Conceituação Cognitiva - Judith Beck

  • Fornece a estrutura para o entendimento de um paciente pelo terapeuta. 
  • Perguntas feitas para iniciar o processo de formulação de um caso:
    • Qual é o diagnóstico do paciente?
    • Quais são seus problemas atuais, como esses problemas se desenvolveram e como eles são mantidos?
    • Que pensamentos e crenças disfuncionais estão associados aos problemas;
    • Quais reações (emocionais, fisiológicas e comportamentais) estão associadas ao seu pensamento?

  • o terapeuta levanta hipóteses sobre como o paciente desenvolveu essa desordem psicológica particular:
      • Que aprendizagens e experiências antigas (e talvez predispo sições genéticas) contribuem para seus problemas hoje?
      • Quais são suas crenças subjacentes (incluindo atitudes, ex pectativas e regras) e pensamentos?
      • Como ele enfrentou suas crenças disfuncionais? Que meca nismos cognitivos,  afetivos e comportamentais, positivos e ne gativos, ele desenvolveu para enfrentar suas crenças disfuncionais? Como ele via (e vê) ele mesmo, os outros, seu mundo pessoal, seu futuro?
      • Que estressores contribuíram para seus problemas psicológi cos ou interferiram em sua habilidade para resolver esses pro blemas?
    • O terapeuta começa a construir uma conceituação cognitiva durante seu primeiro contato com um paciente
    "A terapia cognitiva baseia-se no modelo cognitivo, que levanta a hipótese de
    que as emoções e comportamentos das pessoas são influenciados por sua percep ção
    dos eventos. Não é uma situação por si só que determina o que as pessoas sentem,
    mas, antes, o modo como elas interpretam uma situação." (Beck, 1964; Ellis, 1962).

    • o modo como as pessoas se sentem está associado ao modo como elas interpretam e pensam sobre uma situação.
    •  A situação em si, não determina diretamente como eles sentem; sua resposta emocional é intermediada por sua percepção da situação.
    • O terapeuta cognitivo está particularmente interessado no nível de pensamento que opera simultaneamente com o nível mais óbvio e superficial de pensamento.
    PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
    • enquanto você está lendo este texto, você pode perceber alguns níveis no seu pensamento. Parte da sua mente está focalizando as informa ções que estão no texto, ou seja, está tentando entender e integrar alguma infor mação factual. 
    • Em um outro nível, no entanto, você pode estar tendo alguns pen samentos avaliativos rápidos. Esses pensamentos são denominados pensamentos automáticos e não são decorrentes de deliberação ou raciocínio. 
    • Ao contrário, esses pensamentos parecem surgir automaticamente de repente; eles são, com fre qüência, bastante rápidos e breves.
    • Tendo identificado seus pensamentos automáticos, você pode, e provavelmente já o faz em alguma extensão, avaliar a validade dos seus pensamentos.
    •  Se você verifica que a sua interpretação é errônea e você a corrige, você provavel mente descobre que o seu humor melhora.
    AS CRENÇAS
    • Desde a infância, as pessoas desenvolvem determinadas crenças sobre si mesmas, outras pessoas e seus mundos. 
    • Suas crenças mais centrais ou crenças centrais são entendimentos que são tão fundamentais e profundos que as pessoas freqüentemente não os articulam, sequer para si mesmas. 
    • Essas idéias são consideradas pela pessoa como verdades absolutas, exatamente o modo como as coisas “são”.
    • Focar nas informações que confirmam as crenças negativas é manter a crença mesmo que ela  seja imprecisa e disfuncional para o sujeito. Leva a pessoa a interpretar a situação de forma autocrítica altamente negativa.
    "As crenças centrais são o nível mais fundamental de crença; elas são globais, rígidas e supergeneralizadas."

    "Os pensamentos automáticos, as palavras ou imagens reais que passam pela cabeça da pessoa, são específicos à situação e podem ser considerados o nível mais superficial de cognição." 

    ATITUDES, REGRAS E SUPOSIÇÕES
    • As crenças centrais influenciam o desenvolvimento de uma classe intermediária de crenças que consiste em atitudes, regras e suposições (freqüentemente nãoarticuladas).
    • Essas crenças influenciam sua visão de uma situação, o que, por sua vez, influencia como ele pensa, sente e se comporta. 
    • O relacionamento dessas crenças intermediárias com as crenças centrais e pensamentos automáticos está retratado a seguir:
    Crenças centrais-Crenças intermediárias (regras, atitudes, suposições)-Pensamentos automáticos

    Como as crenças centrais e intermediárias surgem? 

    • As pessoas tentam extrair sentido do seu ambiente desde os seus primeiros estágios desenvolvimentais. 
    • Elas precisam organizar a sua experiência de uma forma coerente para funcionar de forma adaptativa (Rosen, 1988).
    • Suas interações com o mundo e com outras pessoas conduzem a determinados entendimentos ou aprendizagens, suas crenças, as quais podem variar em precisão e funcionalidade. 
    • O mais importante para o terapeuta cognitivo refere-se às crenças disfuncionais, que podem não ser aprendidas, e às novas crenças mais embasadas na realidade e funcionais, que podem ser desenvolvidas e aprendidas através da terapia.

    A trajetória usual do tratamento, na terapia cognitiva, envolve...
    •  uma ênfase inicial sobre pensamentos automáticos, as cognições mais próximas à percepção consciente. 
    • O terapeuta ensina o paciente a identificar, avaliar e modificar seus pensamentos, a fim de produzir alívio de sintomas. Então, as crenças que estão por trás dos pensamentos disfuncionais e passam por muitas situações, tornam-se o foco de tratamento.
    • Crenças relevantes de nível intermediário e crenças centrais são avaliadas de vários modos e subseqüentemente modificadas para que as conclusões dos pacientes sobre eventos e percepções de eventos mudem. 
    • A modificação profunda de crenças mais fundamentais torna os pacientes menos propensos a apresentar recaída no futuro (Evans et al., 1992; Hollon, DeRubeis & Seligman, 1992).


    Referências:

     BECK, Judith S. Terapia Cognitiva Teoria e Prática. Artmed. Porto Alegre, 2007. Capítulo 2: Conceituação Cognitiva.




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