awareness fundamental exigida do terapeuta para promover a abertura do cliente às suas próprias possibilidades dialógicas,abrangentes e centradas na sua convivência inter-humana.
- A compreensão dos motivos geradores da existência egocentrada do cliente é tributária da compaixão humana do terapeuta. Mas essa mesma compaixão vai se esforçar para que ele não fique ai.
- A teoria organísmica ou holística gestáltica traz a noção de que a preocupação do sujeito lhe pertence e tem sua razão de ser na totalidade mais ampla de suas motivações existenciais presentes, estando Vinculadas a si mesmo e não alheias ao seu ser, como a questão sugere.
- Teorias herdeiras do pensamento holístico:
- a Gestalt-teoria,
- a teoria organísmica,
- a teoria de campo,
- fenomenologia,
- o existencialismo heideggeriano e sartreano,
- a dialógica,
- o zen-budismo
- mesmo que nossa ação, como terapeutas e como clientes, aconteça no limitado terreno de nossa sessão, de nossas famílias, de nossas parcerias e de nosso grupo social ela se reveste de uma significação comunitária.
- É a atitude para com as coisas do mundo que lhe confere o sinal de um ou outro modelo de homem e de humanidade.
- seja ela qual for encantamento com aquilo que é, abrindo mão da arrogância cientificista de alterar “a natureza” das coisas do espírito, acreditando firmemente que aquilo que está sendo é o que tem de ser.
- encontro criador do inter-humano terapeuta/cliente
- o que tem de ser, o que está exigindo ser, não é a essência ou forma prévia da vivência interrompida, mas possibilidades expressivas ou de manifestação da vivência que, no encontro terapêutico, no momento criador do “entre”, se atualizam pela mobilização energética dos parceiros.
- a natureza do encontro direciona para uma das awareness possíveis.
- o encontro é permissivo e sintônico com a meta teleológica do ser do cliente, a possibilidade de completude na direção do crescimento e evolução do ser é aquela que será realizada.
- A compreensão da experiência vivida pode se tornar inadvertidamente a aprovação de uma existência autocentrada.
- A ética humanista, herdeira também do existencialismo, nos atribui a condição de ser com.
- a ética humanista da sua abordagem obriga o terapeuta gestáltico a ultrapassar a tarefa inicial e essencial de compreender o cliente e suas razões.
- A profunda empatia e a compaixão para com a dor e a situação da pessoa, condição necessária ao espírito humanista do terapeuta, quando autenticamente sentidas e não meramente funcionais, compõem um modelo humano poderoso, que tende a promover no cliente um novo olhar para o outro.
- Ser consciente é saber distinguir entre a limitação psicológica atual do outro e a atitude intencionada de prejudicar, utilizar ou ignorar os demais pelo individualismo egoísta de poder ou de sucesso, tão vigente nas nossas instituições.
- Empatia como a mais poderosa via de acesso ao conhecimento do homem
- preserva a dignidade do paciente numa ação terapêutica isenta de todo uso ou exploração da sua pessoa.
- respeita a sua dignidade aparece ainda no nosso esforço para que ele alcance o máximo de suas possibilidades humanas, que são inseparáveis da consciência da sua interdependência socioambienta.
- ante o apelo do “incurável” abrimos mão das certezas para operar com a esperança.
- ao encontrar o outro à sua frente, não se pergunta como fazer para tratá-lo, e sim como recebê-lo sem rótulos, como escutar a voz do seu silêncio, como reconhecer nele a mesma humanidade que me atormenta, me eleva e me permite seguir confiante na evidência da nossa identidade...
- diante da singularidade do cliente, faz que se calem e se recolham todas as vozes da minha ciência, na escuta reverente do mistério que se anuncia.
- Humanismo Antigo
- Humanismo Greco-latino
- Humanismo renascentista
- Humanismo iluminista
- Humanismo positivista
- Humanismo contemporêneo que se divide em:
- Humanismo marxista
- Humanismo existencialista
- Humanismo secular ou laico
- Humanismo ético-sociológico
- o humanismo antropocêntrico individualista — centrado no Eu, ainda completamente vigente nas ciências, na psicologia, na educação e nas igrejas —
- inclui a awareness da identidade essencial da condição humana, awareness capaz de ultrapassar a categorização do nosso cliente mesmo quando d utilidade prática para nosso fazer terapêutico, vendo nessa categorização apenas um esforço precário da ciência humana busca de entendimento do ser.
- Entendimento inevitavelmente provisório e parcial ao extremo, embora necessário quando ainda lhe escapa a apreensão amorosa da sua totalidade.
- pretende libertar o ser humano das tendências antropocentradas e individualistas,
- nasce da expansão da consciência empática que, de forma vigorosa, nos impulsiona à aceitação de todos, homens, animais e plantas, como membros de uma única família universal, tratando com compaixão as diferentes espécies e buscando a fraternidade entre elas.
A Gestalt-terapia...
"Não é a dimensão do espaço em que atuamos que dá sentido à nossa ação. É a atitude para com as coisas do mundo que lhe confere o sinal de um ou outro modelo de homem e de humanidade."
Vetores norteadores da ética humanista no âmbito da clínica psicoterápica....
1. A reverência fenomenológica do terapeuta pela experiência do cliente...
2. A preocupação do terapeuta com a comunidade próxima do cliente.
O projeto terapêutico , genuinamente humanista, deve também ser guiado pelo propósito de promover duas dimensões da cura existencial:
1. A permissão dada pela pessoa do cliente de deixar ser aquilo que está sendo, permitindo que emerjam as Gestalten que estão sendo interrompidas, não no sentido do pragmatismo imediato de fazer algo com aquilo que emergiu, mas no sentido dado pela nossa visão de awareness, como um processo vivencial da consciência em que é alterada a visão de si mesmo e do mundo próprio, na direção de uma das perspectivas possíveis de ajustamento criativo à realidade. A
Gestalt que emerge é atualizada e transformada no encontro terapêutico;
2. O acesso do cliente à capacidade de estabelecer relações de intimidade — ou dialogais — no espaço próximo da convivência, onde a primeira dimensão evolui necessariamente para a segunda, desde que não tenha sido uma simples simulação, ratificando a awareness como uma experiência transformadora. E ambas só podem ser conseguidas na tarefa terapêutica da nossa abordagem se for criada entre nós e nosso cliente uma autêntica relação de sintonia e intimidade, ou seja, o “entre” dialógico.
O humanismo gestáltico...
Nesse esforço de ampliar a consciência das possibilidades de ser com, vemos uma vertente da poética humanista da Gestalt, de natureza similar ao valor desempenhado pela criação artística, conforme Ricoeur (1977, p. 57): “Pela ficção, pela poesia, abrem-se novas possibilidades de ser no mundo na realidade cotidiana. Ficção e poesia visam ao ser, não mais sob o modo de ser dado, mas sob a maneira do poder ser”.
Buber (1982, p. 44) assegura...
O Humanismo e Psicologia Humanista são diferentes.
De forma genérica, a expressão “humanismo” pode ser definida como um conjunto de princípios que estabelecem a valorização e a dignidade inerentes à pessoa, independentemente de qual seja a sua condição atual no mundo, prescrevendo que cada homem deve ser tratado por qualquer outro homem e por todas as instituições sociais sob a regência de valores morais como respeito, justiça, honra, amor, liberdade, solidariedade etc.
O humanismo vinculado à Gestalt-terapia é...
Referência:
FRAZÃO, Lilian Meyer; FUKUMITSU, Karina Okajima. Gestalt-terapia fundamentos epistemológicos e influÊncias filosóficas. Coleção Gestalt-terapua fundamentos e práticas. Summus Editorial. São Paulo, 2013. Capítulo 5 : A Psicologia Humanista e a Abordagem Gestáltica
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