Orientação Profissional no Brasil: uma revisão Histórica da Produção Científica

 

  •  panorama da história da Orientação Profissional no Brasil
  • Orientação Profissional em grupo 
  • identificação dos principais referenciais teóricos e metodológicos que sustentam as práticas de Orientação Profissional no Brasil.
  • destaca que a ciência não é produzida de forma alheia ao contexto político, social e econômico.
A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

Século XX - Modalidade de Orientação Profissional estritamente psicométrica

Década de 20:
  • Aplicação da Psicologia nas relações de trabalho.
  • regulamentação dos cursos destinados à profissionalização para o comércio, indústria e agricultura.
  • 1924 -  primeira experiência de aplicação sistemática da Psicologia à organização do trabalho, com o objetvo de selecionar alunos para o Curso de Mecânica Prática.
Década de 30:
  • 1930 - empresas ferroviárias criaram o Curso de Ferroviários de Sorocaba e o Serviço de Ensino e Seleção Profissional da Estrada de Ferro Sorocabana. 
  • cenário político-econômico brasileiro era composto pelo governo ditatorial de Getúlio Vargas (1930-1945) e pela mudança de um modelo de economia agrário-exportadora para uma economia urbano-industrial.

Década de 40:
  • governo do General Dutra (1946-1950), por sua vez, foi marcado pela ideologia liberal e pela mudança na Constituição (1946), que passou a dar grande ênfase à cultura e à educação.
  • preocupação em atender aos contingentes formados nos centros urbanos
  • A defesa da educação como direito de todos teve sua contrapartida na hipótese de que as pessoas não eram igualmente dotadas pela natureza para usufruírem a oportunidade que o Estado lhes dava, tudo isso, através dos testes psicológicos e seu caráter científico.
  • 1947 - foi criado o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) da Fundação Getúlio Vargas (Goulart, 1985).
    • tinha por o objetivo básico de contribuir para o ajustamento entre o trabalhador e o trabalho, mediante estudo científico das aptidões e vocações do primeiro e dos requisitos psicofisiológicos do segundo (Instituto de Seleção e Orientação Profissional, 1949).
    • implantou de técnicas de seleção e orientação profissional, dando atendimento à classe média alta, numa tentativa de orientação da futura elite dirigente.
    • Formaram-se os primeiros especialistas na área da Psicologia (Bomfim, 2003).
  • ISOP no Rio teve especial importância para a criação do Serviço de Orientação e Seleção Profissional (SOSP) em Belo Horizonte.
    • SOSP tinha como objetivo de orientar vocações  no meio escolar e estabelecer critérios para a seleção de pessoal destinado à administração pública e organizações particulares.
  • O psicotécnico...
    • era o profissional que adquiria o domínio do conhecimento sobre a natureza humana e buscava adaptá-la ao novo contexto da sociedade urbanoindustrial.
    • finalidade da Orientação Profissional incorporava-se ao ideal de organização e racionalização do trabalho da época, com vistas a uma maior produtividade
    • Os testes vocacionais tinham a finalidade de orientar profissionalmente os jovens para uma escolha
    • coerente com suas aptidões, mas principalmente com vistas à maior eficiência do processo produtivo.
    • Direcionava os indivíduos para diferentes profissões pelas suas capacidades, sem considerar as diferentes condições de classe ou a história de vida do sujeito
    • A Orientação Profissional transformava as determinações sociais em características inerentes ao indivíduo.
Anos 50 e 60
  • A revista Arquivos Brasileiros de Psicotécnica foi principal instrumento de divulgação dos trabalhos de Orientação Profissional, em sua maior parte baseados na Psicometria
  • Apresentava estudos experimentais de testes
  • estudos sobre os valores do orientador profissional, as dinÇãmicas d epersonalidade, os fatores culturais envolvidos na motivaçãoi da conduta humana, etc.

Década de 60:
  • 1962 - reconhecimento legal da profissão de psicólogo ocorreu no Brasil, predominando inicialmente, a eprspectiva técnica.
  • substituição da metodologia de diagnosticar e aconselhar utilizando como instrumentos os testes psicológicos pelo auxílio ao autoconhecimento (influênciad e Rogers-EUA) e focalização de aspectos incosncientes (influència de Freud na Europa)
  •  1963 - Lourenço Filho, também professor do ISOP, no Curso de Formação de Orientadores Profissionais definiu como elementos da Orientação Profissional a análise das profissões e a caracterização dos atributos individuais, acrescentando em seguida que a estes elementos os especialistas estavam juntando outro: o gosto ou preferência pessoal por uma espécie de trabalho e pelas relações pessoais que o tipo de trabalho engendra. 
  • 1967 - No editorial dos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica afirma que as análises interpretativas de natureza clínica eram fecundas, mas não isentas de perigo e, portanto, deveriam se apoiar em dados experimentais
  • Durante o Governo militar (1964-1968) foram bloqueadas todas a visões críticas e não- quatitativas  restando apenas à Psicologia a abordagem experimental e psicométrica. 
  • Houve um aumento significativo de pretedentes ao nivel superior
  • A expanção do ensino superior se deu via privatização, o que não implicou a democratização do ensino.intensificando o elitismo e excçuindo a classe trabalhadora.
  • Surgem movimentos estudantis clamando por novas vagas e verbas para o ensino sueprior.- manifestações
  • 1968 - Reforma Universitária que propunha a departamentalização das faculdades universitárias
  • O trabalho de Bomfim (2003) reafirma que as dinâmicas de grupo tornaram-se freqüentes desde a década de 60
Década de 70:
  • os primeiros anos do processo de abertura política e contaram com a reserva do povo que, acostumado ao sistema repressivo, evitava as manifestações públicas (Goulart, 1985).
  • houve um maior número de publicações sobre outras aplicações da Psicologia e apareceram os primeiros artigos sobre Psicologia Social e Dinâmica de Grupo.
  • A padronização de testes, dentre outros tipos de estudos experimentais de Orientação Profissional que constituíam a quase totalidade dos artigos publicados nos números anteriores da revista, foi substituída pelas publicações de Informação Ocupacional (IO):
    • descrições de diferentes ocupações e profissões de nível técnico e universitário
  •  nas  revistas havia uma publicação que informava sobre alguma ocupação: o que é, o que faz o profissional, local de trabalho, estudos e exigências.
  • O Centro de Informação e Pesquisa Ocupacional (CIPO
  • a Psicologia engendrava novos campos e possibilidades de estudo: 
    • Aconselhamento, Psicologia Cognitiva, Psicologia Social, etc
  • 1971 - Rodolfo Bohoslavsky publicou na Argentina seu livro sobre a estratégia clínica em Orientação Vocacional que, desde então, passou a exercer grande influência nos trabalhos desenvolvidos por brasileiros. 
  • 1973 -Ruth Scheefer publicou  um artigo no qual apresenta o conceito tradicional de Orientação Profissional em contraposição a novos conceitos, com destaque para o estudo de maturidade vocacional
  • De acordo com Scheefer (1973), o constructo maturidade vocacional foi o primeiro que Super (1957) se propôs a conceituar e operacionalizar
  • dois aspectos do desenvolvimento do comportamento vocacional que têm sido objeto de interesse:
    •  o processo de escolha e a maturidade vocacional.
  • Maturidade vocacional 
    • grau de capacidade de enfrentar e executar as tarefas evolutivas vocacionais, características das progressivas etapas vitais
  • 1978 -  primeiro artigo sobre Orientação profissional em grupo publicado por psicólogos formados oela UFRJ: Orientação clínico-vocacional.
  • 1979 - Carvalho defendeu sua tese de doutorado sobre Orientação profissional em grupo, com o objetivo de ensinar a esoclher e possibiulitar a decisão por meio de fatores básicos para uma boa esc: autoconhecimento, informação ocupacional e mercado de trabalho.
Década de 80:
  • 1980-1981 carvalho realizou um prohjeto chamado Orientação Profissional em grupos de periferia para avaliar a pertinência do modelo teórico e metodológico usado entre adolescentes de classe media em classes populares.
  • A Psicologia buscava se redefinir e as práticas de Orientação Profissional também.
  • Bosi (1982), por exemplo, incentivava a saída da Psicologia dos consultórios e o contato dos alunos de Psicologia com a educação popular, isto é, com as escolas públicas.
  • Psicologia da época questionavam os determinantes e a liberdade de escolha profissional e as pesquisas tinham a preocupação de validar e adaptar os testes vocacionais para o contexto brasileiro
  • 1981 - principa, evento da década O seminário de Informaçãi Ocupacional do Centro de informação Ocupacional (CIPO)
  • 1983 Soares apresenta sua dissertação de mestrado, compreendendo que devem ser trabalhados o conhecmento de si mesmo, o conhecimento das profissões e a escolha propriamente dita que implica decião pessoal e viabilização da escolha.
  • 1988 - Ferreti salienta que a Orientação Profissional deve se voltar para os interesses das classes trabalhadoras e com menos ênfase para os jovens oriundos da burguesia
  • Críticas a Orientação Profissional que operava ignorando as desigualdades sociais e partindo do pressuposto
  • de que as diferenças no tocante à escolha ocupacional são individuais
  • A orinetação profissional fou discutida enquanto processo no qual a escolha é multideterminada.
  • As problemáticas da escolha profissional, o dilema da escolha profissional e a identidade profissional são categorias centrais nos estudos sobre Orientação Profissional.
  • As questões sociais já eram consideradas relevantes para a Orientação Profissional, mas as teorias e metodologias ainda buscavam seus referenciais na Psicologia Individual
Década de 90:
  • 1990 - ISOP foi extinto
  • 1993- criação da Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) foi um marco histórico importante para a Orientação Profissional
  • 1997 - surge  aprimeira Revista de Orientação Profissional da ABOP.
  • ABOP passa a ser o novo centro orgnaizador  e promotor da Orientação profissional no Brasil.
  • As publicações revelam que não existe um único referencial teórico e metodológico no qual se baseia a Orientação Profissional, mas é possível reconhecer que a Psicologia oferece importantes referenciais e que predominam as perspectivas clínica e psicométrica
  • Orientação Profissional não pode prescindir de um referencial psicossocial, ou seja, mais que considerar a relevância dos fatores sociais no processo de escolha, é importante que o orientador baseie sua prática em referenciais teórico-metodológicos psicossociais.
  • a Orientação Profissional tem sido enfocada em três diferentes perspectivas: 
    • a perspectiva psicométrica,
    • a perspectiva clínica ,
    • e a perspectiva que valoriza as discussões sobre o trabalho no modo de produção capitalista.
Referências:
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902005000100003

Nenhum comentário:

Postar um comentário