Relatório final: Importância da relação pais e filhos adolescentes, frente aos desafios do século XXI.


RESUMO
O presente artigo tem por objetivo demonstrar a relevância das relações entre pais e filhos adolescentes, frente aos desafios do século XXI. Desta forma, foi feita uma pesquisa online, através do Google Documents, aplicada a 71 adolescentes entre 12 e 18 anos de idade, com a finalidade de compreender a importância das relações entre ambos, em meio às transformações biopsicossociais que os jovens vivenciam na adolescência, fundamentada na Teoria Psicossocial de Erik Erikson, a qual descreve a adolescência pelo estágio “Identidade versus Confusão de Identidade, marcada pelo que ele chamou de “Crise de Identidade”. Rabello e Passos (2018) em seu Artigo “Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento” explicam que, segundo Erik Erikson, cada fase do desenvolvimento é marcada por uma crise, que pode ter um desfecho positivo (ritualização) ou um desfecho negativo (ritualismo). O adolescente nesse estágio, cresce em função das exigências do seu ego, do meio em que vive, sem perde de vista, o contexto em que vivem esses jovens.  Foi aplicado questionário para compreender como os adolescentes vêm a relação com seus pais, cujos resultados foram explanados simultaneamente às pesquisas bibliográficas, buscando compreender os desafios do relacionamento entre ambos, a identificação do adolescente com determinados grupos e como a Psicologia tem contribuído para a construção e fortalecimento desses vínculos.
PALAVRAS-CHAVE: Adolescência; Relação pais e filhos adolescentes

1.     MÉTODO
Segundo Gil (2008, p.27), o método é o caminho para se chegar a determinado fim.  Para que pudéssemos compreender a importância das relações entre pais e filhos adolescentes, inicialmente, cada membro do grupo pesquisou em livros e artigos, os conteúdos teóricos para fundamentação da pesquisa online, pertinentes aos objetivos e questões para se atingir o objetivo. Dada as circunstâncias de isolamento social por conta do Coronavírus, o grupo se reuniu através da ferramenta WhatsApp, inicialmente, para discussão dos conteúdos pesquisados, e ainda, para definir as questões do questionário online, aplicado de 14/04/2020 À 15/05/2020, através do Google Documents. Foram definidas 9 questões consideradas necessárias à identificação do perfil dos 71 adolescentes que viriam a participar da pesquisa, e 15 questões voltadas para a questão norteadora da pesquisa. Ao finalizar da pesquisa, os resultados apurados foram correlacionados no decorrer da pesquisa teórica, conforme descrito nas etapas posteriores desse relatório. A tabulação dos resultados com a elaboração do gráficos foram expostos em anexo, a fim de tornar os elementos textuais do artigo mais fluido e compreensível.

2.     INTRODUÇÃO
A adolescência é uma fase de transição no desenvolvimento entre infância e idade adulta, que impõe grandes mudanças de ordem física, cognitivas, emocionais e sociais, que assume formas variadas nos contextos sociais, econômicos e culturais. A partir do século XX, a adolescência passou a ser definida como estágio de vida. É nessa fase que ocorrem oportunidade de crescimento em termos físicos, cognitivos e sociais, bem como, desenvolvimento da autonomia, autoestima e intimidade. (PAPALIA; FELDMAN,2013, p.387). Contudo, nesse presente artigo, a adolescência será observada enquanto fenômeno cultural, oriundo das sociedades ocidentais, com ênfase na importância das relações entre pais e filhos adolescentes, frente aos desafios do século XXI.
Através da pesquisa online, aplicada a 71 jovens adolescentes, pode-se compreender a importância da relação entre pais e filhos adolescentes, na perspectiva do adolescente.  Partindo das perguntas introdutórias, com finalidade única de identificar o perfil dos adolescentes que participaram da pesquisa, pode-se observar que 53,5% eram jovens entre 17 e 18 anos de idade, 26,8% jovens com idade entre 15 e 16 anos e apenas 19,7% jovens entre 12 e 14 anos de idade (Figura 1). Quanto a etnia, os jovens se declararam em sua maioria, 45,1% pardos, 38% brancos e 14,1% pretos (Figura 2). Em sua maioria, quanto ao sexo, 77,5% se declararam do sexo feminino e 22,4% se declararam do sexo masculino (Figura 3). Entretanto, no que diz respeito a orientação sexual, 90% dos jovens declararam heterossexuais, sentindo atração pelo sexo oposto (Figura4). Questionando sobre com quem vivem esses jovens, pode-se observar que a sua maioria, 66,2% vive com pai e mãe, e que 21,1% vive somente com a mãe, e uma minoria vive com pai, avós ou outros, conforme pode ser visto no gráfico (Figura 5).  45,7% dos adolescentes moram com até três pessoas (Figura 6), o que permite haver um convívio considerável para análise da relação entre esses e seus pais. Youngblade (2007, apud PAPALIA; FELDMAN, 2013, p.387) afirma que os adolescentes que têm relações de apoio com os pais, a escola e a comunidade se desenvolvem de forma saudável e positiva, na construção e fortalecimento desse vínculo. Por outro lado, quando não há relações de apoio, podem ocorrer comportamentos de riscos ao seu bem estar físico e mental.
“Aos adolescentes é permitido experimentar de várias formas e testar novos papéis e crenças enquanto procuram estabelecer um sentimento de identidade do ego. A adolescência então, é uma fase adaptativa do desenvolvimento da personalidade, um período de tentativa e erro.” (ERIKSON, apud FEIST; FEIST; ROBERTS,2015, p.148). Daí a necessidade de identificar a classe social a qual pertence esses jovens, em que 77,5% pertencem a classe média e 19,7% se consideram de classe baixa(Figura 7), dados compatíveis com o tipo de escola que estudam, sem 57,4% em escolas particulares e 36,8% em escolas públicas (Figura 8), onde a maioria, 95,8% têm possuem celular como meio de acesso às tecnologias (Figura 9). Uma vez descrito o perfil dos adolescentes que responderam à pesquisa, pode-se compreender a seguir a importância das relações entre pais e filhos adolescentes, frente aos desafios do século XXI, a partir da perspectiva do adolescente.

3.     DESENVOLVIMENTO

3.1.CONTRIBUIÇÕES DE ERIK ERIKSON PARA A ADOLESCÊNCIA

As teorias do desenvolvimento humano trouxeram contribuições de suma importância, para o entendimento e compreensão da formação biopsicossocial do adolescente, levando-se em consideração que esses aspectos podem variar em função da história de vida do adolescente. Nessa fase, ocorrem grandes transformações de ordem físicos, cognitivos e sociais, bem como, desenvolvimento da autonomia, autoestima e intimidade. (PAPALIA; FELDMAN,2013, p.387). A partir dessa perspectiva de transformações que enseja a adolescência, perguntou-se aos jovens como eles conseguem lidar com essas mudanças, sobretudo, emocionais e comportamentais. Conforme gráfico (Figura 10), 36,6% “conversam com a mãe ou o pai” ou “conversam com amigos”, o que pode ser uma atitude bem positiva no fortalecimento de vínculos da relação entre pais e filhos. Porém, 11,3% afirmam que “não há diálogo com os pais” o que dificulta o relacionamento, levando o jovem buscar o entendimento daquilo que se passa com ele numa fase tão importante, em outras fontes, nem sempre confiáveis.
Sabe-se que as transformações hormonais na adolescência, correm a partir da puberdade. Nessa fase, o adolescente ainda não tem o frontal desenvolvido, responsável por tarefas executivas, e portanto, agem ainda muito instintivamente, vivenciam emoções mais intensas, mudam de humor, sendo as amigdalas responsáveis por esses comportamentos (PAPALIA; FELDMAN, 2013, p.393). Supreendentemente, ao questionar sobre se essas condições afetavam o relacionamento deles com os pais, 9,9% relataram: “Não percebo nada disse em mim”. A maioria dos jovens 43,7% relataram que “há um entendimento mútuo, conseguimos nos entender” demonstrando que os pais também estão atentos às mudanças do adolescente. Contudo, ainda é muito expressiva a quantidade de jovens (32,4%) que relataram “Não nos entendemos, gerando conflitos” (Figura 11).
Segundo Collin et al. (2016, apud PAPALIA, FELDMAN, 2013, p.273), a partir da Teoria Psicossocial de Erik Erikson(1902/1994) mais especificamente em seu estágio “identidade versus confusão e identidade”, fase em que se adquire uma noção mais coerente sobre quem é, levando-se em conta o passado, o presente e o futuro, quando o adolescente consegue passar pela fase, lidando bem com os acontecimentos peculiares da adolescência, conseguirá sair dela, com um sentido de si, que é a busca da identidade unificada. Entretanto, nessa fase, e devido às grandes transformações biopsicossociais nela vividas, podem ocorrer “crises de identidade”, termo cunhado por Erikson (apud FEST; FEIST; ROBERTS, 2015, p. 146). Com isso, ao atravessar a para a próxima fase do desenvolvimento, dependendo de como o adolescente lida com essa crise, poderá fortalecer ou enfraquecer a personalidade do mesmo. Foi perguntado aos adolescentes, como eles avaliam a participação de seus pais na construção de sua autonomia, autoestima e intimidade. A maioria 52,9% relataram que essa participação é “parcialmente presente, nem tudo conversamos”, o que demonstra que ainda há muitos vínculos a se fortalecerem nessas relações, para que possam falar de tudo com seus pais. De qualquer forma, pode-se observar que 34,3% considera a participação de seus pais nessa construção “Presente, conversamos sobre todos os assuntos”.  Embora 11,4% desses jovens relataram que os pais são “Ausentes, não dialogamos sobre nada eu diz respeito a autonomia, autoestima e intimidade”, há aí uma pequena parcela, de apenas 1,4% dos jovens, que demandam uma maior preocupação ao relatarem que “Quando vou dialogar, por mais simples que seja o assunto, ela(ele)parte pro ataque, então desisto de falar.” Nesses casos, muitas vezes é preciso buscar um auxílio terapêutico que seja capaz de abrir as portas para o entendimento e compreensão mútua por meio do diálogo. (Figura 13)
Nessa fase, os adolescentes vivenciam um distanciamento dos pais, e saem em busca de novas construções sociais, a fim de obter mais autonomia, construindo a sua real identidade. Com isso, vivem mais em seu próprio mundo e buscam construir seu próprio espaço. Esse comportamento de distanciamento, segundo 18,8% dos adolescentes relataram “dificulta o diálogo, devido ao distanciamento”. Por outro lado, 23,2% dos adolescentes afirmaram que “favorece a relação, meus pais respeitam meu espaço”, evidenciando aí a real necessidade de construção de sua identidade. Pode-se observar, que 11,6% dos jovens, ao relatarem que “Sinto falta dessa relação de proximidade com meus pais” demonstram que, os vínculos não estão solidamente construídos nas relações familiares, predominando o distanciamento entre ambos. Contudo, a maioria dos adolescentes, 39,1%, relataram que o distanciamento “É irrelevante, pois quando estamos juntos, conseguimos manter uma boa relação” (Figura 12).
Kroger (1993, apud PAPALIA, FELDMAN, 2013, p.3) afirma que a identidade se forma na medida em que, as pessoas resolvem três questões importantes: a escolha da ocupação, a adoção de valores nos quais acredita e segundo os quais viver, e o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória. A forma como esses adolescentes lidam com essas transformações é determinante na maneira como irão se relacionar com seus pais, sobretudo, no que diz respeito ao desenvolvimento emocional e social, no qual se estabelecem as variadas formas de relacionamentos do jovem. Quando estes vivenciam a crise de identidade, podem ocorrer problemas e situações de risco, nas quais apresentam comportamentos com graves consequências que irão repercutir por toda a sua vida, como gravidez indesejada, drogas ilícitas, criminalidade, etc. Em contrapartida, com os vínculos fortalecidos, o jovem enfrenta a Crise de Identidade, saindo dela fortalecido para OS próximos estágios, que irá enfrentar na vida.

3.2.DESAFIOS NA RELAÇÃO PAIS E FILHOS ADOLESCENTES

São muitos os desafios enfrentados no relacionamento de pais e filhos adolescentes, considerando o contexto em que vivem essas famílias e a forma como essa realidade afeta seus comportamentos.  A partir disso, sabe-se que a adolescência é um estágio do desenvolvimento que acontece a mudança da infância para a fase adulta. Esse período é marcado por inúmeras modificações e descobertas no âmbito pessoal, físico, social, sexual e afetivo, o que possibilita uma mudança em sua forma de perceber o mundo, exigindo uma transformação mútua de todos os envolvidos nesse ciclo, em especial, pai e mãe.
Os adolescentes emergem da infância em direção a um lugar no mundo adulto, ou seja, se afastam da dependência do meio familiar. O crescimento é questão de um entrelaçamento com o meio ambiente facilitador, ou seja, a família e pequenas unidades sociais podem acolher e ser continentes ao processo de crescimento do adolescente. Evidencia-se a função da família enquanto instituição que preserva e transmite valores, códigos morais e éticos possibilitando a formação da identidade do adolescente, entendendo-se a construção da identidade como um processo contínuo fruto do amadurecimento emocional do ser humano e da pertinência do indivíduo a um grupo social. (ROCCO, 2015, p.53 ).

 O adolescente fica propenso a experiências externas diferentes das que a família costuma oferecer. Essas experiências são marcadas por descobertas sexuais, desenvolvimento físico, novos entrosamentos sociais, gostos musicais, vestimentas, descoberta de drogas lícitas e ilícitas, todas essas, são possíveis conforme o grupo social a qual o adolescente se ver identificado. O desligamento do ambiente facilitador é normal e favorece a construção da nova identidade, tudo isso se dar de forma diferente de acordo com cada realidade sócio-cultural-econômica e aceitação grupal.  Observou-se que 50% dos jovens que participaram da pesquisa, e que vivem na perspectiva de uma comunidade global da vida contemporânea, têm consciência de que o distanciamento quando é causado por eles, também podem afetar os seus relacionamentos com os pais. 34,3% deles apresentaram dúvidas sobre até que ponto esse distanciamento pode afetar o seu relacionamento e, 15,7% acreditam que isso não afeta a relação entre pais e filhos adolescentes. (Figura 14). Por outro lado, quando o distanciamento é provocado pelos pais, em virtude da necessidade de trabalhar, ou qualquer outro motivo que os mantenham distantes de seus filhos, apenas 30% acreditam que afeta a relação com os pais, 35,7% afirmaram não afetar, e 34,3% disseram que talvez (figura 15).

Nesta fase, os adolescentes são erroneamente identificados como: “aborrecente”, mal educados, bipolar, insolentes, agressivos e inseguros.  Essa definição é considerada errada, pois o adolescente, quando bem instruído e entendido consegue enfrentar esta fase do seu desenvolvimento de forma a não apresentar esses conflitos. O comportamento do adolescente depende muito da sua relação com seus primeiros grupos sociais. Daí, se destaca a importância da compreensão e orientação dos pais para que não venham a emergir comportamentos indesejáveis, que costumam ter destaque nesse período. Foi perguntado aos adolescentes, que tipo de problemas essa suposta rebeldia tem causado na relação entre pais e filhos. 30,9% assumiram ter “comportamento impulsivo e instintivo”, 26,5% relataram ter “Conflitos com a família”, 23,5% relataram haver “Tumulto Emocional”, motivos pelos quais tem afetado os seus relacionamentos com os paus. Apenas 8,8% relataram uma certa “Alienação da sociedade adulta”, demonstrando não haver envolvimento com os pais nesse sentido. (Figura 19)

[...] O comportamento problemático ocorre é porque “alguém” ou “algo” estão mantendo esse comportamento--portanto, para mudar essa situação deve-se mudar a relação comportamento-manutenção e promovendo mudanças em seu (do adolescente) repertório, mudar-se-á não apenas o comportamento dele, mas também os comportamentos dessas pessoas envolvidas. (BANACO, 1998, P.144).

Todas essas vivências adolescentes são fundamentais e inevitáveis para o processo de construção do mesmo, e sua desenvoltura nas próximas relações sociais.

3.3.ADOLESCENTE E IDENTIDADE DE GRUPO

Conforme explica Branconnier & Marcelli, (2000  apud CASACA, 2009, p. 2), afim de compreender como a identificação dos adolescentes com determinados grupos, formados no contexto da realidade em que vivem, pode impactar no relacionamento com os pais, afirmam que os  adolescentes confrontam duas necessidades opostas em relação aos pais: a separação e a dependência. Sendo que, a separação se dá inicialmente de forma psicológica, com o surgimento de sentimentos de desilusão para com os pais, que emergem na forma de falta de diálogo, pouco entendimento e má comunicação, o que leva os adolescentes na maioria das vezes a se sentirem incompreendidos.
Essa separação e a busca da autonomia que é necessária para o desenvolvimento do adolescente, faz com que o mesmo passe menos tempo com os pais. Dessa forma, os adolescentes acabam redirecionando esse tempo para estar com os grupos de pares, onde ele encontrará um espaço de apoio, sendo-lhe permitido experimentar novos papéis sociais, ter diálogos sobre seus problemas e partilhar de opiniões acerca de si próprio e dos outros do mundo social (PALMONARI, POMBENI & KIRCHLER, 1992 apud CASACA, 2009, p. 4). Sabe-se que nem sempre se consegue ter uma relação de diálogo entre pais e filhos, com isso, foi perguntado aos adolescentes como eles gostariam que fosse o relacionamento com os pais, a fim de que pudessem ter maior equilíbrio emocional e obterem comportamentos mais equilibrados. Uma grande maioria 67,2% dos jovens gostariam que ter “Pais mais presentes e amigos” e apenas 11,9% relataram desejar “Pais mais distantes, menos controladores”. (Figura 16). Considerando essa busca pela liberdade da adolescência, perguntou-se sobre os mecanismos de controle de liberdade social, aplicado pelos pais aos filhos, e pode-se observar que 85,7% dos jovens acreditam que são “Controles moderados, justos”, demonstrando uma maturidade e compreensão da necessidade e de intervenção dos pais nessa busca pelo novo por parte do jovem. Apenas 12,9% consideraram que “São controles excessivos, abusivos”, havendo aí a necessidade de buscar o diálogo e o entendimento, por parte de ambos. (Figura 17).
Por outro lado,  como afirma Ferreira (2000 apud CASACA, 2009, p.) a associação e pertença a um grupo de pares sustenta crenças favoráveis ao desvio, o que constitui uma fonte de influência "desviante"  para os seus membros,  ou seja,  as associações com amigos desviantes serão vitais para a iniciação ao mundo de transgressão. Assim, os  jovens que tem dificuldades em aceitar os valores familiares e estão em constantes conflitos com os seus membros,  acabam por compensar a falta de identificação com à  família com uma forte identificação ao grupo de pares e, conforme explica Palmorari et al. (1991 apud CASACA, 2009 p. 14), se esse tiver tendência para comportamentos de riscos, como o vandalismo, abuso de drogas lícitas e ilícitas e pequenos furtos, acabará se tornando condutor para o desencadeamento desses comportamentos em seus membros
Nos conflitos gerados em virtude do relacionamento do adolescente com família e amigos, foi perguntado aos adolescentes se consideram a família importante, do ponto de vista de seu desenvolvimento. Embora 64,3% afirmaram ser “Super importante, é a base segura na minha formação biopsicossocial”, 28,6% consideraram ser “parcialmente importante, atrapalha em alguns aspectos”, e ainda, uma minoria firmou ser “irrelevante, acredito que sei conduzir meu desenvolvimento, demonstrando aí, não ter consciência do significado real de seu desenvolvimento, sobretudo, para que se saia fortalecido dessa fase para enfrentar as fases seguintes da vida. (Figura 18)
Observou-se que ao precisar de algum conselho ou conversar com alguém sobre qualquer motivo, 40,6% dos jovens os adolescentes buscam o auxílio da mãe, demonstrando um vínculo mais fortalecido com a figura materna.  Porém, pode-se observar uma diversidade de respostas, que podem favorecer ou levar o jovem a comportamentos de risco, tais como: “amigos”, “Internet”, alguns afirmaram ser “autossuficiente”, outros “namorado(a)” (Figura 20).
Deve-se salientar que um bom suporte familiar e um bom envolvimento afetivo constituem importantes fatores de proteção na família. Segundo Silliman (1994 apud CASACA, 2009, p. 9), O que leva os jovens a se sentirem mais próximos ao seus pais e mais satisfeitos com as relações familiares, diminuindo assim a probabilidade de cometerem desvios de conduta. Portanto, é evidente que as relações interpessoais têm grande importância durante a adolescência, principalmente para o bem-estar psicológico, já que, uma má relação com os pais e com os pares pode desencadear sentimentos de mal-estar, assim como, a apresentação de comportamentos inadequados.
Importante ressaltar, que o momento atual, em que o mundo em geral vivencia uma Pandemia do Covid-19, Coronavírus, tem demandado maior convício entre todas as pessoas devido à necessidade de isolamento social imposto às sociedades. Com isso, as relações entre pais e filhos adolescentes tem sido intensificada no que diz respeito à convivência cotidiana. Em virtude disso, foi perguntado aos adolescentes o que eles têm achado desse convívio, e apenas 26,9% relataram estar “Adorando o convívio mais próximo, fortalecendo vínculos”. Pode-se notar que 53,7% dos jovens relataram “Não mudou nada” demonstrando aí uma indiferença em relação ao convívio mais próximo entre ambos. 14,9% afirmaram “temos tido muitos desentendimentos, conflitos”, fortalecendo a ideia de que o distanciamento muitas vezes é necessário, uns relataram estarem viajando, não ter momentos de vínculos ou estarem ausentes, e curiosamente, alguns afirmaram “Já surtei trocentas vezes”. (Figura 24)

3.4. A PSICOLOGIA E O  FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS

É preciso conceber a adolescência como um fenômeno de ordem biopsicossocial, não só dando ênfase aos aspectos biológicos e psicológicos, mas também enfatizando as perspectivas sociais da adolescência, assim lhe damos com os fatores sócio-histórico que constroem a subjetividade do sujeito (CONTINI, KOLLER E BARROS, 2002)
Segundo Bock (1997, apud CONTINI, KOLLER E BARROS, 2002, p.22) a busca pela compreensão do outro se dá no mergulho de sua totalidade, onde o mesmo foi educado e está inserido. Esta totalidade é o próprio sujeito. Portanto, não se pode pensar na construção de identidade, fator genuíno da adolescência, sem pensar em suas vivências e em qual contexto social o jovem é, e faz parte.
“Ao supor uma igualdade de oportunidades entre todos os adolescentes, a psicologia que se encontra presente nos manuais de Psicologia do Desenvolvimento, dissimula, oculta e legitima as desigualdades presentes nas relações sociais [...]” (BOCK, 1997; CLIMACO, 1991 apud CONTINI, KOLLER E BARROS, 2002, p.18).
É observado, que grande parte da sociedade, de um modo geral, influenciado por grandes teóricos e teorias do desenvolvimento, anteriormente citados, entendem a adolescência como simplesmente, sendo uma fase complicada, onde esses jovens são marcados pela rebeldia, o que afetaria as suas relações, principalmente com os seus pais, responsáveis por impor os limites. Sendo assim, para que o profissional de psicologia possa contribuir nas relações de jovens adolescentes com os seus pais, seria imprescindível a busca pela compreensão, enfatizando a subjetividade de cada situação, levando em consideração qual o meio em que aquele jovem está inserido e como isso afeta às suas relações.
Diante do exposto, a adolescência enquanto fenômeno social e cultural ocidental, enseja um olhar crítico, que possibilite a formação e construção de uma relação saudável entre ambos, a fim de que, as transformações biopsicossociais, inerentes à fase do desenvolvimento humano em questão, sejam agentes fortalecedores de vínculo entre pais e filhos adolescentes. Foi feita uma pergunta sobre os vínculos da relação do adolescente em questão, com seus pais e, 60,9% dos jovens responderam que consideram os vínculos com seus pais fortemente construídos, 34,8% relataram serem vínculos parcialmente construídos e apenas uma minoria, afirmou não haver nenhum vínculo com os pais. (Figura 21)

Segundo Soares; Mendes (2016), “...o objeto de intervenção do psicólogo passa a atingir aspectos da vida no concreto, cotidiana e seus efeitos de subjetividade, que reproduz e realimenta no entrelaçamento dos indivíduos entre si e com a entidade”, daí a necessidade da construção, fortalecimento de vínculos nas relações entre pais e filhos adolescentes, como campo de atuação do psicólogo, a fim de, trabalhar as dificuldades do adolescente e seus pais, estabelecendo elos entre ambos que fortaleçam a relação diante dos desafios biopsicossociais que a adolescência enseja.  Partindo desse entendimento, foi perguntado aos adolescentes se eles acreditam que a Psicologia pode contribuir de forma significativa na construção e fortalecimento de vínculos das relações entre pais e filhos e, de forma significativa, 81,4% desses jovens, acreditam que sim, inclusive houve relato, embora de uma minoria, dizendo: “já até tentamos terapia em conjunto” (Figura 22).  Entretanto, apenas 12,9% afirmaram estar fazendo terapia no momento. Outros 27,1% afirmou “já fiz terapia, não faço mais” e 60% afirmou nunca terem feito terapia, o que pode demonstrar um amplo mercado de atuação para o profissional da Psicologia (Figura 23).

4.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se, portanto, que conquistar uma relação entre pais e filhos adolescentes, pautada no diálogo, na compreensão mútua e no amor, são de fundamental importância para a construção e o fortalecimento de vínculos entre os jovens e seus genitores. Do ponto de vista dos jovens de classe medida entrevistados, pode-se perceber que, a relação se fortalece quando a busca do entendimento empático, parte de ambos os lados, buscando compreender que o distanciamento temporário do jovem em relação a seus pais, é perfeitamente compreensível para a construção de sua identidade, e que todas as instabilidades ocasionadas no período da adolescência demandam o diálogo compreensivo para que, jovens e pais, consigam alcançar um nível de entendimento satisfatório que fortaleça cada vez mais essa relação, ao longo de suas vidas. Em contrapartida, quando a relação é prejudica enfraquecendo os vínculos e incentivando o jovem a se distanciar dos pais, a sua formação biopsicossocial poderá ser afetada de forma significativa por toda a vida. Importante ressaltar, que conquistar uma boa relação entre pais e filhos não implica dizer ser melhor amigo, ou que deva ser permissivo. Os próprios jovens demonstraram compreender como necessárias, as intervenções de seus pais, em determinadas questões da Adolescência, sendo importante que o diálogo sempre exista nesse relacionamento.
Contudo, foi possível observar que a Psicologia vislumbra a partir das relações entre pais e filhos adolescentes, um amplo nicho de intervenção, já que 60% (Figura 23) dos jovens entrevistados, declararam nunca terem feito terapia, com a finalidade de mediar os conflitos oriundos dos relacionamentos dificultosos entre  eles, a fim de construir os vínculos e fortalecer as relações positivamente, para que, o jovem consiga vivenciar os próximos estágios do desenvolvimento, de forma equilibrada e satisfatória, no que tange ao seu desenvolvimento biopsicossocial.


5.     PERCEPÇÕES INDIVIDUAIS

5.1.Alessandra Uzêda
Em virtude do isolamento social, o grupo já estava melhor adaptado às ferramentas de estudo à distância. Houve uma proatividade maior na produção do relatório final. Percebi que as ferramentas online foram muito bem aproveitadas, garantindo um resultado de pesquisa satisfatório para o que, o grupo se propôs realizar. Por se tratar de um público específico, a pesquisa teve um alcance razoável de adolescentes, considerando as condições em que toda a sociedade se encontra, pois, para atingirmos 71 adolescentes em uma pesquisa presencial, cujo grupo são 5 componentes, cada um teria que entrevistar quase 15 pessoas para se atingir esse público. A pesquisa foi muito satisfatória, tendo em vista que trouxe aspectos relevantes sobre como as relações entre pais e filhos adolescentes podem influenciar na formação biopsicossocial do adolescente.
5.2. Erielma Silva
A segunda etapa foi muito importante para compreender mais um pouco sobre a adolescência. Pude perceber o quanto se faz necessário a presença dos pais e como os pais ainda deixam a desejar na relação com os filhos. Pode-se perceber que nesta fase de desenvolvimento físico, psicológico e social ocorrem muitas transformações hormonais, onde os jovens vivenciam emoções mais intensas, mudanças de humor e as formas de pensar. Com o acesso aos dados da pesquisa on-line, trouxeram maior clareza sobre o distanciamento do adolescente do núcleo familiar, e seus impactos nas relações com os genitores. Então observei que nesta atual fase que estamos vivendo, com a pandemia do novo covid 19, impôs algumas obrigações que não são fáceis de se cumprir nesta fase da adolescência.

5.3. Gabriela Matos
Minha percepção sobre a segunda parte foi que achei muito importante a construção pois consegui abrir os horizontes para questões antes desconhecidas, como por exemplo, a importância determinante da família na aceitação e acolhimento ao invés de continuar vendo o adolescente como sendo todos iguais.  Conclui na produção desse trabalho que a adolescência é uma fase de novas descobertas e como toda nova descoberta, traz desconfortos e novas curiosidades e nesse quesito a família tem como dever auxiliar para que essa fase seja alcançada de forma mais saudável, o que vai beneficiar o adolescente e os pais. Precisamos sempre nos atentar para orientar, ao invés de coagir. A orientação acompanhada de informação pode transformar o adolescente e auxiliá-lo nessa fase de construção.

5.4. Jéssica Dias
Apesar de todas as dificuldades que surgiram durante a elaboração dessa pesquisa, devido a pandemia do Covid-19, creio que nós conseguimos atingir o nosso objetivo principal que foi, compreender a relevância da relação entre pais e filhos adolescentes, frente aos desafios do século XXI. E entender essa relação foi muito importante, principalmente pelo momento atual em que estamos vivendo, onde a convivência entre pais e filhos foi intensificada devido ao isolamento social. O que só realça a importância de se ter um bom suporte familiar e um bom envolvimento afetivo, para enfrentar momentos como esse, já que, devido ao confinamento os conflitos acabam aumentando. Por fim, em relação a observação, mesmo fazendo o uso de ferramentas digitais como o Google Documents, para aplicar o questionário, senti falta do contato, de interagir com o objeto de análise.

5.5. Lays Brito
O segundo momento de construção desse trabalho foi mais tranquilo, senti que já havíamos nos adaptado, de uma melhor forma a situação. Tivemos dentro do grupo ótimos direcionamentos, e a participação de todos foram indispensáveis para alcançarmos tais resultados.



REFERÊNCIAS 

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