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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Aula 18/02- Anotações sobre Reflexos Inatos

Skinner explica os comportamentos à partir do modelo de seleção por consequência, que possui três níveis. Todo e qualquer comportamento precisa ser analisado pelo ótica dos três níveis.

  • Nível Filogenético - onde se encontram os COMPORTAMENTOS INATOS que dizem respeito à SOBREVIVÊNCIA e EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE, na interação com o mundo. Os REFLEXOS INATOS são comportamentos necessários à sobrevivência da espécie, não são portanto, aprendidos. Dons inatos são COMPORTAMENTOS REFLEXOS.
  • Nível Ontogenético - Onde estão os COMPORTAMENTOS APRENDIDOS, ADQUIRIDOS durante a história de vida de cada indivíduo, na interação com o ambiente. Aí, o organismo se comporta, gerando consequências que irão controlar os comportamentos futuros ou posteriores, a depender dos reforçadores, que funcionam como instrumentos de seleção. O COMPORTAMENTO OPERANTE são os comportamentos aprendidos.
  • Nível Cultural - Possui um repertório comportamental instalado e mantido pela cultura do indivíduo, que para Skinner é um conjunto particular de condições em que grande número de pessoas se desenvolve e vive.
REFLEXOS INATOS:
  • São comportamentos importantes para a sobrevivência do organismo. sempre há uma alteração no ambiente que produz uma alteração no organismo. 
  • Não se trata de um comportamento aprendido, mas de um comportamento herdado da espécie.
  • COMPORTAMENTO REFLEXO é a relação entre o ESTÍMULO correspondente a uma alteração no ambiente e a RESPOSTA que vai provocar uma alteração no organismo., ou seja, uma mudança no ambiente produz uma mudança no organismo.
  • CONCEITO de reflexo no senso comum é diferente do Behaviorismo.
  •  Quando todas as RESPOSTAS SÃO CONSTANTES,  sempre se repete, é um REFLEXO.
  • Quando as RESPOSTAS NÃO SÃO CONSTANTES, são aprendidas e não são reflexos.
LEI DO LIMIAR:
  • LIMIAR - É o limite que cada pessoa suporta ou alcança.
  • Todo reflexo tem uma intensidade mínima de estímulo necessário, para que, a RESPOSTA seja eliciada. 
  • Isso varia de pessoa para pessoa. Não é igual para todos e não tem valor definido. Depende do limiar de cada um.
  • Quando o ESTÍMULO está ABAIXO DO LIMIAR do sujeito, a intensidade do estímulo é muito pequena para eliciar uma resposta.
LEI DE INTENSIDADE E MAGNITUDE
  • A intensidade e a magnitude são diretamente proporcionais.
  • INTENSIDADE diz respeito ao ESTÍMULO, e mede quanto de estímulo.
  • MAGNITUDE diz respeito à RESPOSTA, e mede quanto de resposta.
  • Exemplo de Intensidade e Magnitude: calor excessivo faz o sujeito suar´muito.  Calor excessivo é a intensidade do estímulo e suar muito é a magnitude da resposta.
LEI DE LATÊNCIA
  • Latência é o intervalo entre dois eventos ou ainda, o tempo entre a ocorrência do estímulo e a ocorrência da resposta.
  • São inversamente proporcionais. MAIOR INTENSIDADE  do ESTÍMULO, produz MENOR MAGNITUDE DA RESPOSTA. MENOR INTENSIDADE DO ESTÍMULO, produz MAIOR MAGNITUDE DA RESPOSTA. Tudo acontece em frações de segundos.
  • O Estímulo elicia a resposta ou a resposta é eliciada pelo estímulo.
  • Usa-se  ELICIAR para COMPORTAMENTOS REFLEXOS.
  • Usa-se EVOCAR para COMPORTAMENTOS APRENDIDOS.
  • Reflexo não é nem o estímulo, nem a resposta, mas a relação entre ambos.
  • A Latência da resposta é o tempo que transcorre entre o estímulo e a resposta.
FORÇA FRACA                    FORÇA FORTE
Latência longa                        Latência curta
Magnitude  pequena               Magnitude grande
Duração curta                         Duração longa

  • LATÊNCIA varia inversamente à intensidade do estímulo.
  • MAGNITUDE é a duração da resposta  e varia diretamente à intensidade da resposta. Pode-se dizer que, a força do reflexo quando aumenta, aumenta a intensidade do estímulo.
EFEITOS DE HABITUAÇÃO E POTENCIAÇÃO.
  • São termos opostos. 
  • HABITUAÇÃO - o organismo vais e adaptando ao estímulo e sua resposta vai diminuindo de magnitude. Nesse caso, os ESTÍMULOS REFORÇADORES estão mais associados.
  • POTENCIAÇÃO - exposta ao estímulo diversas vezes, a resposta ao invés de se acostumar, pode potencializar. Está mais associada aos ESTÍMULOS AVERSIVOS ou PUNITIVOS.
REFLEXOS E ESTUDO DAS EMOÇÕES
  • Controlar as emoções é difícil, as vezes, impossível. São respostas reflexas a estímulos ambientais, quando alguém se emociona espontaneamente.
  • A espécie humana nasceu para ter algumas respostas emocionais, quando determinados estímulos surgem em nosso ambiente.
  • Os reflexos são involuntários, não tem como evitar. As emoções não são apenas reflexos, ora podem ser provocadas, ora podem ser espontâneas.
  • Exemplo: chegar num lugar alto, provoca medo, um frio espontâneo na barriga. Instinto de preservação da vida. Filogênese. É reflexo. Já medo de um animal por exemplo, é aprendido e não um reflexo. Pois, se colocar um bebê que ainda não aprendeu o que é medo, junto a uma barata, ele vai pegar, podendo até colocar na boca.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Capítulo III - O Behaviorismo apresenta o comportamento simplesmente como um conjunto de respostas a estímulos, descrevendo a pessoa como um autômato, um robô, um fantoche ou uma máquina? Nádia Prazeres Pinheiro

É comum nós, analistas do comportamento, escutarmos que a nossa teoria “reduz o homem a uma máquina'’, que afirmamos que todo e qualquer comportamento obedece à lógica estimulo-resposta - o que seria uma afronta aos seres humanos, animais superiores e racionais, dotados de vontade própria e de livre arbítrio. 



“Descartes deu um passo importante ao sugerir que parte da espontaneidade das criaturas vivas era apenas aparente e, que, às vezes, o comportamento podia ser iniciado por uma ação externa” (Skinner, 1998, p.51).







E Skinner vai além... Para responder a esta critica, devemos primeiramente ter claro o que são comportamento reflexo e comportamento operante

No caso do reflexo, os estímulos seriam algum tipo de mudança externa que causaria estimulação orgânica que, por sua vez. provocaria uma resposta orgânica

Suas características são: ser inconsciente, ou seja. ocorre mesmo quando o sujeito não está percebendo; involuntário, ocorre independente da vontade do organismo, não há como controlá-lo ou evitar sua ocorrência por vontade própria e; pode ser previsto com grande precisão, considerando que, na presença do estímulo, a resposta sempre ocorrerá (Skinner, 1998)

São exemplos de comportamento reflexo, os casos da contração pupilar frente a um estimulo luminoso, da salivação frente a um prato de comida aparentemente apetitoso e do piscar quando algum objeto é passado na frente de nosso rosto ou olhos

"Os reflexos são produtos da seleção natural. Invariavelmente parecem estar envolvidos na manutenção da saúde e na promoção da sobrevivência e da reprodução” (Baum. 1999. p. 72). 

Os padrões de comportamentos reflexos são comuns a todos os membros de uma espécie e. por isso. podemos dizer que estão relacionados com a filogênese. Tais padrões começaram a se modificar e a evoluir na medida em que o organismo precisava se adaptar às mudanças do meio, já que. “só o processo evolutivo pode fornecer um mecanismo, pelo qual o indivíduo possa adquirir respostas a configurações particulares de um dado ambiente’' (Skinner, 1998. p. 60). 

Ora, se o ambiente no qual os organismos estavam inseridos sofreram modificações, eles, os organismos, também precisariam evoluir para permitir a sua sobrevivência e a manutenção de sua espécie. 

Os camaleões, por exemplo, quando em contato com um estimulo de perigo, mudam sua cor para se esconderem e serem confundidos com o seu esconderijo. Se isso não ocorresse, se esse reflexo não estivesse presente nesse animal, ele seria presa fácil e sua espécie poderia estar extinta. 

Da mesma maneira nós, os seres humanos, quando lacrimejamos para expulsar uma partícula de poeira é uma questão de sobrevivência para manutenção da espécie (Skinner, 1998). 

Se todos os nossos comportamentos se restringissem aos reflexos, poderíamos ser comparados às máquinas, pois nossos comportamentos sempre corresponderiam à relação causa e efeito. Entretanto, como afirma Skinner (1998). “A maior parte do comportamento do organismo intacto não está sob esse tipo de controle primário” (p. 54); a maioria dos nossos comportamentos são operantes. 

O comportamento denominado operante é aquele que opera sobre o meio, produzindo modificações no ambiente físico (natural) e no ambiente social (homens) (Skinner, 1998). Este comportamento é explicado pelo paradigma da tríplice contingência:

 S* - R - Sr. 
  • Onde Sd é o estimulo discriminativo.
  • R é a resposta 
  • Sr é o estímulo reforçador. 

Explicando cada um: Sd é um estimulo que sinaliza a possibilidade de reforçamento. Distinguindo-se do estimulo antecedente do reflexo, ele “não elicia a resposta, simplesmente altera sua probabilidade de ocorrência” (Skinner, 1998. p. 122). Com isso, pode-se concluir o porquê de não falarmos de certezas, e sim de probabilidades em comportamentos operantes, e que, portanto, não somos seres autômatos pois as respostas automáticas não são maioria em nosso repertório comportamental

Assim, podemos alterar a probabilidade de emissão de uma resposta modificando o estimulo discriminativo com o qual o organismo entrará em contato (Skinner, 1998). R é a resposta, a ação em si mesma. E S' é um estimulo conseqüente à resposta que determina a futura freqüência de emissão da mesma (Skinner, 1998). 

Quando a conseqüência é um Sr. a resposta tem uma maior probabilidade de voltar a acontecer, se não for reforçadora, ela (a resposta) terá sua probabilidade de ocorrência diminuída. Deste modo. o reforço cumpre a função de fortalecer uma determinada resposta e aumentar a eficiência da mesma: e é por isso que dizemos que o comportamento é selecionado pelas suas conseqüências, elas "podem retroagir sobre o organismo” (Skinner. 1998, p. 65).

 Ilustrando o paradigma operante. podemos recorrer ao comportamento de lavar as mãos quando estas estão sujas. Neste caso o Sc é "as mãos sujas”, R é “lavar as mãos” e Sr é “ter as mãos limpas”. 

Assim, toda vez que estiver frente ao estímulo mãos sujas, a probabilidade de lavar as mãos é maior do que a de qualquer outra resposta, visto que tal resposta foi anteriormente reforçada. 

“A história de reforçamento é que determina os efeitos de um evento atual, as conseqüências recebidas no passado alteraram o organismo de forma a ele agir de uma dada maneira frente a um evento” (Micbeletto, 1997, p. 127).

A esta história que é construída ao longo da vida dos indivíduos e que consiste, na verdade, na aquisição de repertórios comportamentais por meio [principalmente] do condicionamento operante chamamos ontogênese.

Desta forma, a ontogênese diz respeito à história particular de cada indivíduo, na medida em que todo homem interage com o ambiente de maneira singular. Sendo o comportamento operante uma parte da ontogênese, talvez a maior parte dela (Costa, 1996, p. 7-8).

Desde esse nível de determinação podemos perceber o quão único é o ser humano (tema que será abordado no capitulo XIV), ninguém vai ter os mesmos comportamentos (mesmo que sejam topograficamente semelhantes, não o serão funcionalmente) de outra pessoa. 

Haverá sempre algo de novo,o que dará a dimensão de que não podemos ser máquinas - estas são pré-programadas: nós não. estamos em constantes mudanças (cf. Micheletto. 1997). 

Partindo da própria definição de operante como o comportamento que é selecionado por suas conseqüências, já é possível refutar a crítica de que a concepção de comportamento adotada por Skinner obedece a uma lógica mecanicista. Afinal, não se trata de uma análise causal, na qual se busca uma causa para um efeito. 

Nas palavras de Skinner (1998), os "termos 'causa' e 'efeito': já não são usados em larga escala na ciência. Uma “causa" vem a ser “uma mudança em uma variável independente" e um “efeito" uma “mudança em uma variável dependente''. A antiga “relação de causa c efeito" transforma-se em uma "relação funcional". Os novos termos não sugerem como uma causa produz o seu efeito, meramente afirmam que eventos diferentes tendem a ocorrer ao mesmo tempo, em uma certa ordem (p. 24).

Uma análise funcional avalia contingências e estas são definidas como “relações de dependência entre eventos. Elas prescrevem a probabilidade de ocorrência de um dado evento em função da ocorrência de um outro evento” (Barros, 19%. p. 8). Retomando o modelo de seleção por conseqüência, como foi visto no capitulo anterior, o comportamento humano também é controlado pela cultura, como enfatiza Skinner (2002),

Podemos atribuir uma pequena parte do comportamento humano (...) à seleção natural e à evolução das espécies, uma parte do comportamento humano deve ser atribuída a contingências de reforçamento, especialmente às contingências sociais verdadeiramente complexas a que chamamos cultura (p. 41).

E complementa: o homem “se encontra controlado por seu ambiente, porém não devemos esquecer que é um ambiente, construido em grande parte pelo próprio homem” (Skinner, 1983a. p. 160). Isso quer dizer que o homem é controlado pelo próprio homem: é a sociedade, a nossa própria comunidade, que seleciona os comportamentos que devem ser emitidos

E mais. como disse Micheletto (1997). tenho meu comportamento reforçado pelo sucesso do meu próprio comportamento, somos “agentes controlados pelo efeito de nossa própria ação” (p. 118). Logo, sou fantoche de mim mesmo? 

Com certeza não! Nem fantoche do ambiente, nem fantoche de si mesmo, pois a noção de comportamento implica relação. Todos os comportamentos têm uma história. A história de reforçamento de cada um de nós. as nossas historias de vida, inseridos em uma determinada sociedade. E é dependendo de como e quando os indivíduos desta sociedade nos oferecem reforçadores ou punidores que poderemos nos comportar em um determinado contexto. Dizer que o comportamento humano é controlado por eventos externos não significa dizer que o homem é um autômato, um robô. um fantoche ou uma máquina.


domingo, 15 de setembro de 2019

Capitulo II - O Behaviorismo negligencia dons inatos e argumenta que todo comportamento é adquirido durante a vida do indivíduo? Lívia Fernanda Ferreira Ferraz

A critica parece estar enfocando duas questões: 

1) todo comportamento, para um behaviorista radical, é um fenômeno aprendido durante a ontogênese 
2 ) o behaviorista, então, não acredita na possibilidade de alguns indivíduos nascerem com aptidões, por exemplo, para dança, música. literatura etc. 

Em relação à primeira questão, pode-se argumentar que não é verdadeira na medida em que Skinner explica os comportamentos a partir do modelo de seleção por conseqüências, que é constituído por três níveis de determinação (Andery, 1993). 

No primeiro nívelinfluenciado pela teoria darwinista. Skinner postula que existem respostas que são selecionadas pelas contingências de seleção natural, ou melhor, selecionadas filogenicamente. Deste processo surgiram os comportamentos ou dons inatos. eventos que foram selecionados a partir da evolução das espécies (Andery. 1993). 

“A corte, o acasalamento, a construção de ninhos e os cuidados com as crias são coisas que os organismos fazem e. mais uma vez. presume-se que fazem por causa da maneira porque evoluíram’’ (Skinner, 2003, p. 34). 

É importante ressaltar que os comportamentos selecionados por contingências de seleção filogenética permitem a interação da espécie humana com o mundo, garantindo sua sobrevivência (Andery, 1993). Sobre isto afirma Skinner (1998), Estas vantagens biológicas explicam certos reflexos em um sentido evolutivo: os indivíduos que provavelmente mais se comportarem de maneira semelhante. presumivelmente tiveram maiores probabilidades de sobreviver e transmitir a característica adaptativa ã prole (p.60). Mas a explicação Skinneriana para a aquisição dos comportamentos não se restringe ao primeiro nível de seleção. 

segundo nível opera sobre o conjunto de respostas no decorrer do período de vida de um indivíduo e o terceiro ocorre à medida que o comportamento é transmitido entre indivíduos (Andery, 1993). 

explicação de comportamentos adquiridos durante a história particular do indivíduo vem do segundo nível de seleção por conseqüência, postulado por Skinner - a ontogénese. Neste processo, a seleção opera sobre o comportamento (ação) do indivíduoO organismo se comporta gerando conseqüências, que por sua vez. controlarão a emissão do comportamento no futuro.

Skinner (1998) em seu livro Ciência e Comportamento Humano afirma: “As conseqüências do comportamento podem retroagir sobre o organismo. Quando isso acontece, podem alterar a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente” (p. 65). Segundo Skinner (1998). o aumento na probabilidade de ocorrência do comportamento está relacionado cora a atuação de reforçadores, que por sua vez. funcionam como instrumento de seleção. 

Quando temos de considerar o comportamento do organismo em toda sua complexidade da vida diária, necessitamos estar constantemente alertas para os reforços que prevalecem e que mantém o comportamento” (Skinner, 1998, p. 109). Isto quer dizer que, durante a vida do indivíduo, existem comportamentos que são fortalecidos por suas conseqüências, ou seja. são instalados e mantidos no repertório comportamental do indivíduo mediante a ação de reforços (Skinner, 2003). 

Além dos comportamentos inatos e dos comportamentos adquiridos pela ação do reforço sobre o comportamento do indivíduo, existem também repertórios comportamentais instalados e mantidos pelas práticas culturais (Andery, 1993; Skinner. 1998). Trata-se do terceiro nível de seleção por conseqüência, a cultura, que segundo Skinner (1998) vem a ser “um conjunto particular de condições no qual um grande número de pessoas se desenvolve e vive” (p. 468). Este grupo ou este conjunto de contingências sociais dispõe de costumes e relações que nunca foram experimentadas ou vistas pelo indivíduo, porém são eventos que o afetam, permitindo a aquisição de comportamentos, seja em nível privado (pensamentos e sentimentos) como também públicos, como, por exemplo, o manuseio de objetos e aprendizagem de habilidades sociais (Andery, 1993; Skinner, 1998). 

Vimos, portanto, que Skinner, respaldado pelo modelo de seleção por conseqüências. não explica a aquisição dos comportamentos partindo somente da história de vida particular do indivíduo, incluindo em sua análise tanto conseqüências filogenéticas quanto culturais. 

E no que se refere à negligência aos dons inatos? Skinner, na verdade, não negligencia aspectos inatos. Ele nega a existência de “dons”, equivalendo a comportamentos que independem da relação que cada pessoa estabelece com seu ambiente.

Para Skinner, como visto no primeiro nível de seleção, existem comportamentos os quais a espécie já traz em função de sua história filogenética. Deste modo, dons inatos são os que dizem respeito a aspectos genéticos, se referindo apenas a características anatômicas e atividades fisiológicas (respiração e digestão) presentes na espécie humana, como também comportamentos reflexos (Skinner, 2003).

Isso significa que. embora Skinner não desconsidere comportamentos inatos, ele não aceita a existência de dons inatos no sentido de aptidões que explicariam comportamentos como os de cantar, escrever, jogar futebol - a noção de que “a pessoa nasceu para isto”. É correto, então, afirmar que, para Skinner, não existem dons inatos que determinam comportamentos operantes, supondo que tais dons explicariam completamente o surgimento de alguns comportamentos. Concluindo, talvez em função de Skinner dar mais ênfase à história pessoal, e principalmente ao papel da cultura na instalação e manutenção dos comportamentos, é que se pense que Skinner negligencia o que é inato. No entanto, espera-se que os argumentos apresentados sejam suficientes para que a critica possa ser revista. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Modo Causal por Consequências de Skinner - Aula 10/09/19




Esse modo causal por consequência explica, como vai se explicar o comportamento.
  • O homem é tido como palco das interações, deixando de ser o centro desse palco.
  • Skinner fala que não existe livre-arbítrio, porque ninguém é livre para fazer o que quer, como quer, na hora que quer, e do jeito que se quer.
  • Afirma que somos controlados o tempo todo. Não há liberdade com ausência de controle. Toda escolha é feita sob influência de sua história, que vai ditar esse suposto controle. Portanto, são as contingências que te cercam que vão te levar a agir de tal forma.
  • O controle pode ser bom ou ruim, por reforço positivo ou reforço negativo.
  • O analista comportamental deve identificar quais controles são esses, a partir do modelo de Condicionamento Operante.
                       S                    -     R                                 -  C
          ESTÍMULO             RESPOSTA                       CONSEQUÊNCIA
          (CONTEXTO)     (COMPORTAMENTO)        (CONDICIONAMENTO OPERANTE)

Ex: Comprei pasteis (R), e gostei muito(C). Essa consequência vai retroagir como (S) Estímulo para que o meu comportamento volte a se repetir. (REFORÇO POSITIVO), pois já que gostei muito, é provável que eu volte a comprar os pastéis.

ORIGEM DO MODELO CAUSAL
  • Pela filogenia, o ambiente seleciona os mais aptos - Darwinismo - Organismos mais adaptados é que sobrevivem. Variações diferentes faz algumas espécies se adaptarem melhor. Nem sempre o mais forte é o que sobrevive. Sobrevive o que se adapta melhor.
  • Skinner traz uma Teoria Individual específica para determinado organismo.
  • Admite a multicausalidade. Não é mecanicista, portanto, não busca uma causa específica para o comportamento.
  • Autoconhecimento é comportamento e o analista pode ajudar o cliente desenvolver esse repertório.
  • FILOGÊNESE - DARWIN - SELEÇÃO NATURAL
  • ONTOGÊNESE - CONDICIONAMENTO OPERANTE - são os fatos, comportamentos que  decidirão quando vai se comportar. 
          Ex: Deve-se dizer:A criança está fazendo birra porque ganhou atenção.
                                             comportamento                              contingência reforçadora
  • O comportamento ocorre, porque já houve o reforço antes. Para mudar um comportamento, preciso mudar as consequências e o contexto em que ele acontece.
CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE CONSEQUÊNCIAS
  1. FILOGÊNESE - Aspectos Orgânicos. Comportamentos Inatos com valor de sobrevivência da espécie, trazendo vantagem evolutiva, e por isso, perpetuaram. Exemplo: luz nos olhos, retrai a pupila de qualquer um; comer; beber, etc. Olhar para o todo. História Evolucionária das Espécies. Abrange comportamentos de efeito manada. Ex: se todos começam a correr em uma direção, você acaba correndo também, mesmo sem saber o motivo. O repertório filogenético só é útil se o ambiente permanecer constante. Se muda, pode não ser mais adaptativo. A imitação e modelação filogenética, corresponde  a comportamentos aprendidos e passados de espécie e espécie. Ex.: Passarinho ensina seu filhote a bater asas e voar. Se não houver o modelo ensinado, o comportamento não é aprendido. O Condicionamento respondente pega o reflexo inato, e transfere para estímulos teoricamente, que passam a ser chamados de estímulos condicionados. SUA FALHA é que só serve em ambientes constantes. na transição desta para a Ontogênese ocorre o CR - Comportamento Respondente, onde deixa de ser visto como espécie e passa a ser visto como indivíduo.
  2. ONTOGÊNESE - Aspectos Individuais. Condicionamento Operante do Indivíduo. Está nas diferenças entre os sujeitos, no processo de individuação. Sujeito único. História de aprendizagem do indivíduo. SUA FALHA é admitir as mudanças do ambiente e prepara o indivíduo para se comportar no ambiente pelo condicionamento operante. logo está suscetível ao antagonismo dos comportamentos, exigindo a imediaticidade do reforço, onde o tempo e a qualidade dos reforços interferem no comportamento. Ex: Ganhar 1 sonho de valsa agora ou  1 caixa de chocolate no fim de semana? O comportamento pode ser aprendido através do comportamento dos outros. A seleção ocorre no acaso, deve esperar o acaso ocorrer.
  3. CULTURA - Aspectos Culturais. Sua cultura. Comportamento Verbal, capaz de transmitir mensagem através da linguagem escrita, gestual. Tem como produto o SELF que é autoconhecimento. As pessoas se reconhecem a partir do outro que está inserido em sua própria cultura.  Onde está a inconsciência. Estuda a consciência dos sonhos por que são formas privadas de comportamentos para Skinner. Não considera isso como estudo psíquico e sim como comportamento. Para Skinner o produto desse terceiro nível é a variação que chamou de Self.
DIFERENÇA ENTRE CONDICIONAMENTO OPERANTE E RESPONDENTE

Para ser Operante está sob efeito ou influencia de consequências passadas.
  • Ex: Toda vez que chego perto da coleira(CO), o cachorro vai pra junto achando que vai passear.
Para ser Respondente é preciso haver um reflexo inato envolvido no comportamento.
  • Ex: Toda vez que ouço essa música, fico arrepiado (CR), porque lembro de quando faço sexo com fulana, pois ela sempre coloca essa música.
REFORÇO POSITIVO - Acrescenta alfo positivo e mantém a pessoa se comportando. Produz prazer.
REFORÇO NEGATIVO - Retira algo negativo e mantém também a pessoa se comportando. Produz Alívio.
Ambos aumentam a probabilidade do comportamento ocorrer.

Behaviorismo Metodológico e Behaviorismo Radical - Aula de 03/09/2019 Psicologia Comportamental.

Ambos:

  • Estudam o comportamento por si mesmo.
  • Opõem-se ao Mentalismo
  • Admite o evolucionismo biológico.
  • Adota o determinismo materialístico
  • Usa procedentes objetivos na coleta de dados
  • Rejeita a Introspecção
  • Realiza a experimentação.
Behaviorismo Metodológico - Watson:
  • Realiza testes de hipóteses, com grupo de controle que aprove e compactue da mesma percepção do indivíduo que destoa do grupo.
  • Compara-se o indivíduo com o grupo do qual ele destoa.
  • Observação consensual. alguém precisa validar o que observo.
  • Considera COMPORTAMENTO somente o que todos podem observar igualmente, consensualmente.
  • É mecanicista - Explica o comportamento através do ESTÍMULO(S) - RESPOSTA (R)
  • Admite duas NATUREZAS DO COMPORTAMENTO:

    1. MENTAL - Não nega a existência, mas afirma que não pode estudá-la, pois a subjetividade não é observável.
    2. FÍSICA - Pode estudá-la, tudo que é físico pode ser observado.
  • Influenciado pelo Operacionismo, Positivismo, só vai admitir como comportamento, o que puder ser observado por outras pessoas também.
  • Admite somente a NATUREZA FÍSICA,  por isso, nega a existência da mente, não aceita estudar eventos internos.
Behaviorismo Radical- Skinner:
  • Para analisar o comportamento de "João", é preciso analisar a história de vida dele até o momento presente, em que se observa determinado comportamento.
  • O indivíduo é analisado na sua individualidade e não necessita de consenso entre os observadores. Não precisa que ninguém valide o que o analista observa.
  • Só posso comparar "João" com ele mesmo, a partir de sua história de vida. Não se pode compará-lo com ninguém.
  • É determinista - Explica o comportamento levando em consideração o contexto da história, se atendo á individualidade do sujeito, REFORÇO(R) - CONSEQUÊNCIA (C)
  • 98% do REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL é aprendido - CONDICIONAMENTO OPERANTE.
  • Repertório Comportamental inclui pensamentos, sentimentos, o estado que a pessoa está, o que fala, como fala. - TUDO É COMPORTAMENTO.
  • Leva em conta as CONTINGÊNCIAS que levariam a pessoa a se comportar de tal forma.
  • Na condição de REFORÇO(R) - CONSEQUÊNCIA (C), dependendo das consequências que o comportamento tiver, ela vai retroagir sobre o comportamento reforçador, podendo este, se repetir ou não. Se a consequência for positiva, o comportamento tende a se repetir. Se a consequência for negativa, o comportamento tende a se extinguir.
  • Observa o comportamento na interação do indivíduo com o meio ambiente, sua história e sua cultura.
  • AEC - Análise Experimental do Comportamento
  • AAC - Análise Aplicada do Comportamento
  • Também usa  o Estímulo(E) - Resposta (R), porém, com diferentes conceitos:
          ESTÍMULOS ANTECEDENTES - as causas, o que motivou antes do comportamento.
          ESTÍMULOS RESPONDENTES - o que vem após o estímulo antecedente, como resposta.
          ESTÍMULOS CONSEQUENTES - derivado da resposta.
  • Analisa o comportamento à partir de três características, admite portanto, a multicausalidade:
  1. FILOGÊNESE - Aspectos Orgânicos. Comportamentos Inatos com valor de sobrevivência da espécie, trazendo vantagem evolutiva, e por isso, perpetuaram. Exemplo: luz nos olhos, retrai a pupila de qualquer um; comer; beber, etc. Olhar para o todo. História Evolucionária das Espécies.
  2. ONTOGÊNESE - Aspectos Individuais. Condicionamento Operante do Indivíduo. Está nas diferenças entre os sujeitos, no processo de individuação. Sujeito único. História de aprendizagem do indivíduo.
  3. CULTURA - Aspectos Culturais. Sua cultura. Comportamento Verbal, capaz de transmitir mensagem através da linguagem escrita, gestual. Tem como produto o SELF que é autoconhecimento. As pessoas se reconhecem a partir do outro que está inserido em sua própria cultura. 
  • Os aspectos culturais abrangem comportamentos que podem ou não ser reforçados e/ou punidos, por um grupo de pessoas em um ambiente.
  • Não se deve acreditar no comportamento verbal, é preciso buscar as "contingências" para explicar o comportamento que se apresenta hoje, e contextualizar para compreendê-lo.
  • Skinner estuda os eventos internos também, incluindo-os legitimamente dento do campo de estudo da Psicologia, de uma ciência do comportamento.
  • Não admite comportamento sem contexto.
  • O comportamento verbal é o principal meio para se entender o ser humano.
  • CONTINGÊNCIA é: S - R - C (ESTÍMULO ANTECEDENTE-ESTÍMULO RESPONDENTE-ESTÍMULO CONSEQUENTE). Na prática, esse comportamento não ocorre de forma linear assim. Esse modelo é uma análise única, que exclui o ambiente, a história de vida e a cultura do sujeito. 
  • A linha de base para a terapia no behaviorismo Radical é iniciar à partir da história de vida do cliente.
  • O organismo é o palco onde as interações do comportamento-ambiente acontecem.
  • É RADICAL em dois aspectos:
  1. NEGA ABSOLUTAMENTE, RADICALMENTE a existência de algo que escapa ao mundo físico, que não tenha uma existência identificável no espaço e no tempo.(Ex: mente, consciência, cognição), por isso, nega a existência da mente, mas aceita estudar eventos internos.
  2. ACEITA RADICALMENTE, INTEGRALMENTE todos os fenômenos comportamentais.
  • REFORÇO POSITIVO - Espera-se que o comportamento volte a se repetir.
  • REFORÇO NEGATIVO - Espera-se que o comportamento não volte a se repetir.