Diferenças entre Psicologia, Psicanálise e Psicoterapia

A Psicologia...

... é uma ciência que investiga o comportamento humano, os aspectos emocionais e sua interrelação com a sociedade.

... apresenta uma diversidade de áreas de atuação: Psicologia clínica, organizacional, escolar; Psicologia da saúde, hospitalar, jurídica, do esporte. 

O psicólogo...

...atua também em programas da área da assistência social (Centro de Referência da Assistência Social; Centro de Referência Especializado da Assistência Social, etc.).

De acordo com Serra (2004) a maior parte dos psicólogos brasileiros (cerca de 80%) encontra-se atuando na área clínica, exercendo a prática da psicoterapia.

A palavra “análise”, de “psicanálise”...

... vem do grego “ana” (partes) e “lysis” (decomposição, dissolução). Então, juntando “psi” com “análise” temos a decomposição das partes psicológicas.

A Psicanálise...

Conforme Laplanche e Pontalis (2008, p. 384), a Psicanálise é “um método de investigação que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios)”.

Na “era Freud”, a primeira era denominada por Wallerstein (2005), permeou a concepção de que apenas a psicanálise era a psicoterapia verdadeira de cura e científica. A psicanálise era vista como o “ouro puro”, conforme Freud e outros afirmavam.

Freud, no texto de 1905, “Sobre a Psicoterapia” (1976), faz uma analogia, relacionando o trabalho das Artes e a análise, utilizando-se da expressão de Leonardo da Vinci, per via di levare, que se refere ao trabalho de esculpir, no qual se retira da pedra o que encobre a superfície da escultura nela contida. A arte da interpretação tem como objetivo abrir uma via de acesso para o conhecimento do inconsciente. 

Ao considerar as questões inconscientes que permeiam as relações, o psicanalista apresenta uma especificidade ao escutar o paciente, pois não considera somente o fenômeno manifestado, mas também os conteúdos latentes que estão presentes. 

Esta prática acompanhada de uma contextualização histórica e econômica investiga qual o sentido que determinados acontecimentos têm para o indivíduo, trabalhando não com uma verdade absoluta, mas com uma verdade individual, construída e reconstruída nas relações.

Segundo Wallerstein (2005)...

  •  ...nem todos os tipos de pacientes podiam se beneficiar da psicanálise na época.
  • ...a psicoterapia de orientação psicanalítica começou a entrar em cena, emprestando s conceitos da psicanálise e os aplicava nos pacientes que não podiam ser tratados por esta última.
  • ... no final da década de 1930 até início de 1950 ocorreu o que chamou de segunda era, ou seja, a “era do consenso”, quando houve um crescimento da psicanálise norte-americana, com psicanalistas europeus refugiados de Hitler e com o aumento das clínicas psiquiátricas no país. 
  • ...Pacientes com transtornos mentais não podiam ser tratados pela psicanálise, havendo a necessidade de se adaptarem a outras psicoterapias, especialmente à psicoterapia de base analítica, que teve como pioneiro Robert Knight. que se ocupou primeiramente em delinear o que ele chamou de “ciência básica da psicologia dinâmica”. 
  • ...Robert Knight fez a primeira distinção dentro do referencial psicanalítico: ele definiu as psicoterapias em dois grandes grupos. 
  • ...são as psicoterapias de apoio, que visa à supressão dos sintomas e as psicoterapias expressivas.

Para Knight...

  • ... a psicanálise tem como objetivo a modificação da estrutura da personalidade. 
  • ... Já a psicoterapia de apoio propõe ao paciente a reconstrução dos mecanismos de defesa utilizados antes da descompensação. 
  • ... E por fim, a psicoterapia expressiva, de caráter exploratório, visa tratar as descompensações recentes (WALLERSTEIN, 2005).

Após a década de 1950, como aponta Wallerstein (2005), outros pontos de vista começaram a surgir. Alguns psicanalistas propuseram a unificação da psicanálise com a psiquiatria. Dessa forma, passou-se a entender que havia uma grande proximidade entre a psicanálise e a psicoterapia de base analítica.

Outro grupo de psicanalistas sugeriram modificações na técnica psicanalítica, uma revisão da teoria clássica, modernizando-a.

Para Wallerstein (2005)...

... a preocupação maior era a de selecionar, dentre a variedade de métodos terapêuticos, o mais adequado para a estrutura psicológica de cada paciente.

... para selecionar o método mais adequado, faz-se necessário delinear as diferenças dentre as psicoterapias de orientação analítica. Com este intuito, vários autores deram sua contribuição. Dentre eles podemos citar Gill, Rangell e Stone, além de Anna Freud.

... foi a partir de 1979, com o simpósio em Atlanta, patrocinado pelas sociedades psicanalistas regionais que houve significativos avanços sobre as diferenças e semelhanças entre a psicanálise e a psicoterapia. Simpósio, protagonizado por Gill, Rangel e Stone, ficou definida a posição de manter marcadas as diferenças entre elas, cada qual com sua aplicação e indicação específica.

... “era do consenso fragmentado”, pois cada um dos três protagonistas possuía divergências em suas concepções sobre psicanálise e psicoterapia.

Atualmente, chama de era de “um mundo sem consenso”, pois se torna cada vez mais difícil definir tais diferenças. Difícil, mas não inexistentes.

Conforme as pesquisas de Wallerstein, em 1986, o mesmo concluiu que a psicoterapia de orientação psicanalítica e a psicanálise estão muito próximas.

Schestatsky et al. (2005)...

...salienta a importância de se considerar as diferenças entre psicanálise e psicoterapia, porém uma não é “menor” que a outra. 

...Tanto a psicanálise quanto a psicoterapia de orientação psicanalítica são métodos de tratamento psicológico do inconsciente. 

  • a primeira, PSICANÁLISE visa à mudança da estrutura psíquica, trabalhando o conteúdo latente
  • a segunda PSICOTERAPIA tem por objetivo o alívio dos sintomas, incluindo também o conteúdo manifesto.

Nesse sentido, o que diferencia essencialmente psicanálise e psicoterapia, é a técnica utilizada uma vez que a escuta analítica está presente em ambas. 

    • Na psicoterapia há uma escuta do latente, e a tradução para o manifesto no momento da interpretação junto ao paciente.
    • Na Psicanálie a transferência é um dos conceitos-chave, utilizado com grande frequência, enquanto que na psicoterapia acontece com menor frequência. 

... a psicoterapia de orientação psicanalítica é uma “aventura a dois” em que um deles está em sofrimento psíquico (paciente) e o outro domina uma certa técnica científica (terapeuta). 

Eis os objetivos essenciais da psicoterapia de orientação psicanalítica, segundo Schestatsky et al.(2005, p. 18):


[...] Questões sobre o lugar mais ou menos privilegiado de conceitos como crescimento psíquico, expansão da mente, integração de aspectos dissociados, tolerância à dor mental, alterações de formações de compromisso, oportunidade da experiência com um novo objeto, reparação de danos do ego, ressignificações de danos de narrativas ou reconstrução de mitos pessoais [. ].

Sendo assim, enquanto um especialista que domina a técnica científica de tratamento, o terapeuta deve realizar um amplo treinamento em termos diagnósticos e terapêuticos, compondo o clássico “tripé”: estudo, supervisão com um profissional experiente e análise pessoal. Tudo isso baseado sempre no amor à verdade (SCHESTATSKY et.al., 2005).

        A técnica principal... segundo (SCHESTATSKY et.al., 2005).

...na psicanálise é a interpretação, 

...na psicoterapia além da interpretação transferencial há também a extratransferencial, confrontação, pontuação, sugestão 

Para Laplanche e Pontalis (2008)...

... a “psicoterapia analítica” empresta princípios teóricos e técnicos da psicanálise, sem realizar as condições de um tratamento psicanalítico rigoroso.



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