Síntese de Psicologia Social: um pouco de cada assunto!

OS PERIGOS  DA OBEDIÊNCIA - EXPERIMENTO DE  MILGRAM

 

Conhecido como "Experiência de Milgram", por ter sido conduzido pelo psicólogo Yale Stanley Milgram, ele tinha como objetivo analisar o nível de obediência das pessoas à autoridade. O cientista dividiu 40 voluntários em dois grupos aleatórios: a um disse que seriam professores, e aos outros, que seriam estudantes. Em seguida, levou os "estudantes" para outra sala e pediu aos "professores" que colocassem à prova a memória de seus "alunos". O pesquisador os instruiu a castigar aqueles que errassem com choques elétricos. A máquina que utilizariam emitia descargas que íam de 50 a 450 volts. A potência máxima vinha acompanhada de uma inscrição que dizia "Perigo: choque severo".
A submissão à autoridade é um dilema bastante antigo, existindo desde que a história de Abraão a quem Deus ordenou sacrificar seu filho como prova de fé. Platão discutiu a questão de saber se deve alguém obedecer ou não às ordens quando elas conflitam com a consciência, Sócrates dramatizou e submeteu à análise filosófica, porém, os filósofos conservadores argumentam que a própria estrutura da sociedade é ameaçada pela desobediência. ao passo que  os humanistas acentuam a primazia da consciência individual. Do ponto de vista da psicologia social cognitiva, pode-se afirmar sobre a obediência, influência e persuasão, relatadas acima, que retratam a ideia de Milgram, autor que fundou a Psicologia Social nos estudos sobre conformismo.
CONFLITOS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO - EXPERIMENTO DE ZIMBARDO

"Uma década mais tarde, um professor de Psicologia Social da Universidade de Stanford chamado Philip Zimbardo quis levar o experimento de Milgram um passo adiante e analisar o quão tênue é a linha que separa o bem do malEle se perguntava se uma pessoa "boa" poderia mudar sua forma de ser a depender do seu entorno. Afixou então um comunicado nas paredes da universidade oferecendo US$ 15 por dia a voluntários que estivessem dispostas a passar duas semanas em uma prisão falsa. O estudo foi financiado pelo governo, que queria entender as origens dos conflitos no sistema penitenciário americano. Zimbardo selecionou 24 estudantes, a maioria branca e de classe média, os separou em dois grupos, dando-lhes aleatoriamente o papel de guardas e de prisioneiros, e pediu que voltassem para casa. O experimento de fato começou de forma brutal: policiais de verdade, que haviam aceitado participar do projeto, foram à residência dos "prisioneiros" e os detiveram, acusando-lhes de roubo. Eles foram algemados e levados à delegacia, onde foram fichados e transportados, com os olhos vendados, a um suposto presídio local - mas que na verdade era o sótão do Departamento de Psicologia de Stanford, que havia sido transformado, de forma bastante realista, em uma prisão.


O pesquisador estadunidense e professor da Universidade de Stanford, na Califórnia, Philip Zimbardo, realizou um polêmico estudo experimental. em 1971, no qual simulou as condições de uma prisão. Os estudantes selecionados para o experimento cumpriram o papel de carcereiros e prisioneiros. O experimento revelou um componente agressivo entre os carcereiros, e os prisioneiros apresentaram distúrbios emocionais. Por esta razão, o experimento precisou ser cancelado. até hoje o experimento vem repercutindo e, Zimbardo se tornou um especialista em estudos das condições carcerárias, pesquisando sobre a prisão de AbuGhraib. 



A partir desse experimento, fundante na Psicologia Social, pode-se afirmar que se refere ao que a psicologia social chama de influência social e persuasão, além de demonstrar a função estruturante do desempenho de papeis sociais.



VIGIAR E PUNIR - MICHAEL FOUCAULT


O primeiro capítulo do livro Vigiar e Punir, retrata com requintes de detalhes, como se davam os suplícios na época: 

"...desapareceu o corpo supliciado, esquartejado, amputado, marcado simbolicamente no rosto ou no ombro, exporto vivo ou morto, dado como espetáculo. Desapareceu o corpo como alvo principal da repressão penal..." 

É certo  afirmar que o suplício era uma forma perigosa de punição, pois incitava a vingança e a ira da população. Além disso, Foucault realiza uma genealogia das técnicas punitivas ressaltando o papel da psicologia e da criminalidade como saberes que a princípio tinha função retificadora e ortopédica da subjetividade humana. E com a penitenciária, novas formas de punir são engendradas e construídas novas técnicas de adestramento que agirão sobre os corpos e as almas. Os estudos sobre as prisões de Foucault não tem o objetivo de saber se as prisões são corretas ou não, mas sim, entender esses dispositivos de normalização e todas as consequências desse tipo de poder.

PSICOLOGIA SOCIAL: 

ESQUEMA  é visto como subproduto do processo de categorização. É definido como uma "estrutura abstrata de conhecimento que especifica os fatores determinantes e os atributos de um dado conceito."(Pereira,2002, p110) quando aplicado em grupos sociais, são esquemas de grupo. Facilitam e orientam o processamento da informação sobre coletividades interferindo nos processos de atenção, interpretação e memória, bem como sobre os julgamentos dos membros dos grupos percebidos.

CATEGORIZAÇÃO é um processo de subsunção em uma categoria, presente na formação dos estereótipo. Categorizar implica em pensar a pessoa como membro de um grupo e não admitir sua individualidade, como uma auto-definição pertencente a uma categoria social.

PAPEIS SOCIAIS E ATITUDES  se relacionam na medida em que, embora a ATITUDE seja uma predisposição de cada sujeito, é formada através das interações deste sujeito nos seus diversos papéis sociais.

COGNIÇÃO MENTAL segundo Monteio e Neto, consiste em uma operação mental, que está na base do funcionamento social, envolvendo a capacidade humana de perceber a intenção e a disposição do outro em um determinado contexto. Isso inclui as habilidades nas áreas da percepção social, atribuição e empatia e reflete a influência do contexto social. Portanto, pode-se afirmar que ESTEREÓTIPOS é uma matriz de pensamentos e sentenças com características de homogeneidade, fixidez e super generalização.


MODELO COMUNITÁRIO DE SAÚDE

Leva em conta a atividade dos usuários dos sistemas de assistência e a constituição de uma cultura própria a um grupo... Designa um contexto e maneira em função dos quais se materializam as transformações no campo da saúde... busca superar limitações de um modelo biomédico,unis- setorialidade, individualismo, privação de responsabilidade dos usuários no sistema de assistência... partindo dessas ideias sobre o modelo comunitário de saúde, pode-se afirmar que  esse modelo se aproxima com a concepção que a psicologia social traz de valorizar as representações, cognições e atitudes dos sujeitos envolvidos na interação social e no processo de saúde.

A Psicologia Social traz a perspectiva de que as populações socialmente vulneráveis, como quilombolas, negros, indígenas, ribeirinhas, refugiados ou outras, são constantemente atravessadas por exclusões sociais que formam maiorias psicológicas, Sustentadas por ideologias de poder e desigualdades históricas e sociais.

A diferença da atuação do psicólogo social enquanto profissional e agente de um sistema de estado (CREAS,CRAS,CRAM,ETC) e a psicologia social enquanto campo epistemológico, pode se dar a partir do entendimento de ambas: A Psicologia social é uma área da psicologia que estuda a interação entre as subjetividades do indivíduo e concepções inerentes ao meio social. Nessa perspectiva, pode-se questionar como pode essa subjetividade se manifestar plenamente, se as regras e normas da sociedade, são impostas desde o nascimento até a morte, por meio de uma determinada disciplina, imposta a todos?  Outra questão, está no fato de que as especificidades éticas do indivíduo, por vezes, não encontram eco nas regras morais impostas por determinadas sociedades. Ambas as questões,na perspectiva do psicólogo social, pode ser pensada em como este pode atuar de forma plena no tratamento dos pacientes inseridos no sistema de saúde com regras tão massificantes e rígidas que tentam enquadrar a todos aqueles considerados fora dos padrões? Da mesma, forma, como pode a subjetividade do indivíduo, ser respeitada ou defendida estando o mesmo inserido no contexto onde as convicções sociais determinam o certo e o errado, o legal e o ilegal? Partindo desses questionamentos, a diferença entre a teoria e prática é uma realidade bastante clara, mas que não deve levar à estagnação.


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